Juiz que ordenou prisão de Cachoeira é trocado de vara
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaProcesso da Operação Monte Carlo fica ‘acéfalo’
A ação penal em que figuram como réus Carlinhos Cachoeira e outras 80 pessoas vinculadas à sua quadrilha está acéfala. O juiz federal que ordenou a deflagração da Operação Monte Carlo, Paulo Augusto Moreira Lima, não é mais o responsável pela 11ª Vara da Seção Judiciária de Goiás, onde corre o processo.
Por ordem do desembargador Mário César Ribeiro, presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, sediado em Brasília, o magistrado Moreira Lima passará a dar expediente, nesta segunda-feira (18), noutra frequesia, a 12ª Vara da mesma Seção Judiciária de Goiás. Vai substituir o colega Társis Augusto de Santa Lima.
O blog obteve cópia do ato que formalizou a troca. Leva o número 882. Foi assinado, sem alarde, há três dias, na última quinta-feira (14). Anota que Moreira Lima vai à 12ª Vara, “com prejuízo de suas funções na 11ª Vara”, onde vinha atuando como juiz substituto. Significa dizer que as ações que presidia até então, entre elas a Monte Carlo, já não lhe dizem respeito.
O documento não faz menção às razões do seu deslocamento. Limita-se a informar que a dança de cadeiras decorre do “processo administrativo número 4.319/2012”. Nos subterrâneos, o que se diz é que o próprio magistrado pediu para trocar de ares. Pela lei, os juízes são ‘inamovíveis’.
O processo da Monte Carlo deve ir às mãos do juiz Leão Aparecido Alves. Ainda que ele aceite a incumbência, a ação do caso Cachoeira será empurrada para uma fase de hibernação. O magistrado terá de desbravar 53 volumes. Apenas a transcrição dos grampos telefônicos ocupa 36 volumes. Estão anexados aos autos, de resto, mais de uma centena de relatórios da Polícia Federal.
A análise de todo o material demandará tempo. O caso envolve, além de Cachoeira, uma quadrilha de 80 pessoas. Entre elas seis delegados e dois agentes da polícia civil goiana, dois delegados e um servidor da própria Polícia Federal, 30 policiais militares e um servidor da Polícia Rodoviária Federal.
A mudança no comando do processo ocorre em momento delicado. Na última terça-feira (12), dois dias antes da assinatura do ato de transferência do juiz Moreira Lima, iniciou-se na 3ª turma do TRF-1 um julgamento que pode levar à anulação dos grampos telefônicos colecionados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo.
Discute-se um habeas corpus ajuizado por Márcio Thomaz Bastos e sua equipe, defensores de Cachoeira. Alega-se na petição que a investigação estaria viciada por ter nascido de uma denúncia anônima. Relator do caso, o desembargador Tourinho Neto deu razão à defesa de Cachoeira.
No seu voto, Tourinho Neto (foto ao lado) anotou que o sigilo das comunicações telefônicas é assegurado pela Constituição. Só pode ser quebrado em casos excepcionais. Para o desembargador, o juiz Moreira Lima autorizou as escutas sem fundamentar adequadamente a decisão. Assim, as provas seriam ilegais e devem ser anuladas.
Integram a 3ª turma do TRF-1 três desembargadores –Tourinho Neto e outros dois. Um deles, Cândido Ribeiro, pediu vista dos autos, adiando a decisão. O julgamento deve ser retomado nesta semana. Basta que um dos desembargadores siga o voto do relator para que todas as escutas da Monte Carlo sejam enviadas ao lixo.
A perspectiva de anulação das provas deixa desalentados os procuradores da República Daniel de Resende Salgado e Léa Batista de Oliveira, que acompanham o caso Cachoeira pelo Ministério Público Federal. Em privado, a dupla avalia que, prevalecendo o entendimento de Tourinho Neto, ficarão comprometidos os inquéritos e as ações penais abertas contra Cachoeira e seu bando.
O questionamento das provas é apenas parte da guerrilha judicial que assedia a Monte Carlo. Ironicamente, coube a Márcio Thomaz Bastos protagonizar a ofensiva. Ex-ministro da Justiça de Lula, ele vem colecionando êxitos que minam o inquérito feito pela Polícia Federal que já dirigiu.
