Ir para o conteúdo

Correio do Brasil

Voltar a CdB
Tela cheia Sugerir um artigo

Taxa de câmbio acentua risco de novo revés nas reformas estruturais

17 de Maio de 2019, 15:54 , por Correio do Brasil - | No one following this article yet.
Visualizado 32 vezes

Esse cenário, no entanto, contemplava menos reveses na reforma da Previdência e estabilidade ou alta dos juros, tendo como pano de fundo uma economia mais fortalecida e um ambiente externo menos conturbado.

 

Por Redação, com Reuters – de Brasília e São Paulo

 

O dólar finalmente conseguiu romper a barreira psicológica dos R$ 4, e analistas avaliam que esse nível se aproxima cada vez mais do novo patamar de fundamento para a taxa de câmbio, conforme se acentuam os riscos à agenda de reformas. Até pouco tempo atrás, era consensual a ideia de que perto de R$ 4 o dólar estava excessivamente valorizado.

A cotação do dólar disparava, nesta quarta-feira, sob fortes pressões do exteriorA cotação do dólar disparava, nesta quarta-feira, sob fortes pressões do exterior e com o cenário político interno mais conturbado

Esse cenário, no entanto, contemplava menos reveses na reforma da Previdência e estabilidade ou alta dos juros, tendo como pano de fundo uma economia mais fortalecida e um ambiente externo menos conturbado. Nesta semana, porém, a cotação revisitou os patamares de R$ 4 e, na véspera, fechou acima desse nível pela primeira vez em sete meses e meio.

A demora na aprovação da reforma previdenciária na CCJ, etapa mais simples do processo, e os ruídos subsequentes expuseram a falta de articulação política do governo, o que explica boa parte dessa valorização do dólar. Isso porque o mercado teme uma reforma menos potente e, por tabela, um quadro mais conturbado para as contas públicas.

Ruídos políticos

Também variável relevante nessa conta, o diferencial de juros favorável ao Brasil já está nas mínimas históricas e pode cair mais à medida que mais analistas veem a Selic ceder dos atuais 6,50% para a faixa entre 5% e 6% até o fim do ano.

— Um ‘carry’ de 14% aguenta muito desaforo. Mas a taxa atual, para este nível de risco, não — disse Roberto Campos, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos, referindo-se ao retorno embutido, no passado, em contratos a termo de real, que deixavam a moeda doméstica mais atrativa que suas rivais emergentes.

Os ajustes nas expectativas para a taxa de câmbio ainda têm sido espaçados, mas começam a se acumular. Nesta semana, o Morgan Stanley passou a estimar dólar em R$ 4,10 ao fim de junho, contra projeção anterior de R$ 3,85, citando justamente a perspectiva de mais ruídos políticos.

Inferno astral

O Bank of America Merrill Lynch aumentou, na véspera, a estimativa para o dólar ao fim do ano a R$ 3,80, ante prognóstico anterior de R$ 3,60. “Crescimento menor, juros mais baixos, real mais fraco”, resumiu em nota equipe de estrategistas do banco, com expectativa de corte de 100 pontos-base da Selic até o fim do ano.

A despeito da expectativa de que alguma reforma da Previdência seja aprovada, a percepção é que os níveis de risco subiram de forma estrutural. E mesmo um alívio não seria suficiente para baixar de forma substancial o dólar.

— Dificilmente veremos dólar depreciado — afirmou Jefferson Laatus, sócio-fundador do Grupo LAATUS, para quem a “tempestade perfeita, o inferno astral” desta semana para os ativos brasileiros pode se estender.

Na visão do profissional, dado que o dólar sobe por questões de fundamento, os vendedores que contarem com ajuda do Banco Central para aliviar a moeda vão se frustrar.

— O mercado tem subido aos poucos, e isso revela consistência. Se o BC atuar, vai apenas alimentar a pressão de alta — concluiu.


Fonte: https://www.correiodobrasil.com.br/taxa-cambio-acentua-risco-novo-reves-reformas-estruturais/

Rede Correio do Brasil

Mais Notícias