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Daniela

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июня 14, 2012 21:00 , by Daniela - | No one following this article yet.

Nota de repúdio da Aty Guasu frente à divulgação de Guarani e Kaiowá na revista Veja

ноября 4, 2012 22:00, by Unknown - 0no comments yet

A OUTRA MARGEM - Crianças caiovás brincam na área invadida em Iguatemi. Seus pais deixaram a reserva do outro lado do rio em busca de mais terras 
Esta nota das lideranças de Aty Guasu Guarani e Kaiowá visa destacar a importância das manifestações públicas conscientes de cidadão (ã) do Brasil em defesa da vida Guarani e Kaiowá.
Além disso, pretendemos repudiar reiteradamente a divulgação e posição racista e discriminante de jornalista Leonardo Coutinho da REVISTA VEJA.
Observamos que na última semana, a REVISTA VEJA divulgou os temas: “VISÃO MEDIEVAL DE ANTROPÓLOGOS DEIXA ÍNDIOS NA PENÚRIA” E “NAÇÃO” GUARANI. Autor-jornalista é o Leonardo Coutinho.
A princípio, nós lideranças Guarani e Kaiowá entendemos que os cidadãos (ãs) brasileiros (as) merecem respeito, em geral, esperam de um jornalismo democrático um resultado da investigação justa e séria dos fatos para divulgá-los com ética e responsabilidade, demonstrando fielmente versões das partes envolvidas de modo a que a opinião pública possa construir conhecimento isento a respeito do tema divulgado, não é o que se constata na REVISTA VEJA diante da situação do Guarani e Kaiowá em foco.
Em primeiro lugar, constatamos que na divulgação mencionada de REVISTA VEJA há manifestação de racismo, preconceito e discriminação. Assim, fica evidente que o jornalista Leonardo Coutinho é racista, ele não procura compreender e divulgar a realidade dos Guarani e Kaiowá, faltando com a verdade total consigo mesmo, ou melhor, se desrespeitando e mentindo para todos (as) cidadãos (ãs) do Brasil. Visto que esse jornalista racista da REVISTA VEJA nem se preocupa em fazer o trabalho de jornalista a partir de uma aproximação minimamente científica, mas ele fez e divulgou o tema Guarani e Kaiowá de modo distorcida a partir de corpus de informações sem fundamento, meramente embasado em senso comum e sem valores científicos.
No contexto atual, é importante se observar que diante da manifestação contínua dos cidadãos (ãs) do Brasil em favor da demarcação e devolução de territórios tradicionais aos Guarani e Kaiowá, a imprensa REVISTA VEJA, como sempre, não perdeu a oportunidade de apresentar, mais uma vez, a imagem dos Guarani e Kaiowá como seres incapazes, como nós indígenas não fossemos seres humanos pensantes, fomos considerados como selvagens e truculentos; assim, nesta manchete da REVISTA VEJA há, antes de tudo, incitação ao preconceito, a discriminação e ao ódio o que acaba por colocar em risco total toda a população Guarani e Kaiowá, alimentando violências, racismo, discriminação e estigmas sobre os Guarani e Kaiowá, por isso, nós lideranças da Aty Guasu pedimos as autoridades competentes para realizar uma investigação rigorosa e punição cabível ao autor, Leonardo Coutinho que foi responsável pela divulgação de imagem negativa Guarani e Kaiowá na REVISTA VEJA.