Graças a Thomaz Bastos, o processo contra Cachoeira encontra-se em banho-maria desde 31 de maio. Nesse dia, o juiz Moreira Lima deveria ter tomado o depoimento do contraventor, de outros seis réus e de 15 testemunhas. Seria a primeira audiência de instrução da ação penal. Julgando um habeas corpus da defesa de Cachoeira, o desembargador Tourinho Neto suspendeu as oitivas.
O magistrado Moreira Lima havia determinado o desmembramento do processo. Desejava acelerar o julgamento dos réus que se encontravam presos, entre eles Cachoeira. Thomaz Bastos alegou que o desmembramento prejudicou a defesa. Por quê? Como a denúncia inclui o crime de formação de quadrilha, o que for declarado por um réu pode influir no destino dos outros. Portanto, todos teriam de ser julgados em conjunto.
Para fundamentar o pedido de suspensão do depoimento de Cachoeira, Thomaz Bastos citou o processo do mensalão, no qual os 38 réus, mesmo os que não têm mandato, estão submetidos ao mesmo foro privilegiado do STF. Ao acolher as alegações, o desembargador Tourinho deu-lhe razão. Anotou:
“Observe-se o que afirmou o ministro Joaquim Barbosa, citado pelas impetrantes, no processo conhecido por mensalão, em que são denunciadas 40 pessoas: ‘o contexto em que tais fatos ocorreram não aconselha esse desmembramento, sob pena de perdermos a sequência lógica e a conjunta em que teriam sido praticados os crimes. Isso para o julgador.’ Para a defesa, seria pior.”
Ironicamente, o trecho citado por Tourinho Neto fora escrito num despacho em que, vinte dias antes, Joaquim Barbosa indeferira um recurso do mesmo Thomaz Bastos. O ex-ministro defende no STF um dos réus do mensalão: José Roberto Salgado, ex-diretor do Banco Rural.
Como seu cliente não tem mandato eletivo, Thomaz Bastos solicitara que as acusações contra ele fossem apartadas do processo principal e enviadas para a primeira instância do Judiciário.
Quer dizer: o advogado pediu no STF o oposto do que iria requerer no TRF-1 vinte dias depois: o desmembramento dos autos. E utilizou em favor de Cachoeira os mesmos argumentos que o ministro da Corte Suprema usara para negar o que pretendia para José Salgado, o outro cliente.
Como se fosse pouco, os últimos oito réus da Monte Carlo que continuavam presos estão deixando, um após o outro, a cadeia. O próprio Cachoeira obteve na sexta-feira (15) uma liminar ordenando sua libertação. Expediu-a o mesmo desembargador Tourinho Neto, sempre ele.
A ordem só não foi cumprida porque está em vigor um decreto de prisão do contraventor baixado noutra ação penal. Decorrência da Operação Saint Michel. Trata-se, por assim dizer, de um filhote da Monte Carlo.
No Blog do JosiasCalma, palhaços: a vida é um circo
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda— Metade dos juízes acha que é Deus; a outra metade tem certeza disto.
Todos os presentes naquele respeitável recinto, exceto o magistrado, riram à beça do inusitado comentário feito pelo réu. A atitude seria mesmo muito risível, não fosse aquele um julgamento da maior relevância, envolvendo um palhaço de bufê para festas infantis que, supostamente, matara de susto uma velhota de oitenta e nove anos, ao estourar um balão de aniversário ao seu pé de ouvido.
— Mas aquela senhora nem escutava mesmo muito bem.
O juiz ficou mais rubro que a escarlate bandeira do MST e ameaçou retirar o acusado imediatamente do tribunal, caso ele se manifestasse novamente sem a sua devida autorização.
— O juiz é mulherzinha! Olhem a saia dele! (na verdade, a indumentária, apesar de lembrar muito uma saia, era uma toga). O réu comediante cantarolou aquelas bobagens levando o público a quase se urinar de tanto dar gargalhadas. Parecia um bando de pastores dividindo o dízimo dos fiéis.
— O senhor respeite este tribunal! Isto aqui não é um circo, seu palhaço!
Percebendo que Sua Divindade, ou melhor, o magistrado já perdia as estribeiras, o rapaz sentiu-se ainda mais confiante e emendou o bizarro falatório.
— Vocês sabem como é que um juiz diz “Bom dia, Excelência” para outro? “Louvado seja”. Daí o outro responde “Amém”.
