Contrabando ideológico do Paraguai
June 23, 2012 21:00 - no comments yetComeço a ficar preocupado com o debate em torno do golpe no Paraguai.
Meu receio é o contrabando ideológico, com idéias exóticas que podem ser trazidas ao Brasil e germinar por aqui.
Estou falando sério. É grande o número de comentaristas que dizem que a deposição de Fernando Lugo foi um processo dentro da lei e que, por essa razão, não pode ser comparado a um golpe de Estado.
Já li comparações inclusive com o impeachment de Fernando Collor. Teve até um professor universitário que disse isso no Rio Grande do Sul.
Vamos combinar que é feio reescrever a história, ainda mais a partir de fatos tão recentes.
Fernando Collor foi investigado por vários meses e considerado culpado pela Polícia Federal, que encontrou vários indícios de corrupção e troca de favores.
A CPI sobre PC Farias recolheu provas contra o tesoureiro e o presidente. Os auxiliares de Collor foram questionados, puderam se defender e acusar. Apareceu uma testemunha, com um cheque usado para comprar um carro para a primeira dama. E apareceram vários cheques-fantasma do esquema e suas conexões. A polícia federal descobriu um computador com a descrição gráfica do esquema financeiro. Estava tudo lá: quem recebia, quem pagava.
Depois de tudo isso, o Congresso votou o impeachment do presidente. O país estava convencido de sua culpa. Os estudantes foram às ruas pedir sua renuncia. Collor pediu apoio popular. Recebeu maiores protestos.
Ao contrário de Lugo, Collor não foi deposto. Renunciou. Lugo tinha apoio popular, a tal ponto que um dos motivos para a pressa dos golpistas era impedir a chegada de seus aliados a Assunção. É trágico: para dar um golpe contra o povo, correram de populares.
As acusações contra Collor não foram histórias que cairam céu contra um presidente fraco que, por falta de apoio parlamentar, foi despachado para casa.
Collor enfrentou um processo democrático, onde teve direito a ampla defesa.
Não tivemos nada disso contra Lugo. Não há um fiapo de prova de suas responsabilidades pelas 17 mortes num conflito agrária, que criou a comoção que ajudou os golpistas a criar um ambiente favorável a derrubá-lo.
Os outros quatro episódios são acusações vagas e genéricas. Em nenhum deles a culpa de Lugo está demonstrada. Sequer é descrita. Estamos falando aqui de um arranjo político, uma oportunidade. Lugo era um presidente incômodo, com ideias de esquerda – bastante moderadas, por sinal – e seus adversários não quiseram perder uma chance de livrar-se dele.
É o poder oligárquico em sua expressão extrema, anti-democrática e absoluta – tão poderoso que pode cumprir um simulacro de democracia para pervertê-la.
Falar que se cumpriu o ritual democrático é o mesmo que dizer que o ditador Alfredo Stroessner, que governou o Paraguai por 35 anos, acumulou uma fortuna ilícita estimada em 5 bilhões de dólares e deixou uma lista de 400 desaparecidos políticos era um presidente legítimo porque de tempos em tempos promovia eleições que vencia com mais de 90% dos votos.
E é isso o que mais preocupa neste caso. O gosto pelo simulacro.
Vitima de um golpe de Honduras, Manoel Zelaya foi acusado de tentar avançar uma emenda constitucional para permitir a reeleição presidencial – não para ele, mas para seus sucessores. Nem a embaixada americana acredita que esse fato era motivo para seu afastamento. Em documentos enviados para Washington, a representação diplomática em Tegucigalpa explicava que se tratava de um golpe de Estado. Mas havia, em Honduras, um pretexto que, de forma distorcida e abusiva, foi usada para depor um presidente constitucional.
Contra Fernando Lugo não havia nem pretexto e mesmo assim ele foi derrubado, um ano e dois meses antes do fim de seu mandato.
