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Daniela

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June 14, 2012 21:00 , by Daniela - | No one following this article yet.

Lula não enfrentou os barões da mídia

July 20, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet

O professor Venício A. de Lima é um dos maiores especialistas em comunicação do Brasil. Já produziu centenas de artigos e vários livros sobre o tema. Intelectual rigoroso e refinado, também é um ativo militante da luta pela democratização da mídia. Nessa longa jornada, porém, mostra-se pessimista quanto aos avanços alcançados nessa área estratégica. No seu mais recente livro, Política de Comunicações: um Balanço dos Governos Lula (2003-2010), conclui que o setor continua altamente monopolizado e com enorme poder de manipulação sobre a agenda política do país.
Para ele, o ex-presidente operou mudanças progressistas em vários setores da sociedade, mas não conseguiu enfrentar o poder dos barões da mídia. “Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao fim de seus dois mandatos presidenciais exibindo recordes mundiais de aprovação popular… Não há dúvida de que foi um governo bem-sucedido.” Mas, quando se analisam os dados sobre o campo das comunicações, o autor conclui que o resultado foi frustrante. “A maioria das propostas de políticas públicas que segmentos populares da sociedade civil organizada consideram avanços – embora haja importantes exceções – não logrou sucesso nos oito anos dos governos Lula. Ao contrário, muitas propostas foram abandonadas ou substituídas por outras que negam as intenções originais.”
O livro reúne 89 artigos que foram publicados originalmente nos sítios do Observatório da Imprensa e da Carta Maior no período de agosto de 2004 a dezembro de 2010. Faz um balanço minucioso dos embates travados entre os governos Lula e os impérios midiáticos em várias frentes da comunicação, com seus avanços e recuos. Um destaque é para o tema estratégico da regulação da mídia. Conforme aponta Venício, o ex-presidente até tentou pautar o debate sobre o novo marco regulatório. Montou três comissões interministeriais sobre o tema, apresentou os projetos de criação do Conselho Federal de Jornalismo e da Ancinav, incluiu itens sobre o direito à comunicação no III Programa Nacional de Direitos Humanos, entre outras iniciativas.
No geral, porém, o governo não teve forças para promover as necessárias mudanças nesse setor. Os barões da mídia, que contam com expressiva bancada no Congresso Nacional e seduzem e atemorizam a sociedade com sua capacidade de incidir sobre a agenda política e de influenciar a subjetividade social, conseguiram barrar até mesmo a regulamentação dos artigos já inscritos na Constituição de 1988. Maior prova desse fiasco é que quase nada foi feito para inibir a concentração da propriedade, a formação de monopólios e a aberração da propriedade cruzada – que é vetada até mesmo nos EUA. Enquanto em vários países da América do Sul o debate sobre a democratização da comunicação deu passos significativos, no Brasil ele ficou empacado.
Venício até aponta algumas mudanças que ocorreram no setor nesses oito anos. Cita o positivo processo de descentralização da publicidade oficial, elevando de 499 para 7.047 o número de veículos beneficiados; a realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que envolveu milhares de pessoas nesse debate pedagógico, apesar do boicote autoritário dos principais impérios midiáticos; a criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), um primeiro passo rumo à construção de um sistema público, conforme o que está inscrito na Constituição Federal; e o lançamento do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que visa garantir o acesso à internet aos “excluídos digitais” brasileiros.
Mas, para o intelectual e militante, esses avanços foram tímidos. Não mexeram no principal, que é a concentração da propriedade nas mãos de meia dúzia de famílias – autênticos feudos. Para ele, não é possível democratizar os atuais impérios midiáticos, que hoje exercem o papel de partidos políticos – como confessou a própria presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Judith Brito. É urgente promover políticas públicas e mudanças totalizantes na legislação que estimulem a diversidade e a pluralidade informativas. Nesse sentido, Venício enfatiza que o papel do Estado é estratégico. No caso do rádio e da televisão, essa função é ainda mais decisiva. “A radiodifusão privada é uma concessão pública” e não pode ficar sob o domínio exclusivo do “mercado”.
Com sua larga e rica experiência, o professor Venício A. de Lima sabe que avanços mais profundos no setor dependem de intensa pressão da sociedade. Os latifundiários da mídia exercem forte influência política e não toleram nenhuma mudança – no máximo, uma autorregulamentação cosmética. Antidemocráticos, não aceitam sequer pautar esse debate na sociedade. Tudo o que se relaciona ao tema é rotulado de “censura”, de “atentado à liberdade”. Confundem, propositalmente, liberdade de expressão com liberdade de monopólios. A resistência é tão brutal que a legislação do setor – o Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT) – completará cinquenta anos em agosto próximo e nunca sofreu alterações mais consistentes. “É velha e desatualizada.”
“O exemplo mais conhecido do poder dos radiodifusores talvez seja a derrubada, pelo Congresso Nacional, de todos os 52 vetos que o então presidente João Goulart impôs ao projeto de lei que viria a se transformar no CBT (Lei nº 4.117). A ampla articulação de empresários da radiodifusão e parlamentares que permitiu tamanha façanha foi liderada pelo então diretor-geral dos Diários e Emissoras Associados, João Calmon (já falecido), e dela resultou a criação da Abert – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão”, relembra Venício. Essa mesma entidade patronal e várias outras do setor também impediram que os preceitos fixados na Constituição Cidadã de 1988 fossem regulamentados. Sabotaram ainda as 672 propostas aprovadas na 1ª Confecom.
No último capítulo do livro, “Contexto e estratégias”, o autor reafirma seu pessimismo no diagnóstico. “Uma das dificuldades de quem acompanha e observa criticamente o setor de mídia no Brasil é, contraditoriamente, sua previsibilidade. Por mais que se tente renovar o ‘otimismo da vontade’, as lições da história e as evidências do presente se encarregam de mostrar como os patrões se repetem. Nada de realmente substantivo se altera no setor.” Em contrapartida, na sua inabalável militância ele também aponta o surgimento de fatores novos – como o maior engajamento dos movimentos sociais e o florescimento de uma militância crítica na internet, que serve de contraponto às manipulações e põe em xeque o modelo de negócios dos impérios midiáticos.
Parafraseando novamente o intelectual italiano Antonio Gramsci, ele conclui que “o velho está morrendo e o novo apenas acaba de nascer” e aposta suas energias numa intensa e unitária luta pela “conquista do direito à comunicação pela cidadania”.
Miro Borges é jornalista, presidente do Centro de Estudos Barão de Itararé e autor do livro A Ditadura da Mídia
No Teoria e Debate



