PT X PSDB: Afinal, o povo está com quem?
octubre 27, 2012 22:00 - no comments yetVejam, nas imagens abaixo, a pequena diferença que existe entre o PT e o PSDB. A imagem de cima é a de uma manifestação convocada pelos tucanos para a nova Praça Roosevelt e que foi realizada ontem à noite.
A foto de baixo, era a da semana anterior, convocada por movimentos culturais e sociais que apóiam a candidatura de Haddad e que foi realizada no mesmo local. Foi a 'ExisteAmoremSP'.
No Facebook, Lino Bochini escreveu o seguinte:
Tinham 4 pessoas com camisetas amarelas do PSDB no "Mega Festival" convocado pela juventude reaça "contra o mensalão". Montaram um palco gigante na Roosevelt, bem maior que o do #ExisteAmorEmSP e não conseguiram atrair nem 10 pessoas. Como disse o Bruno Torturra: presença marcante da Soninha e do cover do Metallica. Amanhã a 'Folha' dá que foram 2 mil pessoas, fácil. As duas fotos foram tiradas no mesmo horário, 20h. De que lado você tá?
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Na imagem acima, a manifestação tucana em defesa de Serra e do PSDB. Embaixo, vemos a manifestação de movimentos culturais e sociais progressistas da capital paulista que apoiaram Haddad. |
Marcos Doniseti
No Guerrilheiro do Entardecer
A grande vitória política que está ao alcance do PT
octubre 27, 2012 22:00 - no comments yet
O PT tem uma grande vitória política ao seu alcance no segundo turno das eleições municipais que ocorre neste domingo. E essa vitória não se resume à possibilidade de uma vitória de Fernando Haddad na maior cidade do país. No ano em que o conservadorismo e seus braços midiáticos sonhavam com a derrocada do partido, em meio ao julgamento do mensalão, o julgamento do voto popular subjugou o processo que pretendia colocá-lo de joelhos. O PT não só está fazendo a maior votação do país, como renovou seus quadros e está abrindo uma nova possibilidade de futuro para políticas que enfrentam grande resistência.
O Partido dos Trabalhadores (PT) tem uma grande vitória política ao seu alcance no segundo turno das eleições municipais que ocorre neste domingo (28). E essa vitória não se resume à possibilidade de uma consagradora vitória de Fernando Haddad em São Paulo. A sua dimensão maior é de natureza política. E não é nada pequena.
Há cerca de quatro meses, lideranças da oposição ao governo federal (se é que ela tem hoje nomes que mereçam esse título) e a maioria dos colunistas políticos dos jornalões e grandes redes de comunicação apostavam que o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) destroçaria o PT nas eleições municipais. Numa curiosa coincidência, o processo no Supremo adequou-se ao calendário eleitoral, especialmente no primeiro turno. A pressão era intensa e permanente para que o julgamento fosse concluído dentro do calendário eleitoral.
A frustração dessa expectativa foi total. O PT foi o partido mais votado no país, venceu 626 prefeituras (12% a mais do que em 2008), somando mais de 17 milhões de votos. Além disso, aumentou em 24% o número de vereadores e vereadoras, que chegou a 5.164. E levou 22 candidatos para disputar o segundo turno. Mas esse êxito não se resume aos números. O saldo político é muito mais significativo. Essas foram as eleições realizadas sob o contexto do “maior julgamento da história do Brasil”, como repetiram em uníssono colunistas políticos e lideranças da oposição. Ironicamente, o julgamento das urnas talvez seja, de fato, um dos mais impactantes da história do país, fortalecendo o projeto do partido que comanda a coalizão que governa o país há cerca de dez anos e impondo uma derrota categórica ao principal projeto político adversário representado até aqui pelo PSDB, seu fiel escudeiro DEM e pequeno elenco.
E essa derrota, é importante destacar, tem um caráter programático. É a derrota de uma agenda para o Brasil e a vitória do programa que vem sendo implementado na última década com ampla aprovação popular. Não é casual, portanto, que a oposição já comece a flertar com integrantes da própria base de apoio do governo federal numa tentativa de cooptar novos aliados para seu projeto que faz água por todos os lados.
Esse conjunto de fatores indica que o principal vitorioso nessa eleição não é nenhuma liderança individual, mas sim um partido que conseguiu sobreviver a um terremoto político, reelegeu seu projeto em nível nacional duas vezes e agora, como se não bastasse tudo isso, renova suas lideranças com quadros dirigentes que aliam capacidade intelectual com qualidade política.
Independente do resultado das urnas neste domingo, nomes como Fernando Haddad, Márcio Pochmann e Elmano de Freitas já representam a cara de um novo PT, fortalecido pela tempestade pela qual passou, pelas experiências de governo e, principalmente, pela possibilidade de futuro.
