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Daniela

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14 de Junho de 2012, 21:00 , por Daniela - | No one following this article yet.

Misturar para Confundir

17 de Novembro de 2012, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Com sua costumeira despreocupação com os fatos, os analistas mais engajados no combate ao “lulopetismo” têm se dedicado, nos últimos dias, a traçar paralelos entre o Brasil e outros países no tocante à corrupção e às estratégias para combatê-la.
Semana passada, a moda foi falar da China, onde é notório que o problema assume imensa proporção.
Discutir o “mensalão” como se fosse a manifestação brasileira do fenômeno que preocupa o resto do mundo é, no entanto, um equívoco. Salvo um ou outro caso, quando falam em corrupção, pensam em outras coisas.
Vê-se isso com clareza exatamente na China, agora que acontece a troca de guarda na liderança do Partido Comunista Chinês (que implica a sucessão na chefia do governo).
Lá, a corrupção é um dos principais desafios que confrontam o país e seu desenvolvimento.
Aqui, mesmo que seja grave e justifique atenção permanente da sociedade e do Estado, é totalmente diferente.
O que preocupa os chineses é a íntima relação que se estabeleceu entre partido, governo e economia. A interpenetração de interesses entre quadros partidários, autoridades governamentais e empresários tornou-se crescentemente disfuncional, gerando tensões e ameaçando o dinamismo da economia.
Formou-se, na China, uma elite que os críticos chamam “capitalistas vermelhos”, integrada por familiares de dirigentes partidários, que presidem as gigantescas empresas do governo e dirigem empresas privadas altamente lucrativas, criadas aproveitando conexões privilegiadas.
A existência dessa “aristocracia vermelha” desmoraliza o partido, gera descontentamento (91% dos entrevistados em uma pesquisa do Diário do Povo acreditam que os “novos ricos” no país se beneficiaram de ligações com a liderança) e desencoraja o investimento, interno e internacional.
Embora alvo do lacerdismo crônico de nossa direita e apesar de ter sido pretexto para vários tipos de golpismo no Brasil, o problema da corrupção nunca chegou a ter esse tamanho entre nós, nem mesmo enquanto vivíamos o autoritarismo militar.
Não que seja secundário. Qualquer forma de desvio de recursos públicos em benefício privado é moralmente injustificável.
Mas dizer que a corrupção na China, o “mensalão”, a máfia italiana, a boss politics americana e os regalos recebidos pelo rei da Espanha, são “tudo a mesma coisa”, não faz sentido.
São problemas diferentes, que exigem soluções específicas.
A única coisa inequívoca no “mensalão” foi a arrecadação e a distribuição irregular de recursos destinados a uso eleitoral, de políticos do PT ou de partidos coligados. Fora isso, tudo é especulação, contas malfeitas, algum desconhecimento de causa e muita fantasia.
E o enorme fingimento de “esquecer” que é assim que nosso sistema político sempre funcionou - e continua a funcionar.
A fúria punitiva do julgamento do “mensalão” não soluciona a questão do financiamento da política no Brasil. Não é às custas de sentenças absurdamente longas que será resolvida - assim como a corrupção na China não acabou pelo fato de lá existir pena de morte.
Ou tratamos o problema real que o “mensalão” suscita ou vamos permanecer com ele. Mesmo que alguns juízes e parte da oposição estejam sorridentes com o castigo que infligiram a adversários.
Mais que um equívoco, misturar coisas diferentes serve apenas para naturalizar e atenuar o caráter político do julgamento. E ajuda a difundir a falsa ideia de que o episódio muda alguma coisa relevante no Brasil.
Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi



O que faz as prisões do Brasil serem chamadas de ‘medievais’?