Grampos da PF indicam que Cachoeira marcou jantar com governador de Goiás

July 20, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet

Interceptações telefônicas da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, gravadas com autorização da Justiça Federal, e às quais o UOL teve acesso, mostram Edivaldo Cardoso, ex-presidente do Detran de Goiás, e Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, combinando um jantar com um governador, cujo nome não é citado.
Segundo relatório da PF apresentado à CPI do Cachoeira, no Congresso Nacional, a confirmação do jantar por uma funcionária do governo de Goiás, e posteriormente pelo ex-vereador Wladimir Garcez, apontado como braço político no esquema do contraventor no Estado, sugerem que o governador citado nas conversas é Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. O governador, por meio de sua assessoria de imprensa, negou o encontro. Cachoeira está preso desde fevereiro acusado de diversos crimes e envolvimento com agentes públicos e privados.
No primeiro diálogo sobre o encontro, em 24 de março de 2011, Cardoso conta a Cachoeira que uma funcionária da Casa Civil de Goiás, conhecida como Glorinha – que seria Glória Miranda Coelho, também chefe do gabinete particular de Perillo –, disse que o governador tinha pré-agendado um jantar em sua casa, e que era para ele “se preparar”. Cachoeira responde: “Oh, doutor, excelente! Valeu”. Glória permanece no cargo, mas não comenta o assunto.
 