Essa possibilidade de futuro é representada por um conjunto de políticas que enfrentam grande resistência por parte do conservadorismo brasileiro: Reforma Política, nova regulamentação para o setor de comunicação, colocar a agenda ambiental no centro do debate sobre o padrão de desenvolvimento que queremos, fazer avançar a reforma agrária, fazer a educação pública brasileira dar um salto de qualidade, recuperar a ideia do Orçamento Participativo para aprofundar a democracia e abrir mais o Estado à participação cidadã, acelerar a integração política, econômica e cultural sulamericana, entre outras questões.
A “raça” petista não só não foi destruída, como sonhavam algumas vetustas lideranças oposicionistas que despontaram para o anonimato, como sai agora fortalecida no final do ano que era apontado como o do “fim do mundo”.
Mas as vitórias quantitativas do PT dependem de algumas condições para se confirmarem como vitórias políticas qualitativas. Uma delas diz respeito à vida orgânica cotidiana do partido que deve ser um espaço de pensamento e organização social, com a participação regular dos melhores quadros pensantes do país.
Uma das razões dos sucessos eleitorais do PT, que a oposição político-midiática teima em não reconhecer (para seu azar) é o profundo enraizamento social que o partido atingiu no país; a famosa capilaridade que faz com que o PT seja a principal referência partidária brasileira. Esse é um capital político acumulado extraordinário que pode ser multiplicado se não for usado apenas como espaço eleitoral, mas, fundamentalmente, como um espaço de defesa da democracia e do interesse público, de discussão do Brasil e da construção de uma sociedade que supere o paradigma mercantilista que empobrece as relações humanas, destrói a natureza e privatiza a vida e o saber.
A militância petista tem todos os motivos do mundo para estar orgulhosa e esperançosa neste final de ano. Afinal de contas, o julgamento do voto popular subjugou o processo que pretendia colocar o partido e sua principal liderança, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de joelhos. Não conseguiram.
Este é, obviamente, um texto otimista que não está considerando os inúmeros problemas – organizativos e programáticos – que precisam ser enfrentados no PT, assim como nos demais partidos da esquerda brasileira. Mas esse otimismo, mais do que justificável, é a expressão da voz do povo brasileiro que sai das urnas mais uma vez. A nossa democracia tem muito o que avançar, os problemas sociais ainda são grandes, mas o aprendizado político desses últimos anos abre uma extraordinária possibilidade de futuro. Que o PT e seus aliados tenham a sabedoria de ouvir a voz que sai das urnas. É uma voz de apoio, de sustentação, mas é também uma voz que quer avançar mais, participar mais e viver uma vida com mais orgulho e ousadia.
No RS Urgente
Campanha tucana fracassa nas três grandes áreas de SP
octubre 27, 2012 22:00 - no comments yetA pesquisa Ibope da véspera da eleição indica que a campanha de José Serra (PSDB) fracassou em todas as áreas homogêneas da cidade de São Paulo. A estratégia tucana não conseguiu conquistar os eleitores que moram longe e ganham mal, nem fidelizou quem vive nas áreas centrais e têm maior renda. E ainda perdeu a maior parte dos que estão no meio do caminho.
Na zona petista – onde candidatos do PT ganharam as últimas quatro eleições majoritárias -, Serra perde na proporção de 2 a 5 para Fernando Haddad (PT), segundo o Ibope. Nesses distritos periféricos, que somam 38% do eleitorado paulistano, o petista deve abrir 1 milhão de votos de vantagem sobre o tucano. É sinal de que na região mais pobre da cidade a campanha de Serra não conseguiu mudar a imagem de que ele governa para os ricos.
Na zona antipetista – a parte mais rica da cidade onde mora metade do eleitorado, e os candidatos do PT perderam as últimas quatro eleições majoritárias sem exceção -, Serra está dois pontos à frente de Haddad, segundo o Ibope. Desconsiderada a margem de erro, Serra abriria pouco menos de 100 mil votos sobre Haddad. É muito pouco se comparados aos resultados obtidos por Gilberto Kassab (PSD) em 2008 e pelo próprio Serra em 2004.
Isso indica que Haddad conseguiu seduzir muitos eleitores que, na média, têm renda duas vezes e meia mais alta do que os da zona petista. Seja pelo título de professor da USP, ou por ser neófito em eleições, Haddad conseguiu manter uma rejeição (36%) mais baixa do que a de Serra (40%) nas áreas centrais e ricas da cidade. Nem a campanha negativa de Serra ao longo do segundo turno conseguiu deixar a imagem de Haddad pior que a sua.
