Ideias em liberdade
julio 9, 2012 21:00 - no comments yet![]() |
Substitutos perfeitos. Garfield e o Pica-Pau como âncoras. O Leão da Montanha para a análise, embora bem figurasse também como colunista, candidato ao fardão da Academia. Fotos: Reproduções |
Digamos, Garfield, o gato. Personagem extraordinária, filósofo cínico no sentido da antiga Grécia com o retoque de um senso de humor próximo, ouso sugerir, do jovem Dickens, aquele dos Cadernos Póstumos do Pickwick Club.
Apanho outra figura exponencial, o Pica-Pau. Chistoso, maldoso, capaz de malignidades de refinamento extremo, favorecidas pela agudez do bico impiedoso. E logo não dispenso o Leão da Montanha e sua vocação, na hora do aperto, de sair ora pela direita, ora pela esquerda, com o destino exclusivo, despidas de qualquer conotação ideológica, de pôr a pele em salvo.
Devo observar nos comportamentos do Leão da Montanha um substrato de ingenuidade, manifestado inclusive por sentimentos muito próximos da mania de perseguição, contrabalançados por repentes de matreirice não isenta de graça, embora elementar. Trata-se, em suma, de um esperançoso. Ao contrário de Garfield e do Pica-Pau, os quais provavelmente não leram Spinoza mas não se permitem alimentar fé e muito menos esperança.
Estas personagens surgem em cena por causa de uma conversa que acabo de ter com um velho companheiro, Paulo Henrique Amorim, responsável há quem diga, não menos do que o acima assinado, se não pelo golpe de 1964, ao menos pela sustentação da ditadura depois do golpe dentro do golpe de 1968. Para variar, Paulo Henrique e eu falamos da mídia nativa, infatigável na sua trincheira em defesa da democracia, ameaçada, como se sabe, antes por um operário metido a sebo e agora pelo governo de dona Dilma, envolvido em uma conspiração a favor de Hugo Chávez em consequência da queda de Fernando Lugo da Presidência do Paraguai. Precipitada, aliás, por decisão parlamentar absolutamente constitucional. Vale um adendo em relação à presidenta: ela é secundada por um carcamano que no Ministério da Fazenda leva o Brasil à falência.
Ouço a voz de Raymundo Faoro: “Não exagere em ironias, haverá quem o leve a sério”. Talvez um punhado de petistas, ainda entregues ao fanatismo do Apocalipse. Apresso-me, de todo modo, a recomendar: por favor, não levem a sério as linhas do parágrafo precedente. Em compensação, não há como duvidar da seriedade que moveu Paulo Henrique e a mim ao imaginarmos que a qualidade e a consistência informativa do Jornal Nacional, escolhido como exemplo da mídia nativa, melhorariam sobremaneira caso fosse ancorado pela dupla Garfield–Pica-Pau.
Não pretendemos formular uma proposta formal à alta direção da Globo. Nem por isso renunciamos à ideia, à nítida percepção, afirmo até, de que os aludidos heróis confeririam ao noticioso global um certo poder de credibilidade até agora em falta. O Leão da Montanha figura no enredo de caso pensado. No nosso entendimento, ele cabe à perfeição no papel de analista.
Cada um dos citados, de resto, promete desempenho impecável. No caso do Leão da Montanha, creio que ele poderia ampliar o raio de ação. Sem temor de enganos, sustento que valeria alargar-lhe o saber até a escrita, graças a uma coluna diária para alegria dos leitores. Miriam Leitão que se cuide. Merval Pereira também, mesmo porque não haveria surpresas se algum dia o Leão da Montanha fosse eleito para a Academia Brasileira de Letras. E digo mais, de fardão ele ficaria muito bem.
Recordo que William Bonner, âncora inextinguível, exige um Jornal Nacional prioritariamente dirigido a telespectadores dotados do nível mental de Homer Simpson. Ao cabo, sobra-me uma certeza: o velho, exemplar Homer gostaria destas modestas sugestões, formuladas, está claro, a tempo perdido.
Mino CartaNo CartaCapital
Ao ajudar golpistas, Álvaro Dias sabe do que está falando
julio 9, 2012 21:00 - no comments yetO senador Álvaro Dias (PSDB-PR), líder do seu partido no Senado, foi um dos articuladores da tentativa de impeachment do presidente Lula em 2005. Assim, sabe do que está falando ao apoiar o golpe contra o presidente Fernando Lugo desfechado pela direita no Paraguai.
