O ex-candidato a presidência pelo PDT – Partido Democrático Trabalhista, Ciro Gomes, não fala sem pensar, como alguns querem acreditar. Ele sabe muito bem o que diz e aonde quer chegar.
Preterido pelo Partido dos Trabalhadores, que teve como candidato de Fernando Haddad, Ciro não perdoa este ato. Na cabeça dele (não sou psicanalista), o ressentimento tomou conta. Mas como esperar um ato de grandeza, como ele cobrou, por parte de quem teve o maior número de governadores e deputados eleitos? Como pedir a quem tem a maior e melhor militância partidária do planeta que abra espaço para outro candidato? E este outro não é qualquer um. Camaleão. Já esteve filiado ao PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB, PROS e agora PDT.
Ao final do primeiro turno das eleições em outro passado, todo o Brasil esperava de Ciro um ato de grandeza. Seu apoio era dado como certo ao candidato Haddad. Que disputou e foi derrotado por Bolsonaro. Mas o pedetista viajou. Sabe-se que esteve na Europa, “descansando” da maratona que enfrentou. De lá não mandou um sinal de fumaça que fosse em direção a esquerda. E no sábado, um dia anterior a eleição, chegou ao aeroporto da cidade de Fortaleza. Foi recebido por uma multidão. Todos esperando uma declaração de apoio a candidatura, que naquele momento, era o oposto ao fascismo. Ciro calou.
Mas como homem politico, Ciro mandou os primeiros sinais do que pretenderia fazer. Disse “claro que todo mundo preferia que eu, com meu estilo, tomasse um lado e participasse da campanha. Mas eu não quero fazer isso por uma razão muito prática, que eu não quero dizer agora, porque, se eu não posso ajudar, atrapalhar é o que eu não quero”. E atrapalhou!
Foi ai que percebi o que Ciro quer de verdade. Ele jogou para a eleição de Bolsonaro no segundo turno por ser um homem raivoso. Ciro nunca será candidato da esquerda, e ele sabe disso. A chance que ele tem é que Bolsonaro seja um desastre na condução do país. O que não precisa de bola de cristal para ver que já começou antes mesmo de começar. E é vendo isto que o politico camaleão mira daqui a quatro anos. A direita não terá um candidato competitivo. Todos os possíveis perderam espaços. E Ciro, o camaleão visa ocupar este espaço. Suas falas contra o PT, não são para se juntar a esquerda em nome de um projeto que o tenha como liderança, são acenos ao deus mercado e as legendas de direita. Ciro busca na verdade se credenciar como o próximo Bolsonaro da direita.
Suas declarações hoje ao jornal Folha de São Paulo já podem ser guardadas para serem estudas em um futuro próximo, como as de quem não tem escrúpulos para alcançar seus objetivos. Ciro precisa se dobrar a direita, e para isto precisa atacar o maior partido de esquerda do país.
Triste, muito triste o caminho por ele perseguido.