A zona volúvel que fica entre as zonas petista e antipetista pendeu em peso para Haddad. Segundo o Ibope, ele ganha de Serra nessa área onde votam 8% dos paulistanos na proporção de 2 votos para 1. Em números absolutos, isso deve significar uma vantagem de 150 mil a 200 mil votos para o petista. Ou seja, a campanha de Serra não conseguiu cativar os emergentes tampouco.
Somadas as três grandes zonas eleitorais da cidade, Haddad venceria com mais de 1 milhão de votos de vantagem, pelo Ibope.
O fracasso da campanha eleitoral tucana se reflete até no ânimo dos seus simpatizantes. Praticamente 1 a cada 3 eleitores de Serra acha que Haddad será eleito prefeito neste domingo. Pior: 40% dos paulistanos que se declaram tucanos acham que o candidato do partido rival será o vencedor no domingo. Essa taxa foi crescendo ao longo do segundo turno, mostrando que a campanha do PSDB não empolgou nem o núcleo duro do tucanato.
Enquanto isso, dos que declaram voto em Haddad, só 6% apostam em vitória de Serra. Uma maioria de 89% dos eleitores do petista está confiante na vitória de seu candidato, diz o Ibope.
José Roberto de ToledoNo Estadão
O ar profundamente humano do STF
octubre 27, 2012 22:00 - no comments yetPeríodos eleitorais deixam nervos à flor da pele e o comportamento do STF (Supremo Tribunal Federal) não tem ajudado a trazer bom senso para o debate político.
O que se passa é apenas mais um capítulo de um penoso processo de aprendizado democrático. Especialmente em um momento em que as urnas tornam mais distantes os sonhos de uma rotatividade no poder.
Do lado de parte da mídia, há uma tentativa insistente de envolver Lula no julgamento e, se possível, de processá-lo e fazê-lo perder seus direitos civis. Do lado de parte do PT, um chamado à resistência capaz de elevar ainda mais a temperatura política.
No meio, botando lenha na fogueira, os doutos Ministros.
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Mentes mais conspiratórias à esquerda podem suspeitar da preparação de um novo golpe. Mentes conspiradoras à direita podem mesmo acreditar que poderão fomentar o golpe.
No fundo, o que ocorre com o Supremo é apenas uma manifestação eloquente de humanidade. Não da grande humanidade, dos princípios que consagram homens e civilizações. Mas das fraquezas e vaidades que tornam - do mais solene magistrado ao mais simples cidadão - os homens iguais entre si.
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O capítulo atual do aprendizado é o da exposição do STF à luz dos holofotes, com transmissão ao vivo e, pela primeira vez, analisando um processo penal. Vaidosos por natureza, como o são todos os intelectuais dotados de conhecimento especializado – e, no caso do STF, com esse conhecimento sendo manifestação de poder – os Ministros foram expostos ao desafio de se tornarem celebridades e não perderem a linha.
Alguns não conseguiram.
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Foi o que levou um Celso de Mello a colocar gasolina na fogueira, e esforçar-se tanto pelo grande momento de oratória, insistir tanto na ênfase definitiva, a ponto de comparar partidos políticos ao PCC.
O mesmo fez Marco Aurélio de Mello, com sua defesa do golpe de 64. O Ministro que sempre se jactou de chocar os pares – inclusive com alguns posicionamentos históricos – com a concorrência inédita dos demais ministros precisou avançar alguns tons na competição. E pode haver prato melhor do que um Ministro da mais alta corte defendendo uma transgressão à Constituição?
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Essa mesma sensação de poder acometeu Joaquim Barbosa, a ponto de avançar sobre colegas que ousassem discordar da voz de Deus. Contra os advogados dos réus, não a explosão de trovões – que só são utilizados contra iguais – mas o riso irônico de quem trata com personagens insignificantes, perto da grandeza do Olimpo.
Todos trovejam e Ayres Britto passarinha, com sua voz de pastor das almas, tentando alcançar o tom grave dos colegas mais eloquentes.
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No plano real, fechadas as cortinas do espetáculo, não há possibilidade de se alcançar Lula. A teoria do “domínio do fato”, encampada pelo Procurador Geral da República, subiu na escala hierárquica e pegou José Dirceu e José Genoíno. Mas mesmo o PGR considerou exagero alçar voo para mais um degrau e alcançar Lula. Definitivamente, Lula está fora do processo.
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Assim, as investidas dos Ministros do STF explicam-se muito mais pelas fraquezas humanas, pelo estrelismo que acomete espíritos menos sábios, do que pelo maquiavelismo político. Eles são humanos. Apenas não foram informados disso.
Luis NassifNo Advivo