Nos últimos dias, o governador Ratazana nomeou como Secretário das Cidades o Vice-Prefeito de Morolândia, o Sr. Pimentão.
O Sr. Pimentão é proveniente da família de um ex-governador paranarniense e compõe a aristocracia do estado. Aliás, os aristocratas administram Paranárnia desde a década de 1850, a partir da fundação dessa localidade.
Ao tomar posse do cargo estadual, o Sr. Pimentão estufou o peito para afirmar que levará os exemplos de Morolândia ao restante do estado. A seguir, serão elencadas algumas ações nessa cidade da dobradinha Chapeuzinho-Pimentão, o prefeito e o vice, respectivamente.
Desde 2020, a cidade morolandense tinha plenas condições de articular os distritos sanitários para evitar praticamente todas as mortes provocadas pelo coronavírus. Entretanto, a gestão Chapeuzinho-Pimentão optou pela inação e deixou o vírus se espalhar pelo município. Assim, conforme os dados oficiais atualizados, mais de oito mil munícipes faleceram pela enfermidade pandêmica, e quase seiscentos mil casos da doença fatal foram confirmados.
O Sr. Pimentão também é um dos principais protagonistas de uma gestão segregadora, inclusive sob o aspecto do enfrentamento à pandemia. Para vacinar a população contra a nova enfermidade letal, no começo das campanhas de imunização, foram disponibilizados poucos locais em Morolândia, favorecendo apenas as pessoas em condições de usarem o transporte privado. As pessoas com baixo poder aquisitivo, desprovidas de veículos motorizados, precisaram percorrer cerca de quatro quilômetros para se vacinarem. Chegando nesses locais, longas filas ocorreram, num período em que as aglomerações de pessoas precisam ser evitadas e o distanciamento social era primordial.
Outro aspecto curioso aconteceu nas épocas natalinas dos anos anteriores da pandemia. As únicas linhas de ônibus em que houve uma rigorosa fiscalização da lotação dos veículos foram as que transportavam aos locais de atrações festivas, como o Parque Náutico. Enquanto isso, as outras duas centenas de linhas circulavam com ônibus lotados e nada era feito a respeito. Talvez as linhas natalinas receberam a atenção especial por parte da gestão Chapeuzinho-Pimentão devido à possibilidade da presença da classe média. Como esse segmento social odeia usar o restante do transporte coletivo, essa gestão tomou poucas precauções para preservar a saúde dos usuários rotineiros de ônibus dos demais itinerários.
Ainda em relação ao transporte coletivo, como a administração Chapeuzinho-Pimentão afirmou publicamente sentir nojo de pobre, a tarifa dos ônibus foi elitizada. Dessa forma, cada deslocamento de ida e volta custa onze reais. Paralelamente a isso, foram vistas no centro da cidade propagandas estimulando a classe média a abandonar o carro para utilizar o transporte público. Assim, é possível concluir que a elevação dessa tarifa também representa um componente higienista do atual sistema de transporte coletivo, pois a classe média da cidade também odeia qualquer rastro de gente pobre.
Outro episódio sobre as tarifas públicas municipais é o reajuste da planta genérica de cobrança do IPTU dos imóveis da cidade, com acréscimos substanciais nos valores a serem cobrados a partir desse ano de 2023. Essa correção financeira poderá prejudicar severamente os moradores antigos da classe média-baixa da periferia. No bairro Samambaia, por exemplo, já há imóveis antigos pagando cerca de dois mil reais entre o imposto predial e a taxa de recolhimento do lixo. A partir do ano atual, é possível que essas mesmas residências paguem valores próximos a três mil reais, com o reajuste proposto pela dupla Chapeuzinho-Pimentão.
Mesmo pagando esses valores expressivos de tributos municipais, os moradores de Samambaia precisaram percorrer cerca de quatro quilômetros para se vacinarem contra o coronavírus, a maioria das calçadas das ruas do bairro está degradada ou inexiste, há poucos medicamentos disponíveis nas farmácias das unidades públicas de saúde, nenhuma autoridade fiscaliza os fogos de artifício com estampido durante o réveillon, ou seja, as condições de vida oferecidas para a população são precárias. Ainda assim, o vice Pimentão se acha o modelo de gestor público...
Desse modo, a população das demais cidades do estado de Paranárnia precisa ficar atenta para evitar-se que o modelo de gestão segregador e excludente desenvolvido pelo vice Pimentão em Morolândia seja implantado nas demais centenas de cidades paranarnienses. Do contrário, a população da classe média-baixa e os pobres terão que migrar para outras regiões do Brazilquistão, diante dos valores exorbitantes dos tributos municipais e da precariedade dos serviços públicos prestados.