Aller au contenu

Daniela

Plein écran

Com texto livre

June 14, 2012 21:00 , par Daniela - | No one following this article yet.

La zona euro entra en recesión técnica

November 14, 2012 22:00, par Inconnu - 0Pas de commentaire

La eurozona entró en recesión técnica en el tercer trimestre de 2012 al contraerse su economía 0,1 % entre julio y septiembre, tras haber registrado ya una caída de 0,2 % en el periodo anterior.
Los datos adelantados del PIB de la zona euro difundidos hoy por la oficina estadística comunitaria Eurostat dibujan el peor de los escenarios económicos para cualquier economía y confirman que la recuperación se producirá más tarde de lo esperado.
Según las previsiones de otoño publicadas recientemente por la Comisión Europea, la economía de la eurozona se quedará prácticamente en punto muerto durante 2013 y habrá que esperar hasta 2014 para ver un repunte.
Frente a la eurozona, el conjunto de la Unión Europea (UE) evitó entrar en recesión, al crecer un leve 0,1 % en el tercer trimestre tras haber retrocedido un 0,2 % entre abril y junio y haberse estancado entre enero y marzo.
En términos interanuales, el PIB de la eurozona cayó un 0,6 % entre julio y septiembre y el de todo el bloque lo hizo un 0,4 %.
La economía española sufrió un retroceso del 0,3 % en el tercer trimestre, una décima menos que en el segundo.
El Instituto Nacional de Estadística (INE), confirmó hoy este dato y atribuyó la ligera mejora sobre todo a la moderación de la caída del consumo privado, ya que se adelantaron compras por la prevista subida del IVA.
En comparación con el mismo periodo del año anterior, el PIB español sufrió una contracción del 1,6 %.
En el tercer trimestre del año estaban en recesión al menos siete países de la UE -no hay datos disponibles aún para todos-, entre ellos algunas de las mayores economías del euro como Italia (con una caída del 0,2 % frente al 0,7 % el periodo anterior) y España.
De los países rescatados, están en recesión Grecia y Portugal, mientras que Irlanda salió técnicamente de ella en el segundo trimestre, cuando registró un crecimiento nulo.
Sin embargo, Eurostat aún no dispone de los datos al cierre del tercer trimestre, por lo que no es posible predecir una tendencia.
También Chipre, que ha pedido un rescate completo a la eurozona y al Fondo Monetario Internacional (FMI), encadena cuatro trimestres en negativo, registrando en el tercero de este año una caída del 0,5 % de su PIB, menos que la contracción del 0,9 % entre abril y junio.
La nota positiva procede del Reino Unido, que salió de la recesión en el tercer trimestre, según los cálculos adelantados de Eurostat.
En concreto, el PIB británico creció un 1,0 % entre julio y septiembre, frente a la caída del 0,4 % en el segundo trimestre y del 0,3 % en el primero.
Por su parte, sorprende el dato de Holanda, que, tras registrar un crecimiento del 0,1 % en los dos primeros trimestres, se contrajo un 1,1 % entre julio y septiembre.
También Austria sufrió un retroceso en el periodo de referencia, en concreto del 0,1 %, frente al alza del 0,1 % del segundo trimestre.
Otro dato negativo es el hecho de que la economía de la “locomotora” alemana se haya ralentizado efectivamente.
El PIB alemán registró un crecimiento del 0,2 % entre julio y septiembre, una décima menos que en el trimestre anterior, un dato que fue confirmado hoy por la Oficina Federal de Estadística (Destatis).
La otra gran economía del euro, Francia, avanzó al mismo ritmo que la alemana, al avanzar un 0,2 %, pero el dato es positivo porque en el segundo trimestre su PIB había caído un 0,1 %.
El dato de Eurostat fue validado hoy por el Instituto Nacional de Estadística (Insee).
No CubaDebate