Diante dessa divulgação infundada da REVISTA VEJA a respeito de luta Guarani e Kaiowá, nós lideranças indígenas não acreditamos que a maioria dos cidadãos (ãs) do Mato Grosso do Sul e do Brasil tenha conhecimento sobre Guarani e Kaiowá somente a partir do senso comum a distância, porém compreendemos que todos (as) brasileiros (as) manifestantes são educados e adquirem os seus conhecimentos sobre a situação atual Guarani e Kaiowá a partir de observações diretas da realidade do grupo social que por isso têm fundamentos para refletir e se manifestar como cidadão (ã). De fato, é isso que está ocorrendo no último mês no Brasil, cidadãos (ãs) conscientes se manifestaram e ainda se manifestam, através das redes sociais e em espaços públicos, em favor da vida dos Guarani e Kaiowá, exigindo as efetivações de direitos humanos e indígenas. Porém, o jornalista Leonardo da REVISTA VEJA considera que esses cidadãos (ãs) manifestantes seriam ignorantes e não conheceriam as situações dos Guarani e Kaiowá, os tachando de ignorantes aos cidadãos (ãs) em manifestação. Em nosso entendimento, como indígenas Guarani e Kaiowá, consideramos sim que esses cidadãos (ãs) manifestantes de várias federações do Brasil conhecem muito bem a nossa história e nossa situação atual, por essa razão ampla se manifestam em favor de nossa vida para garantir a nossa sobrevivência. Enquanto o Leonardo Coutinho da REVISTA VEJA tenta colocar os Guarani e Kaiowá em risco total além de ignorar os conhecimentos dos cidadãos (ãs) manifestantes.
Queremos deixar evidentes que nós lideranças da Aty Guasu Guarani e Kaiowá de modo autônomos e conscientes vimos lutando pela recuperação de nossos territórios antigos, essa luta pelas terras tradicionais é exclusivamente nossa, nós somos protagonistas e autores da luta pelas terras indígenas, nós envolvemos os agentes dos órgãos do Estado Brasileiro, os agentes das ONGs e todos os cidadãos (ãs) do Brasil e de outros países do Mundo.
Finalizando, nós lideranças da Aty Guasu Guarani e Kaiowá de modo conscientes vamos lutar sem parar pela recuperação de nossas terras antigas, juntamente com cidadãos (ãs) manifestantes do Brasil em destaque, continuremos a lutar contra GENOCÍDIO Guarani e Kaiowá e iremos insistir na necessidade premente do Estado brasileiro se envolver profundamente com o nosso problema Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul. Sabemos que Governo do Brasil tem seu dever Constitucional assumir e decidir com firmeza e rigor uma dinâmica eficaz para fazer respeitar Direitos Humanos e Indígenas no Mato Grosso do Sul. Entendemos perfeitamente que é dever do Estado brasileiro viabilizar recursos financeiros e humanos, refletir e planejar estratégias que culminem em soluções efetivas aos problemas fundiários dos Guarani e Kaiowá aqui focada. Diferentemente da REVISTA VEJA, temos grande esperança e entendemos que os apoios de manifestantes dos cidadãos (ãs) do Brasil deverão contribuir, no tempo, para melhorar a qualidade de vida dessa grande parcela do nosso povo Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul.
Por fim, prestamos o nosso imenso agradecimento a todos (as) cidadãos (ãs) manifestantes pela compreensão e atenção merecida. A nossa luta continua contra GENOCÍDIO.
Atenciosamente,
Tekoha Guasu Guarani e Kaiowá, 04 de novembro de 2012
Lideranças da Aty Guasu Guarani e Kaiowá-MS
No CIMI



