Na Vila Corbélia, no bairro Cidade Industrial, em Curitiba – a cidade em que um então candidato a Prefeito afirmou sentir nojo de pobre - um policial foi assassinado na madrugada da última quinta-feira, 06 de dezembro e, na madrugada seguinte, em 07 de dezembro, nas imediações da ocorrência fatal, cerca de trezentas casas foram incendiadas.
Diante da gravidade desses fatos, manifesto meus pêsames ao familiares e amigos do policial falecido. Como filho de um trabalhador da área de segurança, reconheço a precariedade das condições de atuação dos profissionais desse segmento, tanto pela grande magnitude de ocorrências quanto pelas debilidades na saúde mental dos trabalhadores e até na eventual degradação de saúde de quem convive com eles.
Também comunico minha solidariedade aos moradores atingidos pelo incêndio. Há quase vinte e quatro anos, uma enchente atingiu minha residência e fiquei durante quinze dias fora de casa. Naquela época, quase perdi meu pai por problemas de saúde decorrentes do contato com a água contaminada. Assim, vivi a sensação de perder quase tudo e recomeçar do que sobrou das circunstâncias adversas.
Gostaria de acrescentar que os elementos de fé na vida e da espiritualidade foram importantes para minha família se restabelecer, de tal modo que conseguimos mudar de bairro três anos após o flagelo.
Por outro lado, ainda na semana passada, escrevi nesse blog que o espírito fascista dá sinais de presença no sul do Brasil. Lamentavelmente, há indícios de que o incêndio na Vila Corbélia tenha sido motivado para supostamente eliminar-se as pessoas vulneráveis daquela localidade, como pretensa forma de vingança pela morte do agente policial.
Desse modo, torna-se urgente que as autoridades públicas resgatem os valores, as bases e os fundamentos mencionados no Preâmbulo da Constituição Federal, para promoverem ações de prevenção à violência contra as pessoas vulneráveis, os divergentes e as minorias, intervindo-se na formação policial e na sensibilização dos sulistas para a prevenção ao fascismo.
Assim, embora seja de amplo conhecimento que o grupo político hegemônico do país defenda até o armamento da população, torna-se necessário agir com perspicácia para evitar que o genocídio de vulneráveis, minorias e esquerdistas se torne corriqueiro no Brasil.