Eu me lembro da vez em que vi passar por sobre Paulo Afonso algo muito estranho no alto, lá nos céus. Eu ainda era criança e morava na Rua Otávio Mangabeira, perto da Praça Libanesa, que tem esse nome por causa de um libanês que tinha uma padaria no local, mas que hoje está nomeada como “28 de julho” em homenagem ao dia da emancipação da cidade.
Os amigos que conheci nos grupos jovens da igreja católica, com muitos deles ainda convivo até hoje. Outros já tiveram o seu último dia, outros tantos tomaram novos destinos e não mais nos vimos. Da mesma forma são os que iniciamos a militância política no final dos anos 70 e que culminou na eleição de Zé Ivaldo, o prefeito mais jovem do país em 1985 na eleição das cidades que eram consideradas de segurança nacional. Nós fizemos a revolução dos “meninos de calça curta”.
As surras que levei de meus pais (in memoriam). As alegrias que vivi com eles, o amor que perdura mesmo após o último dia deles já ter chegado. Os amores que tive ao longo da minha vida, e foram muitos. O meu primogênito que chegou quando eu ainda tinha só 18 anos. Meus três filhos e minhas duas filhas. Minha neta e meu neto. Deus que sempre esteve presente em minha vida e que nunca me abandonou. Eu sempre soube que sou uma pessoa abençoada por Ele.
Os meus amigos, Luciano, Diny e Pereira, aos quais sou grato eternamente por terem ficado ao meu lado e me ajudado quando eu dava os primeiros passos na produção de eventos sem cobrar um único centavo em troca das vezes que me ajudaram. Zé Ivaldo, meu líder sempre, mesmo com nossas tantas brigas por discordarmos de encaminhamentos políticos. Kátia e Erivaldo que me deram as mãos quando eu passava por dificuldades financeiras. Heleno, com quem conseguimos formar uma dupla vitoriosa ao conseguirmos, juntos com tantos outros imprescindíveis, vencer a eleição e o tornar prefeito em Canindé/SE, quando só este grupo acreditava.
As histórias contadas por minha mãe na calçada da casa na Rua Duque de Caxias com a Manoel Novaes. Ela que obrigou meu pai a deixar de ser marchante e se tornar dono de uma bodega, acreditando que seria o melhor para os filhos, nos obrigando a estudar. Se hoje escrevo contos e crônicas, devo isso a Regina dos Santos Roque.
E ao cair da tarde, enquanto o sol se despedia com um abraço dourado no horizonte por sobre o Raso da Catarina no sertão baiano, refletiria sobre o tempo da minha existência. Se hoje fosse o último dia, eu escolheria passá-lo na varanda da memória, onde cada risada é uma nota musical e cada lágrima, uma pérola de sabedoria. Eu dançaria com as sombras do passado ao som do vento, celebrando cada momento vivido, cada amizade forjada, cada amor que aqueceu meu coração. E quando as estrelas acendessem no céu, eu sussurraria um agradecimento a Deus por ter sido parte de algo tão vasto e maravilhoso. Então, com um sorriso sereno, fecharia os olhos para sonhar com o amanhã, mesmo sabendo que ele pode não chegar.
E se hoje fosse o seu último dia, o que você gostaria de relembrar?