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Everton de Andrade

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Homenagem póstuma à Profª Josélia Muller

26 de Fevereiro de 2022, 14:21 , por Everton de Andrade - | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by)

Em 08 de fevereiro de 2019, faleceu minha professora de Português da 8ª série, Josélia Aparecida Muller.

Fui aluno dela em 1998, na então Escola Estadual Prof. Narciso Mendes, em Curitiba, ao retornar a morar no bairro Xaxim após cinco anos residindo no Uberaba.

Ela foi importante pela confiança na autoria de um texto que produzi numa das redações avaliativas daquele ano letivo e por me indicar a um projeto interdisciplinar voltado à preservação do meio ambiente, denominado “Vigilantes da Natureza”, implantado naquela escola com desdobramentos nas imediações do estabelecimento de ensino e que me propiciou participar de eventos a nível municipal, metropolitano e até de abrangência no Mercosul, o Fórum Infanto-Juvenil do Meio Ambiente.

O evento metropolitano ocorreu na cidade da Lapa; a etapa internacional aconteceu no teatro do então CEFET do Centro de Curitiba, em que, ao lado da colega Daiane de Jesus, apresentei as ações desenvolvidas pelos Vigilantes da Natureza; segundo relatos da época, minha participação foi filmada e exibida no noticiário da afiliada da Rede Globo no Paraná.

Assim, as recordações que tenho da Profa. Josélia são ótimas e, para homenageá-la, transcrevo, no último tópico dessa publicação do blog, o teor da redação que produzi em meados de maio de 1998 sobre a depressão e que também foi reproduzido na edição de agosto de 1999 do boletim informativo “Recado de Assis”, da Paróquia São Francisco de Assis de Curitiba, o qual era elaborado pelo pároco, Pe. Nelson Federovicz.

Previamente ao teor do meu texto do final da década de 1990, faço algumas observações:

- O conteúdo que será reproduzido retrata o meu ponto de vista aos meus treze anos de idade, quando estava engajado em algumas atividades religiosas. Ele foi inicialmente concebido para uma avaliação escolar. Portanto, alguns itens nele tratados podem não expressar minha opinião atual sobre o tema proposto.

- A depressão é uma doença que requer tratamento clínico e pode surgir, também, por fatores fisiológicos. A espiritualidade pode ajudar de forma complementar aos tratamentos científicos prescritos.

- Sofrer de depressão não significa que uma crise de fé tenha gerado essa patologia. Assim, considerar alguém depressivo como “endemoninhado” pode ser uma atitude fundamentalista e que poderá agravar ainda mais o quadro clínico do doente, especialmente se chegar ao conhecimento dele esse tipo de preconceito.

- Ninguém é obrigado a acreditar na fé cristã ou de qualquer outra religião. Manifesto meu sincero respeito às pessoas que optaram por não terem convicções religiosas, e também àquelas que professam alguma religião diferente da cristã, as quais talvez não sentir-se-ão contempladas pelos argumentos expostos.

- Há filhos e filhas cujas concepções não foram desejadas pelos pais ou que, depois de concebidos, podem não ter permanecido com os pais biológicos. A essas pessoas, minha profunda solidariedade e meus votos de que sintam-se acolhidos e amparados pelas famílias adotivas e pela comunidade próxima.

- Por último, passados mais de vinte anos e vivendo atualmente na fase adulta, o elemento de fé continua importante para minha existência.

 

Feitos os devidos esclarecimentos, transcrevo minha redação de maio de 1998, em homenagem à Profª Josélia:

 

Por que depressão? *

 

Em nossos tempos modernos há mais um tipo de problema na vida cotidiana: a depressão. Devido ao acúmulo de atividades feitas num pequeno espaço de tempo, às desilusões, à pressa, à impaciência, perde-se a vontade de viver, levando algumas pessoas até a se suicidarem. Esse tipo de atitude é evitado quando, por exemplo, agradecemos a Deus por nossa vida, valorizamos os sofrimentos, os sacrifícios que nossos pais fizeram e fazem para o nosso bem. Enfim, quanto temos Deus no coração e tentamos praticar os ensinamentos dele.

A Deus devemos agradecer, pois sabemos que todo o existente na terra foi criado por Ele. Somos importantes, pois se não tivéssemos utilidade, não seríamos criados. O Senhor, desde o Antigo Testamento, dá apoio aos seguidores: “Sou eu que estou mandando você ser firme e corajoso. Portanto, não tenha medo e não se acovarde, porque Javé, seu Deus, estará sempre com você aonde você estiver” (Josué 1,9).

No Novo Testamento, Jesus confirma que realmente está conosco: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo (Mateus 28,20), ou seja, o Todo-Poderoso está conosco sempre, quer que sejamos corajosos e enfrentemos a “batalha da vida”. Até Ele sofreu quando foi flagelado, coroado de espinhos (João 19, 1-3), caçoado (Marcos 15,29-32); mas, apesar de tudo, ainda teve forças de perdoar os inimigos, através das seguintes palavras: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem! ” (Lucas 23,34). Além disso, para eliminar da mente dos cristãos todo desânimo, abatimento, depressão, Paulo escreve claramente em Efésios 3,6: “Vistam a armadura de Deus para que, no dia mau, vocês possam resistir e permanecer firmes, superando todas as provas”. E Pedro vai além: “Depois de sofrerem um pouco, o Deus de toda a graça, aquele que os chamou em Cristo para a glória eterna, ele os restabelecerá, firmará, os fortalecerá e os tornará inabaláveis” (1Pedro 5, 10).

Como os casais desejam ter filhos! Quando estes nascem, a alegria aumenta intensamente. Aí o pai e a mãe se sacrificam, ficando, às vezes, noites sem dormir para tratar do filho doente; trabalham para o sustentar; quando veem que ele está correndo perigo, ficam muito preocupados... Mesmo assim, nós, que indiscutivelmente fomos tratados com esse amor, o jogamos no lixo? Será que tanto carinho, esforço, temo como recompensa tristeza e até morte?

Se refletirmos sobre esses exemplos de vida, com certeza não nos abateremos com as adversidades e teremos um apoio espiritual para seguirmos adiante e chegarmos à plenitude da vida.

 

*Artigo também publicado no boletim informativo “Recado de Assis”, edição nº41, de agosto de 1999, da Paróquia São Francisco de Assim, Curitiba, complementado por sutis alterações ortográficas e gramaticais.


Everton de Andrade