Soprano tísica
August 15, 2012 21:00 - Pas de commentaireEm algum momento da atual Bienal do Livro de São Paulo se falará da iminente morte do livro e as opiniões se dividirão.
Alguns dirão que o livro nunca acabará, e aí estão as bienais, as feiras e as flips para provar isto, e outros dirão que o livro caminha para a obsolescência e logo estaremos lendo tudo em tabletes, ipodes, ipedes e E-tceteras. Não se chegará a nenhuma conclusão e a conversa será transferida para a próxima bienal.
O escritor americano John Barth não duvida que o livro como nós o conhecemos e amamos acabará, mas nos propõe dois consolos.
O primeiro é a história do fim dos dinossauros, cuja existência foi encurtada pelo choque de um asteroide com a Terra, mas ainda viveram um milhão de anos entre o impacto do asteroide e sua extinção completa.
Neste período apareceram alguns dos seus espécimes maiores — um bom presságio para a literatura impressa, que pode reagir ao choque da literatura eletrônica produzindo suas maiores obras antes de desaparecer.
O outro consolo sugerido por Barth — um bom romancista e ensaísta com o gosto por jogos de palavras e metalinguagem — é a opera, que não só é um exemplo de anacronismo que teima em sobreviver como nos fornece outra metáfora para a insistência em viver de um condenado.
Geralmente a melhor ária de uma ópera clássica é a última, quando uma heroína, digamos, à beira da morte ainda encontra força e fôlego para cantá-la. Pensemos no livro, portanto, como uma soprano tísica que ainda nos dará boas surpresas antes do fim.
Barth também poderia ter lembrado o disco de vinil, cuja morte — como se vê, hoje, nas lojas de disco — foi decretada prematuramente.
Muita gente está abandonando o CD e voltando para o vinil, o equivalente a largar o tablete e voltar para o livro. E a morte do livro vem sendo anunciada há muito tempo.
Se você aceitar que a paródia é a decomposição da literatura em estado avançado, e que “Dom Quixote” é um romance inaugural, então você pode dizer que essa conversa da morte do livro começou com Cervantes, há 400 anos.
Se resistiu à gozação de Cervantes, o livro resistirá a todos os impactos eletrônicos.
Se a paródia é a decomposição da literatura, e ‘Dom Quixote’ é romance inaugural, a conversa da morte do livro começou.
Luís Fernando Veríssimo
PiG e PSDB chamam de “privatização”. Bem feito, Bernardo
August 15, 2012 21:00 - Pas de commentaireSaiu no Estadão: “Governo muda de rota com privatização e R$ 133 bilhões”
“Obras de rodovias passam (sic) para a iniciativa privada …”
Saiu na Folha:
“Privatizações de Dilma prometem R$ 80 bi em 5 anos – Pacote de concessões (ué – não é privatização? – PHA) para dobrar (sic) ferrovias e estradas duplicadas divide empresários e é ironizado por oposição”
Saiu no Globo, que, tem mais pudor:
“Concessões – Dilma ‘privatiza’ rodovias e ferrovias”
Na pág 26, num louvável esforço (parcial) de isenção, a Urubóloga diz assim:
“Privatização (sem aspas – PHA) à moda Dilma – O Governo vai privatizar rodovias e ferrovias e estatizar o risco nas ferrovias. Vai privatizar, estatizando. “
Na pág 3 do Globo, há uma nota oficial em que o PSDB “cumprimenta a presidente Dilma por ter aderido ao programa de privatizações … Sabemos que a Presidente poderá ser cobrada por adotar medidas opostas às que defendeu em sua campanha eleitoral de 2010.”
Não deixe de ler “Dilma: não faço Privataria”.