Neste momento a algazarra tomou conta da sala. O juiz Divino (aqui não faço qualquer trocadilho; o nome do meritíssimo era mesmo Divino) ordenou aos policiais que levassem embora aquele bagunceiro, mas não foi atendido, pois os fardados homenzarrões rolavam no chão, contorcendo-se em dolorosas cólicas abdominais de riso.
Os jurados gargalhavam como se estivessem sentados num auditório da Câmara dos Deputados acompanhando o depoimento de um parlamentar acusado de honestidade pelos seus pares. Quanto mais o povo ria, mais o palhaço matador de velhinhas semi-surdas continuava a sua leréia.
Naquele momento, como se fora o Presidente Lula nos velhos tempos de Sindicato dos Metalúrgicos, ele dominava completamente a massa, inclusive os parentes da falecida, os quais, no fundo, no fundo, acreditavam que a decrépita anciã carecia ter morrido há mais tempo, o que propiciaria a divisão antecipada, em partes iguais, de todo aquele maravilhoso patrimônio material. Àquela altura da situação, o patrimônio moral já tinha ido para as cucuias.
— Hoje tem goiabada?
— Tem sim, senhor!
— Hoje tem julgamento?
— Tem não, senhor!
— E o juiz o que é?
— É ladrão de mulher!
A surreal interação dos presentes com o réu palhaço (o palhaço réu) parecia um daqueles estranhos filmes do cineasta mexicano Luis Buñuel, e finalmente contagiou o todo poderoso baluarte da justiça, que não conteve o próprio riso quando o comediante — que estava maquiado a caráter, palhaço que era, ao contrário dos demais desavisados — molhou o paletó xadrez do advogado de acusação, pessoa que ele odiava do fundo de sua toga, utilizando o velho golpe da flor artificial grudada na lapela, que esguicha água sempre que alguém é convidado a cheirá-la. Ora, e vejam: este chiste é mais antigo que agentes públicos cobrando propina...
— Querem saber de uma coisa? Aquela pobre senhora estava mesmo com um pé na cova e o outro na porta de um Pronto-Socorro do SUS. Que se dane! Caro palhaço, você é inocente. Vá e não peque mais, meu filho! — ordenou o magistrado, em tom professoral, imitando Jesus Cristo, fazendo-me lembrar de Irmã Amarilis, uma remota professora de Educação Moral e Cívica que me condenava rispidamente por eu ter me masturbado aos doze anos de idade.
Terminava assim o quase julgamento do palhaço animador de festas infantis que matara de susto uma mulher muito velha, praticamente surda, conforme já foi aqui frisado, um verdadeiro estorvo, como habitualmente se diz daqueles cidadãos que sobrevivem às agruras da vida e atingem a senectude neste país.
Então, acordei no sofá. O não-depoimento na CPMI daqueles bacanas capturados pela Operação Monte Carlo da Polícia Federal já tinha acabado. Desliguei a TV, liguei o computador e escrevi esta palhaçada.
Assim como fizeram aqueles calhordas, espero que vocês, leitores, reservem-se no direito constitucional de permanecerem calados e só falarem em juízo. Eu prefiro a falta de juízo.
No Bula Revista
O silêncio de Cícero. Ou a falta que ele nos faz
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaParis — Garry Wills é um historiador americano que recentemente lançou um livro chamado “Rome and rhetoric”. Wills é notoriamente religioso, o que não o impede de ser um pensador independente e um ensaísta instigante.
Seu novo livro é sobre “Júlio Cesar”, de Shakespeare, e o efeito que uma educação elisabetana, com ênfase nos clássicos e na retórica, teve nas tragédias romanas do poeta, como “Titus Andronicus”, “Coriolano” e “Júlio Cesar”.
Wills começa estranhando que esta ultima se chame “A tragédia de Júlio Cesar”, quando deveria se chamar “A tragédia de Brutus”, que é o seu principal personagem. Júlio Cesar é assassinado no começo da peça. Brutus, segundo Wills, tem cinco vezes mais falas do que ele.
Mas mais estranho do que um personagem que morre tão cedo dar nome à peça é a importância de um personagem que mal aparece em cena e, na contabilidade do Wills, tem escassas nove linhas para dizer. Cícero domina a peça mas “aparece” mais nas falas dos outros, nas referências e na reverência a ele, do que fisicamente.
