Em meio a críticas diárias nas filas de espera e ao protesto silencioso de quem não encontra uma vaga sequer para um exame, a cidade de Paulo Afonso ganhou uma nova protagonista na crise sanitária, a enfermeira Isabele Bentemuller. Nomeada pelo prefeito Mário César “Galinho”, ela sucede Renata Fernandes, que foi exonerada após nove meses de desgaste e reclamações constantes sobre a falta de leitos, de remédios e de médicos no município.
Desafios Imediatos da nova secretária são a lotação crônica com 98% dos leitos de UTI estão ocupados, segundo o Conselho Municipal de Saúde, falta de insumos como seringas em falta há três meses e remédios controlados com estoque para apenas 15 dias, o hospital Nair Alves de Souza que foi fechado para reforma desde julho, concentra o maior volume de reclamações de pacientes transferidos para cidades vizinhas, a carência de pessoal com 40 médicos demitidos nos últimos seis meses, entre emergencistas e pediatras.
Isabele inicia o mandato com a promessa de reabrir alas do Nair Alves até dezembro e de negociar convênios emergenciais com faculdades de medicina, medida que já tramita na Procuradoria do Município.
Embora chegue com aval técnico, a nova secretária herda também o estigma de não poder tomar decisões sem aval direto do gabinete. Servidores municipais revelam que “nenhuma compra de material ou contratação de plantões é liberada sem o aval do prefeito”, um modelo de gestão que acumula frustração entre profissionais e pacientes. Críticos acusam a administração de “microgerenciar a Saúde” e de usar a secretaria como marionete para políticas de gabinete, sem ouvir especialistas.
A troca faz parte de uma “reestruturação estratégica” e será que Bentemuller terá autonomia para “implementar ações inovadoras”?. Nos bastidores, aliados do Palácio avisam que a secretária terá prazo de 60 dias para apresentar resultados concretos, sob risco de novo remanejamento.
Lideranças comunitárias, observam com cautela. “Ela chega com currículo, mas precisará de liberdade real para tocar obras e contratos. Caso contrário, será remanejada como sua antecessora.” Disse uma líder do Bairro Tancredo Neves.
Isabele Bentemuller assume uma das pastas mais críticas da prefeitura de Paulo Afonso em um momento de tensão máxima. Se conseguirá furar o cerco burocrático e demonstrar eficiência antes de 60 dias, será medida não só pela redução de filas, mas pela capacidade de reverter o descrédito histórico da Saúde municipal. Até lá, a cidade segue em compasso de espera, contando as horas e as doses de vacina, mas sobretudo à espreita do que costuma importar mais num cenário de caos: ação concreta.
