Na terça feira, à noite, Moreira revelou a Temer que tudo estava acertado para a intervenção “unicamente” na segurança. Comunicou que marcara uma reunião para o dia seguinte (Quarta-feira de Cinzas) no Planalto.
Por Helio Fernandes – do Rio de Janeiro
Há uma semana, o assunto rolava no Planalto. Ideia inteiramente do Ministro Moreira Franco. Contou ao presidente de facto, Michel Temer. A identificou como ” a maior operação militar contra o crime organizado”. A Temer disse simplesmente, “você tem tudo a ganhar, nada a perder”. Politicamente uma notável jogada, foi em frente, não precisava autorização.
Moreira Franco, ex-governador do Estado do Rio, ocupa a chefia da Secretaria da Presidência da República. Ele articulou a intervenção militar no Rio
Independentemente de quaisquer restrições, é um extraordinário articulador. Teve a competência de escolher como interlocutor praticamente único, Raul Jungman. Nomeado por Temer, sua área de influencia e competência, é o Alto Comando Militar. Moreira conversando com ele, transmitia e recebia palavras de ordens.
Na terça feira, à noite, Moreira revelou a Temer que tudo estava acertado para a intervenção “unicamente” na segurança. Comunicou que marcara uma reunião para o dia seguinte (Quarta-feira de Cinzas) no Planalto. Eles dois e mais Raul Jungman. Nove da manhã, Jungman chegou pontualmente, acostumado a rotina das reuniões militares.
Sem avião
Conversaram mais ou menos até meio dia, descobriram que faltava comunicar ao governador Pezão. Temer, que se dizia “horrorizado” com a violência que assistira no carnaval (pela televisão), disse: “Eu falo com ele”. E já estava ligando para Pezão. Falou:
— Preciso que você venha imediatamente ao Palácio do Planalto, é urgente.
Surpreendido ouviu a resposta:
— O governo do Estado não tem avião. Voo comercial é complicado.
Falou para Pezão esperar na linha, em segundos, engendraram a solução. Jungman, que estava de avião iria busca-lo. Moreira iria com ele.
Coletiva
Temer disse a Pezão, “vá para ao aeroporto, Moreira Franco vai conversar com você”. Quem trocar a palavra conversar por buscar, acertará. Pezão, que não é muito brilhante, não estranhou nem perguntou a razão da presença do Ministro da Defesa.
Às 4h da tarde já estavam no Planalto, Pezão começou a saber de tudo. Perdão. Quase tudo. Começou quando foi feita a comunicação, com todos os detalhes. Incluindo os poderes da segurança, concentrados com o comandante Militar do Leste, general quatro estrelas Braga Netto. Que além do mais tem credenciais e formação em estratégia e politica.
Já estava convocada uma coletiva, com os quatro e mais, o general Etchegoyen (que participou de tudo); o presidente da Camara, (que também foi deixado de lado) e o ministro Meirelles. (Por quê?). Presente o General Braga Netto, que se manteve em silêncio. Falou ligeiramente, no fim.
Hélio Fernandes é jornalista, fundador do jornal Tribuna da Imprensa.
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