17 de Novembro de 2012, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 
Brasil tem a 4ª maior população carcerária do mundo
O ministro da Justiça José Eduardo Cardozo chamou na semana passada o sistema carcerário brasileiro de “medieval” e disse que preferia morrer a cumprir pena nele por um longo tempo. Especialistas ouvidos pela BBC Brasil afirmaram que ele está certo, mas disseram que o governo federal poderia fazer mais para resolver o problema.
Atualmente o Brasil tem a 4ª maior população carcerária do mundo, segundo a organização não-governamental Centro Internacional para Estudos Prisionais (ICPS, na sigla em inglês). O país só fica atrás em número de detentos para os Estados Unidos (2,2 milhões), a China (1,6 milhão) e a Rússia (740 mil).
Entre os problemas do sistema carcerário estão superlotação, tortura, maus tratos, ineficácia de programas de ressocialização e uma política de aprisionamento “discriminatória”.
Aliados a uma suposta falta de vontade política, esses problemas deram margem ao surgimento de facções criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital) – envolvido em uma onda de violência que já deixou 92 policiais mortos em São Paulo neste ano.
“Se o ministro quis dizer que o sistema carcerário é arcaico e expõe os presos a condições sub-humanas, então ele está correto”, disse Melina Risso, diretora do Instituto Sou da Paz.
“Infelizmente o ministro está certo, a realidade é triste e preocupante. Mas falta vontade política para ter um sistema prisional diferente. Ele é medieval há muito tempo”, afirmou Lucia Nader, diretora executiva da organização de direitos humanos Conectas.
Segundo ela, embora a administração penitenciária seja tarefa dos Estados, a União poderia exercer um papel indutor para aprimorar o sistema carcerário. “(O governo federal) poderia estabelecer políticas, lançar linhas de financiamento e refletir sobre o modelo atual. Não basta abrir mais vagas, é preciso ver a qualidade das que já existem”.
Na última semana, o Ministério da Justiça foi acusado de gastar só um quinto da verba orçada de mais de R$ 300 milhões para financiar e melhorar o sistema prisional. A pasta se defendeu dizendo que repassou recursos a Estados, que os teriam devolvido.
Veja abaixo alguns dos principais problemas das prisões brasileiras, segundo as especialistas.
Superlotação
Penitenciária feminina superlotada no Espírito Santo, em foto de 2009 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
O sistema carcerário brasileiro abriga atualmente 514 mil detentos, mas possui vagas para apenas 306 mil – um deficit total de 208 mil vagas.
Os dados são de dezembro de 2011, a estatística mais recente divulgada pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional), do Ministério da Justiça.
“Em algumas prisões, os detentos têm que se revezar para dormir, pois as celas estão tão cheias que todos os presos não podem deitar ao mesmo tempo”, disse Nader.
Um levantamento do deputado federal Domingos Dutra (PT-MA), que foi relator da CPI do Sistema Carcerário (em 2008), identificou unidades prisionais onde cada detento tinha em média 70 centímetros quadrados para viver. Pela lei brasileira, o espaço mínimo necessário é 6 metros quadrados por preso.
Política de encarceramento
A população carcerária brasileira aumentou de 232 mil no ano 2000 para 496 mil em 2010 – uma elevação de mais de 110%. No mesmo período, segundo o IBGE, a população cresceu apenas 12%.
Para as especialistas, o modelo de política de encarceramento atual deve ser revisto, com a análise da possibilidade de aplicação de penas alternativas à reclusão.
Autores de crimes menos violentos – como o furto, por exemplo – não deveriam ser punidos com a prisão, segundo Risso. “Só os presos por furto representam quase 15% da população carcerária”, diz.
O perfil da população presa, disseram, também reflete a desigualdade social e é discriminatória. Mais de 60% dos detentos cumprindo pena no país não conseguiu passar do ensino médio. Mais da metade tem menos de 30 anos e aproximadamente 60% são negros e pardos.
Tortura
Embora sejam relativamente frequentes, não há dados estatísticos nacionais confiáveis sobre casos de maus tratos e tortura no sistema penitenciário, segundo Nader.
De acordo com ela, o Brasil aderiu em 2005 a um tratado internacional que deu origem à elaboração de um projeto de lei que criaria o Mecanismo Nacional de Prevenção à Tortura – um órgão que inspecionaria presídios para constatar abusos, entre outras ações preventivas.
Segundo o tratado, esse órgão deveria ter sido criado em 2008, mas até hoje o projeto de lei tramita no Congresso.
Ministro José Eduardo Cardozo chamou prisões brasileiras de ‘medievais’
“Hoje há pouca punição para os responsáveis pelas agressões”, disse.
Facções criminosas
Ao invés de terem acesso a políticas de reinserção social efetivas, grande parte dos detentos brasileiros fica exposta à influência do crime organizado.
Dentro das cadeias, muitos deles ficam submetidos às regras de facções criminosas. Uma vez em liberdade, acabam voltado para o crime. “A taxa de reincidência no crime hoje é de cerca de 70%”, disse Nader.
O crime organizado se aproveita desse cenário para se fortalecer e legitimar seu discuso de combate a um Estado abusivo entre os detentos. Com acesso a telefones celulares, os líderes de facções criminosas acabam comandando seus subordinados e gerindo o tráfico de drogas de dentro das prisões – mesmo nas de segurança máxima, segundo investigação recente da Polícia Federal.
“As autoridades públicas do Brasil têm a competência de comandar os estabelecimentos prisionais, mas infelizmente, por omissão política, em um grande número de presídios o comando é das facções (criminosas)”, disse Nader.
Segundo Risso, um dos caminhos para enfraquecer o crime organizado seria combater a corrupção de agentes públicos, que fornecem telefones celulares e facilitam a comunicação das lideranças criminosas com o mundo exterior.
No Correio do Brasil



