O Brasil em Londres e as aves de rapina da internet
12 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários ainda![]() |
Miguel Baia Bargas |
Para um troller do UOL "o país é uma vergonha aos mostrar mulatas".
Para outro, no mesmo jornal, faltou o "carro alegórico dos corruptos do PT".
Para um terceiro, um "absurdo perder tanto tempo mostrando um simples gari".
Um quarto afirmou que "o Brasil nunca chegará aos pés da Inglaterra em talento artístico".
Não impressiona que os comitês de trollagem a serviço da oposição reforcem, com devoção, a síndrome de vira-lata. A turma de Soninha e Eduardo Graeff é bem treinada para executar esse "serviço".
Como de costume, comentaristas profissionais do UOL, Estadão e G1 esforçam-se por parecer não-brasileiros. Fantasiam um estrangeirismo caricato. Oniscientes e indignados, pranteiam como se fosse obrigados a viver ao sul do Equador.
Rotulam-se como superiores, como se seus avós ou bisavós não tivessem chegado ao Brasil com uma mão na frente e outra atrás, muitos deles mal vestidos e mal alimentados.
Evidentemente, o pensamento conservador, típico do eleitorado da trinca PSDB-DEM-PPS, não contempla valor na miscigenação. Para esses, no fundo, misturar equivale a "estragar a raça", como dizia Monteiro Lobato.
A mulata lhes causa constrangimento e, muitas vezes, nojo, mesmo quando delas são diretos descendentes. Adoram destilar pequenos venenos sobre a anatomia dos afro-brasileiros.
Logicamente, o história da "corrupissaum" não podia ficar de fora. É o mantra histórico de todo fascista, devotado a denunciar vícios alheios. O adversário deve ser desprezado, humilhado e, por fim, criminalizado.
Logicamente, o gari causou-lhes repugnância. Como pupilos de Boris Casoy, adeptos das doutrinas disseminadas no velho CCC do Mackenzie, adoram barreiras sociais e incomodam-se tremendamente com a diversidade.
Para esses, em vez do funcionário da limpeza pública, talvez o ideal fosse apresentar em Londres engomados como Daniel Dantas, Demóstenes Torres, Cachoeira e o pistoleiro das letras Policarpo Jr.
Houve quem repudiasse os índios, classificados como "vagabundos cachaceiros que vivem dos nossos impostos". Previsível.
É esse tido de visão que embasa a campanha da direita contra as "ações afirmativas". É isso que a gente bandeirante pensa do povo da terra, desde 1554. É isso que um bandeirante ensina a seu filho.
Obviamente, era de se esperar a sentença de inferioridade, o registro de suposta superioridade do gringo. E ela veio no elogio embasbacado da festa londrina, como se os países disputassem a medalha do espetáculo midiático.
Evidentemente, selou o destino brasileiro: "nunca serão capazes de fazer algo melhor".
Afinal, trata-se de estratégia antiga de controle e submissão. Diga ao brasileiro que ele é incapaz, que é menor, que não presta. Drene suas forças e sobre ele exerça pleno domínio.
Pior que isso: convença-o a repetir essa sandice, todos os dias.
A campanha contra a Rio-2016 começou neste domingo de agosto e tomou conta das redes sociais. Na mira dos sabotadores, o Brasil e os brasileiros. A guerra começou.
Walter Falceta Jr.
Comentário Castphoto
O Walter Falceta foi MUITO brando. Essa é a turma que expressa a ideologia dos grupos MILICANALHAS dos grupelhos guararapes, barabacena, ternuma “et cataerva”. Aqueles mesmos torturadores, assassinos boçais que se dizem “democratas” e “defensores da democracia”.
Não passam de VAGABUNDOS e/ou APÁTRIDAS quase todos imeritamente sustentados pelos nossos impostos.
No Blogoosfero
Patético: Clientes da Daslu e do JK Iguatemi discutem o “mensalão”
12 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaAs socialites, leia-se desocupadas, paulistas destilam todo seu desconhecimento, arrogância e preconceito sobre o que acontece no Brasil. Saiu na coluna da Mônica Bergamo de domingo, dia 12.
Clientes da Daslu e do JK Iguatemi comentam o julgamento do mensalão
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Marcella Tranchesi, filha de Eliana Tranchesi, dona da Daslu, morta em fevereiro. |
Na tarde de terça-feira, dia 7, um grupo de empresárias, socialites e “descoladas” de São Paulo assistia ao desfile de lançamento da nova coleção de verão da Daslu, no shopping Cidade Jardim. Naquele momento, o STF (Supremo Tribunal Federal) realizava a segunda sessão para ouvir os advogados dos réus do “mensalão”.
