O estranho asilo do Cachoeira boliviano
July 21, 2012 21:00 - no comments yetDecisão do Brasil concede ao senador Molina Pinto impunidade contra processos judiciais previstos na Constituição boliviana
Vamos imaginar que, às vésperas de sua prisão pela Polícia Federal, Carlinhos Cachoeira tivesse fugido para Brasília e se abrigado na embaixada boliviana, alegando perseguição política do governo brasileiro por suas notórias ligações com a oposição de direita e a imprensa conservadora. Mais ainda: que a chancelaria do país vizinho, em nome de tradição humanitária, concedesse asilo ao bicheiro.
Pois foi exatamente isso, com os sinais trocados, que fez o Itamaraty, dando proteção diplomática ao senador Roger Pinto Molina, do partido Convergência Nacional. Além de participante em conspirações ilegais para a derrubada do presidente Evo Morales, o parlamentar responde a processos de corrupção quando era governador na província de Pando, além de ser acusado pela matança de índigenas em 2009 e ligações com o narcotráfico.
Temeroso por seu futuro, e no afã de criar um fato que lhe fosse favorável, Pinto bateu às portas da representação brasileira em La Paz, solicitando formalmente status de asilado político. Não é uma operação inédita. Diversos representantes da oligarquia boliviana, cujos laços com o crime organizado são históricos, apelam para o autoexílio e declaram-se “perseguidos”.
Decisão brasileira
A surpresa reside na decisão do Itamaraty. Ao atender pedido do Cachoeira boliviano, concede-lhe impunidade contra processos judiciais previstos na Constituição de um país sob a vigência do Estado de Direito. O oposto do caso Zelaya, em Honduras, quando um presidente legítimo havia sido derrubado por um golpe institucional, na calada da noite.
Para piorar, além da cumplicidade de fato com um possível criminoso, tal resolução da chancelaria foi tapa na cara do governo boliviano, na prática se alinhando com o discurso reacionário que questiona o caráter democrático do governo de Evo.
A efetivação do asilo, no entanto, depende da Bolívia conceder salvo-conduto para Pinto sair da embaixada e atravessar a fronteira. Mas La Paz não aceita, negando-se a afiançar fuga de um possível delinquente. O Brasil fica, por obra e graça do Itamaraty, em posição escocha.
Agora, quem pariu Mateus que o embale.
Breno AltmanNo Opera Mundi
Breves considerações sobre a pesquisa Datafolha em SP
July 21, 2012 21:00 - no comments yetA pesquisa de intenção de voto para a prefeitura de São Paulo divulgada hoje pelo Instituto Datafolha é a primeira desde a oficialização das candidaturas. Traz um empate técnico entre os candidatos José Serra (PSDB) e Celso Russomano (PRB), com 30% e 26% das intenções de voto, respectivamente. Atrás de ambos vêm Soninha Francine, do PPS, e Fernando Haddad, do PT, ambos com 7%, Gabriel Chalita, do PMDB, com 6% e Paulinho da Força, do PDT, com 5%. Importante notar que quando se pergunta ao eleitor para que responda de forma espontânea em quem pretende votar, 61% não sabem apontar qualquer nome.
Apesar do alto desconhecimento dos eleitores em relação aos candidatos, poderíamos lançar duas hipóteses para refletir sobre aqueles que já apontam alguém quando questionados: a primeira seria a de que a liderança de Serra e Russomano, dois personagens bastante conhecidos do grande público, seria apenas reflexo do fato de que o paulistano ainda não estaria muito ligado à eleição e, ao ser instigado a pensar nela, cravaria como opções de voto os nomes que lhe são mais conhecidos. Em outros termos, os resultados apresentados pelas pesquisa de opinião até aqui seriam efeito daquilo que tantos especialistas chamam de recall, ou seja, a lembrança que as pessoas têm de uma marca, de um produto ou, neste caso, de um candidato. A outra hipótese seria a de que o eleitorado de São Paulo é majoritariamente conservador, e, portanto, uma polarização entre dois candidatos mais à direita já estaria surgindo e tenderia a se consolidar daqui para frente, num quadro praticamente irreversível até outubro. Apesar do alto índice de intenção de voto em Serra e da trajetória fortemente ascendente de Russomano desde o final de 2011, tendo a acreditar na primeira hipótese: neste momento o tema eleição, até porque a propaganda eleitoral na TV e no rádio ainda não começou, não está nas ruas, na boca do povo, e o que mais está pesando no até aqui é o efeito recall, para o bem (para os candidatos mais conhecidos do eleitor) e para o mal (para os candidatos mais rejeitados pelo eleitor). Daí porque, inclusive, Serra e Russomano, os líderes da pesquisa hoje, precisam redobrar esforços a fim de manter estes números até outubro e garantir passagem ao 2º turno.