O terror dos presídios e a insegurança pública

November 14, 2012 22:00, par Inconnu - 0Pas de commentaire

 O terror dos presídios e a insegurança pública
Imagem: Edison Temoteo/Estadão
Bem que procurei outro assunto mais ameno para tratar neste feriadão afro-republicano que está só começando, mas não teve jeito.
Ninguém fala de outra coisa na mídia, no trabalho,  nos botecos e nas padarias, nas feiras e nos táxis, onde quer que você vá: o medo da violência tomou conta dos paulistanos.
Leio aqui no nosso R7 que, "depois de duas noites seguidas de uma queda brusca no número de homicídios na região metropolitana de São Paulo, a capital paulista e demais municípios, juntos, tiveram um saldo de pelo menos sete pessoas mortas e 17 feridas a tiros num intervalo de sete horas e meia, entre as 21 horas de quarta-feira e as 4h30 desta quinta-feira".
Se as causas deste clima de insegurança pública continuam as mesmas, nada vai mesmo mudar enquanto as nossas autoridades de todos os níveis apenas fizerem diagnósticos e não tomarem providências urgentes e concretas para enfrentar este problema crônico da violência urbana que tomou conta das nossas cidades.
De repente, depois das portas arrombadas, parece que todos descobriram a pólvora. "Se fosse para cumprir muitos anos em uma prisão nossa, eu preferiria morrer", disparou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo na terça-feira, deflagrando uma reação em cadeia que chegou até aos ministros do Supremo Tribunal Federal.
"STF cobra do governo melhoria nas cadeias", dá hoje em manchete o jornal "O Globo", como se a situação do nosso sistema penitenciário, de onde partem as ordens dos chefões do tráfico para as ações contra policiais, não fosse gravíssima faz muitas décadas, com as cadeias transformadas em escolas do crime que não recuperam ninguém.
José Eduardo Cardozo O terror dos presídios e a insegurança pública
Imagem: Agência Brasil
Só agora o ministro Cardozo constatou que a violência fora de controle em São Paulo e outras cidades tem "tudo a ver" com a situação carcerária. "O terror nos presídios não resolve o problema da violência, só fortalece as organizações criminosas".
E daí? Daí se descobre que o Ministério da Justiça, que tem entre suas atribuições o "planejamento, coordenação e administração da política penitenciária nacional", usou apenas 16% do previsto no orçamento deste ano para a construção de presídios.
Do total de R$ 312 milhões destinados a "financiar e apoiar as atividades de modernização e aprimoramento" do sistema penitenciário, o ministro aplicou apenas R$ 63 milhões.
Com o dinheiro que ficou parado daria para construir mais 8 presídios, o que certamente poderia aliviar o drama dos condenados empilhados em cadeias superlotadas, como o próprio Cardozo pode ver durante uma inspeção em 2011:
"A primeira constatação grave foi a violação sistemática dos direitos humanos e a impossibilidade de reinserção do preso. A situação é inaceitável em quase todos eles e alguns não têm condições de atendimento mínimo às pessoas".
Concordo com tudo o que Cardozo diz, mas eu não sou ministro e nada posso fazer para mudar esta situação.
Pois continua tudo exatamente do mesmo jeito, com a agravante de que a população carcerária não parou de aumentar desde a última visita de Cardozo aos presídios: já temos no país 471 mil presos que não seguiram o conselho do ministro e continuam sobrevivendo em cadeias onde só existem 295 mil vagas.
Já era assim, guardadas as devidas proporções, quando comecei a fazer as primeiras reportagens em presídios nos anos 60 do século passado e encontrei o mesmo quadro desumano e degradante que deixou o ministro da Justiça estarrecido.
De lá para cá, o crime se organizou, armou-se mais e melhor do que a polícia, infiltrou-se por toda parte, e perdeu o medo. Quem vive com medo agora somos nós que pagamos impostos para ter (in)segurança, enquanto as excelências estaduais e federais colocam a culpa umas nas outras pelo que está acontecendo.
O jeito é aproveitar o feriado e ir-me embora logo para Porangaba, aonde ainda é possível andar pelas ruas sem ter que olhar para os lados e apressar o passo para chegar logo em casa. Até quando?
Ricardo Kotscho



O Poder dos Poderes

November 14, 2012 22:00, par Inconnu - 0Pas de commentaire

Nenhum dos Poderes goza de mais 
conforto e maior luxo, nos níveis 
superiores, do que o Judiciário

