O encontro de artistas e intelectuais no Rio foi muito concorrido. Presentes muitos atores globais e políticos de vários partidos, além de uma plateia super lotada, transbordando para fora do teatro onde havia um telão com o que acontecia lá dentro.
A entrada foi organizada, com o tradicional "meu nome está na lista, procura aí". Curioso foi assistir do outro lado da rua meia dúzia de gatos pingados como uma faixa pedindo intervenção militar, cadeia para Lula e enaltecendo a candidatura do antes honesto (agora o menos corrupto) Bolsonaro. Tinha umas 10 pessoas doidas para arrumar confusão, mas a PM se colocou na frente e, melhor ainda, foram ignorados e deixados aos seus grunhidos. Conseguiram ser hilários, rimos muito.
A notar, sentado meio que camuflado na plateia, bem na frente, o ilustre chefe de redação de O GLOBO, Ascânio Seleme, anotando tudo. Curioso porque o evento era para convidados previamente cadastrados. Os demais vão de Celso Amorin à Beth Carvalho, passanado por Gregorio Duvivier, Silvio Tendler, Chico Dias, Osmar Prado, Guilherme Boulus, Gleise Hoffman e muitos outros.
Todos os discursos foram interessantes, uns mais do que outros, mas o discurso (de improviso) que incendiou o local foi o de Lula mesmo. Gostem ou não, eis um sujeito que tem o dom da fala fácil, de rápida compreensão e entonação irreprensível, tocando em assuntos complexos de forma que todos entendessem rapidamente. Precisavam ver a cara de Ascânio Seleme quando ouviu a promessa de regulamentação dos meios de comunicação.
Números, dados e fatos colocam Lula como o presidente mais eficiente do Brasil. Não é uma questão de ideologia. É uma questão numérica, de fácil constatação. E isso veio do improvável para a elite brasileira: de um nordestino, metalúrgico, com um curso primário e não precisou nem de 10 dedos para fazer tanto. Compare com qualquer outro presidente antes dele. Ganha da injustiçada Dilma, de lavada do catedrático FHC, do "escritor" Sarney, de Itamar Franco (talvez o melhor logo após), e do ricaço Collor.
Você pode discordar, ter antipatia, ou até acha-lo culpado de um monte de coisas e querer vê-lo na cadeia mesmo sem crime de fato. Mas, meus caros, não tem para ninguém competir com esse homem com um microfone na mão. O cara é simplesmente foda - não tem outro termo.
A quadrilha que golpeou o país está numa sinuca de bico. Se o já comprovado corrupto, parcial e seletivo judiciário o deixa solto, ganha a eleição em 2018 - e no primeiro turno. Se esses desavergonhados justiceiros o predem, tem como transferir um terço do eleitorado para quem quiser. É uma encruzilhada muito complicada, pois vi uma plateia com sangue nos olhos.
Aguardemos a próxima etapa. Seja qual for o resultado da 2a instância, a jurupoca vai piar. E bem alto.
Fica a dica.
Por Miguel F. Gouveia.