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Dimas Roque

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MIGUEL BAIANO

24 de Julho de 2025, 7:29 , por Dimas Roque - | No one following this article yet.
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Na cidade, tem gente que todo mundo conhece. O prefeito, o padre, o dono da padaria e do Posto Avenida. Mas ninguém, é mais popular que ele: Miguel Baiano, o rei da caipfruta. Miguel não tem diploma, mas entende de fruta como médico entende de anatomia. Se você tossir perto dele, ele já emenda: “Isso é falta de maracujá com gengibre, meu rei“. E pronto: prepara na hora uma caipfruta terapêutica, geladinha, colorida e com a borda do copo lambuzada de mel e alegria.

Seu carrinho de drinks é uma verdadeira escola de samba ambulante: luzes piscando, música tocando, bandeirolas e aquele sorriso que ele distribui com a mesma generosidade que pinga a cachaça.

- Hoje tem de que Miguel?

- Tem de tudo, meu rei! Tem caipfruta de manga com hortelã, morango com manjericão, limão com rapadura e, se você estiver apaixonado, faço uma especial: Paixão Tropical, que é um paraíso doce no copo.

Dizem que o segredo dele não é a fruta, nem a cachaça. É o jeito Zé Miguel de ser: ele sabe o nome dos fregueses, das mães dos fregueses e até do cachorro do freguês. Já foi padrinho de casamento, testemunha de batizado e uma vez quase virou vereador. Só não foi porque Janinho, secretário de Cultura, o desaconselhou.

Outro dia, um turista desavisado perguntou: “Essa tal de caipfruta é tipo uma caipirinha”. Miguel soltou uma gargalhada que espantou até os pombos da Praça das Mangueiras: “Caipfruta é uma experiência espiritual meu rei! Você não bebe, você vive!

E vive-se mesmo! Porque tomar uma caipfruta do Zé Miguel não é só refrescar a garganta: é participar de um rito comunitário, é fazer parte da história da cidade, é dar risada, ouvir causos e, talvez até dançar um forrozim cantado por Deyse Novaes, que nunca perde um sábado a tarde de festa no CPA.

Dizem que quando Zé Miguel se aposentar - se é que isso vai acontecer -  a cidade vai erguer uma estátua com um limão numa mão e uma coqueteleira na outra. Mas até lá, ele segue firme, com o seu pom pom na cabeça, seu avental manchado de fruta, e aquela certeza no olhar de quem sabe que, às vezes, tudo o que a vida precisa é de gelo, fruta e um bom papo. E como ele sempre diz: “Bom dia, boa tarde, boa noite.

Por: Jorge Papapá.


Fonte: http://www.dimasroque.com.br/2025/07/miguel-baiano.html

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