Em seu primeiro ato de despedida, o ministro Ayres Britto transmitiu sobre o Judiciário a opinião de um Poder que se distingue, nos três Poderes, pelos sacrifícios com que se dedica à sua missão sem, por isso, receber o reconhecimento e, muito pior, a compensação pecuniária:
"O Poder Judiciário é o mais cobrado, o mais exigido e o menos perdoado", resumiu o presidente do Supremo Tribunal Federal. Logo iria pedir a inclusão de aumento do Judiciário no Orçamento de 2013.
A visão desde as alturas é muito especial, sobretudo quando se trata da pirâmide humana - seja composta por motivo de posses, de cultura, profissionais e outros. De fora do cume, não se percebe outro Poder mais "cobrado" do que o Executivo, tanto em seu nível federal, como no estadual e no municipal.
Ao Executivo segue-se o Legislativo, cujo conceito rasteiro sobre os políticos e os partidos diz o suficiente a respeito do seu Poder e das benesses de que desfrutam. Já o Judiciário é aquele Poder do qual é comum os cidadãos esperarem uma definição por 10, 20, até 30 anos. Há pouco houve menções a uma causa com meio século de hospedagem nos recantos do Judiciário. Uma ação trabalhista pode durar cinco e mais anos. Sobre o Supremo mesmo, há dias foi noticiado que se aproximam das três mil as ações que esperam, em suspenso, os acórdãos devidos pelo STF. Os vencedores não sabem quando sairão.
O volume de trabalho nos juizados é grande, sim, e não é incomum que julgadores correspondam à dedicação necessária. Mas, como ministra-corregedora do Conselho Nacional de Justiça, Eliana Calmon teve a eficiência e a coragem de expor realidades clamorosas (há quanto tempo esse ruim adjetivo estava sumido, desgastado por tantas aplicações cabíveis) de todos os tipos e no Judiciário pelo país afora.
Essas realidades só existem em razão de um fator: o Judiciário não é "exigido" em nada e por ninguém. Nem pode sê-lo. O povo e os outros dois Poderes não têm como exigir-lhe coisa alguma - assim o regime o exige. Nem sequer pode influir em sua composição: para a primeira e a segunda instâncias há concurso e, também para a segunda e as últimas, há a escolha e o lobby.
O "menos perdoado"? Se nada é "cobrado", nada é ou pode ser "exigido" - a despeito do que todos sentem e o próprio Conselho Nacional de Justiça reconhece -, o perdão é, na prática, absoluto. E até premiado. Nenhum dos Poderes goza de mais conforto e maior luxo, nos seus níveis superiores, do que o Judiciário.
Os três Poderes estão em dívida enorme com o país. Todos muito aquém, nos seus respectivos níveis, do que lhes caberia em reciprocidade mínima pelo que recebem graças ao sistema tributário injusto. Mantido por ação conjunta dos três.
DE JUSTIÇA
O ministro Gilmar Mendes cometeu uma injustiça com José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça. Acusou-o, na sessão de ontem do STF, de afinal referir-se ao estado medieval das cadeias brasileiras. Há muitos e antigos registros de críticas combativas, e muito mais fortes do que a recente, feitas por Cardozo aos sistemas prisional e policial.
De Gilmar Mendes só constam críticas ao sistema prisional a partir de sua chegada ao Conselho Nacional de Justiça, quando providenciou uma varredura que encontrou mais de 20 mil presos com sentenças extintas.
Janio de Freitas
No fAlha



A faceta desconhecida de D. Pedro II

November 14, 2012 22:00, par Inconnu - 0Pas de commentaire

Neste feriado em que se comemora um golpe de Estado, gostaria de homenagear a democracia por meio da figura de D. Pedro II. Ele, que nunca perseguiu inimigos ou cerceou a liberdade de expressão (razão pela qual mesmo os mais radicais, como Silva Jardim, se manifestavam à vontade), foi exilado após a Proclamação da República e nunca mais pode retornar a seu país.
A Revista de História da Biblioteca Nacional de novembro mostra uma facetas do D. Pedro II que muitos ainda não conhecem. Destaque para como mesmo os europeus republicanos sentiam apreço pelos valores democráticos e de respeito à coisa pública demonstrados por ele. Destaque para o trecho final envolvendo Victor Hugo. Quem sabe esta edição não jogue luz sobre as formas preconceituosas e equivocadas com que parte da sociedade ainda retrata nosso último Imperador.
lordstrahler
No Advivo