A postura do senador só revela o caráter antidemocrático de setores da oposição brasileira, que a partir de argumentos jurídicos falsos buscam justificar o injustificável, o golpe em sua nova versão (parlamentar). Evitam, assim - e a exemplo do caso de Honduras em 2010 contra o presidente Manuel Zelaya - a participação direta dos militares e a violência contra o presidente.
O senador e os adeptos do golpismo, aliás, talvez não saibam - ou não se lembrem -, mas essa forma de golpe nem é tão nova assim. No início dos anos 30 (em 1933), por exemplo, surgia na política cubana Fulgêncio Batista, um sargento do Exército, que passou à história do país por ter se "elegido" várias vezes "presidente".
Intervenção levou Cuba a ser chamada de "bordel" dos EUA
Seus "governos" foram marcados pela completa dominação norte-americana sobre Cuba, período em que a Ilha foi até chamada de "bordel" dos EUA. Em 1936, depois da revolução popular que apeou do poder do ditador Gerardo Machado, o sargento Batista ia derrubar pela força, o presidente Miguel Mariano Gomes. Mas a embaixada norte-americana o aconselhou a tirá-lo via Parlamento no que foi atendida.
Batista, então, já manipulava presidentes antes de tomar ele mesmo o poder, primeiro se elegendo em 1940 e depois dando um golpe de Estado em 1952. Como se vê, nem o golpe parlamentar é novidade nesta parte de cá ao Sul do Equador.
Álvaro e setores do PSDB ligados à diplomacia, ao defenderem o golpe dado pelo Partido Colorado no Paraguai, na prática, apoiam a política da Casa Branca para nossa região. E este lobo, como se sabe, perde o pelo, mas não perde o vício. Por mais que disfarce mantém sua política de intervenção e atentado à soberania dos países do continente. Agora, ela visa impedir a integração regional.
Com apoio ao Paraguai, Washington manda recado direto ao Brasil
Com este apoio ao golpe paraguaio e veto à Caracas no MERCOSUL, Tio Sam manda um recado direto para o Brasil: nada de integração e nada de liderança regional, nada de União das Nações da América do Sul (UNASUL) e muito menos de relações soberanas com a Venezuela.
Os norte-americanos querem submeter os países latino-americanos a uma estratégia de congelamento do poder na região sob a sua hegemonia e com os riscos que ela traz: bases militares no Paraguai e oposição à integração regional.
Com essa estratégia instalam aqui um verdadeiro cavalo de tróia no coração do MERCOSUL, um ataque direto ao Brasil e a nossa politica externa. Essa é a realidade. Que o senador Álvaro Dias e pelo visto uma parte do PSDB ligada à diplomacia apoiam.
No Blog do Zé
Golpista do Paraguai é cobrado por ligações com narcotráfico
julio 9, 2012 21:00 - no comments yetAlgumas lideranças do Partido Colorado, no Paraguai, cobraram de seu presidenciável, Horacio Cartes, que esclareça seus supostos vínculos com o narcotráfico.
A cobrança se deu depois que o presidente do Uruguai, José Mujica, disse ao jornal "El Observador" que o Partido Colorado tem ligação com o narcotráfico e que o fenômeno é chamado de "narcocoloradismo", mas sem citar nomes. Os paraguaios vestiram a carapuça em Cartes.
Horacio Cartes já reconheceu ter tido negócios com Fahd Jamil, considerado o chefão mafioso da fronteira na região das cidades de Ponta Porã, no Brasil, com Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
Em novembro de 2011, o portal Wikileaks vazou dezenas de documentos da Embaixada dos Estados Unidos em Assunção que revelavam a ligação de Cartes com grupos narcotraficantes, com os quais haveria mantido um esquema de lavagem de dinheiro que, segundo os documentos, foi investigado pela DEA (Agência Antidrogas dos Estados Unidos) entre os anos de 2003 e 2005.
Segundo as revelações do Wikileaks, o esquema de lavagem de dinheiro também envolvia o Banco Amambay, do qual Cartes é o principal acionista.
Em novembro de 2011, o portal Wikileaks vazou dezenas de documentos da Embaixada dos Estados Unidos em Assunção que revelavam a ligação de Cartes com grupos narcotraficantes, com os quais haveria mantido um esquema de lavagem de dinheiro que, segundo os documentos, foi investigado pela DEA (Agência Antidrogas dos Estados Unidos) entre os anos de 2003 e 2005.
