Go to the content

Daniela

Full screen

Com texto livre

June 14, 2012 21:00 , by Daniela - | No one following this article yet.

Adoro o conservadorismo paulistano. É tão kitsch!

September 23, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet

Pesquisa Datafolha divulgada, neste domingo (23), pelo jornal Folha de S. Paulo traz o posicionamento do paulistano diante de temas comportamentais. Com isso, busca checar a tese da relação entre o posicionamento frente a esses assuntos e a preferência do voto. Foram ouvidas 1.802 pessoas e a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
Breves comentários sobre os resultados:
Causas da criminalidade: 60% dos entrevistados dizem que a maior causa é a maldade das pessoas.
Depois perguntam a razão de Carminha e Nina fazer tanto sucesso.
Adolescentes: 72% dizem que os que cometem crimes devem ser punidos como adultos.
Criança bandida tem que pagar. Menos se forem meus filhos. Nesse caso, uma boa conversa resolve.
Religião: 79% dizem que acreditar em Deus as torna pessoas melhores.
OK, isso pode ajudar, mas não determina. Hitler acreditava no divino. Chaplin era ateu… Parte considerável das fazendas onde há libertações de escravos contemporâneos no Brasil tem nome de divindades cristãs: Nossa Senhora, Menino Jesus, Santo Expedido…
Sindicato: 60% afirmam que servem mais para fazer política do que defender os trabalhadores.
Detesta política sindical. Mas gasta muito bem o dissídio que surgir no salário… 
Proibição do uso de drogas: 81% afirma que deve ser mantida porque toda a sociedade sofre com as consequências.
E para discutirmos, desce mais uma cerveja que não causa mal a ninguém. Se fizesse, não teria propaganda bacana na TV.
Em outras perguntas, o comportamento conservador foi minoria nas respostas. Mas vale uma observação: mesmo minoria, a quantidade assusta.
Pena de morte: 41% dizem que é a melhor punição para indivíduos que cometem crimes graves.
Olho por olho, dente por dente. Porque, como sabemos, a vingança traz de volta o ser amado do mundo dos mortos e diminui a criminalidade…
Migração: 28% dos pobres que migram acabam criando problemas para a cidade.
Eles deveriam construir nossos prédios calados, agradecendo o favor que fizemos a eles, e se retirarem para o lugar de onde vieram assim que terminassem o serviço. E não ficar zanzando por aí, ofendendo meu senso estético. Afinal, a cidade é nossa, não deles. Pagamos por ela.
Pobreza: 27% acha que está ligada à preguiça de pessoas que não queiram trabalhar.
Mesmo com longas jornadas e condições bisonhas de trabalho, o Brasil paga mal as empregadas domésticas porque elas são umas indolentes de uma figa.
Homossexualismo (sic – foi o Datafolha que usou a expressão, não eu): 23% acham que deve ser desencorajado pela sociedade.
Vamos desencorajar a heterossexualidade também, ué!  Filhão, você só trouxe infelicidade para esta casa! Onde já se viu? Namorar uma, uma, uma… mulher?! O que nós fizemos de errado, meu Deus?
Posse de armas: 22% dizem que armas legalizadas deveriam ser um direito do cidadão para se defender.
Sim. Então, o IML passa a ser desautorizado de ir buscar os corpos de quem foi morto com a própria arma tomada pelo bandido?
Tendo achar que se houvesse uma pergunta sobre “trabalho infantil”, o apoio a ele seria grande também. E sobre “prostituição infantil”, haveria uma minoria que martelaria a questão da liberdade individual, seguindo os argumentos do nobre vereador Agnaldo Timóteo.
Dizem que falta informação e, por isso, temos uma sociedade que pensa de forma tão conservadora. Mas informação não basta. Deve-se saber como trabalhar com essa informação que recebemos, refletir sobre ela. Entramos aqui na questão da consciência social, que não se aprende nos bancos de escola, mas no trato com a sociedade.
O contato com o “outro”, e com suas diferenças, contribui para fomentar essa consciência. Não através do filtro dos jornais e das lentes de TVs, mas pelo diálogo direto. Só dessa forma poderemos entender as razões desse outro. E se, mesmo assim, não concordarmos com sua posição, podemos, ao menos, ser tolerantes. E perceber que as pessoas têm direito à própria vida e ao próprio corpo e que não é com uma sociedade ditatorial e sumária que se resolverão os problemas.
(Esse movimento sofre uma inflexão no período eleitoral, é claro. Após a campanha de 2010, por exemplo, diminuiu o número de pessoas que apoiavam o direito ao aborto. O que era esperado uma vez que os candidatos transformaram o pleito em guerra religiosa).
De qualquer forma, ainda bem que as decisões do Supremo Tribunal Federal sobre a interpretação da Constituição visando à garantia de direitos não têm sido tomadas com base em pesquisas de opinião ou usando uma biruta que aponte para onde sopra a opinião pública em determinado momento. Por isso, temos tido alguns avanços, como pesquisas com células tronco, direito a protestar pela legalização das drogas, união civil homoafetiva…
Afinal de contas, uma democracia verdadeira passa por seguir as decisões da maioria, desde que se respeite a dignidade das minorias. É tão fácil e tão difícil entender isso…
Leonardo Sakamoto