Faces do imperador


Após fazer viagens à Europa, na segunda metade do século XIX, D. Pedro II conquistou a simpatia da imprensa do Velho Continente. Neste mês, a Revista de História discute o lado republicano do imperador
Por Cláudio Antônio Santos Monteiro, Revista História
D. Pedro II, o Imperador Republicano é capa da RHBN de novembro
D. Pedro II, o Imperador Republicano é capa da RHBN de novembro
No mês de novembro, a Revista de História vai discutir o lado republicano de D. Pedro II [ver RH86]. Enquanto a edição não chega às bancas, o historiador Cláudio Antônio Santos Monteiro, professor da Universidade Severino Sombra, analisa a representação da imagem do imperador em jornais franceses do final do século XIX. 
Durante o Segundo Reinado, Pedro II efetuou três viagens pela Europa (1871-1876-1887), despertando o interesse da imprensa em atividade no Velho Continente. Foi na França de Victor Hugo, da Terceira República, em que a imprensa mais prestigiou o monarca brasileiro, fixando uma imagem valorativa daquela figura e de seu reinado no Brasil. Embora se possa falar em um discurso laudatório da mídia impressa sobre o governante brasileiro, o fato é que esse discurso se cristaliza na França republicana em duas ocasiões especificas: na divulgação da Proclamação da República; e também no período seguinte à morte de Pedro II, em Paris, em 1891. Na ocasião, o monarca deposto recebe honras de chefe de Estado.
A primeira viagem: o abolicionista
Em 25 de maio de 1871, dom Pedro II parte em primeira viagem ao exterior. Na França ainda ocupada, marcada pela Comuna e pela guerra, o clima é de efervescência política. A folha conservadora Le Gaulois destaca:
O Brasileiro. No momento em que nós começamos a ser infelizes todos os reis da Terra nos viraram as costas num prodigioso conjunto. Somente Dom Pedro nos permaneceu fiel na hora de nossa falta de fortuna. É preciso então agradecer a esse monarca pelo fato de ele ter consentido, apesar de tudo, vir ver se aqui os pratos estavam nos mesmos lugares.
Emile Villemont se refere aqui à época em que Paris acolhia os soberanos da Europa, como na Exposição Universal de 1867. O editor duvida: dizem que o imperador – o que duvidamos – será recebido oficialmente pelo presidente da República, e que ocorrerá nesse dia uma grande recepção em Versailles.
O jornal Le Constitutionnel é pontual: A viagem de dom Pedro na França é um bom presságio para nosso país, que hoje tem necessidade de aumentar suas relações comerciais com o exterior. Daqui a pouco tempo o imperador terá uma entrevista com o presidente da República francesa. Jamais uma entrevista foi tão oportuna, pois a atitude firme e digna de dom Pedro durante a guerra contra o Paraguai lhe angariou uma justa influência em toda a América do Sul.
A carta da Junta Francesa de Abolição (1866) força um comprometimento do monarca com a causa abolicionista. Pedro não põe os pés na França antes que a Lei do Ventre Livre fosse assinada.
Le Petit Journal, folha republicana, assevera, em 29 de setembro:
Os telégrafos nos informam uma boa e humanitária notícia. O Senado do Brasil votou a emancipação dos escravos por 33 vozes contra 4. A escravidão somente existindo agora nas colônias espanholas.
Dia 20 de dezembro, Le Constitutionnel comenta o evento legislativo brasileiro: A grande lei brasileira que pôs fim à escravidão no país. [Lembrando que a Abolição só ocorrerá em 1888; está, aqui, se referindo à Lei do Ventre Livre] A aplicação da lei sobre os escravos se dá em todo o império. Em janeiro de 1872, informa: Terça-feira passada o imperador assistiu em meio ao público ao curso de Franck no Collège de France. O professor, nesse dia, tendo sabido encontrar no seu objeto tratado ocasião de fazer alusão à lei que acaba de abolir a escravidão no Brasil, o auditório testemunhou sua calorosa simpatia ao soberano, que teve a iniciativa deste ato de justiça e humanidade.
Com três meses de intervalo, curiosamente, ambos os jornais afirmam que a escravidão não existia mais no Brasil.
Na perspectiva da Revue des ‘Deux Mondes’, a primeira viagem do imperador adquire outro significado:
Durante dez meses o imperador, que estava na Europa, esteve ausente do seu império e, coisa que prova a solidez das instituições brasileiras: a calma não foi um instante alterada. Uma grave questão, uma questão vital que interessa mais que qualquer outra ao futuro do Brasil, foi inclusive resolvida durante esse período, o vigor da lei da abolição gradual. Com certeza podemos dizer que existe um equilíbrio na América meridional. Nesse equilíbrio, o Brasil, que em decorrência das suas instituições é o país menos exposto às agitações e aos cataclismas políticos, tem um lugar considerável, que ninguém pode lhe contestar. A existência dessa grande monarquia liberal e constitucional deve ser, para os estados vizinhos, uma garantia e nenhuma ameaça. A diferença entre as formas de governo não é um obstáculo ao acordo. O que importa, aliás, esta diferença entre os nomes, se no fundo das coisas existe uma real analogia, se as instituições são, de uma parte e de outra, liberais, parlamentares, modernas?