Os conspiradores discutem se devem ou não convidar Cícero para participar do assassinato de Cesar, notoriamente seu inimigo, inclusive para que seus cabelos brancos deem mais respeitabilidade à empreitada.
“His silver hairs will purchase us a good opinion”, diz um dos conspiradores. Seus cabelos prateados nos comprarão uma boa opinião. Mas decidem poupar o filósofo da sangueira.
Uma constante na peça é a especulação sobre o que Cícero pensará e dirá, na preparação do assassinato e na convulsão que se segue. Grande orador, mestre da retórica, Cícero está na cabeça de todo mundo, e o silêncio retumbante que Shakespeare lhe dá não deixa de ser uma forma de respeitar sua reputação de sábio e de reserva moral.
O incorruptível Cícero e seu silêncio pairam sobre Roma em ebulição. Até que, com os cachorros da guerra soltos, ele também é atingido pela convulsão atiçada por Marco Antonio para vingar a morte de Cesar.
Marco Antonio manda matá-lo e pede que lhe tragam sua cabeça e sua mão direita, com a qual ele escrevia suas críticas.
Cícero não é exatamente um bom exemplo político. Defendia uma república governada por uma elite de iluminados.
Mas faz falta — no Brasil atual, por exemplo, para dar um pulo na história — um Cícero, com ou sem cabelos prateados, para ser uma referência de respeitabilidade na política e um exemplo moral indiscutível.
E dominar uma era só com sua existência, como o Cicero de Shakespeare dominava uma peça.
Luís Fernando Veríssimo
Leandro Fortes responde à turma de Gilmar Mendes
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaAos muitos amigos que se pronunciaram em público e em particular, recomendo não entrar no jogo do Bajulador Jurídico, muito menos no do… Um escreveu para o outro, numa espécie de subtabelinha, para me desqualificar, uma vez que se tornou impossível desqualificar a matéria que fiz sobre as fraudes na escolinha de Gilmar Mendes, o IDP. O Bajulador Jurídico faz assessoria de imprensa para Mendes, no pior sentido da expressão. Ele me ligou, na quinta-feira à noite, fazendo mimimimi para dizer que uma sobrinha dele não era sobrinha dele. Eu disse que não iria conversar a respeito porque o acho um tremendo picareta. Mas isso ele não contou no confuso texto que fez publicar.
Logo em seguida, o sujeito surtou. Ao que parece, não dormiu a noite toda. Ficou fazendo essa apuração maluca na qual descobriu, entre coisas hilárias e fantásticas:
- Que cheguei a Brasília me apresentando como sargento da Aeronáutica (!)
- Que era aliado dos tucanos porque trabalhei em O Globo e na revista Época (?!)
- Que fui demitido dos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo por “inépcia”(??)
- Que fui denunciado por policais federais por conta do Dossiê Cayman (!?)
- Que deixei de herança à revista Época uma condenação de 40 mil reais (???)
- Que investi contra três profissionais respeitáveis: Policarpo Junior, da Veja; Renato Parente, do TST; e Eumano Silva, da revista Época (opa, será que achei uma fonte do Bajur?)
- E, finalmente, que meu apelido entre meus muitos “ex-amigos” seria “sargento Demóstenes” (hahahahaha!)
