Passado um ano e meio da pandemia do coronavírus, a situação no Brazilquistão continua crítica do ponto de vista sanitário e econômico.

No caso da saúde pública, um exemplo disso é Morolândia. Com a lotação nas UTIs por volta de 70% e a reabertura praticamente total das atividades, o número de contaminações permanece acima de 7.500 casos ativos e há mais de uma dezena de mortes diárias oficialmente causadas pelo coronavírus. Assim, até o presente momento, inexiste a perspectiva da erradicação dessa doença, mesmo com 95% dos morolandenses adultos vacinados ao menos com a primeira dose.

Na minha análise, como cidadão que acompanha os desdobramentos da presente crise sanitária, há ao menos cinco iniciativas indispensáveis as quais, em conjunto, podem reduzir drasticamente as contaminações pandêmicas:

- a ampla e frequente testagem gratuita de toda a população;

- a vacinação do maior número possível de pessoas;

- a disponibilização mensal do salário mínimo aos desempregados a partir dos dezoito anos de idade;

- o uso de máscara em locais de circulação de pessoas;

- o distanciamento social.

Os três primeiros itens destacados envolvem fortes decisões de política pública. Dentre estes, lamentavelmente inexiste a testagem gratuita aos populares, fato gerador de enormes transtornos, como os que relatarei a seguir.

No mês passado, uma pessoa idosa, muito querida minha, precisou fazer uma cirurgia bastante delicada. Após o procedimento cirúrgico, ela precisou retornar outras vezes ao ambiente hospitalar e, no último internamento, infelizmente contraiu o coronavírus de uma profissional de saúde que a atendeu.

Para completar a desgraça, essa pessoa querida contaminou praticamente a família toda ao retornar do hospital.

Se nem a profissional de saúde teve a oportunidade de fazer o teste do coronavírus antes de atender os pacientes no hospital, imagine-se quantas pessoas circulam em ambientes públicos fechados sem saber que estão contaminadas, por causa da atual inviabilidade de testes periódicos gratuitos em toda a população!

Quantos internamentos poderiam ser evitados se as pessoas contaminadas e os indivíduos próximos a elas fossem rapidamente diagnosticados e isolados!

Assim, a ênfase governamental apenas na vacinação pode ser insuficiente para erradicar o coronavírus no país e restabelecer minimamente a vida em sociedade. Pelo contrário, quanto mais tempo o Brazilquistão levar para erradicar a doença pandêmica, mais suscetível estará para permanecer como um “criadouro” de novas variantes do coronavírus, gerando-se novas internações hospitalares, novas pressões nos sistemas de saúde e, consequentemente, mais óbitos.

Todavia, como de praxe, a disponibilização dos frequentes testes gratuitos do coronavírus poderá ocorrer mediante a pressão popular nos governantes. Assim, apelo aos formadores de opinião para enfatizarem a importância dessa iniciativa de testagem gratuita como uma forma de se reduzirem os internamentos hospitalares e as mortes, na perspectiva de um esforço pela erradicação dessa grave enfermidade no menor prazo possível.

Para isso, as autoridades governamentais podem decretar calamidade pública e, assim, obterem as condições orçamentárias legais necessárias para a implantação dessa medida urgente e importante ao país.