Segundo as revelações do Wikileaks, o esquema de lavagem de dinheiro também envolvia o Banco Amambay, do qual Cartes é o principal acionista.
![]() |
http://goo.gl/ryybd |
São esses golpistas que o senador tucano Alvaro Dias, representando o PSDB, tem visitado para dar apoio.
No Amigos do Presidente LulaO que quebrará o País?
julio 9, 2012 21:00 - no comments yetO ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nos últimos dias que a elevação dos gastos com a educação ao patamar de 10% do Orçamento nacional poderia quebrar o País. Sua colocação vem em má hora. Ele deveria dizer, ao contrário, que a perpetuação dos gastos em educação no nível atual quebrará a Nação.
![]() |
Alunos de universidades públicas de todo país se reúnem em frente ao Museu Nacional da República para reivindicar uma audiência o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Foto: Agência Brasil |
Neste exato momento, o Brasil assiste a praticamente todas as universidades federais em greve. Uma greve que não pede apenas melhores salários para o quadro de professores e funcionários, mas investimentos mais rápidos em infraestrutura. Com a expansão do ensino universitário federal, as demandas de recurso serão cada vez mais crescentes e necessárias. Isto se quisermos ficar apenas no âmbito das universidades públicas.
Por trás de declarações como as do ministro, esconde-se a incompreensão do que é o próximo desafio do desenvolvimento nacional. Se o Brasil quiser oferecer educação pública e de qualidade para todos precisará investir mais do que até agora foi feito. Precisamos resolver, ao mesmo tempo, problemas do século XIX (como o analfabetismo e o subletrismo) e problemas do século XXI (como subvenção para laboratórios universitários de pesquisa e internacionalização de sua produção acadêmica). Por isto, nada adianta querer comparar o nível de gasto do Brasil com o de países com sistema educacional consolidado como Alemanha, França e outros. Os desafios brasileiros são mais complexos e onerosos.
O investimento em educação é, além de socialmente importante, economicamente decisivo. O governo ainda não compreendeu que o gasto das famílias com educação privada é um dos maiores freios para o desenvolvimento econômico. Vivemos em um momento no qual fica cada vez mais clara a necessidade de repactuação salarial brasileira. A maioria brutal dos empregos gerados nesses últimos anos oferece até um salário mínimo e meio. A proliferação de greves neste ano apenas indica a consciência de que tais salários não podem garantir uma vida digna com possibilidade de ascensão social.
Há duas maneiras de aumentar a capacidade de compra dos salários: aumento direto de renda ou eliminação de custos. Nesse último quesito, os custos familiares com educação privada são decisivos. A criação de um verdadeiro sistema público de educação seria o maior aumento direto de salário que teríamos.
O governo teima, no entanto, em não perceber que o modelo de desenvolvimento conhecido como “lulismo” está se esgotando. Lula notou que havia margem de distribuição de renda no Brasil sem a necessidade de acirrar, de maneira profunda, conflitos de classe. De fato, sua intuição demonstrou-se correta. Mas o sucesso momentâneo tende a cegar o governo para os limites do modelo.
Com a ascensão social da nova classe média, as exigências das famílias aumentaram. Elas querem agora fornecer aos filhos condições para continuar o processo de ascensão, o que atualmente passa por gastos em escola privada. Esses gastos corroem os salários, além de pagar serviços de baixa qualidade. A escola brasileira, além de cara comparada a qualquer padrão mundial, é ruim.
É fato que o aumento exponencial dos gastos em educação coloca em questão o problema do financiamento do Estado. Ele poderia ser resolvido se o governo tivesse condição política para impor uma reforma tributária capaz de taxar grandes fortunas, transações financeiras, heranças e o consumo conspícuo para financiar a educação. Lembremos que, com o fim da CPMF, o sistema de saúde brasileiro viu postergado para sempre seus sonhos de melhora.
Tais condições exigiriam um tipo de política que está fora do espectro do lulismo, com suas alianças políticas imobilizadoras e sua tendência em não acirrar conflitos de classe. O Brasil paulatinamente compreende a necessidade de passar a outra etapa e, infelizmente, poucos são os atores políticos dispostos a isto.
Vladimir SafatleNo CartaMaior