“Em cinco meses, a gente construiu 2.033 páginas de um inventário participativo. Todo o Brasil Hip Hop veio somar. A gente tinha o intuito de preservar a nossa cultura, reconhecer a nossa cultura, garantir que a nossa cultura pudesse exercer toda a arte que pulsa livre, que desse vez nós pudéssemos iniciar mais 50 anos livre”, declarou a facilitadora da Construção Nacional do Hip, Cláudia Maciel. “Cada estado juntou seus grupos de trabalho, e essa galera devolveu essas 2.033 páginas entregues. Hip Hop são 40 anos no Brasil e 50 anos para o mundo. Todos os estados e mais o Distrito Federal fizeram uma força-tarefa.”
Durante o evento, estiveram presentes, além dos representantes do Hip Hop, autoridades dos poderes Executivo e Legislativo federal e distrital, servidores e o diretor do Departamento do Patrimônio Imaterial (DPI), Deyvesson Gusmão, que acompanharam a entrega do dossiê em mãos ao presidente do Instituto, Leandro Grass.
“A conexão do Hip Hop é tudo o que representa a ancestralidade do povo preto brasileiro, apontando para o futuro. É sobre o passado, é sobre o presente, mas é sobre o futuro”, avaliou o presidente do Iphan, Leandro Grass. “O que este processo tem proporcionado do ponto de vista da comunicação, de recuperação dos valores culturais do nosso País, de recuperação da memória, da herança do povo africano do nosso país, mas, acima de tudo, da promoção da vida, da juventude do nosso país, é algo extraordinário. O hip hop é o País dando certo!”.
Dossiê Hip Hop
O dossiê contém um capítulo sobre o Hip Hop para cada estado brasileiro. Em São Paulo (SP), por exemplo, há a menção à esquina das ruas Dom José de Barros e Vinte e Quatro de Maio, onde uma placa sinaliza que aquele local é o “Marco Zero da Cultura Hip Hop”, ponto de encontro e popularização da dança de rua. Já na capital Manaus (AM), 1984 é considerado o ano de início do Hip Hop, por meio da chegada de filmes de breakingdance e graças à Zona Franca de Manaus, na qual havia intenso comércio de produtos associados ao Hip Hop, como roupas, tênis, fitas de vídeo e fitas k-7.
O pedido de registro entregue ao Iphan será analisado pelo corpo técnico da instituição e depois terá sua pertinência preliminar avaliada pela Câmara Setorial do Patrimônio Imaterial. Caso se considere pertinente, o processo segue para a etapa de documentação e pesquisa sobre o bem cultural. Finalizada essa etapa, o pedido é então avaliado novamente pelos técnicos do instituto, que vão emitir um parecer final e encaminhar o processo de registro para o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. É essa instância, composta por especialistas no campo do patrimônio, que possui a decisão final sobre o registro de um bem cultural imaterial.
Foto: Mariana Alves.