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Daniela

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14 de Junho de 2012, 21:00 , por Daniela - | No one following this article yet.

A Queda do Rei de Espanha

2 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Lembrando Billy Blanco



Cuba, a ilha da saúde

2 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Após a Revolução, a medicina virou prioridade e transformou a ilha em referência; hoje, Cuba concentra o maior número de médicos por habitante
Desde o triunfo da Revolução de 1959, o desenvolvimento da medicina tem sido a grande prioridade do governo cubano, o que transformou a ilha do Caribe em uma referência mundial neste campo. Atualmente, Cuba é o país que concentra o maior número de médicos por habitante.
Em 2012, Cuba formou mais 11 mil novos médicos, os quais completaram sua formação de seis anos em faculdades de medicina reconhecidas pela excelência no ensino. Trata-se da maior promoção médica da história do país, que tornou o desenvolvimento da medicina e o bem-estar social as prioridades nacionais. Entre esses médicos recém graduados, 5.315 são cubanos e 5.694 vêm de 59 países da América Latina, África, Ásia e até mesmo dos Estados Unidos, com maioria de bolivianos (2.400), nicaraguenses (429), peruanos (453), equatorianos (308), colombianos (175) e guatemaltecos (170). Em um ano, Cuba formou quase o dobro de médicos do total que dispunha em 1959. [1]
Após o triunfo da Revolução, Cuba contava somente com 6.286 médicos. Dentre eles, três mil decidiram deixar o país para ir para os Estados Unidos, atraídos pelas oportunidades profissionais que Washington oferecia. Em nome da guerra política e ideológica que se opunha ao novo governo de Fidel Castro, o governo Eisenhower decidiu esvaziar a nação de seu capital humano, até o ponto de criar uma grave crise sanitária. [2]
Como resposta, Cuba se comprometeu a investir de forma maciça na medicina. Universalizou o acesso ao ensino superior e estabeleceu a educação gratuita para todas as especialidades. Assim, existem hoje 24 faculdades de medicina (contra apenas uma em 1959) em treze das quinze províncias cubanas, e o país dispõe de mais de 43 mil professores de medicina. Desde 1959, se formaram cerca de 109 mil médicos em Cuba. [3] Com uma relação de um médico para 148 habitantes (67,2 médicos para 10 mil habitantes ou 78.622, no total), segundo a Organização Mundial da Saúde, Cuba é a nação mais bem dotada neste setor. O país dispõe de 161 hospitais e 452 clínicas. [4]
No ano universitário 2011-2012, o número total de graduados em Ciências Médicas, que inclui 21 perfis profissionais (médicos, dentistas, enfermeiros, psicólogos, tecnologia da saúde etc.), sobe para 32.171, entre cubanos e estrangeiros. [5]

Sede da Escola Latino-Americana de Medicina em Havana. Wikimedia Commons

A ELAM

Além dos cursos disponíveis nas 24 faculdades de medicina do país, Cuba forma estudantes estrangeiros na Elam (Escola Latino-Americana de Medicina de Havana). Em 1998, depois que o furacão Mitch atingiu a América Central e o Caribe, Fidel Castro decidiu criar a Elam – inaugurada em 15 de novembro de 1999 – com o intuito de formar em Cuba os futuros médicos do mundo subdesenvolvido.
"Formar médicos prontos para ir onde eles são mais necessários e permanecer quanto tempo for necessário, esta é a razão de ser da nossa escola desde a sua fundação”, explica a doutora Miladys Castilla, vice-reitora da Elam. [6] Atualmente, 24 mil estudantes de 116 países da América Latina, África, Ásia, Oceania e Estados Unidos (500 por turma) cursam uma faculdade de medicina gratuita em Cuba. Entre a primeira turma de 2005 e 2010, 8.594 jovens doutores saíram da Elam. [7] As formaturas de 2011 e 2012 foram excepcionais com cerca de oito mil graduados. No total, cerca de 15 mil médicos se formaram na Elam em 25 especialidades distintas. [8]
A Organização Mundial da Saúde prestou uma homenagem ao trabalho da Elam: "A Escola Latino-Americana de Medicina acolhe jovens entusiasmados dos países em desenvolvimento, que retornam para casa como médicos formados. É uma questão de promover a equidade sanitária (…). A Elam (…) assumiu a premissa da "responsabilidade social”. A Organização Mundial da Saúde define a responsabilidade social das faculdades de medicina como o dever de conduzir suas atividades de formação, investigação e serviços para suprir as necessidades prioritárias de saúde da comunidade, região ou país ao qual devem servir.
A finalidade da Elam é formar médicos principalmente para fornecer serviço público em comunidades urbanas e rurais desfavorecidas, por meio da aquisição de competências em atendimento primário integral, que vão desde a promoção da saúde até o tratamento e a reabilitação. Em troca do compromisso não obrigatório de atender regiões carentes, os estudantes recebem bolsa integral e uma pequena remuneração, e assim, ao se formar, não têm dívidas com a instituição.
[No que diz respeito ao processo seletivo], é dada preferência aos candidatos de baixa renda, que de outra forma não poderiam pagar os estudos médicos. "Como resultado, 75% dos estudantes provêm de comunidades que precisam de médicos, incluindo uma ampla variedade de minorias étnicas e povos indígenas”.
Os novos médicos trabalham na maioria dos países americanos, incluindo os Estados Unidos, vários países africanos e grande parte do Caribe de língua inglesa.
Faculdades como a Elam propõem um desafio no setor da educação médica do mundo todo para que adote um maior compromisso social. Como afirmou Charles Boelen, ex-coordenador do programa de Recursos Humanos para a Saúde da OMS: "A ideia da responsabilidade social merece atenção no mundo todo, inclusive nos círculos médicos tradicionais... O mundo precisa urgentemente de pessoas comprometidas que criem os novos paradigmas da educação médica”. [9]

