Corregedoria não arquiva ação de Collor contra Gurgel
6 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaA batata do Gurgel segue no forno |
A Alta Magistratura brasileira se confronta com um Ministro do Supremo citado em operação de Caixa Dois de mensalão tucano, e um chefe do Ministério Público, por quem só a Globo põe a mão no fogo, ameaçado de destituição porque não impediu a ação criminosa de Carlinhos Cachoeira.
Leia agora a íntegra da decisão do próprio Ministério Público, que mantém no forno a batata do Gurgel:
Acatado recurso ao arquivamento da reclamação disciplinar contra o Procurador-Geral da República no Conselho Nacional do Ministério Público.Matéria será apreciada pelo Plenário do Conselho.
CPI apontará envolvidos nos três poderes e na imprensa
6 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaAo fazer o balanço do andamento da Comissão Parlamentar Mista do Congresso (CPMI) que investiga as atividades da organização criminosa comandada pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em artigo publicado na Folha em 3 de agosto, o relator deputado Odair Cunha (PT-MG) disse que estão sendo investigadas 516 contas bancárias distribuídas por 21 bancos. E que a base de dados envolve um “volume financeiro que passa de R$ 18 bilhões”.
É um valor elevado. Para saber como anda o trabalho da CPI nessa retomada do processo legislativo depois do recesso, e como seus integrantes estão vendo a continuidade da investigação nos próximos meses, o blog ouviu o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente da CPI. Aqui vai o seu depoimento:
É um valor elevado. Para saber como anda o trabalho da CPI nessa retomada do processo legislativo depois do recesso, e como seus integrantes estão vendo a continuidade da investigação nos próximos meses, o blog ouviu o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente da CPI. Aqui vai o seu depoimento:
O que estamos vendo, pela documentação existente, é que se trata de uma sofisticada organização criminosa que capta dinheiro em atividades ilícitas, faz esses recursos passarem por atividades lícitas, como é o caso da empresa de fármacos Vitapan – mas não só –, e também para atividades de campanhas políticas.
O que aconteceu foi que essa organização criminosa, depois que aprendeu a explorar uma fragilidade do sistema político-eleitoral brasileiro, que é exatamente o financiamento de campanha eleitoral, tendo criado o vínculo com os políticos a partir dessa atividade de financiamento das campanhas eleitorais, para diversos partidos e em diversos estados do país, a organização criminosa conseguiu capturar contratos de obras e serviços com diferentes governos, principalmente governos de estados e prefeituras.
É a primeira vez que temos provas de uma organização criminosa financiando, de forma regular e contínua, atividades políticas no país. Dessa forma ela passou a cooptar membros dos poderes legislativos, dos executivos, do judiciário e da imprensa. E não é algo que ocorra apenas durante as campanhas eleitorais: os fluxos de recursos são permanentes e se dão ao longo de todo o tempo.
Sobre o andamento dos trabalhos da CPI
No momento a CPI está debruçada sobre a tarefa de identificar a organização criminosa em sua totalidade. Sabemos que ela se baseia inicialmente no jogo das máquinas de videopôquer. Para essa atividade a organização conta com a proteção da política, tanto para manter suas máquinas funcionando como para fechar os pontos dos concorrentes.
Os próximos passos da CPI estão definidos assim: primeiro, vamos buscar o desmantelamento da organização criminosa; o segundo passo é tratar da recuperação dos bens que essa organização criminosa detém, de forma ilícita; o terceiro passo é identificar todos os agentes públicos envolvidos que, como eu já disse, atinge os poderes executivo, legislativo e judiciário em diversos estados da federação. O quarto e último passo é identificar os veículos de imprensa e jornalistas envolvidos no esquema. Há órgãos de imprensa envolvidos tanto de alcance regional quanto nacional. Até outubro pretendemos fazer isso.
No Blog do Zé
Engavetador de FHC, Brindeiro, recebeu R$ 680 mil de Cachoeira
6 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaDocumentos apreendidos pela Polícia Federal (PF) na Operação Monte Carlo, cuja análise foi concluída no último dia 9 de julho, revelam uma participação direta do subprocurador-geral da República Geraldo Brindeiro na defesa dos interesses do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Entre os papéis encontrados pela PF em poder de dois dos principais aliados do contraventor estão tabelas com registros de pagamentos mensais ao escritório de advocacia de Brindeiro. Os repasses, conforme os registros, somam R$ 680 mil em 2009 e 2010. O valor é quatro vezes superior ao montante descoberto até agora pela CPI do Cachoeira. Em maio, o senador Pedro Taques (PDT-MT) denunciou depósitos de R$ 161 mil para o escritório do subprocurador.
Conversas telefônicas descritas num dos relatórios da PF apontam um suposto encontro entre Brindeiro e o braço direito de Cachoeira, Lenine Araújo de Souza, considerado o segundo nome na hierarquia da organização criminosa. Num diálogo entre Lenine e Cachoeira, poucos dias antes de serem presos, o primeiro relata uma consulta jurídica feita a "Brindeiro" num hotel.
Geraldo Brindeiro exerceu por quatro vezes o cargo de procurador-geral da República, durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso na Presidência. Os quatro mandatos sucessivos se estenderam de 1995 a 2003. Ele continua no cargo de subprocurador-geral da República e, a partir de fevereiro de 2006, passou a ser sócio - com 18% das cotas da sociedade - no escritório de advocacia Morais, Castilho & Brindeiro. É este escritório o destinatário de dinheiro repassado pelo grupo de Cachoeira, segundo a PF.
Brindeiro já se explicou à CPI em junho, por meio de um ofício em que sustenta a legalidade do exercício da advocacia, permitida a membros do Ministério Público que ingressaram na instituição antes da Constituição Federal de 1988. No mesmo ofício, o subprocurador nega qualquer tipo de relacionamento com Cachoeira e com o contador responsável pelos repasses de R$ 161 mil, Geovani Pereira da Silva, denunciado na Operação Monte Carlo.
Ao elaborar o relatório sobre a perícia feita no computador de Adriano Aprígio de Souza, considerado o principal testa de ferro de Cachoeira, a PF cita a existência das tabelas com registros de pagamentos de R$ 680 mil a "Brindeiro". Os papéis foram encontrados na Vitapan Indústria Farmacêutica, empresa que já foi colocada no nome de Aprígio e que seria usada pelo bicheiro para lavar dinheiro do jogo, conforme investigação da PF. Nas planilhas, os pagamentos foram contabilizados com três referências: RC, EC e CR. De acordo com o relatório da PF, as siglas se referem a Roberto Sergio Coppola, Electro Chance Gaming Suppliers e Carlos Ramos, o Cachoeira.
Conforme os documentos apreendidos, Aprígio adquiriu 48% das cotas da Electro Chance, mediante pagamento de R$ 3,3 milhões. O verdadeiro sócio seria Cachoeira, que usou o ex-cunhado como laranja, segundo a PF. Coppola e a Electro Chance exploram a jogatina na Argentina. "Os documentos aduzem a possibilidade de a empresa operar também no Brasil. Isso explicaria os pagamentos efetuados ao escritório Morais, Castilho & Brindeiro, em razão do interesse do funcionamento dos jogos no Brasil", cita o relatório da PF concluído em 9 de julho.