Esqueçam o que escrevi 2

ноября 4, 2012 22:00, by Unknown - 0no comments yet

FHC agora não fala mais, textualmente, em esquecer o povão. Pelo menos é o que se depreende da leitura de seu artigo "Hora de balanço" (publicado neste domingo, 4/11, em alguns jornais do País).
O ex-presidente diz:
"O PSDB, como escrevi tantas vezes, deve se dirigir aos mais pobres, mas também às classes médias, tanto às antigas como às camadas que aumentaram a renda, mas ainda não têm identificação social própria".
O "como escrevi tantas vezes" traz imediatamente à memória o artigo "O papel da oposição", publicado em 2011 na revista Interesse Nacional. Lá se expressa um pensamento diametralmente oposto. O recado foi entendido à época como: esqueçam os pobres, pois eles estão irremediável vinculados ao PT. Concentrem-se na classe média, principalmente a classe C, que está crescendo e se tornando majoritária - portanto, tem votos suficientes para ganhar eleições.
De forma bastante categórica, o artigo de 2011 não deixava margem a dúvidas:
"Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os "movimentos sociais" ou o "povão", isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos. Isto porque o governo "aparelhou", cooptou com benesses e recursos as principais centrais sindicais e os movimentos organizados da sociedade civil e dispõe de mecanismos de concessão de benesses às massas carentes mais eficazes do que a palavra dos oposicionistas, além da influência que exerce na mídia com as verbas publicitárias.
Sendo assim, dirão os céticos, as oposições estão perdidas, pois não atingem a maioria. Só que a realidade não é bem essa. Existe toda uma gama de classes médias, de novas classes possuidoras (empresários de novo tipo e mais jovens), de profissionais das atividades contemporâneas ligadas à ti (tecnologia da informação) e ao entretenimento, aos novos serviços espalhados pelo Brasil afora, às quais se soma o que vem sendo chamado sem muita precisão de "classe c" ou de nova classe média".
[...]
"É a estes que as oposições devem dirigir suas mensagens prioritariamente, sobretudo no período entre as eleições, quando os partidos falam para si mesmo, no Congresso e nos governos".
Impossível ser mais claro: o povão não é prioridade para o PSDB. A prioridade seria supostamente a classe C, ou "nova classe média". Este era o recado.
Como a mudança de discurso vem na esteira de um balanço das eleições municipais de 2012, entende-se que principalmente o revés sofrido em S. Paulo pode ter falado mais alto. FHC talvez seja o primeiro a reconhecer que as derrotas amargadas em 2002, 2006 e 2010 foram mais que eventos episódicos. Pode ser que os tucanos, "quae sera tamem", tenham começado a compreender que as perdas eleitorais sucessivas foram fruto não só da estratégia bem sucedida do PT quanto da orientação programática equivocada que o PSDB e seus aliados abraçaram no longo prazo. Equívocos que se reverberaram pelo Estado de S. Paulo e fragilizaram suas perspectivas de formar uma coalizão nacional mais competitiva nas próximas eleições presidenciais.
O ex-presidente agora inverteu a posição da classe C na equação tucana. Na frase exposta, esta classe deixou de figurar como "prioritária" para virar um "mas também". Mesmo assim, o balanço de FHC termina com um ato falho. Revela-se uma visão estratosférica e estereotipada da dita classe C. A frase sobre as "camadas que aumentaram a renda, mas ainda não têm identificação social própria" sugere que os emergentes são "ainda" pobres de espírito e andam órfãos em busca de quem lhes dê uma razão de ser. De novo erram o alvo do problema a ser por eles enfrentado. Na verdade, quem de fato anda à cata de uma "identificação social própria" não é a classe média. É o próprio PSDB.



