A Bahia merece uma revolução na Cultura
Para quem não mora na Bahia a impressão que se tem quando se pronuncia o nome do estado é que a cidade de Salvador é o estado em si. Mas isto não é verdade. A Bahia é muito mais do que a capital com suas belezas e cultura pujante. A verdade é que são 417 municípios espalhados por um território com 564,733,177 km² de área. Um país dentro de outro. Assim vivem os baianos.
Nesta imensidão, é impossível, ainda, que o estado como ente possa estar presente em todas elas fisicamente com algum órgão governamental de decisão. E uma das áreas que mais carecem da presença do governo é a Cultura. Como o Brasil, a Bahia tem suas diferenças na forma e formato de suas manifestações culturais. Cada um com seu jeito, seu sotaque e suas singularidades.
No Sertão, lá onde Castro Alves descreveu as Cachoeiras de Paulo Afonso em verso que deu título a um livro seu publicado em 1876, em canudos onde Antônio Conselheiro fez a primeira reforma agrária que se tem notícia, onde repentistas, cordelistas, cantores e artistas populares lutam diariamente para manter as histórias e tradições precisam ter seus trabalhos destacados e incentivados pelo poder público, assim como acontece com as da capital.
A festa junina de Cruz das Almas, com sua guerra de espadas ou Irecê que movimenta milhões a traem turistas para dançar o forró, Serrinha com sua tradicional vaquejada no mês de setembro, o festival de inverno de Vitória da Conquista, as carrancas de Juazeiro, o artesanato de couro com suas “Xô Boi”, feitas em Macururé, a moqueca da capital e a buchada do interior. Pratos que deixam qualquer um de água na boca.
No cinema temos os festivais de Feira de Santana, mostra de cinema de Vitória da Conquista, o Vale Curtas - Festival Nacional de Curtas-Metragens do Vale do São Francisco, em Juazeiro, os atores, atrizes diretores da sétima arte que vivem a mendigar um pouco de atenção par os seus trabalhos. A mesma coisa acontece no teatro de rua pelas cidades, nos grupos que lutam no interior para produzir e encenar seus trabalhos. Muitos deles com qualidade para estar sendo apresentado no Teatro Castro Alves ou em qualquer outro do país.
Tudo isto está acontecendo na Bahia de todos os santos e de todas as cidades. O tradicional precisa ser preservado e o novo precisa vir para que novas manifestações com suas tecnologias, possam trazer conhecimento sem mudar o que já se tem nas localidades.
O governo do estado da Bahia pode, e deveria criar Diretorias Culturais, assim como já existiram as Direcs e agora conhecidos como “Núcleo Regional de Educação – NRE”. Com estrutura para atendimento as demandas em cada regional da Cultura que é produzida. Assim haveria oportunidade para os grupos, fazedores de cultura e produtores regionais, dando a possibilidade de acesso mais direto com representantes que conheçam as suas realidades. Seria mais fácil o atendimento junto a quem conhece dos problemas de cada região, criando editais setorizados que atendam, verdadeiramente o que cada um precisa.
A maioria esmagadora desses fazedores de cultura no interior não tem as condições para fazer um deslocamento até Salvador. E o serviço de atendimento por telefone da Secretaria de Cultura para tirar dúvidas de editais, como eu já disse antes, quase todos com temas que não representam todas as regiões, mesmo sendo de boa qualidade, não supre as necessidades.
Criar Diretorias Culturais nas regionais da Bahia poderá mudar a vida de muitos desses fazedores de cultura. Eles estão precisando de uma oportunidade. E Bahia merece fazer essa revolução cultural.
Hoje os editais dispostos, em sua grande maioria, não atende a toda a Bahia. Eles atendem mais a um segmento localizado na capital e o seu em torno que a todo o estado. Isto é algo que precisa ser revisto urgentemente. A Cultura na Bahia é mais do que Salvador. A Bahia é o todo!
E como disse o poeta. “Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”. (Caetano Veloso)