Jandira Feghali propõe anular a cassação dos comunistas em 1948
August 8, 2012 21:00 - no comments yetA deputada comunista Jandira Feghali (PCdoB-RJ) propõe Projeto de Resolução que anula a cassação da bancada comunista em 1948. Foi um ato arbitrário e antidemocrático que mancha a história da Câmara dos Deputados, argumenta ela.
A Câmara dos Deputados precisa se redimir de um erro cometido no passado e acertar o passo com a democracia. Este é o sentido do Projeto de Resolução apresentado ontem (8) pela deputada comunista Jandira Feghali (RJ), para declarar “nula a Resolução da Mesa da Câmara dos Deputados adotada em 10 de janeiro de 1948 que extinguiu os mandatos dos deputados do Partido Comunista do Brasil”.
Além de histórica, a correção defendida por Jandira Feghali tem um profundo sentido democrático que é ressaltado na Justificação do Projeto, onde a deputada afirma que aquele ato “foi incoerente e ilegítimo perante a Constituição Federal democrática de 1946 outorgada após o governo de Getúlio Vargas (1930 a 1945)”. Ele “cassou os mandatos de catorze parlamentares eleitos em 1945, pelo Partido Comunista do Brasil, para a assembleia constituinte de 1946 e cumulativamente para Câmara pelos quatro anos subsequentes”. Eram “personalidades marcantes da história e da cultura brasileira”, como o romancista Jorge Amado e dirigentes comunistas que deixaram seus nomes inscritos em letras vívidas na história republicana e na luta pela democracia. Nomes como Carlos Marighela, Maurício Grabois e João Amazonas, “personagens históricos da luta pela democracia brasileira através de bravas resistências ao Estado Novo e à ditadura Militar de 1964-1985”. E também dirigentes e lideres populares como Francisco Gomes, Agostinho Dias de Oliveira, Alcêdo de Moraes Coutinho, Gregório Lourenço Bezerra, Abílio Fernandes, Claudino José da Silva, Henrique Cordeiro Oest, Gervásio Gomes de Azevedo, José Maria Crispim, Oswaldo Pacheco da Silva.
Os parlamentares eleitos para a Assembleia Constituinte de 1946 seriam empossados, depois da promulgação da nova Constituição, como deputados ou senadores para cumprir seus mandatos até 31 de janeiro de 1950. Entre eles estavam os 14 deputados comunistas, que tiveram desempenho notável na Constituinte em defesa dos trabalhadores, da democracia, da soberania nacional e do desenvolvimento do país. Foi um punhado de lutadores que se destacou pela coerência e dedicação ao povo e à Pátria num plenário dominado amplamente pelos parlamentares conservadores do PSD e da UDN, onde o anticomunismo era a norma e a resistência ao avanço democrático era uma atitude cotidiana de parlamentares ligados às velhas oligarquias.
A cassação dos mandatos dos deputados comunistas seguiu-se à cancelamento, em 7 de maio de 1947, pelo Superior Tribunal Eleitoral, do registro do Partido Comunista do Brasil, relegado desde então à clandestinidade da qual só saiu quatro décadas mais tarde quando a legalidade foi reconquistada em 1985, depois do final da ditadura militar de1964.
Os dois atos – o cancelamento do registro do Partido e a cassação dos mandatos dos parlamentares comunistas – foram decisões arbitrárias que, argumenta Jandira Feghali, mancharam o “regime democrático consagrado pela Constituição de 1946”.
Ela lembra também que a lei em que a cassação dos mandatos se baseou, editada em 7 de janeiro de 1948 (que determinava a extinção dos mandatos de parlamentares vinculados à legendas partidárias que tiveram cassadas o respectivo registro), foi sancionada depois da diplomação e posse daqueles deputados. Sendo assim, sua aplicação para cassar os mandatos comunistas era ilegal pois referia-se a atos realizados antes de sua decretação. Dai a inconstitucionalidade do ato ilegítimo da Mesa da Câmara dos Deputados, que infringia o artigo 141, § 3º, da Constituição de 1946 segundo o qual “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” Diante de toda evidência, aquela lei – argumenta Jandira Feghali – “não poderia retroagir para extinguir o mandato dos deputados do partido Comunista do Brasil. A Resolução da Mesa da Câmara, portanto, estava maculada pelo vício de inconstitucionalidade”. “Os parlamentares em questão, conforme já dito, foram eleitos em 1945, diplomados e empossados sem nenhuma impugnação em 1946. O Partido Comunista do Brasil estava legalmente credenciado para disputar as eleições de 2 de dezembro de 1945”.
A Mesa da Câmara dos Deputados rendia-se ao feroz clima de anticomunismo do início da guerra fria. Ambiente em que o notório reacionarismo do então presidente da República, general Eurico Gaspar Dutra, levou-o a se adiantar inclusive em relação à política externa dos Estados Unidos: a controvérsia diplomática aberta em relação à União Soviética, lembra Jandira Feghali, e o governo do general Dutra foi o primeiro no Ocidente a romper com Moscou depois da Segunda Guerra Mundial. Este episódio, diz a deputada na Justificação do Projeto, “foi explorado pela mídia governista da época, incitou a invasão das sedes e destruição de impressoras de jornais populares e o cerco da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que tinha maioria de vereadores comunistas. Foi nesse clima que a Câmara aprovou a Resolução de 10 de janeiro de 1948”.
