Pouco antes do raiar do dia, viaturas da Polícia Federal e dos Alckmistas ganham velozmente as ruas de São Bernardo do Campo, dispostos a cumprir a ordem de prisão do ex-Presidente Lula.
Não há sirenes, não há giroflex, apenas o cantar dos pneus ecoando pelas ruas ainda vazias. Alguns Policiais estão preocupados e já transpiram.
Em frente ao edifício, militantes em vigília revezam o descanso, uns conversam animadamente, outros cochilam em sacos de dormir e dois ou três registram o momento. Apesar das falas sobre como agiriam se tentassem prender Lula, das pedras e coquetéis Molotov, ninguém jamais poderia imaginar os eventos que estavam por vir, muito menos os reflexos no país e no mundo.
As viaturas chegam e se posicionam do outro lado da rua e, de imediato, a tensão se instala, o ar fica pesado. Um helicóptero solitário surge, é da Globo, avisada de antemão, para garantir sua exclusividade, escorada em sua criminosa cumplicidade.
O Comandante da Polícia Militar, munido de um megafone ordena os militantes a deixarem o local, dizendo que tem ordens e as fará cumprir. Ninguém se move, ninguém diz nada, até que uma voz solitária rompe o silêncio: "Lula Guerreiro do Povo Brasileiro!" A voz é grave, profunda e instigante.
Em uníssono, os 300 militantes, que protegem seu bravo Leônidas, passam a repetir o brado e o Comandante não consegue nem ouvir seus próprios pensamentos. Se permite uma careta involuntária e se volta aos seus comandados.
Menos de cinco minutos depois, surge a Tropa de Choque, que se posiciona entre as Polícias e os militantes. O ar fica elétrico enquanto os comandados preparam sua falange de robocops. E os militantes começam a se municiar.
O som ritmado e ameaçador dos golpes de cassetete nos escudos, dos coturnos impecavelmente reluzentes da servidão contra o asfalto, traz promessas de dor e ranger de dentes.
De repente, três bombas de gás lacrimogêneo são arremessadas contra os heróicos militantes, porém são chutadas de volta tão rápido quanto atingiram o chão. O Choque avança lentamente.
Uma chuva de pedras, grandes o suficiente para causar danos consideráveis, se precipita sobre capacetes e explodem nos escudos. Há um segundo de silêncio e mais bombas ganham o céu matinal, emudecendo e espantando os pássaros.
Balas-de-borracha cortam o ar e atingem alguns, mas o efeito não é o esperado e rapidamente dois coquetéis Molotov começam a voar. Uma das garrafas atinge um Policial em cheio, imediatamente, ele é envolvido pelo fogo e alguns soldados vão ao seu socorro. Ele grita desesperado enquanto do outro lado, brados de guerra e risadas se fazem ouvir. Os sons do povo congelam o sangue dos Policiais por um breve momento.
Assustados com o desespero do colega de farda, os soldados conseguem apenas abrir os olhos em pânico ao verem dezenas de garrafas voando em sua direção.
O fogo se espalha e a falange se desmancha. Ardendo em chamas, Policiais correm procurando apagar o fogo, deixando pra trás, armas, escudos e cassetetes. A dor e o desespero caótico se instalam.
Atônito e enraivecido, o Comandante saca sua arma e atira contra o maior dos militantes. E novamente, o resultado não era o esperado. Caído ao chão, resistindo a dor, pede aos companheiros que não cessem enquanto tenta estancar a ferida na barriga, o sangue é escuro, o ferimento, fatal.
Ao primeiro disparo de seu Comandante, os demais Policiais sacam suas armas e começam a gritar ameaças e palavrões...
Black Blocs surgem, com todo o fogo da juventude, se posicionam à frente dos Policiais e com seus compensados, se protegem e protegem aos demais. Enquanto isso, outras centenas de manifestantes aparecem e a disposição dos presentes se renova. Uma chuva de pedras escurece parcialmente o céu.
O ataque dos jovens consegue ser ainda mais contundente e aterrorizador, porém, os Alckmistas abrem fogo. Das 8 pessoas atingidas, duas morrem instantaneamente.
O sangue tinge a rua e garante um campeão de audiência matinal. Por todo o país a população acompanha com a respiração suspensa sem acreditar no que vê. Nas padarias, pães queimam nas chapas, atendentes deixam os copos de café transbordarem.
Nas casas, alguns de espírito mais fascistóide, até viram os olhos em deboche e prazer, gritando: "matem esses vagabundos! Larga o aço!" Os mais bestiais gritam: "Ustra vive!" e "Bolsomito!" demonstrando que já perderam há muito a humanidade.
Não leva muito tempo para que a população entre em ebulição e a violência irrompa em ondas por todo o Brasil.
A mais sangrenta revolução a tomar conta do país começa a se formar...
Com a chegada dos blindados israelenses de Alckmin e seus poderosos jatos d'água, os militantes não podem mais contar com seus coquetéis Molotov. Ainda assim, o recuo é ínfimo e somente para pegarem mais paus e pedras.
Integrantes do MST e do MTST surgem e a batalha ganha em intensidade e sangue. Dois Policiais são capturados e suas mortes violentas horrorizam o país.
E começa a maior convulsão social de todos os tempos. Por todo o país explodem batalhas sangrentas. Condomínios de luxo são invadidos por hordas e mais rodas de piratas urbanos. Os saques são impossíveis de serem contidos; bancos são invadidos e os Seguranças não oferecem resistência, os funcionários entregam todo o dinheiro das agências sem pestanejar.
No Rio de Janeiro, mais de mil pessoas invadem a Rede Globo, queimam tudo e arrastam William Bonner nu pelas ruas, até que partes do seu corpo se desfaçam no asfalto.
