Incêndios revelam desprezo da cidade com favelas
September 18, 2012 21:00 - no comments yetQuatro ou cinco páginas do jornal por dia falam sobre o mensalão. Outras tantas, da eleição municipal, mais ou menos como se ela fosse um apêndice do julgamento.
Enquanto isso, desastres contínuos apavoram a população mais vulnerável de São Paulo: incêndios seguidos se alastram em suas favelas. Não merecem mais do que o prestígio que a imagem da desgraça oferece: uma foto na capa.
Mas não seria o caso de se investigar seriamente para saber por que, afinal de contas, tantas favelas começaram a pegar fogo sem parar?
O tempo seco certamente não explica – nos últimos anos, as favelas vem sendo incendiadas nas quatro estações. Mais de duzentas em seis anos.
Difícil crer que comportamentos imprudentes ou desavenças pessoais começaram a explodir por todos os lados, como uma epidemia. E somente em São Paulo.
Alguns estudos têm relacionado os incêndios nas favelas à valorização de seu entorno, como se fossem uma espécie de terraplanagem para a especulação imobiliária. Seria deprimente se se constatasse verossímil.
O fato é que a questão está intrigando menos do que deveria. A imprensa, por exemplo, parece estar muito mais preocupada em produzir consequências de suas denúncias antigas, do que investigar fatos assim alarmantes.
O Ministério Público já anunciou interesse em enfrentar a questão – e é bom que se detenha nela. Seu papel é valioso não apenas por suspeitas de crime que envolvem os incêndios, como pelo esvaziamento das políticas públicas de controle dos desastres.
Afinal, que outra função mais relevante pode ter o poder público do que a de salvar vidas?
É preciso tomar cuidado para que não nos acostumemos à tragédia. Corre-se o risco de que com a repetição frequente dos incêndios, sem qualquer solução, o desastre se incorpore como rotina.
O fato de termos nos acostumado às favelas já é por si só um escândalo.
As precaríssimas condições de submoradia deixaram de nos constranger para ingressar no cotidiano de uma realidade aparentemente imutável, como se fosse ela mesmo fruto da natureza.
O trabalho escravo começa a despertar nossa atenção e causar repulsa. Mas a moradia servil já virou assunto batido.
O sonho de urbanização está cada vez mais remoto. As cidades têm prioridades diversas daquelas que uma reforma urbana impõe.
Preocupações estéticas ou higienistas guiam remoções, para que a pobreza explícita não atrapalhe os grandes eventos esportivos, nos quais alvenaria e cimento ficam por conta de construções mais importantes, como os estádios.
Mas daí a sermos omissos com as queimadas urbanas, de casas e de vidas, é algo simplesmente inaceitável.
Faz cinquenta anos que Jamelão imortalizou o barracão de zinco pendurado no morro. Mas quem hoje estaria em condições de repetir: Tua voz eu escuto/Não te esqueço um minuto?
Aécio tem 110 razões para ter cautela com mensalão
September 18, 2012 21:00 - no comments yet
Na lista do mensalão mineiro, ele aparece como receptor de R$ 110 mil pagos por Claudio Mourão, tesoureiro do ex-governador Eduardo Azeredo, para sua campanha
No 247PSDB, DEM e PPS pedem a Veja que mostre a fita com Marcos Valério
September 18, 2012 21:00 - no comments yetAté a oposição ao governo federal cobra a revista Veja para que publique a fita com a supostas declarações de Marcos Valério à revista. Em comunicado oficial assinado pelos respectivos presidentes, PSDB, DEM e PPS ressaltam a gravidade das acusações e pede à publicação da Editora Abril que “torne públicos os elementos que sustentam a matéria”.
A última edição da revista sustenta que Marcos Valério, empresário que teria viabilizado o esquema do “mensalão”, diz que se arrepende por ter ficado em silência e poupado o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo. Embora a reportagem sustente que não conversou com Valério, há especulações de que essa teria sido um acordo com o próprio empresário em troca das declarações. O advogado dele já declarou que seu cliente não endossa o que saiu na revista.
Confira a íntegra da mensagem dos partidos:
“As revelações feitas pela revista Veja, no fim de semana, sobre o possível envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando do escândalo que hoje conhecemos como “MENSALÃO”, exigem explicações imediatas e a apuração por todos os meios legais.Por isso mesmo é que estranhamos o silêncio ensurdecedor do ex-presidente Lula, que deveria ser o maior interessado em prestar esclarecimentos sobre fatos que o envolvem diretamente. Já não surte mais efeito, especialmente depois que o Supremo Tribunal Federal comprovou a existência do MENSALÃO e já condena mensaleiros, a tese defendida pelo PT, de que tudo não passava de uma farsa montada pela imprensa e pela oposição para derrubar o governo Lula.O ex-presidente já não está mais no comando do país, mas nem por isso pode se eximir das responsabilidades dos oito anos em que governou o Brasil, ainda mais quando há suspeitas que pesam sobre o seu comportamento no maior escândalo de corrupção da história da República.A gravidade das revelações da revista Veja impõe que ela torne públicos os elementos que sustentam a matéria “Os segredos de Marcos Valério”. A oposição fará a sua parte e encerrado o julgamento em curso no STF cobrará a investigação dos fatos ao Ministério Público.Os brasileiros exigem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venha a público prestar esclarecimentos em nome da responsabilidade do cargo que ocupou.Brasília, 18 de setembro de 2012.Deputado Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDBSenador José Agripino Maia (RN), presidente nacional do DemocratasDeputado Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS”
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