Este processo, argumenta Jandira Feghali, “configura uma nódoa na história da Câmara dos Deputados. Um estigma à espera de ser reparado”. Os demais poderes da República, lembra ela, já tomaram decisões nesse sentido, faltando apenas ao legislativo desfazer o erro antidemocrático cometido há mais de 60 anos. No Executivo, a correção ocorreu em 23 de maio de 1985 “quando o então Presidente da República, José Sarney, recebeu, no Palácio do Planalto, o Constituinte Comunista de 1946, João Amazonas, acompanhado do então deputado federal pelo PMDB baiano, Haroldo Lima, e ali foi anunciada a volta da legalidade do Partido Comunista”. Ao garantir a ampla liberdade de organização partidária, sindical e social no Brasil, o presidente redimiu o Executivo, diz ela, “da postura antidemocrática assumida em 1948”. Da mesma maneira o Tribunal Superior Eleitoral quando, em 23 de junho de 1988, deferiu a concessão do registro definitivo do Partido Comunista do Brasil. “O Judiciário revogou, assim, o equívoco de 1947”. Resta agora, argumenta ela, iniciativa semelhante, por parte da Mesa da Câmara dos Deputados, e ela diz respeito à correção do erro cometido em 1948 quando os mandatos dos deputados comunistas foram “arbitrariamente extintos”.
Nesse sentido, diz Jandira Feghali, “cabe à Câmara dos Deputados fazer sua parte nesta restituição, anulando a resolução em questão para resgatar in memorian o direito destes parlamentares de estarem registrados no rol dos que legitimamente conquistaram este direito através das urnas, recuperando suas corretas biografias e seus direitos políticos”.
José Carlos RuyNo Correio do Brasil
"Lista Suja" evidencia a relação entre o agronegócio e o Trabalho Escravo
August 8, 2012 21:00 - no comments yetMato Grosso não ostenta apenas o título de campeão do agronegócio. O estado foi também imbatível no que se refere à somatória de empregadores incluídos na mais recente atualização semestral da "lista suja" do trabalho escravo, ocorrida semana passada.
Foram adicionados ao cadastro, ao todo, 28 novos nomes de pessoas físicas e jurídicas (quase um quarto da soma dos 116 ingressantes) que foram flagradas explorando mão de obra em condições análogas à escravidão em terras matogrossenses.
Em seguida, vieram Goiás, com 17 inclusões, e Rondônia, com 14. Santa Catarina (9), Amazonas (8), Maranhão (7) e Minas Gerais (7) completaram o ranking dos sete estados com maior quantidade de empregadores agregados ao cadastro informativo mantido por portaria conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). Curiosamente, o Pará, que normalmente abriga muitos casos de escravidâo contemporânea, teve, desta vez, apenas um único empregador entrando na "lista suja". É preciso cumprir um prazo de dois anos para deixar a relação, além de honrar com todas as multas decorrentes das fiscalizações que resultaram na inclusão.
Quanto ao número de pessoas libertadas dos empreendimentos que passaram a constar do cadastro, destaca-se o estado de Goiás, em primeiro lugar absoluto, com 326 pessoas (20% do total de 1626 libertações). Na sequência, aparecem Pernambuco (290), Mato Grosso (225), Minas Gerais (140), Rondônia (100), São Paulo (94) e Amazonas (82). Paraná (79) e Maranhão (76) completaram o conjunto dos estados com maior número de trabalhadoras e trabalhadores resgatados entre as propriedades ingressantes. Os dados foram processados pela Campanha de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Quanto ao ramo econômico das atividades em que se deram as ocorrências que culminaram com a nova leva de inclusões na "lista suja", destacam-se quatro grandes segmentos, seja quanto à quantidade de empregadores ou quanto ao número de pessoas libertadas. São eles: setor sucroalcooleiro, pecuária, construção civil (com destaque para a construtora MRV, uma das maiores do país, e sua subsidiária Prime) e de lavouras agrícolas, em geral.
Cana-de-açúcar
A Berc Etanol e Agricultura Ltda., que integra o poderoso grupo mineiro Sada, entrou para a "lista suja" em consequência da libertação de 143 pessoas que plantavam e colhiam cana em duas fazendas da empresa em Aragarças (GO).
Comandado pelo ex-deputado federal Vittorio Medioli, o grupo Sada tem forte atuação no setor de transporte de veículos (caminhões-cegonha). Mantém ainda veículos de comunicação social (jornais "Super Notícia" e "O Tempo") e um time profissional de vôlei masculino (Sada Cruzeiro).
Outra companhia do setor que ingressou no cadastro na recente atualização foi a Usina Cruangi S/A, situada em Aliança (PE). Inspeção realizada no início de 2009 encontrou 245 cortadores em condições análogas à escravidão em canaviais que produziam para a usina. Entre os resgatados na ocasião, 27 não tinham 18 anos de idade - seis deles, aliás, não tinham sequer 16 anos de idade.