Petrobras desmente Veja, mais uma vez

ноября 4, 2012 22:00, by Unknown - 0no comments yet

Em relação a "reporcagem" "O enrosco do subsídio" (ver abaixo) publicada na última sexta-feira (02/11) pela revista Veja. Confira, abaixo, as respostas encaminhadas pela Petrobras ao veículo. (Fonte: Fatos e Dados)
Pergunta: A perda da autossuficiência estava prevista pela empresa? Qual o plano para retomá-la?
Resposta: De acordo com os dados internos e as projeções do Plano de Negócios e Gestão 2012-2016 da Companhia, a autossuficiência em petróleo, definida pelo saldo líquido volumétrico positivo das exportações, menos importações, será mantida, mesmo nos anos de 2012 e 2013, quando teremos produção estável em relação a 2011 e consumo crescente de derivados. Desconhecemos a memória de cálculo que sustente os números apresentados pelo gráfico e tabela encaminhados pela Revista Veja.
Pergunta: Ao longo dos últimos anos, a Petrobras aboliu indicadores específicos de desempenho, como as metas de produção por plataformas e bônus específicos por função gerencial (a remuneração variável passou a ser a mesma para todas as funções.) É possível saber o quanto a falta desses indicadores influenciou a queda de eficiência na operação? A retomada dessas métricas indica que elas podem ajudar a retomar a produtividade?
Resposta: A Petrobras nunca deixou de trabalhar com metas e indicadores. Com o Plano de Negócios e Gestão 2012/2016, essa questão foi reforçada: as metas corporativas do plano de negócios serão desdobradas até o nível de cada empregado. Quanto à meta de produção de óleo, especificamente, é composta pela soma das metas de produção de óleo de cada unidade de produção. Ou seja: cada gerente de plataforma de campo marítimo ou de operação de um campo terrestre conhece claramente qual a sua meta específica de produção e trabalha para atingi-la ao longo do ano. Não atribuímos, portanto, à falta de indicadores a queda de eficiência na operação de algumas plataformas.
Pergunta: Quais as principais medidas para recuperar a eficiência das plataformas da Bacia de Campos?
Resposta: Um programa especial foi elaborado de forma a estruturar ações especificas para cada sistema de produção da Unidade de Operações da Bacia de Campos (UO-BC), com o objetivo de restaurar e consolidar o retorno aos níveis históricos de eficiência operacional da citada unidade. Esse programa é o PROEF – Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos – UO-BC.
Essa unidade de operações, complexa estrutura de produção de petróleo marítima, já considerada madura, com plataformas e sistemas submarinos em operação há 20, e até 30 anos, que atua em larga escala e em lâminas d´água rasas e profundas. Há, ali, um desafio intrínseco na manutenção de elevados índices de eficiência operacional e, consequentemente, da produção de petróleo e gás, nesse cenário.
Inspeções recentes em todo esse complexo marítimo constataram a necessidade de alocar ainda mais recursos para a recuperação da operação de poços, sistemas submarinos e plataformas. Essas ações terão como resultado um retorno da eficiência operacional da UO-BC a patamares que a tornarão perfeitamente alinhada às demais unidades de operações, que oscilam em torno de 90%. Com esse programa, espera-se um potencial de recuperação entre 150 mil e 200 mil barris de óleo por dia (bopd) nos próximos cinco anos, com significativo impacto econômico positivo. Desde abril até agosto de 2012, foram despendidos US$ 398 milhões com o PROEF e o Valor Presente Líquido (VPL) estimado para essas operações é de US$ 357 milhões. O mesmo programa começa a ser implantado agora na Unidade de Operações Rio (UO-Rio), que abriga os sistemas de produção mais recentes da Bacia de Campos.
Pergunta: As paradas obrigatórias de manutenção demoraram mais tempo do que o esperado. Que tipo de problema fez com que essa manutenção levasse mais tempo? Foi preciso adotar algum procedimento específico desta vez?
Resposta: Há uma iniciativa específica no Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos (PROEF), que trata dos problemas enfrentados com as paradas programadas de plataformas. As paradas para manutenção em unidades de produção offshore estão sujeitas a diversas restrições. Como exemplo, podemos citar a plataforma P-52. Durante a parada para manutenção dessa unidade de produção, enfrentamos ventos acima de 30 Knots, que impediram, por vários dias, o trabalho dos escaladores na torre do flare (equipamento destinado a queimar o gás descartado de um poço em produção). Além disso, há problemas que só podem ser detectados quando o equipamento está sob intervenção, como no caso de trincas na base do queimador do flare, uma área com temperatura de quase 1.000oC, que exigiu uma mobilização excepcional.
Pergunta: As equipes de manutenção que trabalham na Bacia de Campos estão há quanto tempo trabalhando lá? Qual o turn over na manutenção da Bacia de Campos?
Resposta: As equipes de manutenção vêm sendo renovadas, com a admissão de novos empregados, que também têm contribuído para a tripulação das muitas plataformas que entraram em operação ao longo dos últimos anos. Ao mesmo tempo, a Companhia conta com empregados que têm até 35 anos de experiência e são responsáveis pela manutenção das plataformas. Cerca de 50% dos empregados da Petrobras têm até 10 anos de empresa. Os mecanismos de retenção de talentos da Companhia têm contribuído para que a empresa tenha uma baixíssima perda nas suas equipes na Bacia de Campos, que está, hoje, em torno de apenas 1% . Além das equipes próprias de manutenção, a Petrobras conta com serviços especializados nessa área, contratados regularmente junto ao mercado.

A reporcagem

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Observação deste blog: O dedo tucano na fonte da Veja
O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) no qual Veja obteve com exclusividade o estudo inédito, [último parágrafo da primeira coluna acima] tem como sócio-fundador Adriano Pires, que atuou na Agência Nacional de Petróleo (ANP) durante a gestão de David Zylbersztajn, ex-genro de FHC.