A tentativa de encontro do grupo de Cachoeira com Perillo ocorre pouco tempo depois de concluídas as negociações da casa que pertencia ao governador e que teria sido adquirida pelo contraventor – foi neste imóvel que Cachoeira foi preso em fevereiro.
Em depoimento à CPI do Cachoeira, em junho, Perillo negou que tenha feito negócios com Cachoeira. O governador manteve a versão, difundida por ele desde março, de que tratou da venda da casa apenas com Wladimir Garcez e que não prestou atenção no emitente dos cheques --no caso, um sobrinho de Cachoeira.
Ainda segundo os áudios da PF, o jantar só é confirmado dois dias antes da data marcada. Cachoeira liga para Cardoso. “Ele confirmou, então, quarta-feira?”, pergunta o ex-presidente do Detran, mas é Wladimir Garcez quem responde, ao ser chamado pelo contraventor ao telefone. “Confirmado, viu. Quarta-feira”.
Cachoeira e Cardoso mostram intimidade ao acertarem detalhes do jantar em outro telefonema. “Aí você passa pra ver o que eu devo levar. Champanhe, né?”, diz Cachoeira. Cardoso afirma: “É. Escuta, vamos buscar um cara pra tocar um violão?” Cachoeira responde: “Uai, eu tenho. Leva, né?”. E Cardoso: “Não, eu tenho um cara legal também pra ir, eu acho que ele gosta, seresteiro”. Cachoeira completa: “Ah, leva, né, tá bom?”. "Vou levar, né? Se ele não for, a gente fica lá tomando um vinho e ouvindo uma música, não é não?", responde Cardoso.
No mesmo dia, que seria 30 de março, os dois voltam a se falar. Cardoso combina com Cachoeira quem eles iriam levar ao encontro - e chegam a conclusão de que seria "no máximo umas oito pessoas". Mais tarde, Cardoso pede para Cachoeira levar um vinho e confirma que o jantar seria às 21h. Ambos concordam que é melhor não levar Wladimir Garcez ao encontro, sem especificar o motivo.
No Esquerdopata