Com base na fiscalização, o Ministério Público Federal (MPF) protocolou uma denúncia de crime de trabalho escravo junto ao Poder Judiciário contra José Guilherme Queiroz Filho, diretor-executivo da Cruangi.
Já o caso de escravidão de 45 pessoas ocorrido também em 2009 nos Engenhos Amorinha e Manhoso, em Amaraji (PE), resultou não só na entrada no cadastro divulgado pelo governo federal, como também na condenação, após outra ação do MPF junto à Justiça, do administrador João Gouveia da Silva Filho a sete anos e meio de reclusão. João é irmão dos prefeitos de Amaraji (PE), Jânio Gouveia; de Escada (PE), Jandelson Gouveia; e de Primavera (PE), Jadeildo Gouveia. Todos são filhos do já falecido patriarca João Gouveia da Silva.
Reincidentes
Outro tentáculo de um grande grupo econômico que passou (novamente) a constar na relação de empregadores flagrados com trabalho escravo foi a Esperança Agropecuária e Indústria Ltda., que pertence ao grupo cearense Edson Queiroz. Um grupo de 16 pessoas foi libertado da Fazenda Entre Rios, no município de Maracaçumé (MA), em março de 2011.
A mesma Esperança Agropecuária já tinha sido incluída na "lista suja" em julho de 2010 por um outro flagrante de escravidão (10 libertados) na Fazenda Serra Negra, em Aroazes (PI). Na primeira publicação do cadastro, o grupo Edson Queiroz (que agrega empresas de distribuição de gás, de água, mineração e instituições de ensino, além de rádios, jornais e portais na internet) foi incluído por um outro caso ocorrido na Fazenda Entre Rios, ainda no ano de 1999, no qual 86 trabalhadores foram resgatados.
Antonio Barbosa (A. B.) de Carvalho é mais um que não se envolveu com escravidão pela primeira vez. Adicionado ao cadastro na semana passada por causa de uma fiscalização que libertou dez trabalhadores da Fazenda Nativa III. em Santa Luzia (MA), em maio de 2010, ele já havia sido implicado em outra situação semelhante verificada em fevereiro de 2007, na Fazenda Canaã, em Bom Jardim (MA), em que houve 32 vítimas.
Pela segunda vez, Antonio Fernandes Camilo Filho passou a constar da “lista suja”. Em dezembro de 2007, ele já havia sido incluído pela primeira vez em decorrência de um resgate em 2006, quando foram libertadas 27 pessoas da Fazenda Lagoinha, em Bom Jesus das Selvas (MA). A mais recente inclusão no final de julho de 2012 se deve à libertação de 13 pessoas da mesma propriedade, em março de 2009.
Mais três empregadores repetiram o comportamento criminoso. A carvoaria de F. A. Dias de Freitas ME, em Tabaporã (MT), foi flagrada por duas vezes: em 2008 (pela qual acaba de entrar na lista, e na qual foram resgatadas 21 pessoas) e em 2010 (um libertado). Situações como essas poderiam ser evitadas com a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Trabalho Escravo, que determina o confisco da terra de escravagistas.
O fazendeiro José Edinaldo Costa também foi responsabilizado em duas oportunidades: a primeira, em 2006, na Fazenda Santa Gertrudes, em Bom Jardim (MA), em fiscalização que resgatou 66 pessoas, e em 2011, na averiguação da Fazenda Palmeiras , em Santa Luzia (MA), que se desdobrou na libertação de sete pessoas e motivou a entrada do pecuarista na "lista suja" do trabalho escravo.
A empresa Indústria e Comércio de Erva Mate Herança Nativa Ltda. também foi flagrada duas vezes. A primeira foi em 2009, em Clevelândia (PR), com 24 libertados. A segunda, que possibilitou o resgate de 19 pessoas e propiciou a entrada da mesma na última atualização do cadastro, foi verificada em Palmas (PR). Três meninos com menos de 18 anos (que tinham, respectivamente, apenas 12, 13 e 15 anos) estavam entre as vítimas.
Bianca Pyl, Guilherme Zocchio e Maurício HashizumeDo Repórter Brasil
No MST
Qual é a esmolinha?
August 8, 2012 21:00 - no comments yetMárcio Lacerda, sem o PT no governo, tem falado coisas esquisitas. Ele falou que não concorda com as políticas sociais de esmolinhas. Está escrito, falou para vários jornalistas que deram a mesma frase – Qual é a "esmolinha"? A Bolsa Família? O Benefício de Prestação Continuada? O ProUni? O Pro-Jovem?
Só em BH há 115 mil famílias no Bolsa-Família. Agora ele rompeu com o PT e acha que as políticas de transferências de renda não são importantes? Na aliança com os tucanos ele está se afastando das políticas do governo Lula, das políticas do PSB inclusive.
O que é pior: ele solta os petardos depois diz que não falou o que falou.
Nagasáki 1945 e Nagasáki 2012
August 8, 2012 21:00 - no comments yet![]() |
Fat man |



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