O julgamento em curso trata da suposta participação de Bolsonaro em uma trama para desacreditar o processo eleitoral e incentivar atos golpistas. A acusação, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, sustenta que o ex-presidente ultrapassou os limites da liberdade de expressão ao incitar ataques contra as instituições democráticas. A defesa, por sua vez, insiste na tese de perseguição política e questiona a competência do Supremo para julgar o caso.
Enquanto os advogados trocam argumentos, o clima fora do tribunal é de tensão. A CartaCapital noticiou que o esquema de segurança prevê a atuação conjunta de forças locais e federais, com foco em identificar possíveis ações individuais que escapem ao radar das manifestações coletivas. A preocupação é que pequenos grupos ou pessoas isoladas tentem repetir atos de violência semelhantes aos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas.
O Supremo, por sua vez, busca reafirmar sua autoridade institucional. Para os ministros, o julgamento é mais do que a análise de condutas individuais. Trata-se de um recado claro de que a democracia brasileira não tolerará aventuras autoritárias. A expectativa é de que a decisão, qualquer que seja o resultado, seja acompanhada de perto por organismos internacionais atentos à estabilidade política do país.
No entorno da Praça dos Três Poderes, o clima é de vigilância constante. Policiais militares circulam em viaturas, drones sobrevoam a região e barreiras físicas delimitam o acesso de manifestantes. O governo do Distrito Federal informou que a prioridade é evitar confrontos e garantir que o julgamento ocorra sem incidentes. A estratégia é clara, neutralizar riscos antes que eles se transformem em tragédias.
O processo contra Bolsonaro simboliza um divisor de águas. Se por um lado expõe as fragilidades de um sistema político ainda marcado pela polarização, por outro reafirma a capacidade das instituições de responder a ataques contra a ordem constitucional. O temor dos “lobos solitários” é real, mas a mensagem que Brasília tenta transmitir é de que a democracia, apesar das ameaças, permanece de pé.