‘M’ de mãe

17 de Novembro de 2012, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Depois do penteado que os irmãos Coen lhe arrumaram para o filme “Onde os fracos não têm vez”, era difícil imaginar coisa pior na cabeça do Javier Bardem. Mas em “Skyfall”, o último 007, ele usa uma cabeleira loira que escorre pela nuca e supera a anterior. Bardem ganhou um Oscar com a cabeleira dos irmãos Coen, é bem provável que ganhe outro com esta.
Porque desde que entra em cena ele toma conta do filme. É certamente o melhor da longa lista de vilões excêntricos e megalomaníacos da série, o primeiro de sexualidade indefinida e o primeiro, desde que a Judi Dench começou a ser “M”, chefe do serviço secreto inglês, a tornar explícita a relação edipiana dos agentes com ela.
Bardem é um ex-agente desgarrado que quer se vingar por ter sido abandonado por “M” e ao mesmo tempo destruir o serviço secreto.
Bond é o filho favorito que perdoa a “M” por quase tê-lo matado e a defende da vingança do outro. No fundo uma reedição da parábola do filho preferido e do filho réprobo, antiga como o mundo.
Espero não estar estragando o filme para quem ainda não viu, mas Judi Dench deve ter dado um ultimato aos produtores: só faria mais este no papel de “M”, mas sairia de cena em grande estilo. Em nenhum outro filme da série, mesmo quando “M” ainda era homem, o personagem teve tanto destaque e foi tão decisivo na trama.
A sequência final de “Skyfall”, mais inverossímil do que qualquer outra num filme cheio de desafios às leis da probabilidade e da gravidade, é, no entanto, um desenlace perfeito para o drama edipiano. Bardem e Dench abraçados, têmpora contra têmpora, ele propondo que os dois se matem com a mesma bala, é uma cena sem precedentes na história da série — mesmo levando-se em conta que desde que Daniel Craig assumiu o papel principal as histórias têm ficado mais densas.
Sam Mendes não deve ter hesitado em dirigir “Skyfall” depois de ler o roteiro, o filme não fará nenhum mal ao seu currículo.
No fim de “Skyfall” um homem volta a dirigir o serviço secreto inglês, inclusive com uma secretária chamada Moneypenny, como no começo da série. É uma espécie de restauração.
A era da Judi Dench como “M” foi divertida, mas quem sabe para que atoleiros psicológicos nos levariam as implicações da relação de Bond com sua chefe, agora que se sabe que o “M” era de “mãe”?
Luís Fernando Veríssimo