Bom, só para que a versão do hospício não fique por aí, boiando que nem merda, uns rápidos esclarecimentos:
- Nunca fui sargento da FAB, mas bem que poderia tê-lo sido, com muito orgulho. Fui aluno (não cadete) da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, entre 1982 e 1984, entre os 16 e 18 anos de idade, onde fiz meu ensino médio. Cheguei a Brasília em 1990, vindo de Salvador, já jornalista formado e repórter com alguma experiência;
- Nunca fui aliado de tucanos, até porque nunca fui aliado de partido algum. Essa é uma concepção binária típica assessores financiados por esse mundinho da política de Brasília;
- Fui demitido do Estadão porque levei um furo quando era setorista da Polícia Federal, em novembro de 1990, quando tinha 24 anos. Era isso que acontecia com repórter que levava furo, naquela época. Ao contrário de hoje, que repórteres produzem fichas falsas, usam informações de quadrilhas e, em seguida, são promovidos; de O Globo, fui demitido, com muito orgulho, por um chefete que foi colocado na redação de Brasília, em 1998, para impedir qualquer crítica à criminosa reeleição de FHC. Na certa, ele não sabia que eu era aliado dos tucanos…
- Escrevi o único livro sobre o caso do Dossiê Cayman, “Cayman: o Dossiê do Medo” (Record, 2002), depois de meses de apuração que me levaram aos Estados Unidos e à Jamaica, onde recolhi os depoimentos dos três brasileiros envolvidos na fraude. Os policiais que me processaram, dois delegados bastante atrapalhados, o fizeram porque descobri que eles não tinham ido ao exterior investigar nada, mas abafar o escândalo e descobrir o que os falsários de Miami sabiam, de fato, sobre o dinheiro desviado das privatizações – o que depois ficou esclarecido pelo livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. A propósito, fui absolvido das acusações dos dois policiais, mais tarde apelidados, dentro da PF, de “Fucker & Sucker”;
- A única herança que deixei à revista Época foi um sem número de excelentes matérias jornalísticas feitas com extrema dedicação e zelo pelo bom jornalismo;
- Nunca “investi” contra ninguém, muito menos contra profissionais respeitáveis. Sobre Policarpo Junior, citei-o em reportagens, como centenas de outros repórteres, ao me referir aos 200 telefonemas trocados entre ele e Carlinhos Cachoeira. Sobre Renato Parente, revelei que ele falsificou, por 20 anos, o próprio currículo, no qual mentia dizendo ter uma formação superior que nunca teve, apenas para ocupar, de forma fraudulenta, cargos comissionados nos tribunais superiores, entre os quais, o STF, onde assessorou Gilmar Mendes. Eumano Silva foi flagrado pela PF negociando matérias com o araponga Idalberto Matias, o Dadá, para prejudicar uma concorrente da Delta, empresa-mãe do esquema de Carlinhos Cachoeira. Era coisa, aliás, que também provocava demissão, em épocas outras.
- “Sargento Demóstenes” é uma tentativa infantil de Márcio Chaer de tentar emplacar um apelido em mim, depois que popularizei o dele, Bajulador Jurídico, e de seu irmão de fel, o…
Forte abraço.
Leandro Fortes
~ o ~
(A Fonte deste artigo é menor, para combinar com a pequenez do mesmo)
Revista mostra como se desfaz reportagem para atacar
Por Márcio Chaer
Por Márcio Chaer
A revista CartaCapital desta semana publicou metade de uma reportagem sobre processo judicial, já encerrado, que acusa de falcatruas o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O texto da revista menciona este site.
A metade da reportagem que a revista ficou devendo aos leitores é a que deveria informar o lado da defesa no litígio. Textos apenas com acusação, sabem os profissionais do ramo, são tão autênticos quanto um jogo de futebol com um time só em campo ou uma luta de vale-tudo em que apenas um lutador sobe ao ringue: já se tem o resultado antes da peleja.
No trecho que fala desta publicação, o jornalista investigativo da revista, em meio a um amontoado de insinuações criminosas, diz que detalhe importante da trama é que uma especialista em informática e administração que trabalhou no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do ministro, “é sobrinha de Márcio Chaer, diretor do site Consultor Jurídico”. O desmazelo apontado seria o seguinte: Gilmar Mendes “usou uma servidora pública contratada por ele, quando presidente do CNJ, para tocar um trabalho paralelo em sua empresa privada”.
Este redator não tem sobrinha nenhuma em Brasília, não conhece a moça, seus pais ou parentes — há apenas coincidência de sobrenome. Feita averiguação, o que jornalistas profissionais fazem sem dificuldade, constatou-se: é fato, a moça trabalhou no IDP até 2007 e quase 1 ano depois foi contratada no Conselho Nacional de Justiça. Não acumulou funções, não foi contratada pelo ministro e, é claro, não guarda nenhum parentesco com ninguém deste site.
O autor da lambança é Leandro Fortes, dono de um itinerário atípico na profissão. Ele foi da Aeronáutica no governo militar; na administração FHC era considerado aliado pelas hostes tucanas (quando trabalhou no jornal O Globo e na revista Época). Na era Lula foi trabalhar para o governo. Mas nem sempre se deu bem. Acabou demitido de O Globo e do jornal O Estado de S.Paulo “por inépcia”. Na Radiobrás respondeu ação por assédio moral. Nessa trajetória de adesão, CartaCapital veio a ser um desdobramento natural da carreira. Ali, seus talentos e suas características são valorizadas e bem aproveitadas para os propósitos da publicação.
