Novo presidente da SIP ataca Assange em discurso de posse
octubre 17, 2012 21:00 - no comments yet
No encerramento da Assembléia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em São Paulo, Jaime Mantilla, do diário Hoy, do Equador, acusou Julian Assange, do Wikileaks, classificado por ele como um "indivíduo hábil e irresponsável", de conseguir informação de maneira fradulenta e praticar o jornalismo desonesto. Os jornais brasileiros omitiram as declarações do recém-empossado presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa em sua cobertura sobre o evento.
São Paulo - A 68ª Assembléia Geral da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) terminou nesta terça-feira (17) em São Paulo. Depois de cinco dias de muitos ataques dos donos e editores do principais jornais do continente às iniciativas de governos que buscam quebrar o monopólio dos meios de comunicação de massa na região, a SIP elegeu sua nova diretoria, que estará à frente da entidade por dois anos.
Apesar de não ter vindo a São Paulo, o novo presidente eleito foi o jornalista Jaime Mantilla Anderson, presidente executivo do jornal diário HOY, de Quito, o terceiro em circulação no Equador. Ele substitui o norte-americano Milton Coleman, ex-editor do The Washington Post, que presidiu os trabalhos da 68ª Assembléia Geral, e fez seu discurso de posse através de videoconferência.
Depois de declarar que assume a presidência "em um momento perigoso" para a imprensa na América Latina, em função de governos que "dificultam o livre trabalho jornalístico", Mantilla explicitou sua visão sobre jornalismo livre. E finalmente tocou em um assunto evitado durante todo o evento em São Paulo: a perseguição política sofrida por Julian Assange, fundador do Wikileaks, que pediu asilo na embaixada do Equador em Londres para evitar extradição a seu país de origem, onde corre o risco de um julgamento político em função das denúncias que fez contra inúmeros governos, sobretudo o dos Estados Unidos.
Eis sua visão dos fatos: "A imprensa independente no Equador continua acossada por um governo que, da porta pra fora, anuncia sua defesa irrestrita da liberdade de expressão de um indivíduo hábil e irresponsável que conseguiu informações de maneira fradudulenta, e a distribuiu em todo o mundo, revelando manobras obscuras de embaixadas e governos, em um ato que rompe as bases do jornalismo honesto, no Equador se desrespeita totalmente o direito humano de sonhar, se espressar e compartilhar diferentes visões da realidade", acusou Mantilla. Inexplicavelmente, o ataque do novo presidente da SIP contra Julian Assange não apareceu na cobertura de nenhum grande veículo brasileiro presente ao evento.
Empresário-jornalista
Amante de golfe, automobilismo e motociclismo, Jaime Mantilla Anderson foi condenado por injúria no final de 2011, em uma ação movida pelo presidente do Banco Central do Equador, Pedro Delgado. As artilharias do jornal, cuja linha editorial é assumidamente de direita, se intensificaram contra o Presidente Rafael Correa. Pedro Delgado é primo do Presidente. Posteriormente, ele retirou o processo.
O jornal HOY integra um grupo de comunicação equatoriano, todo dirigido por Mantilla, que possui também a HOY TV, um canal UHF; a Radio Clássica 1110 AM Digital; os jornais MetroHoy e MetroQuil (periódicos de distribuição gratuita nas cidades de Quito e Guayaquil); o tablóide Popular, especializado em esportes; e que edita e distribui no país o Miami Herald e a revista Newsweek. Ainda integram o grupo HOY a editora Edimpres, a Edisatélite, as empresas Sistemas Guía S.A. e Publiquil S.A, a Fundação HOY para a Educação, e o Explored, um arquivo digital de notícias propagandeado como "a base de dados mais completa do país".
Para quem comanda tantos veículos num país pequeno como o Equador chega a ser curioso afirmar que a tendência de muitos governos é "uniformizar o pensamento dos cidadãos livres e eliminar as expressões contrárias", como disse Mantilla em seu discurso virtual de posse. O empresário-jornalista lamentou ainda que os intelectuais da América Latina não tenham se posicionado - como a SIP - contra certos governos latino-americanos.