Mas nossos golpistas adoram uma novilíngua. Em 64, quando João Goulart foi deposto, eles anunciaram que a democracia foi resgatada. Fizeram marchas para comemorar a liberdade…Vai ler os jornais e está lá assim: a democracia foi salva…A liberdade venceu…
Que horror, não?
Paulo Moreira LeiteNo Vamos combinar
Estaria o mundo realmente aquecendo? - VI (final)
June 23, 2012 21:00 - no comments yet
Assista também:
Estaria o mundo realmente aquecendo? - I
Estaria o mundo realmente aquecendo? - II
Estaria o mundo realmente aquecendo? - III
Estaria o mundo realmente aquecendo? - IV
Estaria o mundo realmente aquecendo? - V
Cuba condena enérgicamente Golpe de Estado parlamentario en Paraguay
June 23, 2012 21:00 - no comments yetDeclaración del Ministerio de Relaciones Exteriores
El Gobierno de la República de Cuba condena enérgicamente el golpe de Estado parlamentario ejecutado contra el Presidente Constitucional Fernando Lugo y el pueblo hermano del Paraguay.
Este golpe se suma a la larga lista de atentados contra la autodeterminación de los pueblos latinoamericanos, siempre realizados por las oligarquías con la autoría, la complicidad o la tolerancia del Gobierno de los Estados Unidos.
Cuba denuncia que, después de décadas de sangrientas dictaduras militares que asesinaron cientos de miles de personas y ejercieron el terrorismo de Estado y la tortura con plena impunidad, esta estrategia violenta y antidemocrática ha sido retomada, con métodos clásicos o nuevos, en el golpe militar y luego petrolero contra la Revolución Bolivariana en Venezuela, el intento desestabilizador y secesionista contra el Estado Plurinacional de Bolivia, el golpe militar contra la fuerzas progresistas en Honduras y el intento de golpe contra la Revolución Ciudadana en Ecuador.
Hechos como este pretenden frenar los procesos de cambios progresistas y de genuina integración latinoamericana y caribeña en Nuestra América .
El Gobierno cubano declara que no reconocerá autoridad alguna que no emane del sufragio legítimo y el ejercicio de la soberanía por parte del pueblo paraguayo.
Al propio tiempo, mantendrá su colaboración médica, estrictamente humanitaria, al servicio de la población de ese país y, por tanto, el Centro Oftalmológico de María Auxiliadora, que ha ayudado a recobrar o mejorar la visión a 18 mil paraguayos, continuará sus labores mientras sea necesario.
Con el Manual del Golpe en Honduras, EE.UU acepta juicio contra Lugo por el parlamento
June 23, 2012 21:00 - no comments yet![]() |
William Ostick, portavoz para América Latina del Departamento de Estado |
Teniendo presente el “Manual de Golpes de Estado” que tiene la CIA y el Departamento de Estado y la experiencia aplicada en Honduras en contra del Presidente Manuel Zelaya, el Gobierno de Estado Unidos acepta juicio ilegal del parlamento contra el Presidente Manuel Zelaya.
Estados Unidos está al tanto de la situación en Paraguay y su embajada en Asunción "la sigue observando muy de cerca", indicó en un mensaje del portavoz para América Latina del Departamento de Estado, William Ostick, dado a conocer por AFP.
Pero tratando de esconder su beneplácito ante el juicio que esta siendo sometido el Presidente Lugo, Ostick pidió este jueves que se respete "escrupulosamente" el debido proceso en el juicio político iniciado este jueves por el Congreso de Paraguay.
"En consistencia con los compromisos a la democracia en el continente, es importante que la democracia y las instituciones del gobierno sirvan a los intereses del pueblo paraguayo", indicó Ostick.
"Por ello, es críticamente importante que esas instituciones actúen de una manera transparente, y que los principios del debido proceso y los derechos de los acusados sean escrupulosamente respetados", subrayó el portavoz.
Washington se mantendrá en contacto con sus “socios” en la región "con respecto al sostenimiento de la democracia y las instituciones democráticas en Paraguay", agregó Ostick.