Para o Le ConstitutionnelDom Pedro gozou de uma grande e legítima popularidade. É um espírito liberal e aberto a todas as ideias generosas. Ironicamente, afirma: É certo que, se seu trono não fosse sólido, em uma época onde os tronos desabam com uma espantosa rapidez, não lhe faltaria um lugar de bibliotecário, se ele um dia precisasse.
Le Petit Jounal, um dos periódicos franceses analisados pelo pesquisador
Le Petit Jounal, um dos periódicos franceses analisados pelo pesquisador
O Imperador cidadão - 1876
Em sua segunda viagem dom Pedro encontra outra França. A III República caminha para a consolidação. Os grupos republicanos de centro-esquerda e da esquerda radical não se encontram mais marginalizados, ocupando espaço social e institucional cada vez maior. O mundo dos notables chega ao fim na França.
Le Temps, folha oficiosa da República, em março de 1877 divide o espaço com as folhas monarquistas: O imperador em Paris. O imperador do Brasil visitou o presidente da República no palácio Elysée. No dia 26: O imperador do Brasil assiste à seção pública anual da Academia de Ciência; ontem ele esteve na Academia Francesa. No dia 29: O imperador do Brasil foi eleito correspondente da Academia de Ciência para a seção de geografia e navegaçãoLe Temps privilegia a agenda política e cultural do monarca: Novidade do DiaA recepção de ontem ao ministro da Instrução Pública foi das mais brilhantes. O marechal Mac-Mahon e a duquesa de Magenta chegaram às dez horas, o imperador e a imperatriz do Brasil fizeram sua entrada logo após; quase todos os ministros, um grande número de deputados e de senadores de todas as tendências, muitos generais e notáveis da ciência e das artes foram a essa recepção.
O conservador Le Monde abre polêmica:
Nós tivemos mais de uma vez, há alguns dias, o singular espetáculo da democracia se fraternizando com uma cabeça coroada. Sua majestade, o imperador do Brasil, que ontem dividiu familiarmente uma sopa de carne com o senhor Victor Hugo, nos reservou mais uma surpresa. Sua majestade esteve na usina de Noisiel-sur-Marne, onde ele foi recebido pelo cidadão Menier, igualmente célebre pelo seu radicalismo e por seus chocolates. O ilustre visitante tinha o desejo de ver a obra democrata em atitudes muito variadas. Dom Pedro foi à usina de Noisiel. O imperador pôde constatar por si mesmo se Noisiel era puro com seus chocolates como seu proprietário é puro no seu radicalismo. Dom Pedro, que na seqüência dessa visita levará sem dúvida a seu império o segredo da verdadeira preparação do cacau, levará as atitudes de sua transformação democrática? Em troca de seus cacaus o Brasil recebeu da Europa todos os produtos e todas as doutrinas mais perfeitas do radicalismo. Mas é sempre interessante voltar às fontes. Em Noisiel, Dom Pedro estava na boa escola. Entretanto, o que nos espanta, não é a visita de um soberano que viaja discretamente, e que por isso pode se permitir algumas excentricidades, mas é a reação ‘simpática’ feita por um democrata a uma cabeça coroada. Onde estão os puros, onde estão os incorruptíveis à antiga República? Porque o cidadão Menier sabe curvar a cabeça diante de um tirano, não nos resta mais que nos questionarmos: virtude, você é apenas uma palavra! nós não acreditamos mais na pureza dos democratas nem na pureza dos chocolates.
Le Temps não perde tempo para retorquir o artigo: O imperador do Brasil acaba de assistir, mesmo sendo um imperador e imperador católico, à animosidade do Le Monde: o monarca não se opôs, com efeito, a incluir na série de excursões inteligentes que ele faz em Paris uma passada na fábrica de chocolate de senhor Menier. Ora, o senhor Menier faz parte da esquerda radical. O chocolate é então maldito, e maldito sem dúvida todos os que o fabricam, o consomem ou somente os vêem. Esta é a opinião do Monde: será esta a opinião dos seus assinantes?
Le Gaulois também registra um possível diálogo do radicalismo francês com o imperador:
Anteontem, no momento em que o imperador do Brasil acabava de visitar o Hôtel-Dieu, alguns internos brincavam com um de seus camaradas que se diz ser radical convicto. Como diabo você vai responder ao soberano se por acaso ele lhe interrogar? Perguntaram. – E então, responde o interno com dignidade, se ele me questionar, eu lhe chamarei: cidadão imperador.
A esquerda radical na voz do L’Evénement, em julho de 1877, imortaliza o encontro de Victor Hugo com dom Pedro:
Quando o imperador partia do encontro – já era bastante tarde – Victor Hugo disse-lhe, com seu fino e espiritual sorriso: Sire, eu não saberia vos dizer como estou contente que não tenha na Europa soberano como vós. – Como assim? Pergunta Dom Pedro. – Porque, responde Victor Hugo, nós estaríamos fortemente complicados, eu e meus amigos, para não dizer que iríamos ter dificuldades! Dom Pedro II explode de rir e vai embora como homem amável e de espírito.