"Os intelectuais do mundo, e os da América Latina tem sido tradicionalmente os pais da defesa das liberdades. Seus pensamento guiaram muitas rebeliões contra poderes e governos ditatoriais e populistas. É lamentável descobrir que muitos desses pensamentos rebeldes ou desapareceram ou se entregaram à defesa dos atropelos dessas mesmas liberdades que antes defendiam", discursou Mantilla.
O relatório final da Assembleia Geral da SIP concluiu o evento criticando mais uma vez os governos dos presidentes Rafael Correa, Hugo Chávez e Cristina Kirchner de "tentar silenciar o jornalismo independente" por meio de leis regulatórias, discriminação na distribuição da publicidade oficial e "uso de aparatos midiáticos estatais e privados" para "difamar jornalistas".
Bia BarbosaNo Carta Maior
FHC critica a campanha de Serra e lamenta flerte com conservadores
octubre 17, 2012 21:00 - no comments yetO ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem criticado duramente a campanha do tucano José Serra à prefeitura, especialmente o flerte do candidato com o que chama de setores conservadores.
Segundo tucanos, FHC lamenta, por exemplo, a aliança de Serra com os opositores da cartilha anti-homofobia produzida na gestão de Fernando Haddad à frente do Ministério da Educação.
Presidente de honra do PSDB, FHC alerta os aliados para o risco de Serra sair desta eleição com o rótulo de conservador após a exploração de temas como o kit contra a homofobia e o aborto - questão que abordou na sua campanha à Presidência em 2010.
FHC também se queixa da resistência de Serra a conselhos, como o de levar o senador Aécio Neves à propaganda eleitoral já no primeiro turno numa tentativa de afastar os rumores de que, se eleito, deixaria a prefeitura para concorrer à Presidência.
FHC não é o único contrariado com os rumos da campanha. Amigo de Serra, de quem foi vice na chapa para o Palácio dos Bandeirantes em 2006, o ex-governador Alberto Goldman diz que não alimentaria o debate sobre o assim chamado "kit gay".
"Não foi Serra quem abordou. Mas, se fosse ele, não responderia. Diria que não tem nada a ver com a eleição para a prefeitura", disse.
Ministro da Justiça no governo FHC, José Gregori também demonstra desconforto com o tema. Segundo ele, a opinião de apoiadores de Serra, como o do pastor Silas Malafaia, não retrata a do próprio candidato. Mas, numa campanha eleitoral, diz, essas discussões afloram. "O velho Serra, nesta altura da vida, não mudou", diz.
Catia Seabra | Mario Cesar CarvalhoNo Falha
Efeito “Malufaia” põe uso do “kit gay” em xeque
octubre 17, 2012 21:00 - no comments yet
A campanha negativa não funcionou na primeira metade do segundo turno. As tentativas de José Serra (PSDB) de associar o rival Fernando Haddad (PT) ao mensalão e ao “kit gay” não conseguiram diminuir a vantagem do petista. Ao contrário: no Ibope, a diferença aumentou de 11 para 16 pontos no total de votos. E não foi Haddad que cresceu, foi Serra que caiu. Mesmo assim, é improvável que a anticampanha vá diminuir de tom.
Por ora houve um efeito “Malufaia”. Principal aliado de Serra entre os evangélicos, o pastor Silas Malafaia tem repetido ataques a Haddad, dizendo que o ex-ministro da Educação encomendou um kit “para ensinar a ser gay nas escolas” enquanto estava no governo federal. Mas os disparos contra o kit anti-homofobia parecem ter saído pela culatra, como ocorreu com o apoio de Paulo Maluf (PP) a Haddad no primeiro turno.
A principal queda do tucano foi justamente entre os evangélicos, de 37% para 28%, desde a semana passada -segundo a CEO do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari. Haddad pouco se beneficiou dessa queda. O petista oscilou de 50% para 52%. O que cresceu nesse segmento do eleitorado foi a parcela que, hoje, votaria em branco ou anularia seu voto: foi de 7% para 13%. Não houve mudança significativa no voto do eleitorado católico.
