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Everton de Andrade

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O cúmulo do desespero durante a pandemia

19 de Dezembro de 2020, 19:07 , por Everton de Andrade - | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by)

Enquanto Bozo e Paulo Forca fazem de tudo para exterminar a população de menor poder aquisitivo, os idosos, inválidos e doentes crônicos durante a atual pandemia – inclusive divulgando e distribuindo medicamentos de eficácia duvidosa com aparato militar -  a situação ficou tão desesperadora que os bandidos estão promovendo assaltos nas áreas exclusivas de pacientes contaminados pela Covid-19, em algumas unidades de saúde da periferia de Morolândia.

O caso mais recente aconteceu no posto em que sou atendido na Samambaia morolandense. Outro episódio similar ocorreu no bairro Umbará, possivelmente no estabelecimento em que minha vovozinha é atendida.

Expresso minha solidariedade aos meus vizinhos e à equipe de profissionais da área clínica da referida unidade de saúde. Aliás, sempre fui bem atendido pela mencionada turma.

Certa vez, enquanto eu aguardava lá o atendimento e contemplava a foto do Seu Madruga numa cédula de identidade inscrita num banner, meu querido vizinho Máfia adentrou desesperado ao recinto, pois havia perdido uma mochila. A atendente, de forma muito cordial, localizou esse pertence e o devolveu.

Imagine, minha querida leitora e meu dileto leitor, a emoção desse meu vizinho - um sessentão com hábitos de garoto - ao avistar a mochila novamente. Uma senhora, ao meu lado, chorou de tanta comoção naquele instante.

Todos pensavam que havia algo valiosíssimo pelo qual o Máfia estava muito preocupado e pairava uma grande expectativa para ele abrir a mochila. Quando isso aconteceu, pudemos constatar que era uma roupa com as cores do Athletico. “Furacão, êêê-ôôô!” Assim ele costuma cantarolar pela vizinhança após ingerir algumas substâncias alucinógenas.

No episódio do Umbará, ainda bem que minha vovozinha não estava no posto de saúde no momento do assalto. Pois, do contrário, os ladrões poderiam levar uma surra com os cabos da rede elétrica.

Lá pelos idos da década de 1990, essa minha familiar trabalhava como cobradora de ônibus na linha Santa Inês, cujo itinerário partia do terminal Boqueirão. Quando um assaltante embarcava e percebia que ela estava no veículo, imediatamente desistia da ideia e desembarcava na surdina, pois sabia que, se desse voz de assalto, seria tiro e queda: ela matava a cobra e mostrava o trabuco!

Dessa forma, infelizmente revivemos as épocas do “salve-se quem puder”, cujas reversões dependem basicamente da mobilização dos formadores de opinião, particularmente da população de classe média, a qual dispõe de tecnologias e capacidades cognitivas para enfrentar o Bozo e a Bozolândia inteira.


Everton de Andrade