JB.
O Jornal do Brasil era meu sonho de estudante de jornalismo.
Em 1986, aos 20 anos, eu era repórter da Tribuna da Bahia, em Salvador, e ficava esperando chegar na redação o exemplar do JB do editor-chefe. Naquela época, os jornais “do sul” chegavam lá pelas 16 horas. Eu lia o JB todo, de cabo a rabo, antes de ir embora para casa.
O sonho era tão grande que eu pegava o corretor de texto (liquid paper), apagava os nomes dos repórteres no alto das matérias e colava o meu, escrito à máquina num pedacinho de lauda, só para ver como seria ser um repórter do JB, assinar uma matéria do JB.
Em 1988, peguei um ônibus e fui ao Rio fazer prova para ser estagiário do JB. Fui o único estudante de jornalismo de fora do Rio que se meteu a fazer isso. Fui selecionado, mas não pude trabalhar: as regras (que pretendi burlar) exigiam que o candidato estivesse matriculado em faculdades fluminenses, e eu era aluno da UFBA.
Em 1990, vim para Brasília para ser repórter do JB, queria trabalhar com Ricardo Noblat, a quem admirava muitíssimo.
Trabalhei no Estadão e na Zero Hora, antes de realizar o sonho de ir para o JB – e, quando rolou, foi uma experiência maravilhosa. Era uma redação de cobras: criativa, divertida, cheia de amigos que estão comigo até hoje. Viajei o Brasil e mundo pelo JB, nas duas oportunidades em que trabalhei lá, na sucursal de Brasília.
Conto essa história por causa das notícias de que o JB, falido há muitos anos, será novamente editado, em papel.
Minha memória afetiva torce pela iniciativa, mas o tempo dos jornais de papel já acabou, e não é de agora. Não vejo nenhuma chance de uma coisa dessas vingar.
Fico, pois, com as minhas memórias.
Por Leandro fortes.