O julgamento de Dirceu acabou; vamos agora ao do Supremo

17 de Novembro de 2012, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

O domínio do fato, a tese central estuprada pelo Supremo Tribunal Federal para condenar José Dirceu a mais de dez anos de cadeia, é mais ou menos o seguinte: alguém com superioridade moral, mesmo que não hierárquica, sobre três outras pessoas com funções específicas torna-se responsável por qualquer coisa que essas pessoas façam de irregular. Ou seja, o que se condena é a superioridade moral, não a ação irregular. Portanto, ai daqueles que, ao longo da vida, conquistaram o respeito e a superioridade moral sobre outros. Como dizia o Pequeno Príncipe, “tornam-se eternamente responsáveis por aqueles que cativam”.
De um ponto de vista estritamente objetivo, Jânio Freitas, comentando uma entrevista na Folha de S. Paulo do jurista alemão Claus Roxin, que se destaca entre os formuladores da tese do “domínio de fato”, deu um esclarecimento definitivo sobre a deturpação desse conceito pelo Supremo brasileiro em sua sanha de condenar sem provas. É difícil não se indignar diante do arroubo arbitrário dos que, não tendo poder oriundo do povo, agem como demagogos para agradar uma opinião pública claramente manipulada por grupos políticos minoritários e seus escudeiros na grande imprensa.
É em razão disso que me proponho imediatamente a subscrever a campanha de opinião pública crítica liderada pelo Blog da Cidadania e apoiada por Carta Maior. Este julgamento tem que ser simplesmente anulado. Os caminhos para isso não estão definidos literalmente pela Constituição, mas o espírito da Constituição Cidadã deve prevalecer sobre o rito burocrático violado. Diante de um Supremo Tribunal que ameaça as bases do Direito objetivo brasileiro, o Senado da República deve ser chamado a atuar. A cidadania não pode ficar à mercê de burocratas togados que se servem de interesses políticos, e não da lei.
Não tendo sido unânime a decisão do Supremo, não precisamos de ter escrúpulos em afirmar que a decisão tomada é tecnicamente equivocada. Ministros, pelo menos um ministro que examinou cuidadosamente o processo na qualidade de revisor, pensa dentro da técnica jurídica como nós pensamos dentro do espírito sociológico. Pois que pensemos seriamente em buscar meios para anular esse julgamento dentro da constitucionalidade. O Congresso, assim como criou uma Comissão de especialistas para rever o Código Penal, deve criar uma Comissão para examinar em que medida as bases jurídicas brasileiras foram violadas pelo julgamento da vergonha.
Esse debate serviria para dar à opinião pública o esclarecimento que não teve. Ao contrário, ela foi bombardeada pelo sensacionalismo da grande mídia, principalmente de algumas revistas, as quais, perdendo terreno para as novas tecnologias de informação, têm como principal recurso de ganhar leitores e anunciantes a produção de escândalos, notadamente os fabricados mediante a manipulação de fatos truncados. Isso tem levado a que mesmo pessoas pensem, com autêntica boa fé, que algo de realmente escabroso aconteceu na direção do PT pois, do contrário, não haveria tanto barulho. Não sabem que não foi o fato que produziu o barulho. Foi o barulho que produziu o fato.
Para a condenação dos importantes líderes políticos do PT – deixo de lado Delúbio, que honradamente chamou a si a responsabilidade pelo caixa dois de campanha -, pesou sem dúvida o mantra que penetrou no inconsciente coletivo brasileiro de que este é o país da impunidade. Como? Este país colocou para fora um Presidente suspeito de corrupção, cassou mandato de senadores e deputados, pôs juiz de Direito na prisão, condenou banqueiro à cadeia, tem condenado e expulso membros de toda a hierarquia da Polícia Militar, para não falar em gente da elite cultural e financeira condenada. É claro que não há impunidade. Houve impunidade, sim, no governo militar. Mas agora o que se faz, com esse julgamento, é saltar da impunidade dos culpados na ditadura para a condenação exemplar de inocentes na democracia.
Estou entre os jornalistas que introduziram o jornalismo investigativo na área econômica ao tempo da ditadura. Denunciei vários escândalos em jornal, escrevi livros, dei palestras. Na época, não havia Ministério Público independente, que foi uma criação da Constituinte; a Polícia Federal só cuidava de prender comunistas; o Judiciário estava amordaçado; o Congresso, submisso. Assim mesmo, com estrito trabalho jornalístico e sem o sensacionalismo da televisão, foi possível expor as entranhas dos desvios financeiros sob a ditadura. Agora o trabalho jornalístico da grande imprensa parece invertido: em vez de investigar por conta própria, ela usa e toma como verdade as investigações de escuta da Polícia Federal.
Pior, ela toma como verdade a acusação profissional do Ministério Público, a qual, no caso extremo do chamado mensalão, foi transformada em verdade pelo relator rancoroso do processo. Nessa atmosfera, o que se pode esperar da opinião pública? Assim, para restabelecer a Justiça, é fundamental uma mobilização popular pela revisão do julgamento. É daí que pode surgir uma comissão da verdade com vistas não ao passado, mas ao presente e ao futuro.
J. Carlos de Assis, Economista e professor da UEPB, presidente do Intersul, autor junto com o matemático Francisco Antonio Doria do recém-lançado “O Universo Neoliberal em Desencanto”, Ed. Civilização Brasileira. Esta coluna sai às terças também no site Rumos do Brasil e no jornal carioca Monitor Mercantil.
No Carta Maior