Em 2005, no auge do escândalo, o maior da era Lula, a dona da butique, Eliana Tranchesi, foi presa por suspeita de sonegação. A investigação que atingiu a empresária, ícone do luxo, foi interpretada por sua clientela como retaliação, uma forma de o governo desviar a atenção. Eliana morreu em fevereiro, sem que seu julgamento, ao contrário do “mensalão”, chegasse ao fim.
A Daslu foi vendida, mas conserva parte da freguesia. Que torce, de forma quase unânime, pela prisão dos principais réus.
“Chego em casa à noite e leio quem falou que mentira. Fico nervosa e não consigo dormir”, diz Marcela Tranchesi, 21, filha da empresária. “O ideal é que todos sejam condenados. Não digo os 38 [réus], não sei se todos são culpados. Mas muitos.”
“Eu tenho nojo! Fico com a Carminha [da novela Avenida Brasil, da Globo], não com o Zé Dirceu!”, diz a socialite Anna Maria Corsi, 71.
Carolina Pires de Campos incentiva a amiga a continuar: “E o que é o ‘mensalão’, Anna?”. “Sabe o que é isso? É nordestino querer fazer alguma coisa em São Paulo”, responde Anna. “E é erradíssimo. Eles têm de ficar lá, em Garanhuns [cidade de Lula], lá no fuuundo do Pernambuco, lá no fuuundo do Ceará. Aqui, não, aqui é de paulista e de paulistano. É por isso que isso está acontecendo”.
A coluna lembra que há vários paulistas no “mensalão”. “Ah, claro…”, diz ela, para arrematar: “Eu não gosto do [José] Serra. Aqui, nós precisamos é de pessoas como o Fernando Henrique!”.
Carolina Pires interrompe Anna. “Deixa eu falar uma coisa. Meus filhos eram petistas, assim, fanáticos. Eu tenho um filho juiz, outro advogado, que não é mais petista. Aliás, a pessoa que eu mais adoro é a [Luiza] Erundina [PSB/SP]. Eu já gostava [antes de ela desistir de ser candidata a vice-prefeita de Fernando Haddad por causa da aliança do PT com Paulo Maluf]. Agora, mais ainda. Sou apaixonada por ela.”
Mas, apesar da torcida contra os “mensaleiros” e da intensa cobertura que a imprensa tem dado ao julgamento, a maioria não perde muito tempo com o assunto.
Marcela Tranchesi, por exemplo, comentava com as amigas que começou a correr pelas manhãs no parque do Povo, no Itaim. “Quero ter corpo para usar um vestido de tricô que vi no desfile.”
A estilista Mirelle Moreno, 24, que desenha roupas masculinas para a Daslu, comentava como é difícil fazer uma coleção com equipe enxuta. “É capaz que peguem esses 40 e poucos ladrões, mas o Ali Baba, que é o Lula, não vai cair”, disse à coluna, voltando logo aos comentários sobre sua coleção.
A radialista Stephanie Choate, 26, repórter do programa de Otávio Mesquita, telefonava para a mãe, que também estava na loja, mas em outro ambiente. “Vou entrar no provador de jeans, não está essa bagunça, tá vazio.”
Provocada pela coluna, diz que está atenta. “Estou totalmente disposta a ir para a rua, lutar por isso [a condenação]. É um arrependimento não ter nascido a tempo de ser uma cara-pintada [jovens que protestavam contra o governo Fernando Collor].” Duas estudantes de moda concordam: “Mas para pintar a cara, passaríamos antes na Sephora [loja de cosméticos francesa], né, amiga?”.
A produtora Gabriela Bucciarelli, 21, iria junto. “Não sou de algazarra, mas se ninguém for condenado, é o caso de ir até Brasília.”
A stylist polonesa Ela Pruszynska, 45, é casada com um brasileiro e mora em São Paulo há dois anos. Diz que não tem a menor ideia do que é o “mensalão”. “É uma coisa grave?”
“Não vejo cobrança no meu meio. As pessoas não se importam muito com o assunto”, diz Irene Martins, superintendente comercial, tomando champanhe numa pequena garrafa enquanto aguardava o desfile. “São todos [os políticos] farinha do mesmo saco.” “A gente torce [pela condenação], mas vai dar pizza”, dizia a arquiteta Gilda Arantes, com uma água perfumada para roupas de R$59,00 na sacola.
Guiando um carrinho de supermercado cheio de peças, a designer de joias Renata Camargo, 54, dizia que emagreceu e que por isso merece “um guarda-roupa novo”. Ela era uma das poucas que, naquela tarde, destoava da torcida. “A Dilma não sabia de nada [do “mensalão”]. E o Lula sabia pouco. Para mim, ele foi uma revelação. Antes dele, eu era contra o PT. Agora eu sou PT. É uma novela velha, mas temos de acompanhar.”