A solidariedade internacional

No âmbito dos programas de colaboração internacional, Cuba também forma, por ano, cerca de 29 mil estudantes estrangeiros em ciências médicas, em três especialidades: medicina, enfermagem e tecnologia da saúde, em oito países (Venezuela, Bolívia, Angola, Tanzânia, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Timor Leste). [10]
Desde 1963 e o envio da primeira missão médica humanitária a Argélia, Cuba se comprometeu a curar as populações pobres do planeta, em nome da solidariedade internacional e dos sete princípios da medicina cubana (equidade, generosidade, solidariedade, acessibilidade, universalidade, responsabilidade e justiça). [11] As missões humanitárias cubanas abrangem quatro continentes e têm um caráter único. De fato, nenhuma outra nação do mundo, nem mesmo as mais desenvolvidas, teceram semelhante rede de cooperação humanitária ao redor do planeta. Desde o seu lançamento, cerca de 132 mil médicos e outros profissionais da saúde trabalharam voluntariamente em 102 países. [12] No total, os médicos cubanos curaram 85 milhões de pessoas e salvaram 615 mil vidas. [13] Atualmente, 31 mil colaboradores médicos oferecem seus serviços em 69 nações do Terceiro Mundo. [14]
Segundo o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), "um dos exemplos mais bem sucedidos da cooperação cubana com o Terceiro Mundo é o Programa Integral de Saúde para América Central, Caribe e África”. [15]
Nos termos da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América), Cuba e Venezuela decidiram lançar em julho de 2004 uma ampla campanha humanitária continental com o nome de Operação Milagre. Consiste em operar gratuitamente latino-americanos pobres, vítimas de cataratas e outras doenças oftalmológicas, que não tenham possibilidade de pagar por uma operação que custa entre cinco e dez mil dólares. Esta missão humanitária se disseminou por outras regiões (África e Ásia). A Operação Milagre possui 49 centros oftalmológicos em 15 países da América Central e do Caribe. [16] Em 2011, mais de dois milhões de pessoas de 35 países recuperaram a visão. [17]

A medicina de catástrofe

No que se refere à medicina de catástrofe, o Centro para a Política Internacional de Washington, dirigido por Wayne S. Smith, ex-embaixador dos Estados Unidos em Cuba, afirma em um relatório que "não há dúvida quanto à eficiência do sistema cubano. Apenas alguns cubanos perderam a vida nos 16 maiores furacões que atingiram a ilha na última década e a probabilidade de perder a vida em um furacão nos Estados Unidos é 15 vezes maior do que em Cuba”. [18]
O relatório acrescenta que: "ao contrário dos Estados Unidos, a medicina de catástrofe em Cuba é parte integrante do currículo médico e a educação da população sobre como agir começa na escola primária […]. Até mesmo as crianças menores participam dos exercícios e aprendem os primeiros socorros e técnicas de sobrevivência, muitas vezes através de desenhos animados e, ainda, como plantar ervas medicinais e encontrar alimento em caso de desastre natural. O resultado é a assimilação de uma forte cultura de prevenção e de uma preparação sem igual”. [19]

