Comissão Europeia afirma que “falar a uma só voz” sobre a vacina de Oxford é importante para elevar confiança pública na vacinação. Países-membros vêm adotando abordagens diferentes de uso.
Por Redação, com DW – de Bruxelas
A Comissão Europeia afirmou na quarta-feira que os países-membros da União Europeia (UE) precisam adotar uma abordagem conjunta em relação à vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford para, assim, elevar a confiança pública na vacinação.
Stella Kyriakides: “A segurança das vacinas sempre foi inegociável e fundamental na nossa estratégia de vacinação”A comissária europeia de Saúde, Stella Kyriakides, pediu uma abordagem que se baseie na ciência e, assim, não confunda os cidadãos nem alimente temores. Ela afirmou ser fundamental “falar a uma só voz” em toda a UE para elevar a confiança nas vacinas.
Durante um encontro entre ministros europeus da Saúde e representantes da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), os governos europeus se mostraram divididos sobre como proceder diante da conclusão do órgão regulador de que existe uma possível ligação entre a chamada vacina de Oxford e a formação de coágulos sanguíneos.
– A segurança das nossas vacinas sempre foi inegociável e um requisito fundamental na nossa estratégia de vacinação. As declarações mostram que o nosso sistema de vigilância farmacológica funciona: efeitos colaterais suspeitos são logo reportados, informação é compartilhada e nossos especialistas se reúnem rapidamente para analisar toda evidencia disponível – observou Kyriakides.
Apesar de encontrar uma possível ligação entre a vacina da AstraZeneca e os coágulos, a EMA manteve sua recomendação de uso para todas as pessoas, argumentando que os benefícios superam em muito os possíveis efeitos colaterais.
Mesmo assim, vários países, entre eles a França e a Alemanha, restringiram o uso do imunizante da empresa sueco-britânica.
A França decidiu aplicar a vacina apenas em pessoas maiores de 55 anos, e a Alemanha, em maiores de 60 anos. A Bélgica, logo em seguida, também decidiu suspender o uso para menores de 55.
Mas outros países da União Europeia querem manter os planos de aplicar a vacina da AstraZeneca sem restrições de idade. A decisão final sobre o uso cabe a cada país-membro e não à UE.
A ministra da Saúde de Portugal, Marta Temido, apelou aos países para que tomem suas decisões técnicas e não políticas. “Devemos continuar orientando-nos pelas informações da EMA”, observou. Portugal ocupa a presidência rotativa da UE neste semestre.
Kyriakides observou que a vacina da AstraZeneca é, apesar dos riscos, uma parte importante do portfólio da União Europeia contra a covid-19.
No Brasil
No Brasil, a Anvisa emitiu um comunicado na quarta afirmando que mantém a recomendação de continuidade da vacinação com o imunizante de Oxford, mas pediu à fabricante que a bula da vacina seja alterada para incluir a possível ocorrência dos raros coágulos sanguíneos.
A Anvisa destacou que, com mais de 4 milhões de doses da vacina administradas no Brasil, foram registrados 47 casos suspeitos de eventos tromboembólicos. “Apesar disso, até o momento, não foi possível estabelecer causalidade, ou seja, a relação direta entre a vacina e os eventos tromboembólicos relatados”, diz o comunicado. “Até o momento, os benefícios da vacina superam os riscos.”
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tem um acordo com a AstraZeneca para produzir no Brasil a vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela Universidade de Oxford. A vacina é uma das duas já em uso no país, ao lado da CoronaVac.