O Sertão sergipano enfrenta um dilema político recorrente. É que a cada eleição, lideranças locais negociam apoio a candidatos externos em troca de recursos temporários, prática que deixa a região sem representação efetiva após as urnas. Com as eleições de 2026 se aproximando, moradores e movimentos sociais questionam se será mantido esse ciclo de dependência ou se apoiam uma candidatura autêntica comprometida com as demandas regionais.
"É como uma feira onde se vende o futuro por um prato de cuscuz", compara o agricultor Josué Alves, 58 anos, morador de Nossa Senhora da Glória. "Ajudamos a eleger, mas depois ficamos sem estradas, sem água, sem saúde."
O fenômeno não se limita a candidatos externos. Políticos da própria região também são acusados de priorizar alianças com grupos hegemônicos em detrimento das necessidades locais. "Muitos se elegem com discurso regionalista, mas na prática seguem agendas alheias aos interesses do sertão", analisa o Jornalista Dimas Roque.
O Sertão de Sergipe - que engloba municípios como Nossa Senhora da Glória, Poço Redondo e Monte Alegre - concentra os piores índices de desenvolvimento humano do estado, apesar de sua importância agrícola. A região responde por 38% da produção de milho e 45% da caprinocultura sergipana, segundo dados do IBGE.
Enquanto o sertão não se enxergar como sujeito político, continuará sendo objeto de barganha. À medida que 2026 se aproxima, a pergunta ecoa nos grotões sergipanos: será que o Sertão deixará de ser trampolim eleitoral para se tornar protagonista de seu destino elegendo alguém que conhece e vive na região