Como diz o amigo navegante José:Conceder ( Concessão) é delegar ao privado por um determinado período, retornando este patrimonio ,após este período ao Estado.Privatizar é vender ao privado, sem o retorno deste patrimonio ao Estado.Entendeu?O PiG vai colar a palavra “privatização” na testa do Governo Dilma até as eleições de 2014.E tentar envolvê-la na Privataria Tucana.Como evitar isso, se o massacre eleitoral começou no jornal nacional, nesta quarta-feira, onde a herança ideológica da Urubóloga plantou a ideia da “privatização” e da “entrega” à empresa privada.Como evitar?Com uma Ley de Medios, que possa esclarecer ao eleitor a diferença entre a Dilma e o Farol de Alexandria, o presidente da maior Privataria da América Latina.Que torrava o patrimônio nacional – a Vale do Rio Doce, por exmplo – para, como disse a Dilma, pagar dívida e fechar o caixa.É facil estabelecer as diferenças entre a Dilma e o FHC, aquele dos 1 000 pontos de Risco Brasil: é só explicar o que o José explicou.Explicar ao povão, a todos os cidadãos brasileiros.Com 15, 20, 30 pontos de audiência em horário nobre.Mostrar que os detentores de R$ 133 bilhões não se valerão de Oportunidade e, um dia, abrirão contas secretas em Cayman.Contrapor a Dilma ao “dizem que foi brilhante”.Contrapor a Dilma ao “se isso der m…” – o momento Péricles de Atenas do Governo Cerra/FHC.Mostrar ao cidadão brasileiro o que significa para o bolso dele, para o filho dele, para o futuro da família dele uma tarifa reduzida de transporte.O que uma criança recém-nascida no Alemão vai ganhar com a ferrovia que liga Lucas do Rio Verde a Uruaçu.Fazer aquilo que a televisão americana ensina ao foca: colocar um rosto atrás do número.Como o Bernardo não acorda, como o Michel Temer se curva à decisão dos filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – e nao deixa convocar o Caneta … já que é assim, deixa a “privataria” colar na testa do Governo.Muito simples.O Governo não tem instrumentos para explicar à população a natureza de suas decisões.Uma elementar prerrogativa Republicana: o cidadão saber o que o Governante faz e poder cobrar resultados.O Governo está sitiado no Palácio do Planalto, nas solenidades transmitidas pela TV Brasil, de um ponto de Ibope.Solenidades que, na forma, lembram muito aqueles anúncios de pacote do Reis Velloso, no Governo Geisel.Então, o Roberto Marinho transformava aquilo em Chanel #5.Hoje, o PiG distorce e desmonta.Bem feito.O Mino está parcialmente certo.Daniel Dantas não é o único dono do Brasil.Os filhos do Roberto Marinho compartilham com ele a maior Privataria nacional: o controle dos meios de comunicação.Paulo Henrique Amorim
Ao opinar fora dos autos, ministros desrespeitam direito do cidadão
August 15, 2012 21:00 - Pas de commentaireAlguns ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) têm comentado, em público e nos bastidores, o julgamento do mensalão.
Mas a Lei Orgânica da Magistratura determina: "É vedado ao magistrado manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais".
Programa de televisão não é exercício de magistério. Microfone de rádio não é obra técnica. Jornais não são autos. Nem juiz é comentarista de si mesmo. Esta lei abrange todos os magistrados. Ministro do Supremo é magistrado.
É difícil identificar o início do hábito de falar fora dos autos. Mas 2002 é ano seminal. Após a morte da cantora Cássia Eller, seu pai e sua companheira disputaram a guarda de seu filho.
O caso vai à Justiça em 8 de janeiro. Dois dias antes, o ministro Marco Aurélio Mello, então presidente do STF, vai ao "Jornal do Brasil" e diz: "A guarda do menino teria que ficar com o avô".
O presidente do Supremo opinava sobre questão judicializável na primeira instância do Rio. Estimulou, com certeza involuntariamente, uma minoria a ir à mídia fora dos autos.
A cultura do opinar judicial sem que advogados sistematicamente protestem se propaga com a ajuda do princípio da vitaliciedade, isto é, os magistrados o são para toda a vida. Inexiste controle externo.
O silêncio que a lei requer dos magistrados é direito dos cidadãos. Decorre do direito a um juiz independente e imparcial. Ao opinar fora dos autos, o juiz parece ignorar esse direito.
Alguns abrem exceção a este princípio apenas para o presidente do Supremo e apenas em matéria de política judicial administrativa. Ninguém nega a imensa contribuição, entre teimosias e incoerências, o brilho intelectual do ministro Marco Aurélio ao Judiciário.