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Catastroika

ноября 4, 2012 22:00, by Unknown - 0no comments yet

O novo documentário da equipe responsável por Dividocracia (assista-o aqui) chama-se Castastroika e faz um relato avassalador sobre o impacto da privatização massiva de bens públicos e sobre toda a ideologia neoliberal que está por detrás. Catastroika denuncia exemplos concretos na Rússia, Chile, Inglaterra, França, Estados Unidos e, óbviamente, na Grécia, em setores como os transportes, a água ou a energia. Produzido através de contribuições do público, conta com o testemunho de nomes como Slavoj Žižek, Naomi Klein, Luis Sepúlveda, Ken Loach, Dean Baker e Aditya Chakrabortyy.
De forma deliberada e com uma motivação ideológica clara, os governos daqueles países estrangulam ou estrangularam serviços públicos fundamentais, elegendo os funcionários públicos como bodes expiatórios, para apresentarem, em seguida, a privatização como solução óbvia e inevitável. Sacrifica-se a qualidade, a segurança e a sustentabilidade, provocando, invariavelmente, uma deterioração generalizada da qualidade de vida dos cidadãos.
As consequências mais devastadores registram-se nos países obrigados, por credores e instituições internacionais (como a Troika), a proceder a privatizações massivas, como contrapartida dos planos de «resgate». Catastroika evidencia, por exemplo, que o endividamento consiste numa estratégia para suspender a democracia e implementar medidas que nunca nenhum regime democrático ousou sequer propor antes de serem testadas nas ditaduras do Chile e da Turquia. O objetivo é a transferência para mãos privadas da riqueza gerada, ao longo dos tempos, pelos cidadãos. Nada disto seria possível, num país democrático, sem a implementação de medidas de austeridade que deixem a economia refém dos mecanismos da especulação e da chantagem — o que implica, como se está a ver na Grécia, o total aniquilamento das estruturas basilares da sociedade, nomeadamente as que garantem a sustentabilidade, a coesão social e níveis de vida condignos.
Se a Grécia é o melhor exemplo da relação entre a dividocracia e a catastroika, ela é também, nestes dias, a prova de que as pessoas não abdicaram da responsabilidade de exigir um futuro. Cá e lá, é importante saber o que está em jogo — e Catastroika rompe com o discurso hegemônico onipresente nas mídias convencionais, tornando bem claro que o desafio que temos pela frente é optar entre a luta ou a barbárie.



A dosimetria da ditadura e o mensalão

ноября 4, 2012 22:00, by Unknown - 0no comments yet


 

