O Crime Organizado pelos Banqueiros
июля 13, 2012 21:00 - no comments yetA invenção da moeda, contemporânea à do Estado, foi um dos maiores lampejos da inteligência humana. A primeira raiz indoeuropéia de moeda é “men”, associada aos movimentos da alma na mente, que chegou às línguas modernas pelo verbo sânscrito mányate (ele pensa). Sem essa invenção, que permite a troca de bens de natureza e valores diferentes, não teria havido a civilização que conhecemos.
A construção das sociedades e sua organização em estados se fizeram sobre essa convenção, que se funda estritamente na boa fé de todos que dela se servem. Os estados, sempre foram os principais emissores de moeda. A moeda, em si mesma, é neutra, mas, desde que surgiu, passou a ser também servidora dos maiores vícios humanos. Com a moeda, vale repetir o lugar comum, cresceram a cobiça, a luxúria, a avareza – e os banqueiros.
A moeda, ou os valores monetários, mal ou bem, estavam sob o controle dos Estados emitentes, que se responsabilizavam pelo seu valor de face, mediante metais nobres ou estoques de grãos. Nos tempos modernos, no entanto, a sua garantia é apenas virtual. Os convênios internacionais se amarram a um pacto já desfeito, o Acordo de Bretton Woods, de 1944. A ruptura do contrato foi ato unilateral dos Estados Unidos, sob a presidência Nixon, ao negar a conversibilidade em ouro do dólar, moeda de referência internacional pelo Acordo.
Essa decisão marca o surgimento de uma nova era, em que o valor da moeda não se relaciona com nada de sólido. Os bancos, ao administrá-la, deveriam conduzir-se de forma a merecer a confiança absoluta dos depositantes e dos acionistas, e assegurar essa mesma confiabilidade às suas operações de crédito. O papel social dos bancos é o de afastar os usurários e agiotas do mercado do dinheiro. Mas não é desta forma que têm agido, sobretudo nestes nossos tempos de desmantelamento dos estados.Hoje, não há diferença entre um Shylock shakespereano e qualquer dirigente dos grandes bancos.
Na Inglaterra, o escândalo do Barclays, que se confessou o primeiro banco responsável pela manipulação da taxa Libor, provocou o espanto da opinião pública, mas não dos meios financeiros que não só conheciam o deslize, como dele se beneficiavam.
Segundo noticiou ontem El Pais, os dois grandes executivos da Novagalícia, surgida da incorporação de duas instituições oficiais da província galega – a NovaCaixa e a Caixa Galícia – e colocada sob o controle de Madri em setembro do ano passado, pediram desculpas aos seus clientes, por ter a instituição agido mal. Entre outros de seus malfeitos, esteve o de enganar pequenos investidores mal informados, entre eles alguns analfabetos, com aplicações de alto risco, ou seja, ancoradas em débitos podres, as famosas subprimes, adquiridas dos bancos maiores que operam no mercado imobiliário do mundo inteiro.
Além disso, os antigos responsáveis por esses desvios, deixaram seus cargos percebendo indenizações altíssimas. E os novos administradores tiveram sua remuneração reduzida, por serem as antigas absolutamente irracionais. Com todas essas desculpas, a Novagalícia quer uma injeção de seis bilhões de euros, a fim de regularizar a sua situação.
Este jornal (JB) reproduziu, ontem, artigo de The Economist, a propósito da manipulação da taxa Libor, por parte do Barclays, e disse, com a autoridade de uma revista que sempre esteve associada à City, que não há mais confiança nos maiores bancos, do mundo, como o Citigroup, o J.P.Morgan, a União de Bancos Suíços, o Deutschebank e o HSBC. Executivos desses bancos, de Wall Street a Tóquio, estão envolvidos na grande manipulação sobre uma movimentação financeira total de 800 trilhões de dólares.
Para entender a extensão da falcatrua, o PIB mundial do ano passado foi calculado em cerca de 70 trilhões de dólares, menos de dez por cento do dinheiro que circulou escorado na taxa manipulada pelos grandes bancos. A Libor, sendo a taxa usada nas operações interbancárias, serve de referência para todas as operações do mercado financeiro.
O mundo se tornou propriedade dos banqueiros. Os trabalhadores produzem para os banqueiros, que controlam os governos. E quando, no desvario de sua carência de ética, e falta de inteligência, os bancos investem na ganância dos derivativos e outras operações de saqueio, são os que trabalham, como empregados ou empreendedores honrados, que pagam. É assim que estão pagando os povos da Grécia, da Espanha, de Portugal, da Grã Bretanha, e do mundo inteiro, mediante o arrocho e o corte das despesas sociais, pelos governos vassalos, alem do desemprego, dos despejos inesperados, das doenças e do desespero, a fim de que os bancos e os banqueiros se safem.
Se os governantes do mundo inteiro fossem realmente honrados, seria a hora de decidirem, sumariamente, pela estatização dos bancos e o indiciamento dos principais executivos da banca mundial. Eles são os grandes terroristas de nosso tempo. É de se esperar que venham a conhecer a cadeia, como a está conhecendo Bernard Madoff. Entre o criador do índice Nasdaq e os dirigentes do Goldman Sachs e seus pares, não há qualquer diferença moral.
