Mas Gamela estava decidido a enfrentar o novo, ele iria mesmo se casar com Joelma. E como todo mundo sabe, para cada casamento tem que ter uma despedida de solteiro, que para aquele grupo, é algo a mais do que simplesmente encher a cara de cachaça e acordar no outro dia com dor de cabeça.
Foi assim que pensaram os amigos da turma do Gamela. Entre eles tinha o Doutor Tafu. Um Peruano que não se sabe lá como, veio morar em Paulo Afonso na Bahia e já se faziam dezenas de anos, tantos que ele embolava a língua, pois nunca perdeu o sotaque natal, para dizer quando tinha chegado por essas bandas. Era famoso por suas faras. Conseguiram a chácara dele e acertaram a despedida de solteiro do Gamela.
Uns ficaram responsáveis pelas bebidas, outros pela comida, na verdade, era só carne para churrasco mesmo e Tafu, aquele Peruano de um metro e vinte de altura, ficou encarregado de animar a festa. Ele, conhecedor da boa malandragem, convidou “As Cidinhas” e mais algumas outras “amigas”.
E ao meio-dia a turma já tinha chegado, a carne do churrasco já estava no fogo e na piscina era só alegria. Tafu, alguns dos convidados e Gamela. Afinal, a festa era para ele. O Cabra estava feito pinto no lixo.
Para ser uma boa despedida de solteiro, tudo tem que estar bem ajustado, inclusive o segredo de onde ela vai acontecer, para nada dar errado. Mas não foi o que aconteceu. A esposa de um dos convidados descobriu que na farra tinha mais do que só os amigos, churrascos e as bebidas. Ela saiu ligando para as esposas dos outros amigos e contando tudo o que possivelmente estava acontecendo por lá.
Pegou o carro, um Saveiro, passou na casa de uma, de duas e juntas foram bater na chácara do Tafu. De longe, os rapazes estranharam a poeira que levantava na estrada em direção a eles, mas tinham desconfiado do que se tratava. Quatro carros em alta velocidade naquela estrada esburacada.
Quando perceberam que o portão estava sendo aberto pelas mulheres, quem ficou fora da piscina conseguiu correr, mas que permaneceu dentro, foi pego. E Júnior, pobre dele, viu a fúria sendo usada pelas mãos de sua esposa que pegou pedras de todos os tamanhos e mirava diretamente nele e nas pobres meninas. Foi tantas em minutos que as meninas começaram a revidar. Mergulhavam, pegavam e atiravam de volta nas casadas. A cena só não foi pior, porque os fujões, que se meteram dentro do mato, foram perseguidos por suas esposas. Marise com um revólver nas mãos conseguiu alcançar Oliveira. O pobre resolveu subir em um pé de um umbu para se esconder. Não deu certo
Alcançado, ele e mais uns dois, eram puxados pelos pés e com o cano das armas cutucando a bunda de cada um. O desespero foi grande. Uma gritava, “desce se tu é homem”. A outra dizia, “vagabundo, se tu não descer eu vou te matar aqui mesmo”. E Gamela, que a esposa não tinha ido nesse BO, pedia calma as mulheres, tentando pegar os revólveres delas.
Após a calmaria. Explicações dadas. Choro de homem pedindo perdão e umas duas horas depois, Marise botou todos para casa e deu carona As Cidinhas, que voltaram na caçamba da Saveiro. E todos foram felizes. Aconteceu o casamento de Gamela e a amizade de todos contínua até hoje.