Se você já viu pessoas preocupadas com o tamanho das penas do mensalão, é bom prestar atenção numa coisa.
Tanto Dirceu como Genoíno já foram presos durante a ditadura militar. Eram considerados perigosíssimos por um regime que não respeitava as liberdades nem os direitos fundamentais.
Nenhum cumpriu pena semelhante às que podem receber agora, nesta semana em que o STF volta a definir as penas dos réus do mensalão.
Temos réus, como Marcos Valério, condenados a 40 anos. Um de seus sócios, Ramon Hollerbach, já chegou a 14 anos. Não sabemos até onde isso vai chegar.
(Francamente: nem Suzana Richthofen, que matou o pai e a mãe e fugiu com o namorado para o motel pegou pena tão larga. Nem o Nardoni, condenado por jogar a filha da janela do sexto andar.)
A maioria dos estudiosos calcula que as penas de José Dirceu podem chegar ao infinito. Ele foi condenado 9 vezes por corrução ativa. Se pegar a pena mínima 9 vezes, já são 18 anos. Dirceu também foi condenado por formação de quadrilha. No ambiente de quem condena mais que tem animado debates que poderiam ser mais sóbrios, é difícil imaginar até onde os ministros podem ir.
Muitos observadores calculam que José Genoíno pode ser condenado a 12 anos.
São penas duríssimas, como você já deve ter reparado. Estamos falando da privação de liberdade de pessoas contra as quais não há assim provas “robustas”, para empregar uma linguagem de quem é especialista. Estamos no mundo do plausível, do acredito, do só pode ser assim.
Mas também estamos numa democracia, onde todos tem direito a uma defesa e merecem ser considerados inocentes até prova em contrário, não é mesmo?
Não deixa de ser curioso reparar o que aconteceu com Dirceu e Genoíno, quando foram presos pelo regime militar.
Acusado de integrar o “núcleo político” do mensalão, Genoíno tinha lá sua hierarquia em 1972, quando foi preso na guerrilha do Araguaia. Foi acusado de ser “coordenador e chefe do grupo de guerrilheiros” da região da Gameleira. Esperou três anos para ser julgado e, no fim, recebeu a pena máxima. Sabe quanto? Cinco anos.
Na sentença, os juízes militares ainda tiveram o cuidado de explicar que uma pena tão elevada se devia à “periculosidade do criminoso e não do crime.” Contribuiu para a severidade da pena o fato de que Genoíno denunciou ter sido torturado na prisão.
Considerou-se que isso ajudava a definir Genoíno como “fanático guerrilheiro e político perigosíssimo.”
Depois de cumprir três anos de cadeia, Genoíno tentou transformar a pena restante em liberdade condicional. Não conseguiu e ficou preso até o último dia.
José Dirceu foi preso no Congresso da UNE, em Ibiúna, e só recuperou a liberdade porque, no ano seguinte, foi incluído no grupo de presos políticos trocados pelo embaixador Charles Elbrick. Até então, já havia ficado um ano na prisão, sem julgamento.
Não interessava a ditadura levar Dirceu para o banco dos réus. O plano era que ficasse ali, no puro arbítrio.
O único crime de que poderia ser acusado era de tentar reorganizar “entidade extinta”, o que não era grande coisa pelos parâmetros da ditadura. Teve gente condenada por isso que pegou seis meses de prisão. Era tão pouco tempo, na época, que a maioria já tinha cumprido a pena antes do julgamento.
A pena de banimento de Dirceu, anunciada depois que foi trocado pelo embaixador, durou nove anos.
Metade da pena que poderá receber caso o STF aplique a pena mínima para as nove condenações por corrupção ativa – apenas.
E é claro que, no STF, estamos assistindo a um julgamento político.
Como os julgamentos da auditoria militar, num tempo em que o Supremo convivia subjugado com um tribunal que usurpava a mais nobre das funções de um juiz, que é fazer o justo sem ameaçar a liberdade.
Não acho que a Justiça militar seja exemplo de coisa alguma para alguma coisa. Tolerava a tortura, fingia não enxergar execuções, agia com docilidade perante a ditadura. Julgava com provas sem valor legal, pois obtidas sob tortura.
Mas é lamentável constatar que nem um regime que não tinha o menor compromisso com a democracia, considerando-se no direito de suspender as liberdades públicas para combater a “subversão e a corrupção,” aplicou penas tão duras. Uma ditadura, como sabemos, trabalha na lógica da presunção da culpa.
E vamos combinar. De armas na mão, vivendo no meio de agricultores miseráveis do interior do Pará, não havia como negar que Genoíno estivesse envolvido na guerrilha.
Dirceu era candidato a presidente da UNE, fora presidente da UEE. Sua prisão, em Ibiuna, foi um flagrante, digamos assim. A lei era arbitrária, pois proibia uma entidade legítima. Mas a prova existia, certo?
E aí chegamos ao Supremo, em 2102. Temos penas máximas, contra provas mínimas.
Nenhuma história contra José Dirceu fechou. Até agora estão investigando o Banco Central para ver se aparece alguma coisa a mais na atuação de Marcos Valério. Já se passaram sete anos…
Contra José Genoíno, tem-se a dedução de que o pedido de empréstimo que assinou era fajuto. Mas o empréstimo estava lá, registrado, foi renovado, mais uma vez, e outra.
Um ministro já comparou os envolvidos no mensalão com o Comando Vermelho e com o PCC. Outro, falou que eles queriam dar um golpe de Estado. Mais de uma vez, entre uma sentença e outra, ouviram-se ironias sobre o Partido dos Trabalhadores, e até insinuações que envolviam Dilma Rousseff.
Que dosimetria, não?
Paulo Moreira Leite
No Vamos combinar