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Dimas Roque

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A era da opinião publicada

29 de Maio de 2023, 10:55 , por Dimas Roque - | No one following this article yet.
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Eu sou de um tempo que para nos comunicarmos com parte da população usávamos o mimeógrafo, o famoso “Cachacinha”. Às vezes ainda sinto o cheiro do álcool que impregnava toda a sala da cúria diocesana na Igreja Nossa Senhora de Fátima, ao lado a 1ª Companhia de Infantaria do Exército Brasileiro no centro da cidade de Paulo Afonso na Bahia.

Padre Mário, que depois se tornou Bispo da região, era quem autorizava as incursões, as noites as escondidas para que aquele grupo de jovens estudantes pudessem imprimir panfletos que denunciavam muitas das vezes, a forma como a população era tratada pelos militares. Também serviu para mobilização contra a Embasa – Empresa Baiana de Água e Saneamento, que distribuía um produto sem qualquer tratamento e cobrava muito caro por ele.

Aquele Cachacinha foi importante na impressão de materiais da campanha, “Zero, é quanto a Chesf paga de Impostos” pela geração de energia a Paulo Afonso e que foi vitoriosa ao ser incluída o pagamento de Royalties a todas as cidades com área inundadas para a produção da elétrica.

Já ali pelo ano de 1984, aquele grupo de “meninos de calça curta”, como ficaram conhecidos na cidade, conseguiram ter uma Brasília, que não era amarela, era Bege, com duas cornetas no teto e que levava informações de rua em rua as mobilizações. A mudança fez a voz chegar onde antes não era possível.

Surgiram os computadores. Quem tinha um era considerado fora de séria na sociedade. Sabia manusear algo que estava na palma da sua mão. Mesmo com as coisas mudando na comunicação, os livros nas livrarias, os jornais continuaram a ser vendidos nas bancas. E as informações neles era visto como “verdade, verdadeiras”. Fossem os contos, as crônicas, os romances, os ensaios, biografias... Não importava o gênero da escrita, tínhamos a certeza de que o autor da matéria jornalística ou de um livro, estava falando algo verdadeiro, mesmo que para isto os pensamentos tivessem que seguir a imaginação do autor. O jornalismo era coisa séria.

Aí surgiu a internet e com elas veio os smartphones, e o mundo ficou literalmente na palma da mão. Hoje basta uma pesquisa e qualquer pessoa tem a resposta em segundos na tela do seu celular. Surgiram também os aplicativos de bate-papo. E foi aí que saímos do cachacinha, onde a informação começava em uma máquina de datilografia, para a velocidade de uma digitação e publicação. Um fato ocorre agora na China e em minutos, pode estar sendo informado por todo o mundo. Cada um com sua versão. Saímos do telefone sem fio e estamos na era da informação viral. Quanto mais absurda for dado uma notícia, mais engajamento ela recebe.

O bom jornalista, o bom jornalismo deixou de ser prioridade nas redações. São poucos os que investigam informações. Está em moda o jornalismo de fonte anônima. Se escreve o que bem entende ou o que o dono do jornal, revista, site entende como sendo a verdade, e se publica como “fonte anônima”. Não passa da opinião publicada para atingir seus objetivos, políticos, financeiros ou sociais.

Quando você ler, “fonte anônima”, desconfie. O autor pode estar dando a sua opinião e está usando o artifício do “anonimato” para ludibriar a informação pública.

 

 


Fonte: http://www.dimasroque.com.br/2023/05/a-era-da-opiniao-publicada.html

Dimas Roque

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