Enquanto um então candidato a prefeito em Curitiba afirmou, em 2016, sentir nojo de pobre e o Presidente da República recentemente deixou subentendido que também não gosta desse segmento socioeconômico da população, reconheço, pelas minhas vivências pessoais, que esse tipo de preconceito acontece em diversos setores da vida social – especialmente de pessoas que denotam pertencerem à classe média ou alta.
Curiosamente, há uma “categoria profissional” marginalizada a qual, por razões de ofício, atende apenas aos clientes com poder econômico para a prestação de serviços sexuais e de bem-estar.
Assim, torna-se paradoxal que, de tanto criticarem a mencionada prestação de serviço, os segmentos “mais esclarecidos” brasileiros acabaram incorporando ao “inconsciente coletivo” o pressuposto dos profissionais da prostituição: merece atenção somente quem aparenta ser bem-sucedido financeiramente.
Pessoalmente, espero viver durante minha existência a mudança desse paradigma de tratamento no Brasil, de maneira que o seguinte trecho da Constituição de 1988 se torne um comportamento corriqueiro:
“Todos são iguais (...) sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade.” (Artigo 5º da Carta Magna).
Por outro lado, é preciso salientar que a continuidade da “ideologia de filhos da puta” pode causar reações violentas, principalmente quando as vítimas desse tipo de atitude percebem o motivo pelo qual são tratadas inadequadamente.