Os terroristas comuns matam dezenas ou centenas de cada vez. Os banqueiros são responsáveis pela morte de milhões de seres humanos, todos os anos, sem correr qualquer risco pessoal. E ainda recebem bônus milionários.
E a liberdade de expressão no Paraguai?
июля 13, 2012 21:00 - no comments yet![]() |
http://paraguayresiste.com |
Os golpistas do Paraguai censuram, demitem jornalistas e fecham rádios comunitárias com a cumplicidade da mesma mídia – local e mundial – que adora clamar cinicamente por “liberdade de expressão”. Nesta semana, a Federação Internacional dos Jornalistas (FIP) divulgou nota denunciando que “os trabalhadores da imprensa sofrem ameaças em seus postos de trabalho em função das opiniões que assumem publicamente” e que “o temor de perder o emprego opera mais forte do que a pior das censuras”.
Perseguição às rádios comunitárias
Segundo Vicente Páez, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas do Paraguai, “os meios de comunicação privados reduziram os espaços dedicados às mobilizações contra a ruptura da ordem democrática”. Notícias sobre protestos em várias partes do país são censuradas e o governo e a mídia golpista vendem a imagem de que reina a paz. Já antes do golpe, a imprensa tentou criar um clima de pânico na sociedade. “As corporações midiáticas foram complacentes com a destituição de Lugo”, afirma Páez.
Por sua vez, Alcides Villamayor, representante da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc) no Paraguai, tem alertado para o risco de um “cerco legal” contra estas emissoras. Em recente entrevista, Carlos Gómez Zelada, novo chefe da Comissão Nacional de Telecomunicações, anunciou que “200 rádios perderão as suas concessões”. Villamayor, que também é dirigente da Associação Paraguai de Comunicação Comunitária, garante que a liberdade de expressão está em perigo no país.
TV Pública atacada pelos golpistas
Um dos alvos principais dos trogloditas que usurparam o poder é a TV Pública do Paraguai. No mesmo dia da deposição de Lugo, em 22 de junho, Christian Vázquez, jagunço dos golpistas, visitou a sede da emissora, em Assunção, e exigiu que fosse tirado do ar o programa “Micrófono Abierto”. Ele não obteve êxito porque os trabalhadores resistiram e, na sequência, várias populares se concentraram na sede, que virou um dos principais polos de resistência ao golpe.
Gustavo Granero, vice-presidente da FIP, lembra que, além das constantes ameaças à TV Pública, a Rádio Nacional do Paraguai também deixou de exibir a sua programação habitual. Programas de organizações sociais, como a dos jovens e a dos migrantes no exterior, foram tirados do ar. Para ele, “é muito preocupante o que ocorre no Paraguai”. Governo e empresários censuram e a mídia monopolizada tornou-se o principal partido dos golpistas. Ele alerta para a urgência da solidariedade internacional.
Monopólio da mídia privada
Para o jornalista Washington Uranga, do diário argentino Página 12, não há mais liberdade de expressão no Paraguai. “Dezenas de repórteres, comunicadores sociais e produtores estão sendo demitidos da Rádio Nacional, da Televisão Pública, da agência de notícias oficial IP Paraguay e da Secretaria de Informação e Comunicação (Sicom). As demissões, sem causa justificada, apoiam-se em argumentos ideológicos e políticos. Além disso, os correios eletrônicos de muitos jornalistas sofreram inexplicável bloqueio”.
Com a destruição dos meios públicos e comunitários, a única voz que impera é a dos monopólios privados. "Os diários de maior circulação no país, ABC Color e Ultima Hora, foram permanentes instigadores do julgamento político contra Lugo e suas páginas justificam o golpe institucional. ABC pertence ao grupo Zuccolillo, tradicional aliado do Partido Colorado, que patrocinou o golpe e aspira chegar ao poder nas eleições de abril do próximo ano. Ultima Hora é do grupo Vierce, dono também da Telefuturo, La Tele e de dez rádios espalhadas por todo o país. Todos estes veículos atacaram, de maneira infundada, a Lugo”.
O silêncio dos falsários
Diante deste quadro dramático, nenhuma corporação midiática – do Brasil ou da maior parte do mundo – condena os atentados à democracia e à liberdade de expressão no Paraguai. A Sociedade Americana de Prensa (SIP) não dá os seus costumeiros chiliques, sempre dirigidos contra os governos progressistas da região. Os “calunistas” amestrados da TV Globo, Veja, Estadão ou Folha não se pronunciam sobre a censura, a demissão de jornalistas e o fechamento das rádios comunitários. São uns falsários!
RSF critica Paraguai e diz que país quer "pôr de lado jornalistas considerados incômodos"
июля 13, 2012 21:00 - no comments yetNa última quinta-feira (12/7), a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou o que chamou de "monopólio" da mídia pública do Paraguai, informou a agência EFE. A organização afirmou que há no país um "clima de tensão e de intimidações" contra jornalistas.