José Serra é o candidato mais conhecido. Pode ostentar o currículo mais vasto entre todos os postulantes, já ocupou diversos cargos importantes e foi candidato à presidência da república em duas oportunidades. Das últimas cinco eleições, seu nome esteve na urna eletrônica em quatro (2002, 2004, 2008 e 2010), e estará novamente este ano. Apesar disto, ou talvez por conta disto, Serra aparece, nesta pesquisa Datafolha, com 37% de rejeição, taxa que vem subindo pesquisa após pesquisa. Qual a razão disto? Seriam tantas disputas eleitorais seguidas? Seria sinal de que o eleitorado anseia por nomes novos? Assim como outros nomes da política paulista com trajetória eleitoral semelhante, o tucano talvez possa estar enfrentando um fenômeno que já atingiu Paulo Maluf e Marta Suplicy em eleições passadas. Serra, tanto quanto Maluf e Marta, é conhecido por praticamente a totalidade do eleitorado, porém ostenta índices de rejeição que podem comprometer suas possibilidades de vitória. Segundo pesquisas do mesmo Datafolha, em junho de 2004, por exemplo, Maluf tinha 24% das intenções de voto, mas contava com 48% de rejeição. Um mês depois nova sondagem do instituto mostrava Marta na liderança da corrida eleitoral, com 38% das intenções de voto, mas com 30% de rejeição. Serra superou a ambos e acabou eleito naquele ano. Em 2008 o fenômeno repetiu-se. Em julho daquele ano, ainda segundo o Datafolha, Marta, novamente candidata, contava com 36% das intenções de voto e 34% de rejeição. A grande intenção de votos a levou ao 2º turno, mas seu alto índice de rejeição acabou sendo determinante para uma nova derrota, desta vez para Gilberto Kassab. O mesmo que hoje, aliado a Serra, pode lhe ser um peso, dada a insatisfação de parcela importante dos paulistanos com a atual gestão municipal. De fato, ainda de acordo com a pesquisa, 72% dos eleitores não votariam num candidato apoiado por Kassab. Como contraponto a este fator negativo, Serra será o candidato com o maior tempo (alguns segundos a mais que Haddad) no horário da propaganda eleitoral.
Celso Russomano, por sua vez, poderá ter grande dificuldade em manter o alto índice de intenção de voto que o Datafolha. Ainda que conte com uma parcela importante do eleitorado evangélico, que lhe deverá ser fiel ao longo da campanha, Russomano foi impedido, por conta da legislação eleitoral, de manter seu programa de televisão numa emissora bastante popular, o que certamente constituiu-se, nos últimos meses, num diferencial em relação a todos os demais candidatos até aqui. Mas mais do que isso, Russomano contará com menos de 1/3 do tempo de TV na propaganda eleitoral que Serra e Haddad, e também com menos tempo que Gabriel Chalita (PMDB), seus principais concorrentes. Sabendo-se que em grande medida eleições hoje no Brasil são decididas não apenas nas ruas ou nos debates, mas também no horário eleitoral, a campanha de Russomano terá de cortar um dobrado para não ver parte das atuais intenções de voto migrarem para outros candidatos.
