O presidente do Iphan destacou que a nova gestão, desde o início, priorizou o acompanhamento das obras do Palácio Capanema. “Hoje tivemos uma reunião importante com as autarquias do Ministério da Cultura, bem como com a própria ministra, pra encaminharmos a forma de ocupação”, contextualizou Grass. “Esse é um símbolo nacional, um importante bem do patrimônio moderno, e que em breve estará novamente acessível à população, por meio de exposições, ações de Educação Patrimonial e outros projetos importantes.”
A proposta
A nova proposta visa abrir o espaço à população, ao mesmo tempo em que abriga as atividades administrativas do Ministério da Cultura e das instituições vinculadas. Dentre as sugestões, está a de tornar o “pavimento do ministro”, onde há um terraço jardim e o espaço Cândido Portinari, num pavimento visitável. O nono pavimento, por exemplo, que antes recebia apenas aulas vinculadas ao Mestrado Profissional do Iphan, deverá se tornar um espaço multiuso aberto ao usufruto da sociedade.
A perspectiva é de que os quatro últimos andares do prédio recebam exposições das instituições vinculadas ao MinC. Haverá um local para exposições do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, da Fundação Cultura Palmares, do Instituto Brasileiro de Museus e da Fundação Nacional de Artes. No terraço, com a vista a cidade do Rio de Janeiro, serão mantidos um café e um restaurante.
“Essa reunião é um passo fundamental para concluir e entregar o Palácio Capanema para a sociedade brasileira”, explicou o diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização (Depam) do Iphan, Andrey Schlee. “Marco da arquitetura brasileira e internacional, o Capanema também se refere a um momento importante do Brasil no sentido da integração das artes. Há um conjunto de obras de arte de vanguarda associadas ao prédio”, completa ele.
O Palácio
O prédio foi projetado para receber o Ministério da Educação e Saúde, tendo sua construção iniciada em 1937 e concluída em 1945, durante o governo de Getúlio Vargas. A edificação é considerada um marco na elaboração da arquitetura modernista brasileira, responsável por alçar o Brasil a referência internacional. De sua concepção, participaram arquitetos como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy e Jorge M. Moreira, tendo à frente Lucio Costa. O projeto também contou com a consultoria do arquiteto francês Le Corbusier.
Foi posteriormente nomeado Palácio Gustavo Capanema, homenagem ao então ministro da educação e saúde, quando da execução do projeto. O palácio também se tornou recanto de importantes referências artísticas nacionais. Ele guarda quadros e murais de Candido Portinari, esculturas de Bruno Giorgio, Adriana Janacópulos, Celso Antônio e Jacques Lipchitz, além dos jardins de Burle Marx.
Recentemente, a edificação esteve envolvida em dois movimentos de fortalecimento da cultura brasileira. Em 2016, o palácio Capanema foi ocupado por movimentos sociais e artistas contra o fechamento do Ministério da Cultura. Já em 2021, foi anunciada a venda de prédios públicos à iniciativa privada, o que incluía o Palácio Capanema, proposta que foi rechaçada por setores ligados à cultura e da sociedade brasileira de maneira mais ampla.