Causa ojeriza a forma como o setor financeiro interfere nas decisões políticas no Brazilquistão, particularmente na área econômica.
Desde a abertura da Copa do Mundo de 2014, com o playboyzinho garoto propaganda do banco Etacú puxando o coro no estádio para mandar o tomate cru contra uma pessoa honrada, a fim de iniciar o movimento de ódio e de desgaste político contra ela; o patrocínio dos mais influentes veículos de comunicação do país para defenderem as posições políticas do setor financeiro; o golpe de 2016, que engessou ainda mais o orçamento público para atender as demandas sociais. E, recentemente, após o anúncio da proposta de isenção do imposto de renda aos trabalhadores com renda mensal de até cinco mil reais, surgiu a seguinte manchete num influente jornal conservador de São Paulo:
- Banqueiros alertam: governo não pode fazer populismo com pacote e deve separar o Imposto de Renda.
Mesmo com cerca de metade dos orçamentos governamentais anualmente disponibilizados ao setor financeiro, sob a forma de pagamento de juros da dívida pública, parece que até isso é insuficiente para os representantes desse setor permitirem que outras parcelas sociais possam ser menos asfixiadas com a tributação.
Enquanto isso, a partir da gestão golpista do Temeroso no ano de 2016, passando pela presença do grupo político bozista a partir de 2018 e com as intensas pressões sobre o atual governo, quem está em situação de vulnerabilidade socioeconômica sofre imensas dificuldades para conseguir o auxílio financeiro do Bolsa Família, como no meu caso que, por morar sozinho, sou prejudicado pela existência de cotas às pessoas nessa condição no meu município. Tudo isso para manter a rigidez do orçamento público, conforme o discurso amplamente defendido e patrocinado pelo mercado financeiro.
Na atualidade, quem encontra-se em vulnerabilidade socioeconômica é praticamente considerado um suspeito criminoso pela Administração Pública. Pois as transações financeiras dessas pessoas são monitoradas pelas autoridades, sobretudo as transferências via pix, a fim de se gerarem relatórios ao Ministério de Combate à Fome com vistas ao indeferimento dos benefícios sociais, em detrimento do direito ao sigilo bancário e à presunção de inocência, previstos na Carta Magna em vigência.
Para completar esse espírito de vigilância contra as pessoas desfavorecidas, resta apenas a Administração Pública escalar agentes para espionarem cada deslocamento feito nas localidades por essas pessoas, especialmente em locais de compras, para a tentativa de criação de provas com o intuito do cancelamento dos benefícios sociais da população pobre!
E os constrangimentos prosseguem até nas entrevistas de emprego. Na última semana, ao relatar minha situação pessoal à agente de recursos humanos, ela começou a exigir a certidão de antecedentes criminais e passou a me tratar de forma jocosa. Por outro lado, é de amplo conhecimento que um famoso empresário, o Carecão da Loja Havana, utilizou a empresa dele para supostamente sonegar milhões em impostos, contratou profissionais de advocacia para usarem artifícios jurídicos até o crime ser prescrito, mas dificilmente alguém olhará para ele e pedirá algum atestado de boa conduta criminal.
Diante dessas circunstâncias, se esse ambiente opressivo à população pobre persistir, será necessário apoiar uma tradicional proposta dos trotskistas, a de confiscar e estatizar todas as instituições financeiras do país. Pois, sem o patrocínio do setor financeiro privado à imprensa e demais formadores de opinião, talvez a dignidade da população desfavorecida seja mais respeitada.