Em recente entrevista dada ao El Pais Brasil, o estatístico Paulo Guimarães, que presta consultoria para várias campanhas, inclusive para a de Alckmin, disse que “Haddad está no segundo turno, Bolsonaro ainda não”.
Por Chico Júnior – do Rio de Janeiro
A última pesquisa do Ibope praticamente garantiu a presença de Jair Bolsonaro (28%) e Fernando Haddad (19%) no segundo turno das eleições presidenciais deste ano. Mas aí veio a pesquisa do Datafolha e deu para Fernando Haddad 16%, empatado tecnicamente com Ciro Gomes (13%), deixando Bolsonaro isolado na frente com 28%. Com isso aumentariam as chances de Ciro ir para o segundo turno.
Ciro Gomes ainda tem chances de chegar ao segundo turno com Fernando Haddad, deixando Bolsonaro fora da disputaAssim, o único que teria mesmo garantido uma vaga no segundo turno seria Bolsonaro. Mas será que é isso mesmo?
Voto residual
Em recente entrevista dada ao El Pais Brasil, o estatístico Paulo Guimarães, que presta consultoria para várias campanhas, inclusive para a de Alckmin, disse que “Haddad está no segundo turno, Bolsonaro ainda não”.
Ele chama a atenção para o fato de que os votos de Bolsonaro não são, na realidade, dele, e sim, é o voto de protesto, que é volátil e pode mudar. E vai além: boa parte dos votos de Bolsonaro seriam, na realidade, do PT, principalmente os votos que, até o momento, Bolsonaro conseguiu no Nordeste. Já Haddad, tem o voto residual do Lula e do PT.
Caso Russomano
Tendo a concordar com ele. Na minha humilde opinião, se uma parte dos eleitores de Bolsonaro, que estariam dispostos a mudar seus votos (eles existem; são poucos mas existem), sacarem que um outro candidato (Ciro ou Alckmin, principalmente), poderia derrotar o PT, babau segundo turno para Bolsonaro.
Isso aconteceria se Haddad continuar no ritmo de crescimento e chegar, por exemplo, a 23%, tirando. votos de Bolsonaro Por mais incrível que possa parecer, isso é possível sim. Nesse quadro, Bolsonaro teria 25% e ficaria empatado tecnicamente com Haddad, para delírio de Ciro e Alckmin.
Não podemos nos esquecer de que essa mudanças radicais acontecem e ilustro com o emblemático caso da eleição para a prefeitura de São Paulo em 2012. A três dias da eleição, Russomano estava com 11 pontos de vantagem sobre José Serra e Fernando Haddad. Em três dias o quadro mudou, Russomano despencou e Serra e Haddad foram para o segundo turno. Haddad venceu.
Chico Júnior é jornalista.