Alto IDH

Esse investimento no campo da saúde (10% do orçamento nacional) permitiu que Cuba alcançasse resultados excepcionais. Graças à sua medicina preventiva, a ilha do Caribe tem a taxa de mortalidade infantil mais baixa da América e do Terceiro Mundo – 4,9 por mil (contra 60 por mil em 1959) – inferior a do Canadá e dos Estados Unidos. Da mesma forma, a expectativa de vida dos cubanos – 78,8 anos (contra 60 anos em 1959) – é comparável a das nações mais desenvolvidas. [20]
As principais instituições internacionais elogiam esse desenvolvimento humano e social. O Fundo de População das Nações Unidas observa que Cuba, "há mais de meio século, adotou programas sociais muito avançados, que possibilitaram ao país alcançar indicadores sociais e demográficos comparáveis aos dos países desenvolvidos”. O Fundo acrescenta que "Cuba é uma prova de que as restrições das economias em desenvolvimento não são necessariamente um obstáculo intransponível ao progresso da saúde, à mudança demográfica e ao bem-estar”. [21]
Cuba continua sendo uma referência mundial no campo da saúde, especialmente para as nações do Terceiro Mundo. Mostra que é possível atingir um alto nível de desenvolvimento social, apesar dos recursos limitados e de um estado de sítio econômico extremamente grave, imposto pelos Estados Unidos desde 1960, que situe o ser humano no centro do projeto de sociedade.
Referências bibliográficas:
[1] José A. de la Osa, "Egresa 11 mil médicos de Universidades cubanas”, Granma, 11 de julho de 2012.
[2] Elizabeth Newhouse, "Disaster Medicine: U.S. Doctors Examine Cuba’s Approach”, Center for International Policy, 9 de julho de 2012. http://www.ciponline.org/research/html/disaster-medicine-us-doctors-examine-cubas-approach (site consultado em 18 de julho de 2012).
[3] José A. de la Osa, "Egresa 11 mil médicos de Universidades cubanas”, op. cit.; Ministério das Relações Exteriores, "Graduados por la Revolución más de 100.000 médicos”, 16 de julho de 2009. http://www.cubaminrex.cu/MirarCuba/Articulos/Sociedad/2009/Graduados.html (site consultado em 18 de julho de 2012).
[4] Organização Mundial da Saúde, "Cuba: Health Profile”, 2010. http://www.who.int/gho/countries/cub.pdf (site consultado em 18 de julho de 2012); Elizabeth Newhouse, "Disaster Medicine: U.S. Doctors Examine Cuba’s Approach”, op. cit.
[5] José A. de la Osa, « Egresa 11 mil médicos de Universidades cubanas », op.cit.
[6] Organização Mundial da Saúde, "Cuba ayuda a formar más médicos”, 1º de maio de 2010. http://www.who.int/bulletin/volumes/88/5/10-010510/es/ (site consultado em 18 de julho de 2012).
[7] Escola Latino-Americana de Medicina de Cuba, "Historia de la ELAM”. http://www.sld.cu/sitios/elam/verpost.php?blog=http://articulos.sld.cu/elam&post_id=22&c=4426&tipo=2&idblog=156&p=1&n=ddn (site consultado em 18 de julho de 2012).
[8] Agência Cubana de Notícias, "Over 15,000 Foreign Physicians Gratuated in Cuba in Seven Years”, 14 de julho de 2012.
[9] OMS, "Cuba ayuda a formar más médicos”, op. cit.
[10] José A. de la Osa, "Egresa 11 mil médicos de Universidades cubanas”, op. cit.
[11] Ladys Marlene León Corrales, "Valor social de la Misión Milagro en el contexto venezolano”, Biblioteca Virtual en Salud de Cuba, março de 2009. http://bvs.sld.cu/revistas/spu/vol35_4_09/spu06409.htm (site consultado em 18 de julho de 2012).
[12] Felipe Pérez Roque, "Discurso del canciller de Cuba en la ONU”, Bohemia Digital, 9 de novembro de 2006.
[13] CSC News, "Medical Brigades Have Treated 85 million”, 4 de abril de 2008. http://www.cuba-solidarity.org.uk/news.asp?ItemID=1288 (site consultado em 18 de julho de 2012).
[14] Felipe Pérez Roque, "Discurso del canciller de Cuba en la ONU”, op. cit.
[15] PNUD, Investigación sobre ciencia, tecnología y desarrollo humano en Cuba, 2003, p.117-119. http://www.undp.org.cu/idh%20cuba/cap6.pdf (site consultado em 18 de julho de 2012).
[16] Ministério das Relações Exteriores, "Celebra Operación Milagro cubana en Guatemala”, República de Cuba, 15 de novembro de 2010. http://www.cubaminrex.cu/Cooperacion/2010/celebra1.html
(site consultado em 18 de julho de 2012) Operación Milagro, "¿Qué es la Operación Milagro?”. http://www.operacionmilagro.org.ar/ (site consultado em 18 de julho de 2012).
[17] Operación Milagro, «¿Qué es la Operación Milagro?», op. cit.
[18] Elizabeth Newhouse, "Disaster Medicine: U.S. Doctors Examine Cuba’s Approach”, op. cit.
[19] Ibid.
[20] Ibid.
[21] Raquel Marrero Yanes, "Cuba muestra indicadores sociales y demográficos de países desarrollados”, Granma, 12 de julho de 2012.

[Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos pela Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor encarregado de cursos na Universidade Paris-Sorbonne-Paris IV e na Universidade Paris-Est Marne-la-Vallée e jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos.
Seu livro mais recente é "Etat de siège. Les sanctions économiques des Etats-Unis contre Cuba” ("Estado de sítio. As sanções econômicas dos Estados Unidos contra Cuba”, em tradução livre), Paris, Edições Estrella, 2011, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade. Contato: Salim.Lamrani@univ-mlv.fr /Página no Facebook: https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel



Encontrada personalidade que não opinou sobre a reforma gráfica de O Globo

2 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

O Jornal Nacional dedicou uma edição inteira ao redesenho do jornal. William Bonner se emocionou ao ler um editorial em que Roberto Irineu Marinho descreve a nova paginação como “um trabalho de equipe em que ganham todos os brasileiros”.
JARDIM BOTÂNICO - Destacada diariamente em letras de fôrma no jornal O Globo, a reforma gráfica do jornal O Globo foi alvo de intensos debates no jornal O Globo. Anunciado desde junho, o redesenho do jornal mobilizou colunistas, editores, repórteres, estagiárias, ministros, arquitetos, artistas, empresários, garçons do Lamas, parlamentares, ex-BBBs, prefeitos, governadores, ativistas, jornaleiros, calígrafos, cirurgiões dentistas, coveiros, mulheres ricas e Barack Obama. Todos, sem exceção, foram chamados a opinar sobre a nova configuração. "Achei o jornal mais leve, as páginas mais bem arrumadas. Um brinde ao novo!", disse Zeca Pagodinho. Hillary Clinton concordou, destacando os vários níveis de leitura. “Dependendo da minha agenda, entre uma reunião com Netanyahu e uma descompostura na Merkel, posso me inteirar das notícias lendo apenas o antetítulo, o título ou o subtítulo.”
A única voz dissonante foi a de Sérgio Guerra, presidente do PSDB: "Olha, veja bem, ficou até direitinho, mais atraente. Mas o destaque desproporcional dado ao assunto tem o claro interesse de desviar o foco do julgamento do mensalão", obtemperou.
Internamente, todos os colunistas foram convocados a emitir seu parecer: Joaquim Ferreira dos Santos evocou os vendedores de mate da praia do Leblon, o biscoito Globo, os garçons do Bracarense e o Fla-Flu para dizer que a essência carioca permanece impressa nas páginas do jornal. Arnaldo Jabor foi enfático: "No Rio de Janeiro que eu vivi não havia reformas gráficas, e nós, que amávamos tanto a Revolução, julgávamos toda a beleza uma afetação burguesa. A única exceção eram as pernas da Norma Bengell, que nós, babacas, admirávamos quase tanto quanto os filmes de Godard”. Merval Pereira salientou que o uso acentuado do azul e amarelo livrou o projeto dos grilhões do petismo dominante, observando, entretanto, que a nova paginação em uma só coluna o obrigará a desenvolver raciocínios mais sintéticos do que os que está acostumado desde que leu Os Irmãos Karamazov. "A reforma é um marco da liberdade de imprensa", reforçou em discurso na Academia de Letras. Emocionada, Cora Ronai publicou um texto em que descrevia como a nova tipologia agradou em cheio aos seus gatos. Jorge Bastos Moreno declarou que a beleza do novo jornal o aproxima das covinhas estonteantes de Mariana Ximenes. Já Caetano Veloso, que permaneceu opinando até o fechamento desta edição do piauí herald, destacou: "É uma coisa tão linda a transmutação midiática. É como perceber a ação do tempo sobre as ladeiras do Pelourinho". Todas as opiniões foram republicadas no Blog do Noblat.
Após doze horas de extenuante jornalismo investigativo, a equipe do piauí herald conseguiu, finalmente, encontrar uma pessoa que não emitiu seu parecer sobre a reforma do jornal O Globo. "Estou muito atarefado com as olimpíadas. Mas, me disseram que está parecido com o jornal O Dia", disse Edir Macedo.



MP intima Gurgel a depor sobre prevaricação

2 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

O Conversa Afiada reproduz decisão do Conselho Nacional do Ministério sobre a intimação para que o brindeiro Gurgel e a mulher deponham sobre a acusação de “prevaricação” interposta pelo Senador Fernando Collor :











“Entrevista de Bashar al-Assad à televisão alemã”

