Investidores gostam da decisão, mas nem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, acredita na possibilidade de votar a reforma da Previdência.
Por Redação – de Brasília
Presidente de facto, Michel Temer está decidido a enfrentar a sorte. Após uma série de reuniões, na noite passada e na manhã desta sexta-feira, Temer anunciou que tentará subtrair os direitos dos trabalhadores no dia 18. Ele torce para que, no mínimo, 308 deputados o acompanhem na aventura, que poderá desencadear uma série de protestos, por todo o país.
Embora tenha tomado a decisão, com base apenas da expectativa, pois não há qualquer compromisso formal dos partidos em apoiar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que derruba a legislação previdenciária em vigor, Temer sequer pode garantir que a proposta será, efetivamente, levada ao Plenário da Casa, na data anunciada. Se, até lá, perceber que a derrota será iminente, poderá recuar e deixar o assunto para o ano que vem.
Após o anúncio, nesta manhã, a cotação do dólar parou de subir e as bolsas de valores estancaram a queda da véspera. No entanto, esse quadro poderá se alterar caso os investidores constatem que continua baixa a disposição dos deputados da base aliada em oferecer mais essa ajuda ao governo. Trata-se de um pesado passivo frente ao eleitorado; a menos de um ano da corrida às urnas. Se não bastasse, o quórum tradicionalmente baixo nas últimas sessões do ano torna ainda mais arriscada a manobra do Planalto.
Sem votos
Inicialmente, a previsão do governo e da base aliada era votar a proposta já na semana que vem. De acordo com Ribeiro, a decisão de adiar a votação foi feita por “prudência” e com o objetivo de se consolidar o apoio e os votos necessários para a aprovação da reforma. O governo sabe que ainda não dispõe dos votos que precisa e quer ter uma margem de pelo menos 320 deputados favoráveis à matéria.
Segundo o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), nos próximos dias o governo e líderes aliados pretendem intensificar as tentativas de convencimento dos deputados; mostrando a importância da mudança nas regras previdenciárias. Quer, assim, “desmistificar” as dúvidas e críticas ao texto para alcançar o mínimo de votos necessário à aprovação.
— Foi feita uma avaliação de que nós devemos ter mais uma semana para melhorarmos ainda mais o ambiente, que já melhorou. Mas precisamos avançar para conquistar ainda mais os votos necessários à aprovação da reforma. Nós, com o esclarecimento, vamos conseguir os votos; desmentindo as inverdades que são dirigidas à reforma da Previdência — afirmou.
Também participaram do encontro, no Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia; os líderes do DEM, Efraim Filho (PB), do PP, Arthur Lira (AL), do PRB, Cleber Verde (MA); e o deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos principais articuladores do governo na Casa.
Calendário
Ribeiro disse ser preciso esclarecer que a reforma não retirará direito dos aposentados; e não vai endurecer as regras para os trabalhadores rurais. Ele não quis citar os números atuais da planilha em que o governo contabiliza os votos dos deputados que já apoiam a reforma; mas afirmou que a “meta de segurança” é ter mais de 320 votos. Só assim espera colocar o texto em votação no plenário.
— Nós estamos, se fosse numa campanha política, numa crescente, em um ambiente que vem melhorando a cada dia — disse.
Sobre a liberação de emendas e outros pedidos para convencer os parlamentares a votar a favor da PEC, Ribeiro justificou que a execução orçamentária faz parte do calendário. Ele diz que a economia está se recuperando; e que a aprovação da reforma da Previdência é essencial para que o Brasil continue nessa perspectiva.
— (Há uma) conjunção (de fatores), exatamente pela perspectiva de poder aprovar a Previdência. Porque, se não aprovarmos, ninguém também pense que teremos recursos para enfrentarmos investimentos no país. No momento, por exemplo, que os prefeitos brasileiros têm dificuldades para fechar o caixa; e pagar o 13º dos seus funcionários; o presidente (de facto) acenou com liberação de R$ 2 bilhões para fazer com que a economia também ande — concluiu.
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