Como começou a desgraça do Flamengo

September 23, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet



Pérolas de Russomano

September 23, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet




Pequenas mudanças que significam muito

September 23, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet



Veja inventa “ginástica em gotas”

September 23, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet

A revista Veja de 22/8 (edição 2.283) publicou (mais) uma capa apelativa.
Confesso que eu mesmo, afligido por incomodo e perigoso sobrepeso, bati o olho na “ginástica em gotas” e fiquei animado. Depois, pensei: “Não pode existir ginástica em gotas. É melhor olhar o que diz a matéria.“
Resumo: pesquisadores puseram camundongos a fazer “atividade física sobre rodas” (que a reportagem, como quem não quer nada, equipara a “esteira ergométrica”). A partir do 21º dia (novamente: “da décima semana no calendário humano”), os músculos dos bichinhos começaram a produzir o hormônio irisina em quantidade suficiente para acelerar o metabolismo do tecido adiposo e, portanto, fazer emagrecer.
Em dez dias, sem atividade física e ingerindo comida gordurosa em excesso, os camundongos perderam 2% do peso corporal ... e aí entra mais uma das passagens manipuladoras da reportagem: “o que, entre homens e mulheres, equivale a uma redução de quatro quilos em seis meses”.
A seguir, o texto apresenta o seu álibi: “As experiências com a irisina em humanos devem começar a partir de 2013”. Imediatamente, para evitar que se instale a dúvida, aparece uma declaração com carimbo de CRM. “’Confirmados os resultados obtidos com as cobaias, estará deflagrada a maior revolução no tratamento da obesidade desde o tempo da descoberta dos anorexígenos, na década de 40’, diz o endocrinologista Antônio Carlos do Nascimento”.
É o oba-oba, que o texto não deixará de celebrar, “trocando em miúdos” (foi ato falho?): “Trocando em miúdos, a irisina é a ginástica em cápsula − ou em gotas”, etc.
Vendendo doença
No blogue Imprensa Saudável, o professor da USP Gustavo Gusso publicou carta enviada pelo também médico Leonardo Graever à Veja. Graever reagiu ao que saltou diante dos seus olhos: a capa anunciadora de uma impossível ginástica em gotas. Antes mesmo de ler a reportagem, ele concluiu:
“(...) Mesmo que a reportagem desfaça essa primeira impressão, e acredito que o faça [não faz], dada a competência de seus jornalistas, para quem passa pela banca de jornal e recebe o imprint semântico dessa capa, o mal está feito. No afã de vender a revista, os senhores estão fazendo apologia à preguiça, e sendo profundamente irresponsáveis quanto à educação em saúde do cidadão. Estão vendendo doença.” (Leia a íntegra aqui.)
Na edição seguinte, Veja publicou cartas laudatórias (entre elas as de dois médicos) e críticas. Não a de Graever. Publicou a do endocrinologista pediátrico de Natal Ricardo Fernando Arrais. A retórica é menos inflamada, mas o conteúdo, coincidente:
“Já vimos esses filme antes... Começa como um murmúrio vindo das primeiras pesquisas ainda em animais de laboratório (que, muitas vezes, não apresentam nem de longe os mesmos resultados em seres humanos) e logo toma corpo na forma de um burburinho, transformado, depois, em franca gritaria. Finalmente, a obesidade será vencida, e, melhor ainda, sem esforço! O velho problema de sempre, com o velho roteiro batido: caso a irisina tenha efeito similar em humanos, certamente será transitório, já que o metabolismo celular é regido por interações muito complexas. Estamos sempre à procura da ‘bala de prata’ que pode nos tornar ‘imunes’ ao ambiente de excesso de oferta e falta de atividade física. Não quero ser pessimista, mas, enquanto buscamos soluções para situações pontuais, a obesidade segue aumentando e a lei de Darwin, que seleciona os mais aptos ao meio ambiente, vai fazendo o seu trabalho. Diminui a expectativa de vida dos ‘poupadores’ de energia (sedentários) e privilegia os ‘gastadores’.”
As necessárias precauções
Em janeiro, no New York Times, as pesquisas sobre a irisina foram apresentadas não como uma forma de evitar exercício (ressalvando-se que há pessoas impossibilitadas de fazê-los), mas como um incentivo à sua prática. A reportagem se baseava em texto publicado na revista Nature.
No início de agosto, o mesmo NYT publicou nova reportagem, agora baseada em artigo da revista Science. Aparece no relato um cientista sueco, Sven Enerback. Ele especula que uma terapia capaz de pôr em ação no organismo células de gordura marrom – a que é queimada para produzir calor – poderia permitir queima de gordura branca, precipuamente indesejada, “à razão anual de cinco quilos ou mais”, lê-se em tradução publicada no portal Terra.
Mas, advertência que faltou na matéria da Veja, “uma terapia como essa não deveria ser usada como forma única de tratamento da obesidade”, e precisaria “ser acompanhada por uma mudança de estilo de vida e outras intervenções.”
Ou, como destaca um artigo (em inglês) da Escola de Saúde Pública de Harvard, e aparece de forma superficial na Veja, “camundongos, ratos e macacos não são pessoas. Para entender melhor como alimentos (ou algum outro fator) afetam a saúde humana, é sempre necessário estudá-los em seres humanos.”
Mauro Malin
No Observatório da Imprensa