Os demais candidatos encontram-se num segundo bloco, bastante distante dos dois líderes da pesquisa. Soninha, Haddad, Chalita e Paulinho, estão tecnicamente empatados, entre os 5% e 7% das intenções de voto. Destes, Paulinho e Soninha são os mais conhecidos do eleitorado. Seria de se esperar que tivessem intenções de voto maiores nesta altura da campanha, e se não têm isto talvez indique que não terão maiores possibilidades de crescimento nos próximos meses. Caberá saber que papel jogarão no pouco tempo de TV que terão a sua disponibilidade no horário eleitoral, bem como se colocarão nos debates, especialmente em relação aos demais candidatos.
Já Chalita e Haddad parecem ter um horizonte mais interessante nos próximos meses. Chalita, apesar de ser um dos recordistas de voto para a Câmara dos Deputados em toda a História eleitoral brasileira, ainda não é conhecido por 40% dos eleitores, segundo o Datafolha. E isto pode ser bom para ele, pois se para muita gente Chalita já foi opção de voto, para outros pode surgir como um nome novo numa eleição que tem potencial para ser polarizada entre tucanos e petistas, o que desagrada parcela do eleitorado já cansada da briga particular entre os dois tradicionais partidos paulistas. Chalita tende a cativar parte importante do eleitorado, com seu perfil ponderado e suas habilidades televisivas. Além disso, terá uma parcela de tempo de TV razoável, que lhe garantirá apresentar suas propostas para a cidade.
Fernando Haddad, por sua vez, é o menos conhecido de todos os principais postulantes à Prefeitura de São Paulo (apenas 55% sabem quem é ele, também segundo o Datafolha). Terá consigo o fato de ser jovem, ter experiência na máquina pública e contar com quatro trunfos bastante importantes: será, juntamente com Serra, o candidato com maior tempo no horário de rádio e TV; terá como cabo eleitoral o ex-presidente Lula, que segundo o Datafolha pode influenciar o voto de 60% dos paulistanos; terá a estrutura do PT, cuja militância provavelmente seja a mais ativa entre todos os partidos que disputam esta eleição; e terá, ainda, o apoio da presidente Dilma, que tem boa aceitação em São Paulo, apesar do anti-petismo muito pronunciado que existe na cidade.
Como revezes Haddad terá de lidar com alguns problemas ocorridos quando de sua gestão no Ministério da Educação, especialmente ligados ao ENEM, ou posteriores, como a greve nas universidades federais, e que certamente serão explorados à exaustão pelos seus adversários. E a aliança com Paulo Maluf, mal digerida por parte do tradicional eleitorado petista e um prato cheio para os adversários, ainda que, a bem da verdade, todos os candidatos, e não só Haddad, tenham disputado o apoio do veterano político.
Por fim, dois outros fatos, externos à eleição, poderão influenciar bastante o rumo da campanha daqui até outubro: o julgamento do Mensalão, pelo STF, e os trabalhos da CPI do Cachoeira, no Congresso Nacional. A depender dos resultados de ambos, com uma eventual condenação de alguns cardeais petistas ou com a extensão das investigações do esquema Cachoeira / Delta para as gestões tucanas em São Paulo, Haddad e Serra poderão ser prejudicados, direta ou indiretamente. Uma leitura rápida do que mostra a pesquisa Datafolha poderia apontar para a tendência de polarização entre um candidato consolidado e outro em notável ascensão. No entanto diversos elementos ainda entrarão na equação eleitoral paulistana e o jogo pode estar apenas começando. A ver.
Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor do Curso de Gestão de Políticas Públicas da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.
No Advivo
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A Grande Farsa do Aquecimento Global
July 21, 2012 21:00 - no comments yetDocumentário produzido pelo canal 4, da TV inglesa, que fala sobre a grande mentira criada sobre um aquecimento global causado pelo Homem, (antropogênico), que hoje se tornou quase uma verdade absoluta, incontestada pela mídia e por governos mundo a fora. Uma farsa elaborada para frear o desenvolvimento do terceiro mundo e impor altos impostos sobre o carbono, todo derivado de petróleo ou qualquer outra material divulgado como a principal causa deste "aquecimento global".