2 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Entrevista transcrita e traduzida pelo pessoal da Vila Vudu
Jürgen Todenhöfer: Sr. Presidente, membros da oposição e políticos ocidentais têm dito que o senhor é o principal obstáculo à paz na Síria. O senhor estaria disposto a renunciar à presidência, sendo essa condição para a paz e para pôr fim ao banho de sangue?
Presidente Bashar al-Assad: Não posso fugir ao desafio que a Síria enfrenta hoje.Hoje a Síria enfrenta um desafio à própria nação. O presidente não pode fugir. Por outro lado, ninguém pode permanecer na presidência sem apoio popular. A resposta à sua pergunta não pode vir de mim. Tem de vir do povo sírio, essa resposta tem de ser resposta pública, que venha em eleições. Eu posso decidir concorrer ou não concorrer a eleições, mas não posso decidir ficar na presidência ou deixá-la. Essa é decisão que cabe ao povo sírio, em eleições.
Jürgen Todenhöfer: O senhor ainda tem maioria de apoio popular na Síria?
Presidente Bashar al-Assad: Se eu não tivesse apoio popular, não poderia permanecer na posição onde estou. EUA estão contra mim, o ocidente está contra mim, muitos poderes e países regionais estão contra mim. Se o povo estivesse contra mim, já não estaria na posição em que estou. A resposta é sim, claro que tenho apoio popular. Porcentagens não sei, nem interessam. Mas não há dúvida de que, para permanecer na presidência da Síria, na situação que a Síria enfrenta hoje, sim, é claro que tenho apoio popular.
Jürgen Todenhöfer: Assisti a algumas demonstrações pacíficas, mesmo em Homs. Não é legítimo que as pessoas exijam mais liberdade, mais democracia, menos poder nas mãos de uma família que governa o país, menos poder para os serviços secretos?
Presidente Bashar al-Assad: Para responder corretamente, temos de corrigir essa pergunta. Na Síria não há “família que governa o país”. Temos Estado na Síria, temos instituições, talvez não instituições ideais, mas temos Estado e não há “família que governa o país”. Temos Estado na Síria. Isso, quanto à pergunta. Agora, posso responder à primeira parte de sua pergunta: é claro que aqueles manifestantes têm direito legítimo de se manifestar. Mas não é verdade que os manifestantes só peçam ‘liberdade’. A maioria dos manifestantes legítimos pedem reformas, maior participação no poder e no governo. Essas reivindicações são legítimas, evidentemente, em qualquer lugar do mundo. Mas a maioria do povo sírio não está nas manifestações. Mas, sim, claro, as manifestações são legítimas.
Jürgen Todenhöfer: A pergunta que todos estão fazendo no ocidente e em seu país é quem matou os milhares de vítimas civis inocentes que morreram nesse conflito? A oposição culpa o senhor.
Presidente Bashar al-Assad: Para saber quem matou, é preciso saber antes quem foi morto. Não há como descobrir o criminoso sem saber quem é a vítima. A vasta maioria dos mortos são apoiadores do governo. Como seria possível ser assassino e vítima, ao mesmo tempo? A maioria das vítimas eram apoiadores do governo; e outra grande parte das demais vítimas é gente inocente que estão sendo assassinados por vários diferentes grupos na Síria.
Jürgen Todenhöfer: O senhor concorda que muitos, ou, pelo menos, uma certa porcentagem desses civis vítimas, foram mortos pelos serviços de segurança do seu governo? O senhor teria essa porcentagem?
Presidente Bashar al-Assad: Não, claro que não. O que temos é um Comitê que está investigando essas mortes. Até aqui, sobre os crimes investigados, os nomes que já temos, as vítimas foram assassinadas por gangues, diferentes tipos de gangues, da al-Qaeda, grupos extremistas, criminosos e grupos de criminosos procurados pela polícia há anos.
Jürgen Todenhöfer: O senhor está dizendo que os rebeldes, que o senhor chama de terroristas, mataram mais civis que as forças de segurança?
Presidente Bashar al-Assad: Não. Estou dizendo que mataram mais agentes das forças de segurança e soldados, que civis que apoiam o governo.
Jürgen Todenhöfer: Mas falando exclusivamente de civis. Os rebeldes mataram mais civis que as forças de segurança, ou as forças de segurança mataram mais civis?
Presidente Bashar al-Assad: Como eu disse, as vítimas que há nas forças de segurança e no exército são em número muito maior que o número de vítimas que há entre civis.
Jürgen Todenhöfer: O senhor diz que há investigações sobre membros das forças de segurança que podem ter matado civis inocentes. E desses, alguém foi punido?
Presidente Bashar al-Assad: Sim. Vários estão presos e vários estão sendo julgados por outros crimes.
Jürgen Todenhöfer: Quem cometeu o massacre de Houla, onde mais de 100 pessoas foram brutalmente assassinadas, entre elas muitas crianças?
