União Brasil e PP pulam do barco e deixam Lula com a caneta na mão
4 de Setembro de 2025, 7:32
, por Dimas Roque
|
No one following this article yet.
Brasília amanheceu durante a semana com um terremoto
político que sacudiu a Esplanada dos Ministérios. União Brasil e Progressistas
(PP) anunciaram oficialmente o rompimento com o governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, encerrando meses de tensão nos bastidores. A decisão,
embora ruidosa, não surpreendeu quem acompanha de perto o xadrez político,
desde o início do ano, líderes dessas legendas vinham ensaiando movimentos de
afastamento, pressionados por disputas regionais e pelo avanço de investigações
que atingem figuras-chave de seus quadros.
O impacto imediato é a desocupação de espaços estratégicos
no governo federal. O União Brasil, por exemplo, controla o Ministério do
Turismo e a pasta das Comunicações, além de diretorias robustas em estatais e
órgãos de infraestrutura, fruto de indicações de seus deputados e senadores. Já
o PP tem sob seu guarda-chuva o Ministério da Pesca e Aquicultura, além de
cargos de segundo e terceiro escalão em áreas como Agricultura e
Desenvolvimento Regional. Com o rompimento, todos os apadrinhados políticos
dessas siglas terão de entregar os cargos, abrindo espaço para que Lula
reorganize a base e fortaleça aliados mais fiéis ao projeto de governo.
No Planalto, a leitura é de que a saída dos dois partidos,
embora barulhenta, pode representar mais liberdade para o presidente conduzir
sua agenda sem as amarras de acordos que, muitas vezes, travavam pautas
estratégicas. “É hora de governar com quem quer governar junto”, resumiu um
interlocutor próximo a Lula.
Analistas apontam que o movimento pode redesenhar o mapa de
forças no Congresso. Sem União Brasil e PP, o governo perde votos em algumas
comissões, mas ganha coesão interna e a possibilidade de negociar diretamente
com bancadas temáticas e partidos médios, menos propensos a chantagens
políticas.
Enquanto opositores tentam vender a narrativa de
enfraquecimento, o Planalto aposta no efeito contrário, usar a crise como
vitrine de firmeza e coerência. Afinal, como já disse o próprio Lula em outras
ocasiões, “quem quiser ajudar o Brasil, que venha, quem não quiser, que saia da
frente”.