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Voto impresso: STF critica Bolsonaro por disseminar notícias falsas

30 de Julho de 2021, 16:38 , por Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Bolsonaro passou quase três anos prometendo apresentar provas das supostas fraudes que teriam impedido sua vitória ainda no primeiro turno das eleições de 2018. Na transmissão ao vivo, pela internet na noite passada, o mandatário neofascista anunciou o que apresentaria as evidências de suas denúncias.

Por Redação, com RBA – de Brasília

Telefonemas, recados malcriados nas redes sociais, notas na mídia conservadora, comentários entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em que chamam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de “moleque”, no mínimo, marcaram as primeiras horas da manhã desta sexta-feira após a apresentação, na noite passada, de fraudes e notícias falsas para justificar as críticas ao sistema brasileiro de votação digital.

BolsonaroBolsonaro pretende colocar em dúvida o resultado eleitoral que ele, de antemão, sabe que não lhe favorecerá

Bolsonaro passou quase três anos prometendo apresentar provas das supostas fraudes que teriam impedido sua vitória ainda no primeiro turno das eleições de 2018. Na transmissão ao vivo, pela internet na noite passada, o mandatário neofascista anunciou o que apresentaria as evidências de suas denúncias. Na realidade, porém, conseguiu apenas repetir teorias da conspiração que circulam há anos, em páginas suspeitas, já desmentidas anteriormente.

Sem um fato concreto sequer, Bolsonaro não conseguiu embasar seus argumentos pela mudança do atual sistema eleitoral brasileiro para o voto impresso, com uma proposta de emenda em discussão na Câmara dos Deputados. Mais uma vez, a retórica presidencial cai no vazio.

‘Indícios’

Ciente que havia cruzado a linha do razoável, Bolsonaro mudou o discurso e finalmente admitiu que não pode comprovar se as eleições foram ou não fraudadas.

— Não temos prova — confessou, em público.

O voto impresso virou a principal bandeira do atual governo, principalmente desde a libertação e o restabelecimento dos direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu possível adversário nas eleições do ano que vem, à frente em todas as pesquisas de opinião. Ao longo da conversa com o público, Bolsonaro exibiu apenas o que chamou de “indícios” de que teriam sido cometidas fraudes contra o sistema eleitoral brasileiro seria fraudulento.

— Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas. São indícios. Crime se desvenda com vários indícios — desconversou.

Eleições

Mas, enquanto expunha mais uma vez suas suposições e mentiras, o conteúdo apresentado era rebatido, simultaneamente, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), também nas redes sociais.

Inicialmente, Bolsonaro disse que a apuração do TSE é feita de forma secreta e deveria ser pública. A Corte Eleitoral desmentiu, explicando que a própria urna eletrônica faz a apuração automática, em processo público e auditável. E que os dados, criptografados, são transmitidos ao TSE para checagem de autenticidade.

O TSE também rebateu o presidente de que somente Brasil, Bangladesh e Butão realizam eleições apenas com urnas eletrônicas, sem a impressão posterior do voto. O tribunal informou que, na verdade, 46 países usam urnas eletrônicas em suas eleições e, desses, 16 adotam máquinas de votação eletrônica de gravação direta, sem qualquer interação com cédulas de papel.

Em seguida, Bolsonaro apresentou um vídeo em que um homem, apresentado como programador, afirma que é possível fraudar a contagem da urna eletrônica com facilidade. Para isso, bastaria inserir padrões de registro de voto no código-fonte a cada intervalo determinado de votos.

Sem provas

Esse homem disse ser possível, por exemplo, que o voto em um candidato seja contado para outro ou contabilizado como nulo. Também alega que é possível programar a urna para exibir a foto de um candidato que se deseje favorecer com a digitação de apenas um número.

O TSE respondeu que não reconhece o simulador utilizado no vídeo e informa que as acusações já foram desmentidas. Segundo o tribunal, a urna não tem possibilidade de “autocompletar” o voto, nem creditar a um o voto que iria para outro.

Para tentar comprovar que houve fraudes nas eleições, Bolsonaro também apresentou vídeos que circularam em 2018, com depoimentos de violação no registro dos votos. Esse material já foi diversas vezes desmentido. montagens, às vezes grosseiras, ou captam declarações de confusão do próprio eleitor. O TSE reafirmou que que as queixas apresentadas jamais foram comprovadas.

Sem chance

Com a popularidade em queda nas pesquisas, Bolsonaro tem usado a defesa do voto impresso e a acusação de fraude para justificar eventual derrota e ameaçar o TSE com uma reação de apoiadores organizados. Em uma série de declarações neste ano, o presidente sinaliza que seus eleitores não permitiriam um revés na votação.

Ainda no início desta manhã, após tomar conhecimento dos fatos, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), encerrou o assunto ao reconhecer que não há a menor chance de a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso ser aprovada na comissão especial da Casa. Segundo Lira, o texto não terá apoio suficiente para chegar ao plenário.

— A questão do voto impresso está tramitando na comissão especial, o resultado da comissão impactará se esse assunto vem ao plenário ou não. Na minha visão, tudo indica que não — afirmou, a jornalistas

O comentário foi feito em outra transmissão ao vivo, na web, que também teve a participação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Eleito para comandar a Câmara com apoio de Bolsonaro, Lira afirmou que confia no sistema atual.


Fonte: https://www.correiodobrasil.com.br/voto-impresso-stf-critica-bolsonaro-disseminar-noticias-falsas/

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