Curitiba arde em uma fiesta de sangue e fogo, Sergio Moro e sua esposa são capturados e despidos em praça pública... Uma voz ecoa: "Mussolini tem que morrer como Mussolini" e Moro quase morre engasgado na própria saliva grossa. Sua esposa, tentando inutilmente cobrir sua vergonha com as mãos, chora copiosamente antes mesmo do primeiro tapa.
O fim do casal é escabroso demais para registrar aqui. Mas pode-se dizer que há pedaços deles para cada cidade paranaense. Suas mortes foram lentas e o sadismo do povo estava insaciável.
Em Brasília, Temer perde de vez o controle de seu afrouxado esfíncter, emudecido diante da tevê. Atordoado e mal-cheiroso, anda de um lado a outro em seu gabinete, pede até a Deus por uma luz. Logo ele.
Nas redes sociais, a guerra ganha proporções mais expressivas a cada segundo. As "hashtags": #BrasilComLula e #AForçaDoPovo só perdem para #FarraDoBoy e #PrayForBrazil.
O mundo observa os acontecimentos no país com lágrimas nos olhos, uma prece na boca e um aperto no coração. Inevitavelmente, a lembrança do massacre da Praça da Paz Celestial vem à mente. Um arrepio percorre a coluna.
Presidentes de vários países dão entrevistas condenando o Brasil, nosso judiciário e apontam o julgamento de Lula como a farsa que é. Correspondentes falam em Regime de Exceção.
Em São Bernardo, o número de mortos e feridos ultrapassa duas centenas, o sangue avança com o fluxo de uma enxurrada. Atiradores de elite chegam e aumentam consideravelmente esse número, para o horror do Primeiro Mundo.
Em Porto Alegre, os três Desembargadores são capturados e por horas são obrigados a comer páginas da Constituição. Quando não conseguem mais, enfiam-lhes cabos de vassoura na boca, para empurrar-lhes goela abaixo mais e mais páginas. Eles sofreram por 5 horas. Morreram com seus intestinos arrebentados, vertendo sangue por todos oa lados.
A ONU marca uma reunião extraordinária de extrema urgência para tratar do tema. Líderes de todo o mundo atendem.
De férias em Angra, Luciano Huck consegue embarcar Mulher e filhos num helicóptero, porém é capturado antes que pudesse se salvar. Angélica e as crianças ainda o viram de joelhos pouco antes de sua cabeça explodir sob o peso de uma barra de ferro.
Em São Paulo, células neo-nazistas despertam e os MoreNazi brasileiros - também conhecidos como WhitePardos - ganham as ruas, porém seus corpos inchados com Deca, Winstroll e anabolizantes eqüinos; seus porretes e correntes não fazem frente à força moldada na lida, não duram nem metade do que acreditavam e voltam às casas de suas mães pedindo colo e Toddynho. Alguns vão direto para hospitais da região com a suástica marcada à facano rosto.
Em seu gabinete, Alckmin ouve o que não quer de um de seus assessores e surta: "- Senhor, roubar dinheiro de merenda é uma coisa, isso aí vai acabar com suas chances na eleição..." Rendido, Alckmin ordena que seus comandados cessem a guerra e voltem aos quartéis. O faz a contra-gôsto e sai resmungando a caminho do banheiro: "malditos, eu poderia resolver o problema, seria um 'Carandiruzaço' e acabaria com a Esquerda brasileira".
Enquanto isso, em Brasília, cagado e com medo, Temer ordena que todas emissoras sejam colocadas fora do ar e resolve fugir do país. Marcela tem a mesma idéia e foge com o filho e seu motorista particular, com quem tinha relações há mais de 20 anos. Antes de sair, Marcela faz questão de revelar que Jurandir era o verdadeiro pai de Michelzinho.
Triste também foi o fim de vários políticos. Jair Bolsonaro, por exemplo, desapareceu por completo após ser abordado por um grupo de crianças de rua. Pelo que se fala à boca miúda, nem seus ossos serão encontrados. Seus filhos, emasculados. José Serra é encontrado decapitado às margens do Rio Pinheiros. Seu genital, arrancado, é encontrado em sua boca, que fôra costurada.
Líderes da Esquerda de todo o mundo telefonam pra Lula, pedindo-o que acalmasse a situação; políticos brasileiros falam num pacto nacional e em adiantarem as eleições.
O ex-Presidente desce, vai ao encontro dos bravos combatentes e não consegue conter as lágrimas ao ver os corpos dos Companheiros e Companheiras estirados pela rua tomada de sangue.
Ao pedir por paz, recebe a negativa de muitos, eles crêem que é chegada a hora da revolução há tanto adiada pelo entorpecimento midiático. Contudo, à distância, se ouvem os gritos do Comandante da Polícia, avisando que a ordem de prisão fôra revogada pelo STF e que bateriam em retirada.
Os bravos soldados do povo que restaram, começam a gritar em breve comemoração, mas logo correm para acudir os feridos e apagar o fogo das viaturas tombadas, dando passagem aos guerreiros da vida do SAMU. Todos, mesmo contentes com a dura Vitória, choram, pois cada Companheira e Companheiro que tombou passara a ser como uma irmã, um irmão. A frase: "Aquele que sangra comigo é meu irmão" ecoa nos corações e mentes de todos.
Meses depois, Lula é eleito Presidente do Brasil pela terceira vez, já no primeiro turno de forma avassaladora e seu primeiro ato é condecorar aqueles que deram suas vidas pela Democracia, com a mais alta honraria do país. Pouco depois, com referendos revogatórios, estabelece as bases para um Brasil melhor para todos. Um Brasil por todos e para todos.
Por Flavio Hernandez.