Cláudio Antônio Santos Monteiro é doutor em História pela Université Robert Schuman - Strasbourg-FR (2006) e professor da Fundação Universidade Severino Sombra.



Quem me estuprou

November 14, 2012 22:00, par Inconnu - 0Pas de commentaire

Hoje fui estuprada. Subiram em cima de mim, invadiram meu corpo e eu não pude fazer nada. Você não vai querer saber dos detalhes. Eu não quero lembrar dos detalhes. Ele parecia estar gostando e foi até o fim. Não precisou apontar uma arma para a minha cabeça. Eu já estava apavorada. Não precisou me esfolar ou esmurrar. A violência me atingiu por dentro.
A calcinha, em frangalhos no chão, só não ficou mais arrasada do que eu. Depois que ele terminou e foi embora, fiquei alguns minutos com a cara no chão, tentando me lembrar do rosto do agressor. Eu não sei o seu nome, não sei o que faz da vida. Mas eu sei quem me estuprou.
Quem me estuprou foi a pessoa que disse que quando uma mulher diz “não”, na verdade, está querendo dizer “sim”. Não porque esse sujeito, só por dizer isso, seja um estuprador em potencial. Não. Mas porque é esse tipo de pessoa que valida e reforça a ação do cara que abusou do meu corpo.
Então, quem me estuprou também foi o cara que assoviou para mim na rua. Aquele, que mesmo não me conhecendo, achava que tinha o direito de invadir o meu espaço. Quem me estuprou foi quem achou que, se eu estava sozinha na rua, na balada ou em qualquer outro lugar do planeta, é porque eu estava à disposição.
Quem me estuprou foram aqueles que passaram a acreditar que toda mulher, no fundo no fundo, alimenta a fantasia de ser estuprada. Foram aqueles que aprenderam com os filmes pornô que o sexo dá mais tesão quando é degradante pra mulher. Quando ela está claramente sofrendo e sendo humilhada. Quando é feito à força.
Quem me estuprou foi o cara que disse que alguns estupradores merecem um abraço. Foi o comediante que fez graça com mulheres sendo assediadas no transporte público. Foi todo mundo que riu dessa piada. Foi todo mundo que defendeu o direito de fazer piadas sobre esse momento de puro horror.
Quem me estuprou foram as propagandas que disseram que é ok uma mulher ser agarrada e ter a roupa arrancada sem o consentimento dela. Quem me estuprou foram as propagandas que repetidas vezes insinuaram que mulher é mercadoria. Que pode ser consumida e abusada. Que existe somente para satisfazer o apetite sexual do público-alvo.
Quem me estuprou foi o padre que disse que, se isso aconteceu, foi porque eu consenti. Foi também o padre que disse que um estuprador até pode ser perdoado, mas uma mulher que aborta não. Quem me estuprou foi a igreja, que durante séculos se empenhou a me reduzir, a me submeter, a me calar.
Quem me estuprou foram aquelas pessoas que, mesmo depois do ocorrido, insistem que a culpada sou eu. Que eu pedi para isso acontecer. Que eu estava querendo. Que minha roupa era curta demais. Que eu bebi demais. Que eu sou uma vadia.
Ainda sou capaz de sentir o cheiro nauseante do meu agressor. Está por toda parte. E então eu percebo que, mesmo se esse cara não existisse, mesmo se ele nunca tivesse cruzado o meu caminho, eu não estaria a salvo de ter sido destroçada e de ter tido a vagina arrebentada. Porque não foi só aquele cara que me estuprou. Foi uma cultura inteira.
Esse texto é fictício. Eu não fui estuprada hoje. Mas certamente outras mulheres foram.
Aline Valek
No Ornitorrinco