Os três amigos

July 20, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet

Novas gravações da Polícia Federal mostram Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres fazendo negócios em nome do governador de Goiás, Marconi Perillo
Época teve acesso a novas conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo – que, no final de fevereiro, deslindou a infiltração do crime organizado no governo de Goiás. A íntegra das conversas – 5,9 gigabytes de informação – corre sob segredo de Justiça na 11ª Vara Federal de Goiânia. Nela, encontra-se fartura de trechos inéditos – e explicitamente reveladores, sobretudo sobre o envolvimento do tucano Marconi Perillo, que governa o Estado de Goiás, com o esquema liderado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira e pela construtora Delta. Entre outras novidades, há diálogos em que se diz que Perillo “mandou passar” à Delta um contrato que poderia render R$ 1,2 bilhão. Noutros diálogos, cita-se Perillo como responsável por ordenar, por intermédio do ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM), que o diretor do Detran no Estado, indicado por Cachoeira, contratasse uma empresa de um amigo do governador. Descobre-se, ainda, que um irmão de Perillo, chamado Antônio Pires Perillo, ou Toninho, tinha um celular Nextel habilitado nos Estados Unidos para conversar com Cachoeira – e que Toninho prestou serviços a ele.
ESCOLHA O governador Marconi Perillo. De acordo com a Polícia Federal, ele se empenhou para que uma obra em Goiânia  fosse entregue à construtora Delta (Foto: Dida Sampaio/AE)
ESCOLHA
O governador Marconi Perillo. De acordo com a Polícia Federal, ele se empenhou para que uma obra em Goiânia fosse entregue à construtora Delta (Foto: Dida Sampaio/AE)
Desde que a existência da quadrilha de Cachoeira veio a público, em fevereiro, sabia-se que a força do grupo escorava-se, entre outros políticos, no senador Demóstenes. O envolvimento de Perillo aparecia, até então, por indícios. Na semana passada, Época revelou as evidências – contidas num relatório enviado pela PF à Procuradoria-Geral da República – de que a Delta firmara um “compromisso” político com Perillo: comprara a casa que o governador vendia, pagara R$ 500 mil a mais do que ela valia – e passara a receber em dia o que o governo de Goiás lhe devia.
De acordo com as gravações, outros acertos de Perillo com as empresas ligadas ao esquema de Cachoeira acontecem em março de 2011, logo após a venda da casa para a Delta. No dia 1º de março, Perillo vende a casa. No dia 2, começam os negócios. Às 21 horas, Demóstenes liga para Cachoeira. O assunto é urgente: Demóstenes tem um “recado” a transmitir a Cachoeira. De quem? De Perillo. Descobre-se, portanto, que a relação de Perillo com a quadrilha de Cachoeira era ampla – envolvia não apenas seu assessor Wladmir Garcez, que acabara de intermediar os pagamentos da Delta pela casa, mas também Demóstenes. Diz Demóstenes: “Fala, professor. O seguinte: tava precisando falar com você. Ou se você não puder, manda o Wladmir (Garcez) falar comigo. Não é nada daquele assunto, não. É outro, que apareceu agora. É um recado do Marconi. Precisava te passar” (ouça o áudio). Cachoeira pergunta se Demóstenes está em Goiânia. “Tô aqui”, diz Demóstenes. “Se você puder vir aqui... Se não puder, manda o Wladmir que eu explico o que é.” Cachoeira não titubeia: “Vou aí agora então”.
Pouco mais de meia hora depois, após o encontro com Demóstenes, Cachoeira liga para o presidente do Detran de Goiás, Edivaldo Cardoso, conhecido como Caolho. Caolho fora nomeado para o cargo assim que Perillo assumiu o governo, segundo a investigação, por indicação de Cachoeira, que o encarregara de assegurar que a Delta e demais “empresas amigas” faturassem alto não somente no Detran, onde ele assinaria contratos e autorizaria pagamentos, mas também nas demais áreas do governo de Goiás. Como Caolho faria isso? Graças a seu acesso privilegiado à cúpula do governo tucano, Caolho tinha bom trânsito com Perillo e seus assessores. Deveria ainda manter Cachoeira a par de possíveis novos projetos do governo.
estresse O senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Segundo escutas da PF, eles ficaram estressados com a pressão  de Perillo (Foto: Cadu Gomes/Reuters e Sergio Lima/Folhapress)
ESTRESSE
O senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Segundo escutas da PF, eles ficaram estressados com a pressão de Perillo (Foto: Cadu Gomes/Reuters e Sergio Lima/Folhapress)
É nesse contexto que transcorre o diálogo entre Cachoeira e Caolho naquela noite de março – um breve, porém claro, sinal do empenho de Perillo em ajudar a turma. Cachoeira diz a Caolho: “Tenho um recado do Marconi e do Demóstenes para você”. Caolho pergunta do que se trata. “Por telefone é ruim, né?”, afirma Cachoeira. Ato contínuo, Caolho pergunta se os dois podem se encontrar. Cachoeira, cansado depois de um dia intenso e sem encontrar uma brecha na agenda do dia seguinte, acaba transmitindo o recado de Perillo por telefone. “Você teve com a Politec?”, diz Cachoeira. “Tive, ué”, responde Caolho. Temendo uma bronca, Caolho se adianta e conta tudo: “Quem mandou, pediu para eu receber a Politec foi o Marconi (Perillo). Ligou e pediu para eu receber o cara (da empresa Politec)” (ouça o áudio). Cachoeira confirma: “Aí mas ele (Perillo) não lembra, não. O problema é esse. Ele falou lá que você tinha que fechar (com a Politec), o negócio deles lá”.