No centro expandido da cidade, onde o eleitorado é mais rico e escolarizado, o candidato do PT melhorou um pouco a sua taxa de intenção de voto em comparação à semana passada. Esse eleitor costuma votar majoritariamente em candidatos antipetistas e, por isso, é o alvo principal da campanha de Serra. Mas a mira tucana está embaçada. Haddad chegou mais perto de Serra no conjunto dessas regiões – o que é inesperado, pois candidatos petistas costumam não se dar bem nelas.
Tampouco na periferia mais pobre a campanha negativa de Serra contra Haddad surtiu efeito por enquanto. O petista continua liderando com folga nas zonas Leste 2 e Sul 2 e até ampliou um pouco a sua vantagem na região Norte. Nessas áreas o tucano tem um problema grave e que a campanha negativa não vai ajudar a resolver: a imagem de que ele não governa para os pobres.
Segundo Márcia, Haddad passou a liderar em todos o segmentos de escolaridade. O petista ampliou a vantagem entre os eleitores com ensino fundamental, manteve entre os que cursaram até o ensino médio e empatou com Serra entre os que têm nível superior: 42% a 42%. Na semana passada estava 39% a 44%.
Uma das possíveis explicações para o recuou da intenção de voto em Serra é que o eleitor reage mal a campanhas negativas, especialmente quando elas extrapolam o limite tênue entre a crítica legítima e a manipulação. Serra diz que não é ele que trouxe o “kit gay” para a campanha. Ele culpa a imprensa, como de hábito. Mas o que o resultado do Ibope sugere é que o eleitor está debitando a exploração do assunto na sua conta.
O insucesso da campanha negativa até agora não deve mudar a estratégia do tucano. Com rejeição muito alta, Serra não precisa convencer eleitores de que ele é o melhor candidato, mas sim que Haddad é uma alternativa pior. No seu caso, detonar a imagem alheia é menos difícil do que melhorar a própria. Por isso, o “kit gay” deve ceder lugar a outros temas na pauta negativa. Muda o lado, mas continua o mesmo disco na vitrola.
Os marqueteiros do PSDB podem argumentar que não houve tempo para a campanha negativa surtir efeito. Foram só três dias de propaganda obrigatória na TV e no rádio. Não daria para o Ibope captar eventuais desgastes na imagem de Haddad. Mais: mudar a estratégia de campanha por causa das pesquisas implicaria admitir que Serra, ao contrário do que diz, acredita nelas.
A migração do eleitor de Serra para o “limbo” do voto em branco ou nulo desaconselha projeções de que a eleição paulistana já esteja decidida. Esse eleitorado volúvel pode tanto voltar para o ninho tucano quanto ir para Haddad – ou anular mesmo o seu voto. Só a próxima rodada de pesquisas pode mostrar o seu destino definitivo. Cada vez mais eleitores definem seu voto apenas na véspera da eleição.
José Roberto de ToledoNo Estadão
Mistério no JN: Globo contrata pesquisa, mas não divulga
octubre 17, 2012 21:00 - no comments yet
Foi a Rede Globo que contratou a pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira, que mostrou Fernando Haddad (PT) 16 pontos na frente de José Serra (PSDB), mas a emissora noticiou os números apenas em seu jornal local, o SPTV; no Jornal Nacional, nada
A Rede Globo contratou a pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira 17, que apontou Fernando Haddad (PT) 16 pontos percentuais à frente de José Serra (PSDB) no segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo, mas não parece ter lhe dado muita importância. A emissora reservou os dados ao seu telejornal local, o SPTV, e não exibiu os números em seu programa jornalístico de maior audiência.
A edição de hoje do Jornal Nacional, apresentada por Heraldo Pereira e Renata Vasconcelos, não tocou no assunto. Não que a eleição seja nacional, como ambos os partidos que a disputam querem fazer parecer, mas São Paulo é a maior capital do país. A informação, contratada pela Globo, não é importante o bastante para um JN?
No 247