Presidente Bashar al-Assad: Gangues de criminosos de fora da cidade, não da cidade, que atacaram a cidade e as forças da lei daquela cidade. E mataram muitas famílias, como você diz, e muitas crianças e mulheres, e, de fato, as duas famílias que foram assassinadas eram apoiadoras do governo. Não eram da oposição.
Jürgen Todenhöfer: Ouvi, de moradores de Houla, sobreviventes das famílias que foram atacadas e mortas, que os atacantes usavam uniformes militares do exército sírio. Por que usavam uniformes militares?
Presidente Bashar al-Assad: É prática que já se observou muitas vezes. O Comitê de investigação sabe que isso acontece: eles produzem vídeos e distribuem vídeos, vídeos falsos, onde aparecem homens fardados com nosso uniforme militar. Esses, ao que se sabe, assassinaram aquelas famílias.
Jürgen Todenhöfer: O senhor está dizendo que é estratégia dos rebeldes?
Presidente Bashar al-Assad: Sim, é. Fazem isso sempre, desde o início. E não só em Houla, mas em vários pontos.
Jürgen Todenhöfer: Quem são esses rebeldes, que o senhor chama de terroristas?
Presidente Bashar al-Assad: São uma mistura, um amálgama de al-Qaeda, outros extremistas, não necessariamente ligados à al-Qaeda, além de criminosos que a Polícia procura há muito tempo (traficantes e contrabandistas de drogas vindas da Europa e que transitam pela Síria, além de outros, muitos dos quais condenados e foragidos da Polícia. É uma mistura de coisas diferentes.
Jürgen Todenhöfer: Quantos seriam esses que lutam contra o governo?
Presidente Bashar al-Assad: Não sei lhe dizer. Calculam-se em milhares.
Jürgen Todenhöfer: Quantos? 20, 30?
Presidente Bashar al-Assad: Não posso lhe dar números, porque não há números precisos.
Jürgen Todenhöfer: O senhor diria que todos esses rebeldes são terroristas?
Presidente Bashar al-Assad: Depende do ato que pratiquem. Se atacam e queimam e destroem, sim, fazem terrorismo em termos definidos na lei. Mas há muita gente implicada nos atos e que não são criminosos, por diferentes razões. Às vezes, a razão é o dinheiro (porque são pagos); às vezes, porque são ameaçados; às vezes movidos por algumas ideias ou ilusões delirantes. Nem todos são terroristas. Essa é a razão pela qual muitos foram absolvidos, quando aceitaram entregar as armas.
Jürgen Todenhöfer: O governo sírio encontrou homens da al-Qaeda, entre esses já foram presos?
Presidente Bashar al-Assad: Sim, sim. Dezenas deles. [JT: De que países?] Acho que quase todos vinham da Líbia e da Tunísia.
Jürgen Todenhöfer: O senhor chegou a ter contato com esses prisioneiros? Com algum deles?
Presidente Bashar al-Assad: Sim.
Jürgen Todenhöfer: Com intérprete?
Presidente Bashar al-Assad: É claro.
Jürgen Todenhöfer: Qual é o papel dos EUA, nesse conflito?
Presidente Bashar al-Assad: São parte do conflito. Oferecem o guarda-chuva e o apoio político àquelas gangues, para romper a ordem, desestabilizar Síria.
Jürgen Todenhöfer: O que o senhor está dizendo é que os EUA garantem o apoio político aos rebeldes, que o senhor chama de terroristas matam civis. É isso? [BA: Exatamente isso.] Nesse caso, o senhor está acusando o governo dos EUA de ser, pelo menos, parcialmente responsável também pelo assassinato de civis na Síria. É isso?
Presidente Bashar al-Assad: É exatamente isso. Se você assegura qualquer tipo de apoio a terroristas, você é cúmplice. Se você garante aos terroristas armamento, dinheiro e apoio político (apoio na ONU, qualquer tipo de apoio), a implicação é que você é cúmplice dos terroristas,
Jürgen Todenhöfer: O senhor sabe que os políticos ocidentais veem a mesma situação de modo diferente do seu [BA: Sei.] e que estão discutindo hoje uma intervenção militar na Síria. Como seu governo reagiria? O senhor retaliaria, contra países ocidentais?
Presidente Bashar al-Assad: Não se trata de retaliação. Trata-se de defender nosso país. É nosso dever e é nosso objetivo. Em nenhum caso se cogita de retaliar contra alguém, seja quem for.
Jürgen Todenhöfer: E a Síria está preparada para um ataque desse tipo?
Presidente Bashar al-Assad: Bem... [semisorriso] Preparados ou não preparados, teremos de defender nosso país. Mas, sim, estaremos preparados.
Jürgen Todenhöfer: Se, para o senhor, os EUA são parte do problema, por que não negocia com eles? Por que não convida Mrs. Hillary Clinton para que venha a Damasco? Por que o senhor não dá o primeiro passo?
Presidente Bashar al-Assad: A Síria nunca fechou suas portas a país algum, nem a nenhum funcionário de nenhum governo que deseje ajudar a resolver o problema pelo qual estamos passando na Síria, desde, é claro, que sejam sérios e honestos. Mas [os EUA] fecharam todas as portas. Seja como for, não há problema conosco: no instante em que decidirem negociar, estamos preparados para ajudar.