"Três semanas depois do golpe parlamentar que derrubou o presidente Fernando Lugo, em 22 de junho de 2012, um clima de tensão e de intimidações reina entre os meios de comunicação públicos", disse a RSF em comunicado.
A organização alertou também para o fato de que "inevitavelmente, a liberdade de informação sofrerá com as pressões contra jornalistas e especialmente um nicho da categoria conhecido por sua oposição à ofensiva parlamentar de 22 de junho". "Os fatos que chegam a nós demonstram, infelizmente, a intenção de tomar o controle do serviço público de comunicação com um objetivo claro: minimizar ao máximo as condições e consequências da destituição de Lugo", considerou a RSF.
Segundo a ONG, o Paraguai está tentando por meio de manobras "pôr de lado jornalistas considerados incômodos" e censurando parcialmente alguns programas.
No Portal ImprensaImprensa ajuda futebol a virar balcão de negócios
июля 13, 2012 21:00 - no comments yetO uso de transferências de jogadores consagrados como ferramenta de marketing está atingindo os limites do paroxismo, aumentando a rentabilidade dos negócios no esporte graças à colaboração decisiva da imprensa tupiniquim.
Está cada dia mais difícil distinguir a abordagem jornalística de fatos esportivos dos milionários interesses comerciais no futebol, vôlei, atletismo e, mais recentemente, as polêmicas competições de luta em octógonos.
As empresas patrocinadoras de eventos, articuladas com especialistas de marketing e publicidade, em sintonia com clubes e atletas, transformaram o esporte numa indústria bilionária alavancada pela paixão e pelo espírito competitivo dos torcedores. A imprensa embarcou neste jogo sem o menor espírito critico e de olho nas gordas verbas publicitárias.
Nas últimas semanas, o noticiário esportivo focou suas atenções na chegada de jogadores como o holandês Seedorf e o uruguaio Diego Forlan, vindos de clubes europeus em meio a uma cobertura jornalística digna de grandes estrelas, embora se tratem de atletas que já não se encontram mais no auge de suas carreiras.
Os clubes e empresas de marketing mobilizam torcedores para protagonizar ruidosas recepções em aeroportos, generosamente cobertas pela imprensa para despertar a curiosidade do público e predispô-lo a comprar camisetas com os nomes dos ídolos. A estratégia sincronizada se completa com a mobilização dos torcedores para a estreia dos novos craques cuja principal função é aditivar a presença de público nos jogos do Brasileirão 2012.
As vedetes esportivas geralmente têm vida curta e coincidente com as taxas de retorno publicitário. Os dois Ronaldos, o Gaúcho e o Fenômeno, são exemplos claros da manipulação das esperanças dos torcedores. Estes foram levados a crer que os dois jogadores fariam milagres nos respectivos clubes. Mas passado o impacto publicitário, e quando ambos deixaram claro que não dariam o sangue por suas equipes, a estratégia publicitária foi desmontada rapidamente, frustrando flamenguistas e corintianos.
Noutros casos, os atletas importados a peso de ouro acabaram vitimas de seu próprio desgaste físico em campeonatos europeus. Tornaram-se frequentadores assíduos das enfermarias ao mesmo tempo em que dedicavam mais atenção aos clubes noturnos do que aos treinamentos. O problema não está nos atletas, mas sim na exploração de sua imagem para induzir ímpetos consumistas no torcedor.
O que impressiona é a omissão dos jornalistas esportivos, hoje cada vez mais transformados em personalidades estelares, que em vez de servir de consciência crítica para os leitores aceitaram virar “banda de música” para conglomerados bancários, automobilísticos, empresas multinacionais, operadoras telefônicas, comércio varejista etc. Não temos mais imprensa esportiva. O que temos são atores coadjuvantes de um show de marketing.
A indústria do esporte é talvez o segmento mais lucrativo de todo o segmento comercial de espetáculos públicos, hoje o grande filão comercial da mídia. Tão rentável que ela logra mudar a grade de horários de programação da televisão, influir no calendário nacional e mudar hábitos tradicionais dos telespectadores.
O Brasileirão tornou-se o grande palco das estratégias comerciais de patrocinadores, clubes e empresários de atletas. Nas últimas duas versões do principal campeonato nacional ocorreram fatos intrigantes. Durante quase toda a disputa houve uma enorme alternância de clubes tanto na parte de cima como na parte de baixo da tabela, o que serviu para manter vivas as esperanças de torcedores de equipes com aspirações ao título ou das ameaçadas de rebaixamento.
Outra coincidência: em 2010 e 2011, o título e os rebaixamentos foram decididos na última rodada, o que serviu para levar ao limite a afluência de público aos estádios, o que obviamente se refletiu na receita das bilheterias e no faturamento publicitário. Não há dados concretos para falar em manipulação de resultados, mas a estratégia publicitária é obvia.
Se hoje já estamos sendo bombardeados pelo marketing esportivo, imaginem o que vai acontecer em 2014, na Copa do Mundo.
Carlos CastilhoNo Observatório da Imprensa