Seu carrinho de drinks é uma verdadeira escola de samba ambulante: luzes piscando, música tocando, bandeirolas e aquele sorriso que ele distribui com a mesma generosidade que pinga a cachaça.
- Hoje tem de que Miguel?
Dizem que o segredo dele não é a fruta, nem a cachaça. É o jeito Zé Miguel de ser: ele sabe o nome dos fregueses, das mães dos fregueses e até do cachorro do freguês. Já foi padrinho de casamento, testemunha de batizado e uma vez quase virou vereador. Só não foi porque Janinho, secretário de Cultura, o desaconselhou.
Outro dia, um turista desavisado perguntou: “Essa tal de caipfruta é tipo uma caipirinha”. Miguel soltou uma gargalhada que espantou até os pombos da Praça das Mangueiras: “Caipfruta é uma experiência espiritual meu rei! Você não bebe, você vive!
E vive-se mesmo! Porque tomar uma caipfruta do Zé Miguel não é só refrescar a garganta: é participar de um rito comunitário, é fazer parte da história da cidade, é dar risada, ouvir causos e, talvez até dançar um forrozim cantado por Deyse Novaes, que nunca perde um sábado a tarde de festa no CPA.
Dizem que quando Zé Miguel se aposentar - se é que isso vai acontecer - a cidade vai erguer uma estátua com um limão numa mão e uma coqueteleira na outra. Mas até lá, ele segue firme, com o seu pom pom na cabeça, seu avental manchado de fruta, e aquela certeza no olhar de quem sabe que, às vezes, tudo o que a vida precisa é de gelo, fruta e um bom papo. E como ele sempre diz: “Bom dia, boa tarde, boa noite.
Por: Jorge Papapá.