Caolho explica em detalhes a ordem de Perillo para contratar a Politec. “O homem (Perillo) que ligou para mim. O Barros (Carlos Alberto Barros, fundador da Politec) estava lá no palácio, ele (Perillo) me ligou, falou comigo pessoalmente para eu receber o cara lá”, diz. Cachoeira determina então que Caolho resolva logo o contrato com os executivos da Politec: “O Demóstenes falou para você nem chamar o Marcelo (Marcelo Augusto Gomes de Lima, gerente de projetos da empresa)”. Caolho conta que a Politec já o procurara para oferecer serviços de vistoria para carros. Diz Caolho: “Esse negócio foi o Marconi que pediu. (...) Ele (Perillo) ligou e eu atendi. Não mandou recado, não. Ligou no telefone e falou assim, ó: ‘Eu tô aqui com o Barros (da Politec). Você conhece ele? Ele vai te procurar. Você pode receber ele aí hoje?’ Eu disse: ‘Posso, governador, manda ele vir aqui que eu falo com ele agora’”. Perillo, segundo o relato de Caolho, é direto: “(Perillo) falou: ‘Atende ele (Barros, da Politec) aí que é meu amigo, tá?’”.
Ao perceber que o assunto já estava encaminhado no Detran, Cachoeira se irrita com a pressão de Perillo e ordena que Caolho explique a situação aos executivos da Politec. Diz Cachoeira: “Fala para eles (Politec): ‘O que foi politicamente combinado já está fechado’”. Caolho também reclama: “Povinho estressado... E o Marconi também tem uma memória de grilo”. “Mas aí você já passa lá amanhã e resolve esse estresse”, diz Cachoeira. Em seguida, ele afirma que os executivos da Politec também pressionaram Demóstenes. Noutra ligação com Cachoeira, cinco minutos depois, Caolho está mais leve: “Amanhã resolvo isso. Hahaha! Eu acho divertido um negócio desses. O governador manda receber o cara, o cara chega para mim e diz que conversou com ele. (...) ‘O senhor (Barros, da Politec) só põe no papel aqui para mim que eu vou autorizar’: foi essa minha conversa com ele (da Politec)”.
Os interesses da Politec, do amigo de Perillo, foram atendidos. A empresa conseguiu prestar serviços ao Detran, presidido por Caolho, sem licitação nem contrato formal. O serviço de vistoria de carros, antes feito por múltiplas empresas credenciadas, passou a ser executado exclusivamente pela Politec. Em fevereiro deste ano, o Departamento Nacional de Trânsito, o Denatran, detectou irregularidades no sistema oferecido pela Politec ao Detran de Goiás. Descobriu-se que a Politec não era homologada no Denatran nem repassava as informações das vistorias ao banco de dados do órgão – brecha que permitia, em tese, que carros roubados ou fora dos padrões de segurança fossem revendidos. Diante dos fatos, o promotor Rodrigo Bolelli determinou ao Detran goiano que encerrasse a contratação informal da Politec.
A Politec, que nasceu em Goiânia, é uma grande empresa de tecnologia. Vale R$ 254 milhões e mantém contratos com governos estaduais, além do governo federal. Desde que Perillo virou governador, no ano passado, recebeu R$ 8 milhões do Estado de Goiás. Quando Barros abordou Perillo no ano passado, a Politec já estava encalacrada com a PF. Em 2009, ela e outras três empresas foram alvo da Operação Mainframe, ação conjunta da Polícia Federal e da Secretaria de Direito Econômico (SDE) contra o cartel que presta serviços de informática ao governo federal. Num dos endereços vasculhados pelos agentes da PF foram encontradas anotações com nomes de políticos e valores anotados ao lado. Havia, segundo os investigadores, o nome de um senador – a identidade dele é mantida sob sigilo. As investigações desse caso ainda estão em curso.
Caolho era mesmo próximo a Perillo? Ao que tudo indica, sim. Semanas depois da pressão para a contratação da Politec, no dia 30 de março, Perillo foi jantar na casa de Caolho, ao lado de Cachoeira – e admite isso. Escutas da PF revelam que Cachoeira e Caolho esmeraram-se nos preparativos para o convescote. Num dos áudios, Cachoeira afirma que levaria uma garrafa de vinho e uma de champanhe ao encontro. Pouco antes da tertúlia, Cachoeira liga para Garcez e pede que se apresse: Perillo deveria chegar antes do previsto. Esse jantar é um dos três encontros que Perillo admite ter tido com Cachoeira. O segundo foi na sede do governo goiano. O terceiro, na casa do ex-senador Demóstenes Torres (ouça o áudio).