Mas, na véspera do mensalão, o ministro se pronunciou na mídia sobre eventual suspeição ou impedimento do colega Dias Toffoli.
Com todo o respeito, não contribuiu. Acirrou ânimos internos. Sem pretender, ajudou a perturbar a crença democrática na imparcialidade do Supremo.
Joaquim Falcão, professor de direito constitucional da FGV Direito-Rio.No Falha
MTV Brasil pode ser vendida e extinta no país
August 15, 2012 21:00 - Pas de commentaireA MTV Brasil, do jeito que o público conhece, pode acabar. O grupo Abril iniciou há dois meses as negociações para dar um novo rumo ao canal musical ainda neste ano.
A principal negociação envolve a venda da rede nacional da emissora e até a devolução da marca "MTV Brasil" para a sua dona original, a americana Viacom.
Entre os executivos de televisão é notório que a MTV não vem alcançando os resultados esperados. Mesmo com os recentes cortes de gastos, a situação não melhorou.
A rede nacional da MTV tem mais de 30 afiliadas, nas frequências VHF e UHF, nas principais regiões do país. Apesar do olho grande dos religiosos, quem está à frente das conversas para a compra é um grupo de investidores internacionais. Além do sinal de TV por todo o país, o pacote deve incluir o prédio onde a MTV está sediada, na zona oeste de São Paulo.
Com a venda da rede, o grupo Abril, que tem os direitos da marca "MTV Brasil" licenciado até 2018, pode renegociá-la com a Viacom, interessada em manter o título no país, batizando um de seus canais na TV paga. Se isso acontecer, a atual programação da MTV deve ser extinta.
O Grupo Abril diz, via assessoria, que não vai se pronunciar sobre o assunto. A Viacom também não se pronunciou sobre o caso.
No Outro canal
Policarpo é convocado e vai depor...
August 15, 2012 21:00 - Pas de commentaire...mas é no tribunal, para socorrer o réu José Serra

O jornalista Policarpo Júnior, diretor da revista Veja, deporá às 14h do dia 6 de setembro, como testemunha, de defesa de José Serra (PSDB/SP), em tribunal de Brasília.
Serra responde processo por crime de calúnia, decorrente da campanha de baixarias perpetrada na campanha eleitoral de 2010. Quando pedia votos no Rio Grande do Sul, deu entrevista ao jornal Zero Hora, repetindo calúnias sem pé nem cabeça contra o PT, acusando o partido de envolvimento com o narcotráfico, através das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
A declaração delinquente levou José Serra ao banco dos réus na Ação Penal nº 6376-20.2010.6.21.0111, que corre na 111ª Zona Eleitoral do Rio Grande do Sul.
Para tentar escapar de condenação, Serra recorreu à Policarpo como testemunha. Presume-se que Serra queira usar 'reporcagens' da revista como álibi para suas baixarias.
O problema é que, se o jornalista da Veja fizer afirmações caluniosas em juízo, corre o risco de entrar como testemunha e acabar como réu, ao lado de José Serra, em outro processo.
O que o deputado Miro Teixeira (PIG/RJ, ops..., PDT/RJ), opositor da convocação de Policarpo na CPI do Cachoeira, tem a dizer?
Serra estaria violando a liberdade de imprensa ao convocar o testemunho de um jornalista (que deveria ser neutro) para depor a respeito de suas 'reporcagens'?
Policarpo já depôs a favor dos interesses do bicheiro Carlinhos Cachoeira na Comissão de ética da Câmara, no dia 22 de fevereiro de 2005. Agora, deporá a favor dos interesses de um político, José Serra. Por que não poderia depor também em um inquérito parlamentar para prestar esclarecimentos do interesse do povo brasileiro?
Não é só Miro Teixeira quem rebaixa o papel do Congresso Nacional, para blindar a revista Veja na CPI. Segundo o noticiário, o PMDB também. O partido teria feito uma parceria com a revista, para um não falar da corrupção do outro, o que é uma vergonha tanto para o jornalismo que combina esconder notícias, como para os peemedebistas perante seus eleitores.