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Um país sem heróis ou glórias

8 de Dezembro de 2017, 15:48 , por Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Sem reação, o povo é de fácil condução que se estende aos capachos que o comanda. Na FEB, depois do brilho e justa gratidão dos que nada fizeram, começamos a ouvir as trapalhadas de generais.

 

Por Maria Fernanda Arruda – do Rio de Janeiro

 

Devemos manter mentiras ou seria mais honroso enfrentar a verdade?  É justo inventar heróis para auto engano ou tapeação aos que queremos ensinar? A honra concede lugar a mentiras e covardias?  Até o silêncio se afigura mais decente do que mentiras que aos poucos vão se desvelando.

Somos uma terra sem glórias, sem vultos e sem disposição para lutas.

Maria Fernanda Arruda

Maria Fernanda Arruda é colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras

Tudo de mais significativo em nosso crescimento veio de graça. A caricata independência, que trocou tutela portuguesa pela inglesa, até esta, foi colocada por mãos dos nossos colonizadores. Mas, e o depois?

Como disse o poeta ‘ama com fé e orgulho a terra em que nasceste, Não verás país nenhum como este’ – profético!

Como menino rico que ganha presentes nada faz para sequer conservá-los.

Fardado esperto

Hoje vemos, com tristeza, a inércia em manter o projeto de dignidade nacional. Tudo passa ao controle de potencia dominadora sem um pio ou voz em sentido contrário. Apenas a repetição de bravatas ou zombaria como foi a festejada Conjuração Mineira que mesmo limitada a tertúlias poéticas e sem qualquer ato efetivo já foi em alvissareira delação destruída e seus idealistas, confusos, eliminados sob seletividades dos juízes da época que já usavam critérios partidários dos ricos contra os pobres e que, dentro dessa solene justiça enforcou o menos aquinhoado sob silêncio geral dos demais inertes brasileiros (qualquer semelhança com a atualidade não é, pois, mera coincidência. Parece questão de índole).

E assim, e por outras ocorrências temos a reconhecer… não houve partos de San Martin ou Simon Bolívar em nossas plagas.

Os que elegemos para figuração nem resistem aos estudos mínimos de suas atuações. Ficamos com um Luis Alves de Lima que de bom tinha um Silva como último nome, e que consta com fardado esperto que ganhou bem com soldos guardados dos mortos em ação. Quase como construção de ponte entre Rio e Niteroi!

Fracassamos

Sem reação, o povo é de fácil condução que se estende aos capachos que o comanda. Na FEB, depois do brilho e justa gratidão dos que nada fizeram, começamos a ouvir as trapalhadas de generais que submissos puseram nossos soldados como boi de piranha para experiências americanas, mas sempre valeu a consagração dos estrelados a dar nomes de avenidas ou estádios.

Na luta por ter uma autodeterminação, fracassamos!

Quando um brasileiro quis empreender políticas que supostamente protegeria o todo, como pensou JK com sua Operação Pan-Americana (OPA), de imediato, os patrões EUA, mudaram de nome e batizaram de Aliança para o Progresso; sob aplausos dos capachos fardados.

Na sequência, outro idealista que seguiu postura de independência do famigerado Jânio Quadros, quis empreender reformas que dessem humanidade e alguma recuperação social aos que trabalham a terra (únicos), conseguiu-se inventar que isso seria uma afronta à hierarquia militar, de nobreza intocável (brilhante bolação norte-americana para escudar seu golpe) e se fez, com coordenação e ação de tesouraria da Fiesp em compra de generais; a chamada eufemisticamente ‘revolução’, que teve seu rumo definido sob ordens de um embaixador dos ‘States’ e mais um coronel para impor continência aos marechais nativos.

Farsa

Décadas passaram e o prejuízo social não foi recuperado… O povo, descrente de seus fardados covardes, repudia o sentimento de pátria, conspurcado; e ficou entre indiferente ou aderiu como coxinhas aos inimigos.

Como se fosse questão de estirpe, veio desde os tolerantes cidadãos esse entreguismo e se reforçou com nítido caráter de interesse nos estamentos pretensiosamente auto proclamados como cultos — os ditos togados, os mesmos fardados de sempre, e uma chusma de empresários que imitam os gestuais dos escravistas da casa grande de que alguns descendem.

Nessa ordem de submissão prostituta vem o Brasil de dizer adeus à dignidade, aos sonhos de ser uma república e ora passa com malas e bagagens a ser possessão bananeira, com a autopromoção de juízes e heróis fardados se oferecendo a suseranos do novos senhores  da gleba. De:  sem heróis ou glórias, passamos a ter o peso de exibir covardes em série, vindo daí a dúvida… Seria digno escamotear nossa ausência de glorias e homens ao custo de suportar a mentira que alguns literatos forjaram em seus sonhos vãos ? Quanto tempo dura essa farsa que o povo diz ter pernas curtas? 

Maria Fernanda  Arruda é escritora e colunista do Correio do Brasil.

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Fonte: https://www.correiodobrasil.com.br/um-pais-sem-herois-ou-glorias/

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