As novas investigações da PF também se referem a um segundo caso: a instalação em Goiânia do VLT, veículo leve sobre trilhos. Na tentativa de criar uma agenda positiva, Perillo reuniu secretários na semana passada para definir o cronograma da licitação que escolherá a empresa responsável pela instalação do trem. Perillo espera que, na segunda quinzena de agosto, o edital seja lançado. O VLT deverá fazer a ligação leste-oeste da cidade, com 12,9 quilômetros de extensão, uma obra incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Segundo a investigação da PF, as articulações do governo, no ano passado, para implantar o VLT em Goiânia ficaram comprometidas porque o contrato fora dirigido para a Delta. Num diálogo interceptado no dia 30 de março de 2011, Garcez narra a Cachoeira uma conversa mantida com o presidente da Agência de Transportes e Obras Públicas (Agetop) e tesoureiro de Perillo na campanha de 2010, Jayme Rincón. Nesse diálogo, segundo Garcez, Rincón disse que o governador escolhera a Delta para administrar as obras. “O governador já tinha falado com ele (Rincón) sobre o negócio do VLT e que é pra passar o negócio pra Delta”, afirmou (ouça o áudio). Em entrevista, Rincón disse não ter conversado com Garcez sobre o VLT: “Não tem a menor consistência. Nem se cogitava o VLT. Esse assunto não é afeito a minha área”. Época perguntou a ele por que participara da reunião com Perillo no início da semana, para tratar justamente desse assunto. Rincón afirmou que acompanha temas de infraestrutura do governo goiano e que a única participação da Agetop será ceder funcionários para elaborar uma carta-consulta ao BNDES.
As investigações da PF trazem ainda um terceiro assunto à tona: o envolvimento de Antônio Perillo, irmão do governador, com a quadrilha de Cachoeira. De acordo com os áudios, ele pertencia ao clube dos que usavam aparelho Nextel para falar com integrantes da turma do bicheiro. Numa das ligações, Cachoeira pergunta onde Toninho está. Toninho diz que está na saída de Goiânia. Diante de um convite de Cachoeira para encontrá-lo na sede da Delta Construções, Toninho foi rápido: “Vamos agora” (ouça o áudio). Em outro telefonema, Cachoeira demonstra intimidade com ele. “Toninho, você me chamou aqui e desligou o telefone. Tá parecendo aquelas biscates”, diz Cachoeira. Em 8 de abril do ano passado, Cachoeira conversa com Roberto Coppola, seu sócio argentino no ramo dos jogos de azar. Quando Cachoeira informa a Coppola sobre a possibilidade de ir a Buenos Aires na Semana Santa, Coppola diz que Toninho também iria à Argentina no período (ouça o áudio). Toninho chegou a acionar Garcez, em 14 de fevereiro deste ano, para perguntar por que seu Nextel não funcionava. No mesmo dia, Eliane Pinheiro, ex-chefe de gabinete de Perillo, pede a Garcez que verifique a situação do aparelho, pois “Toninho está de viagem marcada para Miami”.
O governador Marconi Perillo afirmou que “jamais disse a quem quer que seja” para passar as construções do VLT de Goiânia para a Delta. “Esta afirmação é infame e irresponsável. Como é que o governador poderia pedir a alguém para ‘passar uma obra’ que não existia nem no papel nem se sabia ainda se seria executada?”, afirma. Segundo Perillo, o projeto do VLT ainda está em fase de elaboração. Em relação à Politec, Perillo afirmou que “todos os empresários que o procuram são por ele encaminhados aos órgãos competentes para que se inteirem dos projetos e assuntos relacionados ao governo”. Tudo isso, segundo ele, de forma transparente. “As informações são prestadas pelos responsáveis por cada área do governo sempre obedecendo aos princípios de ética, lisura e transparência.” Perillo foi questionado também sobre as relações de seu irmão com Cachoeira, incluindo o aparelho Nextel doado pelo grupo do bicheiro. Perillo disse que a pergunta deveria ser formulada ao irmão e que não tem conhecimento desse assunto. No comunicado, Perillo disse que não mais se pronunciará a respeito de assuntos de ordem pessoal. “Não cabe alimentar ilações retiradas fragmentadamente de mais de 30 mil horas de gravações, com o único intuito de criar polêmicas e estabelecer relações entre fatos que não se coadunam. Entre todas as gravações divulgadas, não existe nenhuma comprobatória de negócio ou contrato que efetivamente tenha beneficiado alguma pessoa ou empresa.”
A crer na versão de Perillo, o que se lê, ouve e se descobre a cada dia nas investigações da PF decorre não somente de uma sofisticada ação orquestrada “politicamente” pelo PT, mas também de uma extraordinária sucessão de coincidências e mentiras contadas por diferentes integrantes da turma de Cachoeira. Coincidências e mentiras corroboradas por cheques, transferências bancárias, atos de governo. É verdade que Garcez poderia estar usando indevidamente o nome de Perillo e ter criatividade suficiente para inventar recados ou acertos. Mas era amigo de Perillo, frequentava seu gabinete e lhe entregava cheques de Cachoeira. O mesmo vale para Cachoeira, Cláudio Abreu, da Delta, e para os demais personagens envolvidos nos repasses de dinheiro. Como se descobre agora, o mesmo sinuoso raciocínio teria de ser aplicado ainda a Caolho, Demóstenes, ao irmão de Perillo...