Jürgen Todenhöfer: O senhor estaria preparado para dialogar com Mrs. Hillary Clinton? Para andar com ela pelas ruas de Damasco, para mostrar-lhe a hospitalidade síria e atual situação nas ruas da cidade?
Presidente Bashar al-Assad: Já lhe disse que não fechamos portas, nunca fechamos porta alguma, nem aos EUA nem a qualquer outro país. Não falo especificamente de Mrs. Clinton ou de qualquer outro funcionário do governo dos EUA. Sempre negociamos. E já andamos pelas ruas de Damasco com outros funcionários, como você lembrou. E, sim, claro, podemos fazer novamente, claro.
Jürgen Todenhöfer: Passemos, por favor para a situação interna na Síria. As negociações com grupos da oposição é opção realista? Ou o senhor entende que esse conflito terá de ser objeto de disputa armada até o final, por amarga que seja a luta?
Presidente Bashar al-Assad: Verdade é que em qualquer caso, o diálogo é necessariamente a primeira opção estratégica. O diálogo é indispensável. No mínimo, para confirmar que nada será possível fazer pela via pacífica. Mas, mesmo com diálogo, se o diálogo não funciona ou se você é atacado por terroristas, você é obrigado a combater o terrorismo. Você não decidir que só vai dialogar, que não vai responder nem vai defender-se, enquanto terroristas continuam matando seu povo e armando exércitos inimigos.
Jürgen Todenhöfer: E o senhor não poderia dialogar com os que não são terroristas?
Presidente Bashar al-Assad: Dialogamos no verão passado. E repetimos nosso convite, alguns deles aceitaram, conversamos e a oposição apresentou candidatos às eleições, concorreram e hoje têm representantes eleitos no Parlamento. Semana passada apresentaram portfólios ao governo.
Jürgen Todenhöfer: Mas só tiveram 2% dos votos nas eleições...
Presidente Bashar al-Assad: Isso, perdoe, não é nossa culpa [risos]. Não poderíamos ter dado a eles também os votos. Não criamos o governo.
Jürgen Todenhöfer: O senhor estaria disposto a conversar também com a oposição em [Hexa?]?
Presidente Bashar al-Assad: Dissemos que conversaríamos com qualquer um.
Jürgen Todenhöfer: O senhor aceitaria negociar com os rebeldes, se depuserem armas?
Presidente Bashar al-Assad: Sim, e já conversamos. Os que depuseram armas foram julgados, vários foram absolvidos e, hoje, vivem vidas normais, sem problema algum.
Jürgen Todenhöfer: O senhor estaria disposto a negociar com qualquer um, desde que deponham armas.
Presidente Bashar al-Assad: Claro. As conversas começaram antes de eles terem deposto armas. Fizemos todo o possível, até alcançar um bom resultado.
Jürgen Todenhöfer: E quanto ao plano de Kofi Annan? Fracassou?
Presidente Bashar al-Assad: Não. Kofi Annan continua fazendo, até aqui, um trabalho difícil, sim, mas bom trabalho. Está encontrando muitos obstáculos, mas não deve falhar. É excelente plano.
Jürgen Todenhöfer: Qual é o principal obstáculo?
Presidente Bashar al-Assad: O principal obstáculo é que muitos países não desejam que o plano de Kofi Annan dê certo e funcione. Por isso dão apoio político e continuam a fornecer armas e dinheiro aos terroristas que operam dentro da Síria. Querem que o plano fracasse.
Jürgen Todenhöfer: Quem envia armas para seu país? Qual é o país que envia armas?
Presidente Bashar al-Assad: Ainda não encontramos provas concretas, mas há muitas indicações, indícios, que apontam, posso dizer-lhe, principalmente, para Arábia Saudita e Qatar, quanto ao fornecimento de armas contrabandeadas para a Síria. Quanto ao apoio logístico, os indícios apontam para a Turquia [Jürgen Todenhöfer: E os EUA?] Pelo que sabemos até aqui, eles têm garantido apoio político. [Jürgen Todenhöfer: Equipamento de comunicação?] Há alguma informação sobre isso, exatamente. Mas não comentei esse aspecto, porque ainda não temos informação concreta, completa, que confirme isso e que eu pudesse mostrar-lhe.
Jürgen Todenhöfer: E sobre a ideia de Kofi Annan, de um governo de unidade, constituído por grupos de oposição, inclusive o Partido Baath.
Presidente Bashar al-Assad: Você está falando do plano da Conferência de Genebra. Sim. Já temos esse governo na Síria. Já há membros do partido Baath no Parlamento e participando do atual governo. Mas é preciso critérios: como se define “oposição”? Podem ser dezenas de milhares, centenas de milhares ou milhões de partidos de ‘oposição’. Todos terão de participar necessariamente do governo? Conforme o número... e se não se define o que seja ‘oposição’, que ‘oposição’ seria essa, criada por força de lei? Não há democracia que opere assim. A democracia exige critérios e exige mecanismos. Para mim, o mecanismo tem de ser as eleições. Você representa uma posição, concorre em eleições, obtém votos, ganha lugar no Parlamento, pode participar legitimamente do governo. Mas, se você ‘se chama’ ‘oposição’, mas não tem votos, não consegue representação no Parlamento, você representa o quê? Você mesmo? Que sentido há nisso? Tivemos eleições parlamentares na Síria, há dois meses.
