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Daniela

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Argentina: "Panelaço Essen" volta para a rua

November 8, 2012 22:00 , by Unknown - 0no comments yet | No one following this article yet.
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Mobilização da classe média e alta da direita saiu às ruas na quinta (8)
A vida boa implica a auto-realização dos indivíduos, mas requer certas condições sociais para que seja possível. Uma sociedade que funciona impedindo a realização dessas condições impede ou obstaculiza a auto-realização humana e assim, a vida boa.
As palavras correspondem a Axel Honneth, filósofo e sociólogo alemão, membro da escola de Frankfurt, que soube caracterizar e distinguir movimentos emancipatórios de reacionários. Seu trabalho serve para refletir sobre o caráter patológico da manifestação das mais de 500 mil pessoas que na quinta (8) marcharam na Argentina contra o governo de Cristina Fernandez, no que se denominou o #8N.
Reacomodamento Social
Panelaco-Argentina-i
Ficou distante do grito "piquete y cacerola, la lucha es una sola" dos movimentos sociais e operários das manifestações de 2001. Após o segundo triunfo eleitoral de Cristina Fernandez de Kirchner com 54% dos votos, a Argentina vive um cenário de reacomodamento de setores sociais, políticos e sindicais em torno da projeção de uma alternativa conservadora contra o "populismo" oficialista. Assim setores médios e altos da sociedade protagonizaram panelaços com o ponto mais forte no #13S e #8N.
É a segunda manifestação multitudinária da direita em dois meses e a última foi a maior desde o começo do mandato da presidenta há 5 anos. "Estamos vivendo um momento de liberdade de expressão nunca antes visto na Argentina, estamos vendo uma democracia total, onde cada um pode viver, pode dizer o que pensa...", afirmou a presidenta ontem em sua página de Facebook.
Direita
Grande maioria da oposição de esquerda não fez parte da mobilização, tanto pela presença de setores reacionários da ultradireita, como pelas pautas. "Não queremos ser Venezuela" e "estamos fora do mundo", diziam alguns dos cartazes de convocados que apresentaram reclamações de caráter amplo contra as políticas sociais, intervenção do Estado na economia e organismos privados e segurança.
Outro foco do protesto foi a potencial tentativa de re-reeleição de Cristina Kirchner, nunca anunciada por ela, mas com lugar na mídia opositora; e as inesquecíveis restrições impostas recentemente pelo governo para a compra de dólares, um fetiche que a classe média e alta argentina não conseguem superar desde o fim da paridade peso-dólar dos anos 90.
Espontaneidade da mídia
Desde a mídia opositora, encabeçada pelo grupo do jornal Clarín, se difundiu e convocou à mobilização com o eufemismo da espontaneidade e um forte apelo ao Facebook como motor da "auto-convocatória".
Por sua parte, partidos da ultradireita afirmaram que não iam participar da mobilização, mas brindavam seu apoio. "Vamos ao #8N com uma só bandeira, a da Argentina", anunciou antes do evento Mauricio Macri, prefeito da cidade de Buenos Aires e representante do PRO (Propuesta Republicana), partido da ultradireita opositora ao Kirchnerismo.
Grupo Clarín
Entretanto, o grande comparecimento de representantes do Pro e uma camionete ligada ao prefeito no #8N, expôs sua participação e, muito além disso, os interesses do Grupo Clarín na iniciativa. O veículo distribuía máscaras brancas com a insígnia #7D (7 de dezembro) na parte da frente e uma boca tachada por censura.
O símbolo faz alusão à oposição contra a aplicação da inciativa impulsionada pelo governo argentino para desmonopolizar os meios de comunicação que afetaria ao monopólio midiático do Grupo Clarín. O 7 de dezembro finaliza a medida cautelar que beneficiava o grupo e impedia a aplicação de alguns dos artigos da lei sancionada pelo Congresso e que estabelece o máximo de licenças de rádio e televisão para cada grupo empresarial.
Insegurança e paz
"Nem esquerda, nem direita, somos argentinos", era o que se lia nos cartazes na manifestação do #8N, como resposta às medidas com foco social do Estado e o "discurso de confrontação" de Cristina Kirchner.
A construção dessa mensagem tem antecedentes em setembro quando, dias antes da primeira grande manifestação contra o governo de Cristina Fernandez, o prefeito opositor Mauricio Macri organizou uma meditação massiva na cidade a cargo do líder espiritual indiano Sri Sri Ravi Shankar, a favor da paz e contra a violência.
A ação faz parte de um discurso de banalização dos conflitos de classe na Argentina e tem como representante do Macri no rabino Sergio Bergman, quem soube conjugar o discurso da paz com o pedido de maior segurança, expressada por ele no recrudescimento das penas e descenso da idade de imputabilidade de menores em crimes.
Assim, cartazes como "com 16 anos posso votar, mas não posso ir para cadeia", tiveram lugar na manifestação misturando a preocupação pela insegurança com o projeto aprovado recentemente pelo governo nacional para possibilitar o voto optativo a pessoas de até 16 anos de idade.
Mas a paz é ainda mais ampla, a organização do #8N teve também como uma das protagonistas Cecilia Pando, presidenta do grupo político AFyAPPA (Asociacao de Familiares e Amigos dos Presos Políticos da Argentina), considerando como "presos políticos" os militares e pessoal das forças de segurança processados pela justiça civil pela participação no desaparecimento de pelo menos 30.000 presos políticos e tortura de mais de 100.000 pessoas durante a última ditadura militar na Argentina. Pando é fervente apologista das forças armadas e do ditador argentino Rafael Videla.
O outro protesto
Atrás da retórica anti-neoliberal do governo argentino e a amplitude das pautas liberais da convocatória do #8N, longe ficou a discussão pela cumplicidade oficialista com a corrompida burocracia sindical; a precarização laboral; as leis antiterroristas para criminalizar o protesto social; as mineradoras a céu aberto; o uso de agrotóxicos; e o crescimento desenfreado da monocultura de soja no país, que além do sucessivo despejo de agricultores familiares, faz dias derivou no assassinato do camponês Miguel Galvan, na província de Santiago del Estero.
*Essen é uma panela caríssima
Ignacio Lemus
Especial para Caros Amigos



Source: http://contextolivre.blogspot.com/2012/11/argentina-panelaco-essen-volta-para-rua.html

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