Procurado para se manifestar, justificar sua conduta e explicar as áreas nebulosas de sua trajetória, Leandro Fortes parece ter se assustado. Gaguejou, silenciou e desligou o telefone abruptamente assim que este interlocutor se identificou. Nova tentativa. A ligação foi rejeitada. No recado, como costumam fazer jornalistas que querem fazer reportagens inteiras, ficaram gravadas as perguntas e um número de telefone para resposta, que não veio. Foram feitas mais duas tentativas. Em ambas o telefone foi desligado pelo não tão incisivo jornalista.
Leandro Fortes chegou a Brasília apresentando-se como sargento da Aeronáutica. Há dúvidas a respeito. Até onde se sabe, sua maior patente na Força Aérea foi de cadete na Escola Preparatória de Barbacena. Ele é lembrado nas redações por momentos emocionantes do jornalismo, como quando foram divulgadas como verdadeiras as falsidades do famoso “dossiê Cayman”. Fortes chegou a ser denunciado pelo Ministério Público Federal por ataques contra os policiais federais que investigaram a origem do dossiê.
Precisão e acurácia não parecem ser características de seus textos. Entre um desmentido e outro, como quando levou a revista Época a publicar que uma reunião de trabalho no Palácio do Planalto tivera a participação de um torturador — o que não acontecera —, Fortes deixou de herança à revista uma condenação de R$ 40 mil, mais uma vez por notícia errada. Esta, contra o atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral. A revista também arcou com outra condenação, de R$ 38 mil, devido a reportagem assinada pelo jornalista, que deu a entender que o advogado Marcos Malan, irmão do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, fez parte de um esquema de tráfico de influência para atrapalhar o andamento de um processo administrativo no Banco Central — segundo o juiz do caso, sem provas e distorcendo declarações. Ainda cabe recurso.
Recentemente investiu contra três profissionais respeitáveis de Brasília: atacou o chefe da sucursal da revista Veja, Policarpo Júnior; o assessor de imprensa do Tribunal Superior do Trabalho, Renato Parente; e o diretor da sucursal da revista Época, Eumano Silva, seu desafeto e a quem Fortes atacou, reconhecidamente, por vingança. Diferentemente de seu algoz, Eumano detém o respeito de dez em cada dez jornalistas de Brasília.
A fraude estampada na CartaCapital desta semana é um prodígio e pode ser resumida em três parágrafos. Gilmar Mendes, um dos três sócios do IDP, encomendou uma auditoria para entender o que acontecia com a escola. A conclusão foi que a administração precisava ser profissionalizada. O sócio-gerente não quis sair e recorreu à Justiça.
Escorou suas razões justamente na auditoria que condenou sua gestão. Mas imputou a Gilmar Mendes as mazelas pelas quais só quem tinha a caneta (o administrador) poderia responder. O gestor, Inocêncio Mártires Coelho, foi derrotado em todas as tentativas judiciais.
Sem alternativa, vendeu sua parte por R$ 8 milhões — valor que os sócios restantes tomaram emprestado em banco privado, que não hesitou aceitar a garantia do prédio, avaliado em valor bem superior ao do empréstimo. Para o atilado Leandro Fortes, hoje apelidado pelos muitos ex-amigos de Brasília como “sargento Demóstenes”, isso tudo foi altamente suspeito. Não foi difícil fazer parecer convincente, contando apenas metade da história.
(O autor agradece e incorpora ao texto a correção do leitor que utiliza o pseudônimo "Observador": aluno da Escola Preparatória de Cadetes do Ar é considerado praça especial cuja patente equivale a terceiro-sargento; enquanto cadetes são os alunos da Academia da Força Aérea. Evidentemente, a ilação de que Leandro Fortes tenha sido rejeitado na carreira é apenas uma hipótese.)
Márcio Chaer é diretor da revista Consultor Jurídico.
Senador do PSOL admira Reinaldo Azevedo
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaFlagrante colhido no Twitter:
A Turma do Chapéu é uma iniciativa que conta com o apoio do Partido da Social Democracia Brasileira.
Yes, tucanos.
Aparência:
Todos usam um chapéu idêntico ao do Tio Rei.
Conteúdo:
No Esquerdopata