Argentina quebra monopólio e previne existência de “gigantes” da mídia

16 de Novembro de 2012, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Martín Sabbatella apresentou um quadro da situação
dos grupos de comunicação do país
Presidente da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (Afsca), Martín Sabbatella apresentou “um quadro de situação” dos grupos de comunicação do país em relação à nova normativa estabelecida pela Lei de Meios, aprovada em 2009. Conforme lembrou, o prazo para que os grupos apresentem um plano de cumprimento da legislação vence no dia sete de dezembro, apelidado de “7D”.
- A maioria dos grupos já expressou vontade de apresentar um plano de adequação, menos um, que não aceita a resolução da Suprema Corte e diz que não vai apresentar nada – disse Sabbatella, durante uma coletiva de imprensa na noite passada, referindo-se ao Grupo Clarín.
Ele desejou que todos cumpram a normativa:
– É estranho que tenhamos que seguir discutindo isso. A lei é para todos, não há sociedade democrática e de direito onde uns possam escolher se cumprem ou não. O presidente da Afsca detalhou o procedimento que será tomado em relação aos grupos que apresentarem um projeto de adequação à lei dentro do período estipulado pela Suprema Corte. Segundo ele, o plano será analisado e poderá fazer observações que devem ser corrigidas em 10 dias. Posteriormente, se fixará um prazo para a execução.
– Não estamos discutindo a programação, estamos discutindo a titularidade dos meios – esclareceu.
Sabbatella enfatizou que no dia 7 de dezembro “todos os prazos para apresentar planos de adequação voluntária, feita pelo titular da licença, vencem”. Caso os grupos de comunicação não apresentem um plano, o governo argentino se encarregará da adequação, por meio de mecanismos estatais. Segundo ele, a lei tem caráter anti-monopólico e visa impedir a existência de “gigantes ‘toma-tudo’ que não permitam que outros (meios) existam”.
O representante da Afsca disse que após o “7D”, um “registro de oferentes” será aberto e um processo no qual, com o Tribunal Nacional de Taxação, “se taxarão as licenças e os bens afetados no funcionamento das mesmas”.
– Com isso se estabelece preço base e se seleciona o que será posto em licitação. O critério será licitar os de menor valor econômico e simbólico para não ocasionar o menor prejuízo ao titular do grupo – explicou. Segundo ele, as licitações serão realizadas em um período de cerca de 100 dias úteis, em cujo processo, os atuais grupos devem se responsabilizar por manter o serviço das mídias em funcionamento para preservar os postos de trabalho. “Será um requisito do processo licitatório”, garantiu.
Gigantes
Enfatizando o artigo da lei que estabelece limites à concentração de licenças, como um mecanismo para “evitar posições dominantes que geram competição desleal, lesionando a democratização da palavra, o direito à informação e à liberdade de expressão”, Sabbatella listou os grupos que excedem a multiplicidade de mídias permitidas, entre as quais aparecem os grupos Clarín, Uno, Prisa e Telefe, segundo dados preliminares e sujeitos à revisão pelo organismo.
O Grupo Clarín, que recorreu judicialmente aos artigos 45 e 161 da Lei de Meios, alegando inconstitucionalidade, e anunciou que não se adequará à normativa, segundo a qual deve desfazer-se de parte das licenças. De acordo com dados enviados pelo grupo em meados de março deste ano, o conglomerado de mídia afirmou possuir cerca de 56% do mercado de TV a cabo, quando o máximo permitido pela nova legislação é 35%.
Segundo a Afsca, o grupo possui mais de 237 licenças de TV a cabo, quando o limite estabelecido por lei é de 24. Quando consideradas as licenças de TV aberta, rádios e jornais, o grupo supera 270 licenças, segundo o organismo. “Não queremos falar de um grupo em particular, porque lei é para todos. Se falamos do Clarín, é porque é o grupo que mais se excede (em quantidade licenças)”.
O presidente da Afsca também esclareceu que “o povo argentino vai continuar decidindo o que vê na TV. A diferença é que vai ter mais opções, nunca menos”, garantiu, afirmando que a legislação não visa que canais deixem de existir. Segundo ele a ideia é que a lei seja cumprida, garantindo a transferência das licenças e o funcionamento dos serviços até que estas passem a um novo titular.
– A lei busca garantir a pluralidade e a diversidade das vozes – afirmou. Sabbatella já tinha esclarecido, nos últimos dias, que não haverá controle estatal sobre os conteúdos dos meios de comunicação privados.
– Há uma campanha apresentada para colocar a Lei de Meios como uma ferramenta para controlar linhas editoriais sobre um jornalista ou sobre um programa. Querer apresentar a lei como uma coisa que cerceia a liberdade de expressão é uma estratégia dos grupos midiáticos concentrados – afirmou, esclarecendo que este tipo de intervenção não será realizada pela Afsca.