Mensalão Tucano: José Serra diz que Azeredo é “exemplo de dignidade”

July 20, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet

 Em 28/10/2010  

José Serra, em Uberlândia-MG no último dia 28 de outubro, elogiou o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) do processo que investiga o Mensalão Mineiro, caso também conhecido como Mensalão Tucano. Naquele dia, ele ainda era candidato do PSDB à Presidência da República.
O então candidato do PSDB, em cima do palanque durante os cumprimentos aos líderes, ressaltou que o Azeredo, assim como Itamar, Aécio e Antonio Anastasia, era “um exemplo de dignidade, de comportamento correto e de cooperação”. Porém, segundo o processo relacionado ao Mensalão Tucano e que corre no Supremo, o senador supostamente desviada recursos públicos para caixa dois da campanha dele próprio a governador de Minas Gerais, em 1998, com a ajuda do ex-publicitário Marcos Valério.
O tucano José Serra evitou responder perguntas polêmicas, como aquelas relacionadas ao Mensalão Mineiro, concentrando toda as perguntas da coletiva nas questões pertinentes a Minas Gerais.
Do Último Segundo
No Mensalão Tucano



Pesquisa Datafolha - Capitais

July 20, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet

Em Recife, petista fica à frente com 35%; candidato de Campos tem 7%


Com 38%, prefeito de Porto Alegre lidera com oito pontos de vantagem


Disputa em Curitiba tem empate triplo entre Ratinho, Ducci e Fruet


Com 54% no Rio, Paes seria reeleito no 1º turno


Prefeito de BH tem 17 pontos de vantagem sobre petista


Serra e Russomanno lideram disputa pela Prefeitura de SP