Entrevistados neste filme, vários cientistas, historiadores e especialistas nesta área da ciência, negam haver qualquer relação entre o CO2 produzido pelo Homem com o aparente aquecimento global, mas o contrário, aparentemente o CO2 é resultado de tal aquecimento e não seu causador. As pesquisas e dados são reveladas e a verdade vem à tona, o aquecimento global causado pelo Homem é apenas uma propaganda midiática para arrecadar fundos para o novo governo mundial que está sendo implantado. Veja e tire suas conclusões.
No Terrorismo GlobalFormação militar precisa ser transformada
July 21, 2012 21:00 - no comments yetNa sede do Clube Militar, na Cinelândia, local de grandes manifestações democráticas, há uma placa afixada logo no hall de entrada exaltando o golpe de 1964, classificado por seus promotores como revolução. Este movimento interrompeu a normalidade democrática do país, levou a uma ditadura de 25 anos e causou dor e sofrimento a milhares de famílias brasileiras, com a instituição da tortura e do desaparecimento de oposicionistas ao regime, cujos corpos são reclamados até hoje.
Embora o Clube Militar congregue essencialmente a turma do pijama, saudosa e participante do golpe, e sem poderes sobre a ativa, a existência de uma placa que comemora a interrupção da vida democrática deveria ser repudiada e até removida como exemplo. Em março de 2004, o ex-presidente argentino Nestor Kirchner foi ao Colégio Militar do Exército e ordenou que fossem retirados da galeria de comandantes militares os quadros dos generais Jorge Rafael Videla e Reynaldo Bignone, que participaram do golpe de Estado de 1976 e presidiram o país na terrível ditadura argentina. O ato simbólico de Kirchner foi o pontapé inicial para uma ação exemplar contra os militares que barbarizaram o país e que prossegue até hoje com julgamentos, como o que recentemente condenou Videla e Bignone, entre outros, pelo sequestro sistemático de filhos de militantes políticos nascidos nas prisões e centros de tortura da ditadura.
A remoção da placa do Clube Militar brasileiro seria apenas um ato simbólico, pois o que se mostra mesmo necessário é uma mudança completa na formação dos militares brasileiros para que se adequem definitivamente à vida democrática e não desrespeitem mais a ordem institucional. O Brasil vem avançando neste sentido. O ministro da Defesa já é um civil e os militares parecem restritos à sua função de defesa do território nacional. Mas é preciso ir além, provendo os oficiais de capacidade crítica, que acompanhe os princípios de rigor e disciplina.
Mais uma vez, a Argentina surge como exemplo a ser seguido. O país vizinho promove uma mudança na estrutura curricular de formação dos militares, incluindo novas disciplinas e conceitos sobre história e direitos humanos. Como afirmou ao Globo a antropóloga Sabina Frederic, responsável pela elaboração da reforma do conteúdo ministrado nas escolas de formação, “a pobreza intelectual dos militares no passado impediu qualquer tipo de reflexão crítica”. Ou seja, ordens foram obedecidas sem nenhum questionamento, o que desvirtuou as próprias funções das Forças Armadas, desvinculando-as da sociedade. Isso aconteceu não só na Argentina, mas no Brasil, no Uruguai e no Chile, em nome de uma doutrina de segurança nacional fundada sobre valores da guerra fria.
Os militares sempre tiveram participação na vida política do país, o que remonta à proclamação da República. Os tenentes se levantaram contra as oligarquias da República Velha, desencadeando movimentos históricos, como os 18 do Forte, a revolta de 1924 e a Coluna Prestes. O Clube Militar, hoje de atuação lastimável, teve participação decisiva na campanha do “Petróleo é nosso”. Militares são brasileiros, como qualquer um, e têm o direito e o dever de participarem da vida nacional. Para isso, precisam de boa formação, sobretudo pelo poder que dispõem.
É fundamental que as escolas militares estimulem o desenvolvimento de seus quadros, com o respeito permanente à democracia e aos direitos humanos. E só uma ação de Estado, como a que criou a Comissão da Verdade, pode promover tal mudança.
Mair Pena NetoNo Direto da Redação