O marido de uma tradicional cliente da Daslu, empresário que tem concessão do governo e se aproximou do PT na era Lula, relatou à coluna que quase “apanhou” no casamento de um amigo, na igreja Nossa Senhora do Brasil, nos Jardins. “Quase quebrei o pescoço, de tanta tensão”, disse, pedindo que seu nome não fosse revelado.
Na festa, ele foi cobrado por ser amigo de alguns dos réus, que eram chamados de “ladrões, bandidos”. “Eu tentava argumentar, mas não deixavam. Principalmente as mulheres.” Elevou a voz e, segundo relata, afirmou: “Vocês querem fazer um bullying na era Lula”.
Diz que não negou a existência do “mensalão”, mas argumentou que não ocorreu apenas no governo do PT. “Eu disse: ‘Gente, nós estamos numa sala de aula. A classe toda tá colando. E agora estamos querendo pegar um aluno, aquele barbudo, com a voz rouca, que não tem um dedo, e expulsá-lo da sala. Isso é bullying puro, bullying da elite branca, que aliás também ‘cola’ na prova.”
Alguém lembra que uma consultoria [Tax Justice Network] calcula que em 40 anos os brasileiros depositaram cerca de R$1 trilhão em paraísos fiscais.
Nada funciona. Ele diz que apelou então para o pragmatismo. “Eu disse: ‘Gente, temos de pensar: nós ganhamos muito dinheiro na era Lula. E ele pode voltar. O que vai achar de tudo isso?’.” Os homens, ao menos, cederam.
No dia seguinte, do outro lado da marginal Pinheiros, em outro shopping, o JK Iguatemi, a Lool lançava a sua coleção de acessórios de verão. Amigas e clientes de Luiza Setubal, filha de Olavo Setubal Jr., se dirigiam para a loja. Alessandra Gabor, 29, redatora do blog da Lool, disse à coluna que estava achando o julgamento “banal, mas dentro do esperado”. “O [apresentador] Marcelo Tas colocou hoje no ‘Face’: no Brasil a realidade supera a ficção.”
Carmem Luzia, 55, passeava no shopping com sacolas da Le Lis Blanc e da Calvin Klein. “O ‘mensalão’ podia acontecer com qualquer partido”, opinou a dona de casa. E se disse confiante. “Ministra Cármen Lúcia [do STF]? Não conheço. Mas eu gosto daquele [ministro] Gilmar. Mendes, né? Ele tem pulso firme, não vai deixar o povo sair de fininho.”
No Blog Limpinho & CheirosoSecretaria convoca diretores de escola pública para ato pró-Serra
12 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaDiretora regional da Educação usou circular oficial e site do órgão para fazer convite à reunião
Secretaria afasta dirigente e instaura apuração; assessoria de campanha do candidato do PSDB não comenta
Uma diretoria da Secretaria Estadual de Educação usou uma circular oficial e a página da instituição na internet para convocar dirigentes de escolas públicas da capital paulista a participar de reunião de apoio à campanha de José Serra (PSDB).
O chamado à reunião foi publicado em um comunicado oficial da Diretoria Regional de Ensino Norte-1, que comanda as escolas estaduais de nove bairros da zona norte. Quem assina a circular e o convite é Lúcia Regina Mendes Espagolla, que comanda a diretoria.
A Secretaria de Educação faz parte da administração do governador Geraldo Alckmin (PSDB), aliado e cabo eleitoral de Serra.
No documento, editado pela diretoria semanalmente, o convite à reunião de campanha está entre avisos para comparecimento a cursos de qualificação profissional e requisição de merenda.
"A Dirigente Regional de Ensino convida os diretores e vice-diretores para evento com a presença do prof. Alexandre Schneider na Casa Ilha da Madeira, Rua Casa Ilha da Madeira, nº 214, 11/08/2012 às 10h", diz o texto. Schneider é o vice da chapa de Serra e ex-secretário municipal de Educação.
Segundo diretores e vice-diretores ouvidos pela reportagem, depois de disparar a circular, Espagolla telefonou para os subordinados ameaçando os que não comparecessem à reunião da campanha com a perda do cargo.
Pelo telefone, a dirigente teria dito que haveria uma lista de presença a ser assinada no local do encontro -um centro cultural na zona norte. Segundo eles, o aviso teria sido direcionados a professores que ocupam interinamente a direção nas escolas e, portanto, não têm estabilidade no cargo.
A reunião citada no comunicado foi organizada para ser a primeira de uma série de atos temáticos com foco na educação. Eles serão conduzidos por Schneider.
Na programação da campanha, em setembro, as propostas dos participantes serão apresentadas em um ato maior, com a presença de José Serra.
A ideia dos tucanos é, antes, colher sugestões em todas as regiões da capital.
Daniela LimaNo Brasil Mobilizado