Uma juíza, Daniela Menechine, de São Paulo, sem corar, exara decisão a favor do bloco "Porões do DOPS", que desfilará celebrando Fleury, Ustra e demais assassinos torturadores. Fez isso em nome da liberdade de expressão. A secretária Olívia Santana, do governo baiano, foi agredida ontem num hotel em Salvador por uma mulher que gritando mandava ela voltar à favela, de onde viera. Olívia é negra, com muito orgulho. O ódio não surge ao acaso. Vem desde a preparação do golpe e segue sendo construído pela midia e também estimulado pelo Judiciário. O nazismo como fenômeno estatal não irrompeu em 1933, quando Hitler chega ao poder. Estava em gestação no ventre da República de Weimar. Sob o Estado de Exceção em que vivemos desde o golpe de 2016, o nazifascismo vem sendo estimulado, o odio alimentado cotidianamente contra comunistas como Olívia, petistas, gays, lésbicas, transgêneros, lideranças da luta pela terra, o que apareça como diferente e de oposição ao governo golpista. É preciso dar um basta a isso. Não obstante a eleição deste ano, em outubro, que deve garantir o retorno à democracia com a vitória de Lula, a luta contra o nazifascismo é pra hoje - nas ruas, debates, textos. Não podemos cruzar os braços. Nem viver de lamentos ou ficar espantados. Lembrar o advogado alemão Alfred Apfel que, ao criticar a parcialidade da Justiça durante a República de Weimar, perguntava em 1933:
-Como espantar-se de que um edificio cuja base principal, a Justiça, estava carcomida, tenha desabado?