Sadiq Khan diz estar alarmado com estado da negociação e defende segunda votação sobre saída do país da UE. Premiê Theresa May se declara irritada com debate dentro de seu partido sobre seu plano de Brexit suave
Por Redação, DW – de Londres
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, pediu neste domingo a realização de um segundo referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), criticando as negociações do governo britânico com Bruxelas sobre o Brexit.
Khan reclama que debate sobre Brexit está fora de focoEm artigo publicado no jornal The Observer, Khan considera que, faltando seis meses para a saída, o Reino Unido enfrenta duas opções: um “mau acordo” ou “nenhum acordo”.
Na opinião do político trabalhista, o atual debate sobre a saída do país da União Europeia está centrado nas ambições políticas do ex-ministro do Exterior Boris Johnson, mas deveria estar focado na importância de se fechar um acordo com a UE.
Nos últimos dias, os meios de comunicação revelaram que vários deputados conservadores eurocéticos se reuniram em Londres para avaliar formas de desafiar a liderança da primeira-ministra, Theresa May, por se oporem a sua proposta de um “Brexit suave”, contida no chamado plano Chequers.
Essa proposta contempla criar uma área de livre-comércio para mercadorias, o que evitaria os controles de alfândegas, e manteria aberta a fronteira com a Irlanda, algo que os eurocéticos rejeitam.
O prefeito de Londres disse que jamais imaginaria pedir a convocação de um segundo referendo, mas que está cada vez mais alarmado com as negociações com Bruxelas, “cercadas de confusão e em ponto morto”.
Por isso, Khan considera ser necessário “um voto da população sobre qualquer acordo sobre o Brexit alcançado pelo governo, ou uma votação, no caso de não haver acordo, sobre a opção de permanecer na UE”.
May está “irritada”
Já May se declarou irritada com o debate sobre a liderança de seu partido e criticou Boris Johnson por se opor a seu plano para o Brexit.
Em entrevista ao programa Panorama, da BBC, que será transmitido nesta segunda-feira, a chefe de governo insiste em que está concentrada em trabalhar pelo futuro do país depois da saída britânica da UE.
– Sinto-me um pouco irritada [pela liderança], mas este debate não é sobre meu futuro, este debate é sobre o futuro do povo do Reino Unido e o futuro do Reino Unido – afirmou a premiê. “É nisso em que estou concentrada, e é nisso em que todos nós deveríamos estar concentrados”, acrescentou May.
Em sua entrevista, a líder conservadora ressaltou que o mais importante é fechar um “bom acordo” com a UE, que seja vantajoso para os britânicos de todas as regiões do país, e insistiu: “O que importa é o futuro do povo do Reino Unido”.
Ao mesmo tempo, May criticou o linguajar utilizado por Johnson para rejeitar o plano Chequers, ao compará-lo com um imaginário colete suicida, que explodiria o Reino Unido, mas cujo detonador é entregue à UE.
– Devo dizer que a escolha do linguajar é totalmente inadequada. Eu fui ministra do Interior durante seis anos e primeira-ministra por dois anos e acredito que utilizar um linguajar como esse não é correto – afirmou.
A primeira-ministra insistiu em que Chequers é o único plano que fará a vontade dos britânicos e, ao mesmo tempo, evitará uma fronteira rígida na Irlanda.
Nova avaliação sobre as negociações
Na sexta-feira, o ministro britânico para o Brexit, Dominic Raab, destacou os progressos feitos para encontrar “soluções viáveis” para um acordo de saída do Reino Unido, apesar da divergência em alguns pontos.
– Embora ainda persistam algumas diferenças substanciais que precisamos resolver, está claro que as nossas equipes estão se aproximando de soluções viáveis para as questões pendentes no acordo de saída e estão tendo discussões produtivas no espírito certo sobre o relacionamento futuro – adiantou Raab.
Uma nova avaliação sobre as negociações será feita após a reunião informal de chefes de Estado e de governo da União Europeia, em Salzburgo, Áustria, nesta quinta-feira.
A saída oficial do Reino Unido da União Europeia está marcada para 29 de março de 2019, mas continua incerta a forma da relação entre ambos depois dessa data.