Jürgen Todenhöfer: Por exemplo, a oposição [ininteligível] que participou das eleições... O senhor aceitaria que participasse de um governo de transição, interim, digamos, temporário...
Presidente Bashar al-Assad: Se aceitarem nossas leis, nossas regras, se não cometerem atos criminosos, se não facilitarem as vias para que a OTAN ou qualquer outra potência externa ataque a Síria, sim, por que não? Eles também têm direito de participar de eleições, se atenderem às condições que os demais partidos também atendem. Não vejo por que a oposição teria de ser banida do país.
Jürgen Todenhöfer: Um homem como Ghalioun, o presidente do Conselho Nacional Sírio...
Presidente Bashar al-Assad: Não é questão que se possa resolver em geral, para todos. Não é questão de nomes. É questão de princípios para todos. Os dossiês policiais terão de ser examinados. Se não se encontrar indício de que tenham cometido crime, nada os obriga a viver fora da Síria, nada os impedirá de concorrer às eleições. Aplica-se a todos.
Jürgen Todenhöfer: Senhor presidente, quando o senhor pensa no que aconteceu aos líderes de Egito e Líbia. Quando o senhor pensa nas imagens que todos viram pela televisão... O senhor não teme por sua família?
Presidente Bashar al-Assad: Estamos falando de coisas diferentes, de situações diferentes. O que aconteceu a al-Gaddafi foi selvageria. Não importa o que tenha feito, não importa quem tenha sido. Com Mubarak a situação foi diferente. Mubarak foi julgado. Qualquer cidadão que tenha assistido ao julgamento pela televisão pode ter pensado: queria eu, estar naquela posição, vivendo como ele está vivendo. Para entender o que há a temer, é preciso diferençar essas duas histórias. É tudo completamente diferente. Não há qualquer semelhança entre o que houve no Egito e o que está havendo na Síria. O contexto histórico é completamente diferente, o tecido social é diferente, e nossa política sempre foi diferente. Se não se podem comparar esses destinos, não há o que temer. Talvez, no máximo, alguma emoção de piedade, ou de lástima por algum destino pessoal mais trágico.
Jürgen Todenhöfer: O senhor enfrenta uma oposição dura, seu país enfrenta uma luta dura, há rebeldes e o senhor sabe o que esses rebeldes fazem e são capazes de fazer. Repito, então minha pergunta: o senhor não teme pela sua família?
Presidente Bashar al-Assad: Nada importa mais, na vida de um homem, que viver conforme suas convicções. Claro que pode haver discordâncias, pode haver quem discorde de você, opiniões diferem. Mas se você trabalha para proteger o povo, por que temer? Há centenas de vítimas. Imagine se houver milhares, dezenas de milhares de vítimas? Esse, sim, é o problema a resolver.
Jürgen Todenhöfer: Para terminar, qual é sua proposta para o final desse conflito? Volto à pergunta inicial: o senhor entende que tenha de lutar essa luta até o fim?
Presidente Bashar al-Assad: Temos de chegar a uma solução, que tem dois eixos. Em primeiro lugar, não podemos aceitar o terrorismo. Esse é um eixo. Temos de combater o terrorismo. Quanto a isso não há discussão. A realidade na Síria é que há alguém matando civis, matando inocentes, matando mulheres, matando crianças, matando seus soldados, matando policiais, matando todos. Temos de combater os terroristas, se não aceitam dialogar. O outro eixo é construir um diálogo político com componentes diferentes, para, simultaneamente, poder promover reformas. Em todo esse processo, o povo resolverá quem serão seus representantes
Jürgen Todenhöfer: Não há meio para que as reformas venham um pouco mais depressa.
Presidente Bashar al-Assad: Esse é um critério muito subjetivo. Parecerão mais lentas para uns, rápidas demais para outros. Você acha que a reforma é rápida, eu acho que é lenta... É critério muito subjetivo. Reformas são coisas que se faz o mais depressa possível, sem pagar preço caro demais em cada etapa, porque sempre há efeitos colaterais, que não podem ser tão severos a ponto de inutilizar a reforma. Isso não depende de mim, nem do governo, nem do Estado e é processo que tem de ser encaminhado conforme o ditem as circunstâncias objetivas na Síria.
Jürgen Todenhöfer: E como, senhor presidente, o senhor espera ver seu país dentro de dois anos?
Presidente Bashar al-Assad: Tenho de ver a Síria, em dois anos, mais próspera. Mais prosperidade implica melhores condições econômicas e melhores condições em geral, em todos os campos. Para tudo isso, é indispensável construir, imediatamente, o que a Síria menos tem hoje e do que mais precisa: segurança. Sem segurança, não há como sonhar com prosperidade.
Jürgen Todenhöfer: Muito obrigado, senhor presidente, por essa entrevista.